sexta-feira, 25 de novembro de 2016

SAIU NO FEICIBUQUE - 015

Eu fico vendo (e lendo) meus amigos de Facebook trocar farpas, criticando esse ou aquele partido político, esbravejando contra a corrupção que parece brotar de qualquer lugar em que se mexa, tais as teias que foram espalhadas pelo país. Há teias de aranhas vermelhas como há também de verdes ou azuis. Reclamam da falta de vergonha, desonestidade e visível descaso ou desprezo pela opinião pública exibidos sem maiores constrangimentos por alguns políticos..



Agora, falando sério, alguém acredita mesmo que o povo é melhor que os políticos que elegeu? Não seríamos nós um bando de hipócritas, de cínicos, que atira pedras na vidraça do vizinho? As notícias desanimadoras que não param de ser divulgadas mostram uma classe política viciada em práticas condenáveis. E aí, meus caros amigos feicibucanos, dá para pensar que são tão diferentes de nós ou o que nos desiguala é apenas um problema de escala, de medida? 

Os políticos investigados têm culpa no cartório? Provavelmente, a resposta mais correta seria “Sim”, e devem ou deveriam ser exemplarmente punidos. E aí, sou obrigado a perguntar de novo: seremos nós rebanhos de ovelhinhas indefesas representadas e governadas por bandos, por alcateias de lobos esfomeados? Só os insensatos, hipócritas e falsos moralistas responderão que sim, mas esse é um problema cultural brasileiro, porque nós adoramos levar vantagem em tudo, seja estacionando em vaga de deficiente físico, seja avançando sinal, parando em fila dupla, embolsando dinheiro achado dentro de uma carteira, roubando celular esquecido (a palavra é essa mesmo. Se quiserem mudem para "furtando"), pedindo atestado médico falso para faltar ao emprego, etc., etc., etc. 

São tantos os delitos e tantos os espertos que eu diria que compomos a maioria da população, mesmo que a esperteza aconteça em gradações diferentes. E é dessa população que sai a escória que nos rouba, nos engana e quer nos governar. Nós, os eleitores, não pensamos nesse tipo de coisa quando votamos. Votamos no amigo do amigo do amigo, sem saber se ele é um aproveitador ou sei lá o que. Votamos nos "fichas sujas" ainda não oficializados. E assim, os Eduardos Cunha, os Renans Calheiro, os Jáderes Barbalho e os Geddeis, os Jucás e etc., etc., etc. vão sendo eleitos, vão protegendo seus afilhados e cupinchas e o Brasil continua, só para variar, indo para o brejo. Precisamos e devemos criticar os maus políticos, precisamos nos educar para que nunca mais sejam eleitos, mas, também, para dar exemplos de dignidade e honestidade para nossos filhos. Senão, seremos sempre apenas o “país do futuro”.

"Eu tenho um sonho" (Martin Luther King) e nesse sonho eu vejo um país decente, de gente decente, sem radicalismos de esquerda, sem radicalismos de direita. Mas sinto que isso deve demorar uns trezentos anos para acontecer (claro, se o mundo não acabar antes).

2 comentários:

  1. Não sei se pela mistura do que fomos feitos - degredados, escravos, índios indolentes, nobres sifilíticos -, mas a corrupção, o querer levar vantagem em tudo, me parece algo inerente ao brasileiro, arraigado em seu DNA.
    Seremos sempre o país sem futuro, JB.
    Trezentos anos pra consertar isso, JB? Nem trezentos mil.

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    1. Isso é mais uma conta de chegar. O raciocínio é o seguinte: a Europa demorou mil anos para chegar ao nível de civilização atual. Já se passaram 516 anos desde o "Cabral Um" descobriu que "as terras brasileiras eram férteis e verdejantes". Ora, se gastarmos mais 300 anos para chegar ao mesmo nível, estaremos no lucro. Mas como serei apenas "pó de estrela" (stardust) nessa época, 300 ou 300.000 serão a mesma coisa para mim. Além do mais, em trezentos anos já terá havido alguma colisão arregaçante de meteoro, o aquecimento global já terá feito sua parte (e que parte!), a mega-super-ultra-população da Terra já terá feito a Natureza acordar e se mexer. Enfim, já teremos ido pro saco como espécie, então para mim tanto faz.

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