Há muito tempo adotei um costume, uma norma aqui no blog, quase uma cláusula pétrea, que estabelece que “resposta grande vira post”. E este texto é mais um desses casos. O multitalentoso Fabiano Caldeira não se furta à oportunidade de expor suas opiniões e os valores que defende. E faz isso de forma bastante incisiva. Com ele é na base do “pão, pão, queijo, queijo”. Considero esse comportamento uma coisa muito positiva, pois, mesmo que não se concorde com o que diz ou pensa, não se pode dizer que não entendeu o que ele disse. Eu não sou assim, pois, mesmo que diga o que penso, sou escorregadio e gosto de “comer pelas beiradas”. Em outras palavras, um camaleão disfarçado.
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
PÃO, PÃO, QUEIJO, QUEIJO
Há muito tempo adotei um costume, uma norma aqui no blog, quase uma cláusula pétrea, que estabelece que “resposta grande vira post”. E este texto é mais um desses casos. O multitalentoso Fabiano Caldeira não se furta à oportunidade de expor suas opiniões e os valores que defende. E faz isso de forma bastante incisiva. Com ele é na base do “pão, pão, queijo, queijo”. Considero esse comportamento uma coisa muito positiva, pois, mesmo que não se concorde com o que diz ou pensa, não se pode dizer que não entendeu o que ele disse. Eu não sou assim, pois, mesmo que diga o que penso, sou escorregadio e gosto de “comer pelas beiradas”. Em outras palavras, um camaleão disfarçado.
domingo, 29 de setembro de 2024
VINCENT (STARRY STARRY NIGHT) - DON MCLEAN
Sempre achei bonita essa música, mas jamais sonhei o que dizia a letra. Recebi este vídeo de minha mulher e eu literalmente babei de tanta emoção. Bom, ninguém precisa babar, mas sugiro que assistam e ouçam este vídeo, porque é lindo. E a música também.
sábado, 28 de setembro de 2024
TEREXA
Em 2022 imaginei uma HQzinha meia boca e
até me dispus a desenhá-la, mas a impressora com scanner tinha parado de
funcionar, o que me obrigaria a fazer todos os quadros imaginados a mão, coisa
que sinceramente não tenho mais saco de tentar. Publiquei o texto e ficou por
isso mesmo. Hoje, lembrando-me dessa tentativa frustrada, resolvi dar uma pausa
no post cabeça que estou tentando escrever e pedir ajuda à Ideogram IA para
fazer os desenhos. Mas foi um custo, pois de cara essa IA puritana recusou o
termo "trepada". Aí tive sair inventando e mudando o texto, pois a
posição de "dino assado" nunca foi gerada. Mas está bom. Agora, pelo
menos, tenho uma HQ desenhada, with a little
help from Ideogram IA.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
PEDRADA
Tenho pensado em registrar minha indignação e
desconforto com situações em que minorias tentam impor mudanças linguísticas à
maioria. E de forma impositiva! Para mim, não há nada mais inaceitável e pernicioso
que ditaduras, sejam elas ideológicas, religiosas ou comportamentais. Não vou
tentar escrever um tratado sociológico, pois, além de não ter formação
acadêmica para embasar minhas ideias, esse não é o objetivo deste desabafo.
Porque, sim, este texto é um desabafo. Estou falando das mudanças na linguagem
utilizada pela maioria, propostas por uma minoria com ímpeto autoritário.
O que quero dizer é que discordo totalmente
de mudanças artificiais propostas para nossa rica, embora complexa, língua portuguesa.
Sei que todas as línguas são vivas e evoluem naturalmente; não há como impedir
isso. Mas querer que elas mudem de forma artificial para corrigir preconceitos
ou abrigar novos conceitos me parece um exercício de autoritarismo ressentido.
E, por isso, para mim, inaceitável.
Os estudiosos da língua e os dicionaristas
registram novas palavras e gírias sem discutir. Documentam e estudam as formas
de falar, os sotaques, os regionalismos, etc., mas não propõem mudanças
radicais, incoerentes ou inadequadas apenas para atender os desejos de uma
minoria.
