Já disse e nem precisaria repetir que meu
“regime de sono” está uma loucura. O bizarro nessa história toda são os
sonhos-pesadelos cada vez mais enlouquecidos e inesperados. Sonhos e pesadelos
com releituras de Deus, deuses, religião e religiões – enredos fantásticos que
tento preservar assim que acordo, mesmo sem as cores vibrantes do que foi
sonhado enquanto ainda dormia.
Outros assuntos que rendem roteiros
mirabolantes falam da origem da Vida, do surgimento da Inteligência artificial,
da inteligência natural e a sopa alucinógena resultante do “cozimento” de tudo
isso em um caldeirão de bruxa – ou fada, dependendo do gosto do freguês.
Fada, ou melhor, foda é tentar criar um texto
minimamente atraente, tal como parecem ser os sonhos-pesadelos. Acabei de acordar
acreditando que a hora exibida no despertador (0h50) seria 5h50. E claro, encerrando
um sonho tão atraente e tão cheio de associações de ideias simpaticíssimas, que
não resisti: arrastei-me até o
computador para tentar registrar o que sonhei-pensei (sim, porque nesta fase da
minha vida “correr até o computador”
é sonho-pesadelo a ser abordado em outra hora). Continuemos.
Os leitores que acessam o blog há mais tempo
talvez se lembrem de ter lido um comentário transcrito de algum artigo que li e
que dizia mais ou menos isto: “Quando a
Ciência avança, a Igreja Católica recua”, comentário que eu considero
elogioso, por demonstrar que a Igreja Católica não é tão dogmática e resistente
a mudanças quanto outras igrejas e religiões. Pode demorar séculos, mas a
Igreja Católica admite rever suas crenças quando desmentidas pela Ciência. Um
exemplo é a reabilitação de Galileu Galilei em 1992, quando o Papa João Paulo
II reconheceu os erros cometidos pelo tribunal da Inquisição que o condenou.
Pode parecer pouco, ridículo ou desnecessário
fazer isso passados tantos anos do imbróglio
ocorrido, mas nem todas as igrejas cristãs compartilham a mesma abertura para
revisar suas tradições e interpretações teológicas em face de novas descobertas
da Ciência. Algumas denominações mantêm uma interpretação mais literal das
escrituras e resistem a mudanças, mesmo diante de evidências científicas.
Pensei em dizer que a crença no que um mala
fala e vomita é um exemplo desse fundamentalismo, mas achei melhor deixar uma
mala sem alça pra lá. Porque o sonho que eu tive é muito mais interessante
(para mim, pelo menos). E o sonho juntava Deus e o Big Bang.
Também já disse várias vezes aqui no Blogson
que devo ter o “gene da religiosidade”, pois, mesmo já tendo me declarado um
“ateu católico” ou “católico ateu”, vira e mexe publico coisas sobre religião e
temas correlatos, mesmo que não sejam textos muito “canônicos” (a verdadeira
estrela de Belém, a autenticidade do Sudário de Turim, a idade provavelmente
real de Jesus ao ser crucificado, só assuntos que fazem os demônios, ou melhor,
os neurônios trabalhar um pouco mais). Até sobre a existência ou não de Deus,
de deuses.
Porque eu não tenho a certeza que algumas
pessoas demonstram ter quando dizem coisas como “é claro que Deus existe!” Não há nada claro, cara-pálida. Não há
certeza, há crença ou descrença.
Crer em Deus, para mim é uma sorte, uma
benção, necessária e desejada quando o bicho está pegando. Pode ser um
pensamento idiota ou interesseiro, mas é reconfortante você pedir a ajuda de
Deus ou de deuses ao descobrir ser portador de uma doença gravíssima, terminal
ou estar prestes a fazer uma cirurgia de altíssimo risco. Nessas horas, meu
caro ateu, o medo e a angústia podem ser atenuados.
Durante o sonho-pesadelo que acabei de ter, a
pergunta que ia e voltava em minha mente – tal como aquelas notícias curtas que
ficam circulando na parte inferior dos telejornais enquanto o âncora lê ou
comenta a notícia principal – era daquele tipo em que a resposta é “Sim” ou
Não”, pouco importando qual delas é a correta, porque não há certeza absoluta
sobre o motivo da pergunta, que trata da existência de Deus.
