Ontem, após a missa de
sétimo dia do meu cunhado, muita gente me cumprimentou por ter escrito o texto
que foi lido no final. Isso me deixou feliz, agradecido, surpreso e super
constrangido. O motivo é o fato de o texto não ter sido escrito para ser lido
na missa. Eu o escrevi às quatro da matina do dia do sepultamento, e chorei
demais enquanto escrevia. Além de divulgá-lo No Blogson, também o postei no Facebook,
que é o lugar perfeito para compartilhar coisas com os “amigos” (já tenho
oitenta e nove agora).
A surpresa foram os
comentários de que escrevo bem, essas puxações de saco. Aí resolvi brincar com
essa ideia, só para descontrair. A forma encontrada foi “ensinar” ensinar o
segredo de como escrever bacaninha. A partire de agora o texto é o mesmo do
Facebook.
O problema de tentar ensinar
como escrever é que quem é professora e formada em letras aqui em casa é minha
mulher. Por isso, mesmo que não possa ser processado por ela, corro o risco de
dividir o tapete com o Zulu. Mas outros educadores, também meus amigos de Face,
por puro corporativismo (esse povo é muito corporativista!) resolvam me meter
um processo por exercício ilegal da profissão. Em minha defesa direi que não
ganhei merda nenhuma com isso.
Mas o fato é que aqui em
casa todos, sem exceção, escrevem bem pra caramba. Sem falar que as noras
também mandam muito bem. Minha mulher sempre me emociona quando me mostra
alguma mensagem que escreveu para alguém. Ela é a rainha da delicadeza (acho
que ela nasceu “no tempo da delicadeza”).
Talvez um dos motivos disso seja “leitura”, palavra mágica e necessária para se
escrever bem.
Mas, para mim, todo mundo
deveria escrever, pois é uma excelente forma de autoconhecimento, uma terapia
gratuita. Você pode descobrir que é uma toupeira semi-analfabeta. Ok. Eu, por
exemplo, descobri que sou uma toupeira, um quase jegue (infelizmente, não
atendo todas as especificações), só não sou analfabeto. Ok também. Mas não
estou querendo atrapalhar ou reduzir a justa remuneração de nossa competentíssima
amiga e comadre (sei lá, ela pode pensar que estou tirando o leitinho e as
viagenzinhas internacionais da Rafinha). Deia, pelamordedeus, não fique
com raiva, não é nada disso!
Mas, vamos às dicas:
a técnica inicial é começar. Sem grilo, sem medo e às escondidas, sente-se no
computador ou pegue um caderno (serve até papel de pão) e escreva o que te der
na telha. Vá escrevendo sem se preocupar. Escreva como se estivesse falando ao
telefone ou sentado(a) em um boteco. Linguagem coloquial, entendeu? Depois
disso, corrija a gramática, a ortografia, a regência, a concordância. Se você
não se lembra ou nunca aprendeu sobre isso, essa é uma boa hora. No computador,
com Word, é bem mais tranquilo. Até para excluir trechos ruins, alterar a
ordem, corrigir vaciladas na grafia.
Outra dica boa é não se
prender a chavões e frases feitas, que bitolam muito o pensamento. Por exemplo,
em lugar de escrever “antes tarde que
nunca”, você poderia escrever “antes
tarde que de madrugada”. Pode não fazer muito sentido, mas as pessoas poderão
achar isso divertido.
Só mais essa: não tenha medo
ou receio de parecer ou ser ridículo. Só os muito idiotas é que gostam de se
exibir o tempo todo. Não seja sério demais, pois escrever pode ser muito
divertido. Experimente contar casos antigos e falar mal de conhecidos (de desconhecidos
não tem graça), mas só na zoeira. É muito mais divertido mostrar que o rei está
nu e até passar a mão na bunda dele (da rainha, nem pensar, senão o pau come)
que ficar tentando parecer ser melhor que é realmente.
Para finalizar, vou te
contar um segredo: todo mundo começa escrevendo "histórias de terror". É verdade! Depois de algum tempo, quando
você já tiver desencanado e adquirido o gosto pela escrita, ficará aterrorizado ao ver como eram ruins as
primeiras tentativas de escrever alguma coisa. Mas não desanime. Talvez, quem
sabe, um dia você possa escrever um texto lindo como esse:
Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta
do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará
indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:
“Eu sou lá de Cachoeiro..." (Rubem Braga)
Anime-se, vai!
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