domingo, 10 de dezembro de 2023

TRAÇAS E CUPINS

Eu não sei se Shirley Valentine é uma peça teatral que virou filme ou um filme que virou peça. Pouco importa, pois, como aprendemos na Matemática, a ordem dos atores não altera o conteúdo.
 
Na história, Shirley Valentine é uma dona de casa casada que fala com as paredes e dá bom dia para o liquidificador, tal é a solidão que vivencia diariamente. Essa rotina muda quando uma amiga a convida a viajar com ela para a Grécia, onde acaba ganhando um presente de grego, se me entendem. Não vi a peça mas assisti ao divertido filme.
 
Pois bem, não sou a Shirley Valentine nem quero receber presente de grego nenhum, só de gregas (e assim mesmo sem esse beijo modernoso que inventaram).  Mesmo assim comecei a ter a sensação de estar falando com as paredes digitais do blog, uma situação potencialmente alzhamérica, fato ainda mais preocupante por minha mãe e minha avó terem morrido com essa doença e de eu ser torcedor do glorioso América Futebol Clube, último colocado da série A do Campeonato Brasileiro deste ano.
 
Essa sensação de estar falando sozinho surgiu depois de notar que em posts antigos recentemente acessados só apareciam comentários feitos por mim, como se estivesse conversando com fantasmas na época em que os posts foram publicados. Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca, mesmo que esta frase idiota nada tenha a ver com o tema deste blog. Por isso, resolvi pesquisar o que estaria acontecendo comigo. Ou com o Blogson.
 
Por uma estranha obsessão ou algum tipo de tara exótica, desde o início do blog eu mantenho uma planilha Excel onde relaciono todos os posts publicados, data da publicação e marcadores a que estão vinculados, além das quantidades de visualizações e comentários. Programão de índio, concordam?
 
Mas a coisa é ainda pior, pois em vez de utilizar uma planilha e apenas atualizá-la com os novos posts, frequentemente eu crio uma nova planilha e começo tudo de novo. Com isso já tenho 32 planilhas que registram a evolução do blog. Programa de índio retardado!
 
Mas foi graças a essa esquisitice que eu consegui descobrir o motivo de aparentemente estar falando sozinho ou com fantasmas. Deu cupim, deu traça no blog! Roeram os comentários de terceiros, deixando apenas os que eu fiz.

"Como assim?", diriam os mais curiosos (eles não existem). E eu, ligeiramente constrangido seria obrigado a confessar não saber por que traças e cupins têm um apetite tão peculiar. Entretanto, para melhor entender o assunto eu convido os dois leitores deste blog a fazer uma viagem. Sigam-me os bons!
 
A primeira providência foi fazer uma nova planilha com os dados atuais de dois mil posts, uma trabalheira infernal (o pior é que eu curto fazer isso!). A segunda foi comparar essa planilha com uma antigona que tivesse os dados dos mesmos posts. Cruzados os dados descobri que os cupins e a traças atacaram trinta e seis posts, deixando apenas as respostas que dei aos comentários apagados. Quer coisa mais bizarra?
 
Mas há algumas informações curiosas obtidas dessa lista. A maioria dos posts corroídos (86%) foi publicada entre o início de novembro e o final de dezembro de 2022. O mais carcomido de todos foi o post “Bem que eu tentei”, originalmente com vinte comentários, reduzidos depois a apenas treze por um cupim esfomeado.
 
Que posso pensar desse cupim humano, que troça posso fazer dessa traça? Como meu “sense of humor” não tem andado lá essas coisas, só posso dizer que considero patética essa atitude, uma patetice desnecessária. Ou lembrar aquele ditado popular que passa a régua: “antes só que do mala acompanhado”. Fui.

2 comentários:

TÁ UM DESERTO!