Quando eu era criança, o uso de palavrões e
palavras obscenas em público era considerada falta de educação, vulgaridade e
mau gosto. Mas o tempo passou, os costumes mudaram, e hoje até meninas de dez
anos ou menos usam palavras de baixo calão com tal naturalidade que é
impossível imaginar um retorno à recatada formalidade de antigamente. Para mim,
isso é um sinal de que a língua é viva e mutável, mas evoluindo de maneira
orgânica, não através de imposições.
Digo isso porque vi uma expressão em um canal
a cabo. Aliás, eu não vi, eu li. Falando de um novo programa que parece abordar
questões que afetam a vida de pessoas transgênero e que está prestes a ser
lançado, a chamada de divulgação dizia: “Bem-vindes”.
Não tenho nenhum problema, apoio e defendo as
pessoas que decidem mudar de gênero, mas discordo profundamente das tentativas
forçadas e pouco naturais de mudar palavras como parte de uma ação para
promover a aceitação ou inclusão de minorias na sociedade. Apoio e defendo as
pessoas trans, mas vou dizer algo que talvez gere críticas e pedradas
intelectuais: “Bem-vindes” é
a puta que pariu!
Tenho pensado em registrar minha indignação e desconforto com situações em que minorias tentam impor mudanças linguísticas à maioria. E de forma impositiva! Para mim, não há nada mais inaceitável e pernicioso que ditaduras, sejam elas ideológicas, religiosas ou comportamentais. Não vou tentar escrever um tratado sociológico, pois, além de não ter formação acadêmica para embasar minhas ideias, esse não é o objetivo deste desabafo. Porque, sim, este texto é um desabafo. Estou falando das mudanças na linguagem utilizada pela maioria, propostas por uma minoria com ímpeto autoritário.
O que quero dizer é que discordo totalmente de mudanças artificiais propostas para nossa rica, embora complexa, língua portuguesa. Sei que todas as línguas são vivas e evoluem naturalmente; não há como impedir isso. Mas querer que elas mudem de forma artificial para corrigir preconceitos ou abrigar novos conceitos me parece um exercício de autoritarismo ressentido. E, por isso, para mim, inaceitável.
Os estudiosos da língua e os dicionaristas registram novas palavras e gírias sem discutir. Documentam e estudam as formas de falar, os sotaques, os regionalismos, etc., mas não propõem mudanças radicais, incoerentes ou inadequadas apenas para atender os desejos de uma minoria.
Quando eu era criança, o uso de palavrões e palavras obscenas em público era considerada falta de educação, vulgaridade e mau gosto. Mas o tempo passou, os costumes mudaram, e hoje até meninas de dez anos ou menos usam palavras de baixo calão com tal naturalidade que é impossível imaginar um retorno à recatada formalidade de antigamente. Para mim, isso é um sinal de que a língua é viva e mutável, mas evoluindo de maneira orgânica, não através de imposições.
Digo isso porque vi uma expressão em um canal a cabo. Aliás, eu não vi, eu li. Falando de um novo programa que parece abordar questões que afetam a vida de pessoas transgênero e que está prestes a ser lançado, a chamada de divulgação dizia: “Bem-vindes”.
Não tenho nenhum problema, apoio e defendo as pessoas que decidem mudar de gênero, mas discordo profundamente das tentativas forçadas e pouco naturais de mudar palavras como parte de uma ação para promover a aceitação ou inclusão de minorias na sociedade. Apoio e defendo as pessoas trans, mas vou dizer algo que talvez gere críticas e pedradas intelectuais: “Bem-vindes” é a puta que pariu!
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
FUROR EDITORIAL
Um dia, ainda no primeiro semestre de 2014, um de meus filhos talvez cansado de receber até dez e-mails por dia com todo tipo de besteira que eu escrevia, sugeriu que eu criasse um blog, Eu, que nem sabia o que era um blog, comentei com outro filho sobre essa sugestão.
