Quando estava me preparando para o vestibular de engenharia da UFMG, uma das matérias que mais gostei de estudar foi Português, mais especificamente noções de literatura brasileira e origem da língua. Aquilo era filé para mim. Eu não estudava, eu lia com prazer o material didático fornecido. E foi assim que fiquei sabendo do jesuíta português Padre Antônio Vieira.
A natureza e a arte curam contrários com contrários.
Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é
que um amor com outro se apaga.
É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades.
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor.
No juízo dos males sempre conjeturou melhor quem presumiu
os maiores.
O amigo, por ser antigo, ou por estar ausente, não perde
o merecimento de ser amado.
O amor não é união de lugares, senão de vontades.
O amor que não é intenso não é amor.
O fogo pode-se apartar, mas não se pode esfriar.
O maior contrário de uma luz é outra luz maior.
O tempo e a ausência combatem o amor pela memória, a
ingratidão pelo entendimento e pela vontade.
O tempo é natureza, a ausência pode ser força, a ingratidão
sempre é delito.
O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe
a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo.
Os olhos são as frestas do coração.
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo
digere, tudo acaba.
A ausência também se há de definir pela morte, posto
que seja uma morte de que mais vezes se ressuscita.
O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um
cego que guia, um morto que vive.
Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração
são necessárias obras.
A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem
valor.
Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se
para dar luz aos outros.
Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência.
Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o
que tem.
A ausência é o remédio do amor.
Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos, realmente
existimos; nos outros, apenas duramos.
A nossa alma rende-se muito mais pelos olhos, do que
pelos ouvidos.
A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se
admira senão das coisas que ignora, principalmente se são grandes; e mãe da ciência,
porque admirados os homens das coisas que ignoram, inquirem e investigam as causas
delas até as alcançar, e isto é o que se chama ciência.
Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade
humana.
Não há alegria neste mundo tão privilegiada, que não
pague pensão à tristeza.
Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes,
se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade,
por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito.
Mais afronta a mesura de um adulador, que uma bofetada
de um inimigo.
Três mais há neste mundo pelos quais anelam, pelos quais morrem e pelos quais matam os homens: mais fazenda; mais honra; mais vida.
E agora o atualíssimo trecho do Sermão do
Bom Ladrão, causa e motivo deste post:
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros roubam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam.
Pelos escritos deixados, o Padre António Vieira, foi sem dúvida um homem de H grande. A sua obra é lida em todo o mundo.
ResponderExcluir.
Saudações amigas.
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Poema: “” O Amor Acontece ““
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Ele deixou uma produção vastíssima. Sua biografia demonstra sua imensa cultura e preocupações que hoje em dia seriam vistas por muitos com desconfiança.
ExcluirAproveitando, seu poema é lindo.
Viajei aqui na frase "A natureza e a arte curam contrários com contrários", belo post. Passando no seu cantinho para visitar e colocar a leitura em dia, então teve overdose de comentários sim senhor rsrs sempre faço isso nos blogs que eu adoro.
ResponderExcluirAté qualquer dia! :)
Literatura era a minha matéria preferida no Ensino Médio (quando fiz ainda se chamava "Segundo grau"). Lembro que meu livro didático trazia alguns textos de sermões de Vieira. Fiquei fã na hora.
ResponderExcluirRecuando ainda mais, no "meu tempo" era assim: grupo escolar (1ª à 4ª série), ginasial (5ª à 8ª série) e colegial ou "científico" (três anos). Havia ainda o curso de "Formação" (equivalente ao colegial), destinado às meninas que queriam dar aulas no grupo escolar (senti o bafo de um dinossauro no meu pescoço!).
Excluirhahhh
ExcluirJotabê!!!
ResponderExcluirTerminei de o
Confraria.
Ri muito.
Você escreve de forma
fantástica.
Abraço.
CatiahoAlc.
Fico muito feliz que tenha se divertido, mas já aviso que o de poesias é mais sombrio, pois a maioria foi escrita quando eu estava precisando desabafar.
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