Deus existe ou não existe? Uma pergunta tão
simples com apenas duas possibilidades de resposta me fez escrever até agora quase
uma Bíblia nesta introdução. O problema é que eu falo muito, sou prolixo – ou
pró lixo, como alguém já disse. Eu sou aquele cara que quando alguém pergunta
como vou, eu explico. Em outras palavras eu sou daqueles que falam pelos
cotovelos, pelo rabo, pela bunda, igual a papagaio de puta, igual a pobre na
chuva, como locutor de festa de rodeio ou leiloeiro durante um leilão de carros
usados. Em resumo, pra caralho. Isso significando também que sou chato pra
caralho
Talvez eu esteja ajudando alguém com insônia
crônica a dormir ao ler esta baba cósmica, mas agora eu respondo: sim, eu creio
na existência de Deus, talvez não “o início, o fim e o meio” cantado pelo Raul,
mas uma crença amparada pela teoria do Big Bang. Lembrando o que disse no início
deste texto, eu creio em tudo o que não foi ainda contestado, comprovado ou
explicado de forma inquestionável pela Ciência (neste caso específico, talvez
nunca seja).
Detalhando: a teoria do Big Bang diz que a
criação ou surgimento do Universo aconteceu há
cerca de 13,8 bilhões de anos a partir da expansão violenta de um aglomerado de
partículas quentes, luz e energia num único ponto, a que deram o nome de
“Singularidade”.
Agora pensem comigo: se essa
teoria – mesmo que aceita pela maioria da comunidade científica – já é
controversa, o que se pode dizer sobre Dona Singularidade? O que havia antes do
não-tempo, do não-espaço? É aí é que entra a minha visão pessoal: eu creio
piamente no Big Bang, mas a noção de “Singularidade” mexe comigo, um
ateu-católico juramentado, pois seria a manifestação da existência de Deus.
Eu gosto muito da visão lírica
sobre a criação do “mundo” descrita no primeiro capítulo do Gênesis e escrita
por sujeito rude que viveu há milhares de anos. O cara tinha a manha!, pois
registrou que “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra
estava informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava
sobre as águas. Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz foi feita”. Alguns dizem que
foi Moisés o autor dessa proeza, mas há um consenso entre os estudiosos de que
esse insight ocorreu bem antes. Pouco importa, olha o Big Bang intuído de forma
poética por alguém que viveu na “aurora da civilização”!
Em resumo, o “Fiat Lux” bíblico seria a
explicação religiosa do Big Bang. O que Deus fazia antes do Big Bang não é da
minha conta, mas para mim foi Ele quem deu início a essa zorra a que chamamos
de Universo. Essa é a minha crença, até que alguém me convença do contrário.
E agora vamos voltar a dormir, pois o relógio
já marca 02h34 e eu preciso dormir!
Boa noite.
Não precisa publicar, estou só respondendo ao seu comentário na minha última postagem. E não é que alguns alunos da OZZAM! acharam a postagem e até comentaram? Não sei como isso aconteceu, afinal eles se formaram no ensino médio em 2008 e o blog só surgiu em 2009. Desconfio que algum aluno de turmas posteriores a eles, como o GRF, por exemplo, possam ter lido e encaminhado. Dá lá uma olhada.
ResponderExcluirRapaz, tenho certeza de que suas qualidades como professor nunca dimunuiram, deve se alegrar com essas lembranças. Mas, mudando de assunto, não vai gozar a cara do Lula/ Celso Amorim depois do recado da juíza venezuelana? Estou a fim de fazer isso, mas totalmente sem tempo.
ExcluirNão estou sabendo de mais esse episódio, não. Vou dar uma olhada.
ExcluirAs madrugadas são ótimas para a gente escrever, e para quem tem insônia é mais uma oportunidade para criar. Muito legal!
ResponderExcluirÉ que você não sabe que ainda há uma terceira parte, mas estou até com medo de registrar o que me lembro das maluquices da noite agitada que tive. É uma utopia distópica ou distopia utópica (um pouco de cada coisa, entendeu?). Mas vai demorar.
ExcluirParabéns pelo texto. Considero um "achado" pra mim, em virtude de minha mente sempre travar quando penso sobre o antes do Big Bang.
ResponderExcluirPra mim é inconcebível a ideia do "nada". Pois mesmo o nada deveria ter um motivo de existência. O que vai me acalmar a partir de agora, é refletir sempre em suas palavras: "Não é de minha conta o que Deus fazia antes do Big Bang".
Sensacional Sr J.B., pra mim uma aula!
Pé Vermelho Paraná
Obrigado, Alison, mas lembre-se que o texto reflete apenas a opinião ou desejo de quem foi aos poucos perdendo a fé nos ensinamentos religiosos recebidos durante a vida. De toda forma, se está bom para você, OK.
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