Talvez penalizado pela ansiedade e carência afetiva que eu demonstrava e também de saco cheio pela quantidade de e-mails que eu enviava (e ninguém respondia), criou o blog para mim, logo carimbado com o que eu sentia na época: Blogson Crusoe, trocadilho com Robinson Crusoe, nome do personagem que viveu isolado e sozinho em uma ilha deserta durante quase trinta anos. Para completar o título, acrescentei o mote “o blog da solidão ampliada”. Estavam definidos o roteiro e a trilha do blog.
Passados dez anos, o velho Blogson conta com quase 3.000 publicações de todo tipo, cada uma refletindo o estado mental em que me encontrava no momento da postagem. Durante esse tempo o blog virou biblioteca (blogoteca), arquivo, registro de lembranças de amigos e parentes, “muro das lamentações”, confessionário, adquirindo real função psicoterapêutica (blogoterapia), pois me joguei sem rede, filtro ou proteção nas coisas que disse, nos desabafos que fiz ou nas piadas idiotas que imaginei. E foram esses posts que depois de selecionados deram origem aos e-books que publiquei na Amazon,
Aqui cabe um reconhecimento e agradecimento ao muito talentoso desenhista e blogueiro Fabiano Caldeira, que acabou sendo uma espécie de curador dos e-books, graças ao seu incentivo para que eu publicasse um livro, pelas orientações, explicações, críticas e revisões pacientemente feitas até que o primeiro “rebento” nascesse. E a capa de tom sombrio e super adequado para o conteúdo desse e-book foi um presente que me deu. Por isso, minha eterna gratidão a ele.
Por que estou falando disso agora, se já falei sobre isso em outras ocasiões? Porque eu gosto de contar histórias, repetindo-as sob novos ângulos e perspectivas. E agora é que eu cheguei onde queria:
Depois da publicação do primeiro e-book fui tomado por uma espécie de "furor editorial", pois resolvi publicar mais livros (afinal, eu já tinha descoberto o caminho das pedras!). E esse “furor” me fez pensar em mais quatro e-books, cada um dedicado às linhas principais dos textos do blog: crônicas e divagações, besteirol e textos de humor de “quinta série”, casos e lembranças de pessoas com quem convivi e desenhos de humor que um de meus filhos definiu como “arte rupestre”. Depois, resolvi publicar mais um, dedicado apenas às lembranças do Pintão, ex-colega e melhor amigo que já tive. Mas agora parei, não pretendo publicar mais nada, pois não tenho mais assunto nem inspiração (só piração).
E não espero ganhar nada com esses e-books (publicados a custo zero e preços de venda irrisórios), pois o prazer de publicá-los é um lance puramente pessoal. Diria que eles são meus "netos", pois são filhos do Blogson Crusoe. Então, o único esforço que fiz foi selecionar o que achei mais legal entre as quase 3.000 postagens. E agora, para alimentar a blogoteca (a biblioteca do blog), transcrevo os textos que escrevi para apresentar na Amazon cada um dos e-books que foram sendo publicados: (alguém aí ainda está acordado?)
O EU FRAGMENTADO
Os sessenta poemas desse livro foram originalmente publicados no blog Blogson Crusoe. E por que algumas vezes escolhi registrar meus pensamentos no formato “poesia”? Creio que a explicação é simples: um texto em prosa é como um rio cujas águas vão deslizando pelos meandros e curvas suaves, tranquilamente, sem sobressaltos, serenamente. A poesia, ao contrário, lembra um rio turbulento, nervoso, com corredeiras, as águas agitadas despencando em cachoeiras e precipícios.
MEU NOME É RICARDO
Nesse e-book encontram-se contos, crônicas e divagações existenciais originalmente publicadas no blog Blogson Crusoe. A linguagem é predominantemente coloquial, ótima para esconder o vocabulário pobre e as agressões à gramática da "Última Flor do Lácio". Os contos, mesmo que eventualmente inspirados em fatos e pessoas que conheci, são puramente ficcionais. Nas crônicas eu tentei fazer uma releitura lírica de fatos e episódios corriqueiros do dia a dia. Já as divagações são viagens mentais sobre a Vida, sobre sua aparente ou real falta de sentido, sobre mim, enfim, sobre qualquer coisa que me dê na telha falar.
