Depois de ler no blog "Marreta do Azarão" que alguns estudantes deram uma escapada das escolas ocupadas para fazer ENEM, fiquei pensando que algumas coisas nunca mudam. De 1966 a 1968 eu estudei no Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia da UFMG, que funcionava em um casarão antigo, ao lado do prédio da faculdade. Era um colégio público, mas com um ensino espetacular e moderníssimo. Aliás o que não seria de se estranhar, pois creio que era um laboratório de teste de novas práticas pedagógicas.
Por ficar ao lado da faculdade, todas as manifestações dos universitários contra o regime militar acabavam nos afetando um pouco, seja pela interrupção das aulas ou pela liberação mais cedo dos colegiais. Às vezes faziam panfletagem na entrada do colégio, palavras de ordem eram gritadas, às vezes a polícia militar comparecia, etc.
Eu fugia dessa muvuca como o diabo da cruz, mas pude notar que alguns alunos do colégio participavam entusiasticamente dessas manifestações. Curiosamente, tinham em comum o fato de serem os mais descolados, os mais engraçadinhos, os que sempre ficavam no fundo da sala de aula.
Hoje, vejo um bando de jovens repetindo esse comportamento contestatório. Não penso nem creio que sejam baderneiros. Para mim, a maioria é idealista, mesmo que sua visão muitas vezes seja parcial e equivocada. Claro está que existem também aqueles que manobram os idealistas, mas não quero entrar nesse tipo de análise, até por não ter competência nem conhecimento para isso.
O que sei é que a época em que eu mais estudei na vida foi quando me preparava para prestar vestibular, pois a única opção que eu tinha de fazer faculdade era passar na Universidade Federal. Graças a essa dedicação absoluta aos estudos (estudava até nas noites de sábado), fiquei super bem classificado (mesmo que não tenha aproveitado nem repetido isso durante o curso). Hoje o ENEM é um mega vestibular, um vestibular nacional. Sou capaz de apostar que os melhores resultados virão de estudantes que nunca pensaram em ocupar nada, pois já estão muito ocupados em obter uma classificação que poderá afetar seu futuro.
Só para encerrar de forma bem idiota esse post que já está uma merda, diria (à moda dos alunos que enchem o saco na porta de minha casa) que se tivesse hoje a idade dos jovens acampados, é nem que eu deixaria de estudar só para bancar o boi de presépio para alguns desocupados e espertinhos.
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