- Alôu!
- Alô! Quem está falando?
- Quem?
- Não acredito! Uma janela para o passado
acabou de se abrir! Está tudo bem com você?
- Demorou, mas agora eu estou bem.
- Pois é... E o que te fez ligar para mim
depois de tanto tempo?
- Ahn? Álbum de retratos?
- Você quer ver nosso "álbum de
casamento"? Mas nós NÃO TEMOS UM ÁLBUM, NUNCA TIVEMOS! Aliás, foi você que nunca quis mandar
fazer!
- Não estou brigando! Não tenho mais vontade
nem energia para brigar com você.
- Eu sei, no início você queria escolher as
fotos. Mas o tempo foi passando, você nunca tinha tempo, e as ilusões e os sonhos logo começaram a se desmanchar. E nós tínhamos tantos sonhos!
- Não estou te culpando de nada! Nós já
brigamos tanto para saber quem estava com a razão! Pode acreditar, esses são momentos que eu
não quero repetir.
- Não se preocupe, está tudo bem. Mas,
voltando ao álbum, o que você pretendia fazer com ele depois de tanto tempo?
- Entendi. É engraçado..., hoje, mais do que antes, eu curto ver fotografias, imagens de pessoas queridas que já morreram, fotos de quando
eu era criança... E é isso que você quer resgatar? Fotos de alguns momentos em
que ainda acreditávamos em um futuro comum? É isso? E nós fizemos tantos
planos!
- Não estou forçando barra nenhuma, estou
dizendo o que sinto e me lembrando do que senti naquele dia. Toda aquela gente
sorrindo para nós e nos cumprimentando... E você estava tão linda!
- Você está chorando? Não precisa desligar,
não há motivo, não há mais motivo para isso! Desculpe-me o que eu disse. Eu me
deixei levar pelas lembranças e acabei me emocionando também. Não sei por
que, me lembrei daquela música do Paulinho da Viola que você amava.
- É claro que você se lembra! Sinal
Fechado! Lembrou agora?
- Você nunca se ligou que ela, sem que nos
déssemos conta disso, prenunciava nossa vida?
- Como não? E essa frase "Tudo bem, eu
vou indo correndo pegar meu lugar no futuro". Ou
essa: "Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios". Você
estava sempre com pressa, parecia pensar mais na sua profissão que no nosso casamento... E nós éramos tão jovens!
- Eu sei que você queria se realizar profissionalmente,
nunca fui contra isso. Só se fosse louco. O que eu sei é que...
- Espera, deixa eu completar! Aos poucos eu
fui notando que, para você, nosso casamento tinha perdido o brilho, estava se
dissolvendo.
- Foi culpa minha também! Acho que a última
vez que eu te falei para fazermos o álbum - que já estava pago! - você torceu a
boca sem perceber, fazendo uma cara de desconsolo ou descaso, como se dissesse
-"agora talvez seja tarde!". E é esse álbum que você deseja ver
agora?
- Eu sei, eu já tinha ciúmes antes, sempre fui
inseguro! Mas a sua expressão me deixou mais inseguro ainda, mais ciumento.
- Bom, não quero tomar seu tempo com sentimentalismo, com esse tipo de lembranças. Se é isso o que você quer, vou procurar o Paulinho fotógrafo e pedir que ele faça nosso, ou melhor, seu álbum de casamento. Acho que ainda tenho o endereço dele. Te ligo assim que tiver notícia.
- Bom, não quero tomar seu tempo com sentimentalismo, com esse tipo de lembranças. Se é isso o que você quer, vou procurar o Paulinho fotógrafo e pedir que ele faça nosso, ou melhor, seu álbum de casamento. Acho que ainda tenho o endereço dele. Te ligo assim que tiver notícia.
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