CONFRARIA DAS HIENAS
Esse livro reúne uma seleção de textos originalmente publicados no blog Blogson Crusoe com a intenção de tentar fazer as pessoas rir com minhas idiotices e falta de senso.
O material selecionado foi dividido em três seções, a saber:
- ESSE MENINO É UM SPAMTO – Textos e crônicas “engraçadinhas”;
- AFORISMOS, DESAFORISMOS E TEXTÍCULOS – Frases e pequenos textos de humor tão mínimo quanto o tamanho dos aforismos e “textículos” (estou tentando vender este neologismo);
- DIÁLOGOS DE SPAMTAR – Diálogos curtos e provocadores. De azia e má digestão, bem entendido.
Que mais? Ah, sim, o título deste e-book homenageia aqueles animais que parecem estar sempre rindo, mesmo que nunca se saiba por que nem se descubra de quê.
O CASO DA VACA VOADORA E OUTRAS LEMBRANÇAS
Esse e-book reúne os casos mirabolantes e histórias contadas e vividas por meu ex-colega “Pintão”, uma pessoa absolutamente singular.
Falando francamente, alguns casos são tão insólitos que nunca saberei se realmente aconteceram tal como nos foram contados ou, até mesmo, se não são invencionices de um grande contador de casos. Os diálogos, mesmo que recriados, são o mais próximo possível do que consegui lembrar e tentam manter a mesma descontração com que foram proferidos.
É à memória desse cara, o melhor amigo que já tive, que dedico este texto, originalmente escrito logo após sua morte. E foi muito bom remexer nessas lembranças, relembrar suas histórias, contadas e vividas por uma pessoa absolutamente singular.
SÓ PARA PASSAR O TEMPO (PORQUE O TEMPO PASSOU)
Alguém disse que “qualquer vida, se bem contada, merece um livro ou pelo menos um capítulo.” Embora eu não me considere um grande narrador, descobri que adoro contar histórias. Neste e-book, reuni lembranças de vinte pessoas com quem tive o privilégio de conviver – protagonistas de momentos curiosos, divertidos e, às vezes, inacreditáveis. Reviver esses “causos” me trouxe muita diversão. Ao compartilhar essas histórias, espero que provoquem nos leitores o mesmo prazer que tive ao recordá-las.
WHAT A WONDERFUL WORD! (Eu não sei desenhar)
Esse livro é o resultado de uma seleção de cartuns e HQs que desenhei. Talvez por essa identificação absoluta com o desenho de humor, sempre pensei idiotices que imaginava poder transformar em desenhos e historinhas, mas eu não sei desenhar!
Para corrigir essa “falha de caráter” comecei a transformar as bobagens que surgiam em minha mente em diálogos non sense associados com formas minimalistas. A criação desses desenhos trouxe muita, muita diversão para mim. Isso significa que mesmo se ninguém gostar do conteúdo desse e-book, pode estar certo de que EU gosto!
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
A TCHURMA
Eu sou um dos heterossexuais mais frescos que podem existir. Quando comecei a namorar minha mulher um de meus cunhados machões disse a ela que eu era “viado” (como disse o Caetano, “Narciso acha feio o que não é espelho”). Um de meus filhos me goza quando solto um exclamativo “Ui!” e diz que se eu demorasse mais dois minutos para nascer eu seria gay. Aí eu retruco dizendo que ele não é metrossexual (ele é), é só meio-metrossexual
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
INVENÇÕES QUE PRECISAM SER INVENTADAS
Minha irmã já disse algumas vezes que eu sou um desperdiçado, por ser “multi-talentoso”, já que toco violão, desenho e escrevo. Ela só se esqueceu de que eu toco mal, desenho mal e escrevo mal. Falando sério, isso é coisa de irmã mesmo. Mas o que ela nunca sonhou é que sou também um inventor desperdiçado. Olha esta história:
domingo, 22 de setembro de 2024
TEM GENTE NOVA NO PEDAÇO
Você já ouviu falar em drogadicto? Provavelmente sim, diante de tantos casos de viciados em drogas que existem hoje. E eu descobri ter-me tornado um depois da criação do Blogson Crusoe, um tipo diferente de viciado, um “blogadicto”, um viciado em blog. Mas como acontece com os viciados comuns, a coisa foi perdendo o controle, surgindo assim o desejo de experimentar novas sensações. Em outras palavras, tornei-me um “e-bookadicto”, um viciado em lançar novos e-books.
sábado, 21 de setembro de 2024
MINHA VIDA NÃO FOI UM ROMANCE - MÁRIO QUINTANA
Coisa mais linda!
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
FRESCURA POUCA É BOBAGEM
terça-feira, 17 de setembro de 2024
ATEU NÃO COMETE HERESIA
Por isso, é importante deixar bastante claro que não vejo as religiões ou seus ensinamentos como algo ruim. Pelo contrário! O que realmente me incomoda é a defesa intransigente de certas interpretações feitas por alguns seguidores ao longo do tempo, pois nem Jesus nem Buda nem Maomé escreveram uma única palavra. Foram seus seguidores que “interpretaram” e registraram suas mensagens, muitas vezes moldando-as de acordo com sua falta de cultura, seus preconceitos pessoais e de acordo com o contexto de suas épocas.
É nesse processo de interpretação que, a meu ver, surgem os desvios, as intolerâncias e os mal-entendidos. Já pensou se um dos discípulos de Jesus fosse o Mala fala e outro fosse o padre Marcelo Rossi? Como seriam os evangelhos escritos por eles? Captou a sutileza? Afinal, talvez a essência dos grandes fundadores das religiões atuais seja, no fundo, muito mais simples e compassiva do que o que acabou sendo registrado ao longo dos séculos. E agora, deixando chorumelas, passemos ao texto principal.
Nasci em uma família católica à moda antiga, com uma fé simples e sem questionamentos, de ir à missa e comungar todo domingo, de fazer novenas, rezar terços, de acompanhar intermináveis procissões. Nos dias de semana minha avó, minha mãe e eu (então com uns sete anos) ajoelhávamos às 18 horas diante do rádio que transmitia a “Hora do Angelus”. Esse era o mundo em que cresci.
O defeito (só pode ser defeito!) é que eu comecei a refletir cedo demais sobre os textos bíblicos lidos durante a missa. Por conta de minhas dúvidas, ao entrar na adolescência comecei a ler tudo sobre religião, sobre religiões e cultos que encontrava pela frente. Fui a centro espírita e terreiro de umbanda. Minha busca por Deus era constante. Mas creio que meu gene da religiosidade sofreu alguma mutação, pois quanto mais suplicava a Deus para aumentar minha fé, mais eu a via indo embora.
E a situação se agravou definitivamente depois de ler o livro Sapiens. Dizendo em uma linguagem nada bíblica, aí a coisa fodeu de vez. E eu, um católico de missa dominical que até foi convidado a ser ministro da eucaristia, acabei por me tornar um ateu-católico ou católico-ateu (olha o gene da religiosidade atuando para não me afastar definitivamente da minha antiga fé!). Essa mudança teve um defeito colateral, pois substituí a crença pela superstição. Está bom até aqui? Continuemos.
Outro defeito grave, herético aos olhos de muitos, foi passar a criticar e duvidar dos textos do Antigo Testamento. Ele pode até ter sido inspirado por Deus, mas os livros que o compõem foram escritos há milhares de anos por um bando de gente bronca, sem cultura, inteligentes mas ignorantes, em um tempo em que uma simples doença de pele era considerada “lepra”. E é aí que entra meu ranço com a ideia de “terra prometida”.
Para começar, esse conceito foi introjetado em um povo que viveu escravizado no Egito durante algum tempo. Naquela época escravizar até mesmo uma população inteira era procedimento comum entre os vencedores de guerras entre países ou povos. Mas algum “inteligente” provavelmente entendeu que se houvesse uma intervenção divina ficaria mais fácil a população escravizada se rebelar, fugir ou o cacete que fosse. E melhor ainda era ter um deus exclusivo, poderoso, fodão, mais imponente que aqueles deuses idiotas com cara de chacal, hipopótamo, crocodilo e outras esquisitices.
E aí surgiu a “terra prometida”. Falando “sério”, o Deus do AT era muito mão de vaca, pois em vez de prometer uma terra com exuberantes florestas de cedros e praias paradisíacas (estou pensando no Líbano, mas se existiu um Noé, porque não uma frota de Noés para levar a moçada?), o Cara oferece um pedaço de deserto!. Mais barato, mas muito inferior. E, pior, já tinha sido objeto de usucapião por outras tribos! Isso só podia dar merda, e deu, claro, fazendo surgir um cu de gato que nunca termina.
Outra coisa que me incomoda muito era a crença daqueles caipiras de que Deus era exclusividade sua. São Paulo foi o primeiro a entender as vantagens da globalização. Não fosse ele, até hoje estariam sendo ignorados os bilhões de pessoas, de vários continentes e grupos étnicos que partilham da fé, da crença em Deus. Mas será mesmo que Ele existe?
Bom, para tranquilizar os leitores que ainda estão acordados, eu creio que sim, que é uma possibilidade simpática. Mas não aquele deus vingativo, passional, cruel e rancoroso do AT, não aquele feito (ou imaginado) à minha imagem e semelhança. Fica difícil aceitar isso, pois Ele poderia, por exemplo, ter a imagem e semelhança dos Neandertais. Ou vice versa.
Outra coisa que sempre critiquei sem verbalizar meu pensamento é a ideia do “pecado original”. Como assim? Quer dizer que a humanidade foi automaticamente condenada só por Adão e Eva terem desobedecido a Deus e comido o “fruto da árvore da ciência do bem e do mal”? (Gen 2, 17)?
Eu vejo a coisa da seguinte forma: como sou darwinista de coração, para mim Adão e Eva são apenas figuras alegóricas que não existiram tal como descrito na Bíblia. E se eles não existiram, certamente não comeram a “maçã envenenada”. E se não comeram, não há pecado original, nunca houve! Fico pensando em minhas netinhas condenadas já no nascimento por uma coisa que não cometeram. Puta sacanagem e covardia!
Agora, vamos examinar esta questão de outro ângulo. Suponhamos que o Deus do AT ficou mesmo muito puto por aquele “criado à sua imagem e semelhança” Tê-lo desobedecido. Mas pense comigo: qual pai normal pensaria em impedir e negar a seu filho oportunidade tão fundamental de adquirir conhecimento ao comer o “fruto da ciência do bem e do mal”? O correto não deveria ser o inverso disso?
Eu sou um pai meia boca, relapso, mas tentei dar a meus filhos tudo o que pude – não só bens materiais, mas conhecimento formal de qualidade e, principalmente, Amor. Mas o Deus do AT não quis saber. Além de expulsar “de casa” aquele casal de crianças, ainda resolveu punir toda sua descendência com o “pecado original”. Para mim, esse comportamento espantoso é, na verdade, sinônimo de “rancor original”.
Para piorar ainda mais Sua imagem, mandou Seu filho unigênito descer à Terra para, com seu absurdo sofrimento, redimir a pisada no tomate feita por Adão e Eva milênios antes. Qual pai normal faria isso?
Bom, para terminar esta gororoba herética e debochada e tranquilizar os que creem em Deus, preciso dizer que não acredito no deus raivoso e vingativo do AT. Também não acredito em “terra prometida” nem em “pecado original”. Prefiro acreditar no Deus-amor, no Deus-Bondade, no Deus-perdão trazido por Jesus. E mesmo que seja hoje um ateu-católico, não vejo nenhum problema em aceitar ser J. Cristo o Filho de Deus, injustamente perseguido, torturado e crucificado por um bando de ignorantes fundamentalistas. Que têm seguidores ainda hoje, até mesmo em outras religiões. Fui.
AVISO AOS NAVEGANTES E INTRIGANTES
Aviso aos intrigantes: o fenomemal, legalático, estratosférico e escalafobético e-book “O caso da vaca voadora e outras lembranças” estará em promoção “de grátis” no período de 18 a 22/09. Corre lá!
domingo, 15 de setembro de 2024
VOU TE DAR UM PAU!
Distante não mais que 50 metros da casa de minha sogra, existe um imóvel, uma casa cuja ideologia dos ocupantes é fácil de identificar, porque inicialmente a casa teve a frente toda pintada de vermelho vivo. Depois, não sei por qual motivo, pintaram de preto e vermelho. A princípio pensei ser a sede de algum sindicato ou partido político e até imaginei ser ocupada por um “coletivo” ou alguma ONG de esquerda. Hoje o nome do lugar é "Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania". Até aí nada de mais, concordam?
O que me fez rir foi saber que nesse lugar são ministradas aulas de boxe. Mas não um boxe qualquer, pois o esporte ali praticado recebeu o nome de “Boxe Antifas” (boxe anti-fascistas), um treinamento destinado à comunidade LGBTQIA+ e pirados de todo tipo, para que possam se defender de eventuais agressões de neonazistas e homofóbicos radicais, ou para repelir e conter eventuais agressões da polícia em manifestações e passeatas.
Fico pensando que nessa casa, durante as aulas, se alguém disser "Vou te dar um pau", só a entonação da voz dirá se se trata de um convite ou uma ameaça. Como diria alguém mais escandalizado, “Valei-me São Mike Tyson!”
IRREVERÊNCIAS DOMINICAIS
Eu sou basicamente um sujeito irreverente, um pouco cínico e até inconveniente em alguns casos. Creio que essas são características dos tímidos de nascença, mais propensos a risinhos e deboches discretamente exibidos.
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
COMICHÕES E DESEJOS
Já mencionei aqui no Blogson que não planejava lançar outro e-book, estando bastante satisfeito com os três já publicados, bla bla bla. Porém, como acontece nas melhores famílias, mudei de ideia. O motivo? Talvez uma combinação tóxica de falta de caráter com carência afetiva congênita. Por isso, comecei a sentir comichões (não, não eram oxiúros) e desejos de publicar novo e-book. Mas sobre o quê?
É esta sugestão que faço ao Marreta e outros blogueiros das antigas: mesmo não tendo minha falta de caráter e carência afetiva primal, que revirem, releiam, selecionem e reúnam em e-books “de grátis” o melhor de sua produção “blóguica”. É divertido e dá alguma alegria do tipo “Pô, já escrevi bem melhor que hoje!”. Mas, pelamordedeus, passem corretor de ortografia!
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
ASA BRANCA - LUIZ GONZAGA
Pois é... Se você não percebeu a ironia triste do texto acima, te convido a prestar atenção na letra escrita por Humberto Teixeira para a melodia da música "Asa Branca", pois a maior parte do Brasil está hoje com a cara do sertão nordestino onde nasceu o "Lua". Escutaí
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
VELÓRIO HIGH TECH
Embora a família tenha um mega jazigo em um dos cemitérios de BH, o desejo expresso de ser cremado levou à contratação de uma empresa especializada em fornecer um combo de Assistência Funerária (ornamentação, coroa de flores, preparação do falecido, traslado do corpo, taxas de velório e cemitério e cremação, etc.).
O estranhamento já começou com a duração estabelecida para o velório, de 10h às 13h, pois não faz muito tempo os familiares e amigos da pessoa falecida varavam a noite ao lado do caixão, tendo tempo de sobra para vivenciar sua perda.
Hoje a coisa já está na base do cronômetro, como se fosse uma prova de atletismo. Lembrando uma piada dita por um ex-colega, a coisa está mais ou menos assim: “quem beijou, beijou, quem não beijou não beija mais, pois eu já vou fechar o caixão”.
Outra coisa que chamou minha atenção foi uma placa indicando a lotação máxima para a capela: 35 pessoas. Por isso, a surpresa foi a “recepção” oferecida fora da capela a quem esteve presente ao velório. Uma boa surpresa, diga-se. Chá, café, sucos de laranja ou de uva, água gelada, pães de queijo, salgadinhos, pães doces com creme, biscoitos, etc. Melhor lugar do mundo para fofocar, rever amigos antigos e encher a pança. Ah, estava me esquecendo do falecido. Ora, foda-se o defunto!
Mas o que realmente mais me espantou foi a cerimônia final. Às 13h recolheram o caixão e o levaram para um pequeno auditório, onde foi colocado em uma espécie de mesa elevatória. As luzes foram progressivamente apagadas, enquanto nas paredes apareciam imagens inicialmente estáticas de trigais, que começaram a oscilar suas espigas como se batidas por um vento suave. Paralelamente a isso, frases “consoladoras” no mais puro e previsível clichê iam sendo projetadas nas paredes do auditório.
Mas a “melhor” e mais surpreendente parte aconteceu quando um "padre" de feições que eu chamaria de cadavéricas surgiu do nada e começou a falar abobrinhas. A imagem era nitidamente um holograma, pois as mãos pálidas do sacerdote pareciam ser falsas, de brinquedo. O mesmo podia ser dito de seu rosto e suas roupas.
Enquanto o “padre” falava, o caixão foi subindo até não ser mais visto, provavelmente prestes a ser levado para o crematório. E aí terminou o espetáculo de mágica, pois o sacerdote evaporou, sumiu de repente e as luzes foram acesas. Estava encerrado o espetáculo.
Diante de tantos truques de prestidigitação e picaretagem para emocionar as “almas mais sensíveis”, tive vontade de perguntar:
- “Vocês também ressuscitam o morto?”
terça-feira, 10 de setembro de 2024
COM ELE NÃO TINHA CORÉ CORÉ
Quando estava me preparando para o vestibular de engenharia da UFMG, uma das matérias que mais gostei de estudar foi Português, mais especificamente noções de literatura brasileira e origem da língua. Aquilo era filé para mim. Eu não estudava, eu lia com prazer o material didático fornecido. E foi assim que fiquei sabendo do jesuíta português Padre Antônio Vieira.
A natureza e a arte curam contrários com contrários.
Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é
que um amor com outro se apaga.
É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades.
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor.
No juízo dos males sempre conjeturou melhor quem presumiu
os maiores.
O amigo, por ser antigo, ou por estar ausente, não perde
o merecimento de ser amado.
O amor não é união de lugares, senão de vontades.
O amor que não é intenso não é amor.
O fogo pode-se apartar, mas não se pode esfriar.
O maior contrário de uma luz é outra luz maior.
O tempo e a ausência combatem o amor pela memória, a
ingratidão pelo entendimento e pela vontade.
O tempo é natureza, a ausência pode ser força, a ingratidão
sempre é delito.
O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe
a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo.
Os olhos são as frestas do coração.
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo
digere, tudo acaba.
A ausência também se há de definir pela morte, posto
que seja uma morte de que mais vezes se ressuscita.
O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um
cego que guia, um morto que vive.
Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração
são necessárias obras.
A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem
valor.
Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se
para dar luz aos outros.
Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência.
Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o
que tem.
A ausência é o remédio do amor.
Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos, realmente
existimos; nos outros, apenas duramos.
A nossa alma rende-se muito mais pelos olhos, do que
pelos ouvidos.
A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se
admira senão das coisas que ignora, principalmente se são grandes; e mãe da ciência,
porque admirados os homens das coisas que ignoram, inquirem e investigam as causas
delas até as alcançar, e isto é o que se chama ciência.
Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade
humana.
Não há alegria neste mundo tão privilegiada, que não
pague pensão à tristeza.
Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes,
se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade,
por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito.
Mais afronta a mesura de um adulador, que uma bofetada
de um inimigo.
Três mais há neste mundo pelos quais anelam, pelos quais morrem e pelos quais matam os homens: mais fazenda; mais honra; mais vida.
E agora o atualíssimo trecho do Sermão do
Bom Ladrão, causa e motivo deste post:
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros roubam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam.
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