quinta-feira, 23 de junho de 2022

ANTOLOGIA EXTRATERRESTRE

 
Se há uma coisa que eu posso afirmar com quase 100% de certeza é que eu e o presidente Bolsonaro detestamos o Lula. Eu disse “quase 100%” pois o que o Mito sente pelo Lula talvez seja medo, cagaço de pensar na naba que provavelmente levará nas próximas eleições. Mas eu, sinceramente, detesto o Lula. O problema é que também detesto o Bozo!
 
Aliás, por ele ter dito as maiores barbaridades ao longo dos últimos anos, comecei a colecionar essas declarações divulgadas em diversos meios de comunicação. Se fosse outro o político que as tivesse dito, poderia identificá-las como “pérolas”. Como ele aparenta não se importar muito com garimpos ilegais na Amazônia, acho melhor classificar essas sandices como “pepitas”, capazes de horrorizar e causar inveja até mesmo no Silas mala. São frases bastante conhecidas e antigas, mas, mesmo assim, merecedoras de não ser esquecidas. Saca só que bela antologia:
 
A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país (em pronunciamento na Câmara dos Deputados, em abril de 1998, ressaltando que não pregava que o mesmo destino dado aos índios americanos fosse dado aos brasileiros. Sugeria apenas que fossem demarcadas "reservas indígenas em tamanho compatível com a população");
 
Pinochet devia ter matado mais gente. (sobre a ditadura chilena de Augusto Pinochet em entrevista à revista Veja, edição 1575, de 2 de dezembro de 1998);
 
No período da ditadura, deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique. (em maio de 1999, num programa de TV, ao defender o fechamento do Congresso Nacional);
 
Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater. (após o então presidente FHC segurar uma bandeira com as cores do arco-íris em defesa da união homoafetiva, em maio de 2002);
 
O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele. (em um debate na TV Câmara, em 2010);
 
Sou preconceituoso, com muito orgulho. (em entrevista à revista Época, em 2011);
 
Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados. (em resposta a Preta Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais, no programa CQC, da Band);
 
Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. (em entrevista sobre homossexualidade à revista Playboy, em dezembro de 2011);
 
Fui ser deputado federal para não andar de ônibus, fusca, van, e morar bem. (ao ser perguntado por um vendedor ambulante, em agosto de 2013, se o transporte não seria melhor caso os políticos utilizassem o serviço);
 
Não te estupro porque você não merece. (para a deputada federal Maria do Rosário do PT-RS, em dezembro/2014);
 
Os índios não falam nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional? (Campo Grande News, 22/04/2015);
 
Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio. (Campo Grande News, 22/04/2015);
 
O erro da ditadura foi torturar e não matar. (em participação no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, em julho de 2016);
 
Em 2019 vamos desmarcar a (reserva indígena) Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros. (Congresso Nacional, publicado em 21/01/2016);
 
Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não que melhora bastante a nossa vida também, está certo? (resposta a pergunta de jornalista em 09/08/2016);
 
Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem pra procriador ele serve mais (em palestra no Clube da Hebraica, no Rio, em abril de 2017);
 
Pode ter certeza que se eu chegar lá (Presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola. (Estadão, 03/04/2017);
 
Sou capitão do Exército, minha missão é matar. (em palestra em Porto Alegre, em junho de 2017);
 
Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho. Não serve mais. (Palestra para empresários no Espírito Santo, em 31/07/2018);
 
Há anos o terminal de contêiner do Paraná, se não me engano, não sai do papel porque precisa agora também de um laudo ambiental da Funai. O cara vai lá e se encontrar, já que tá na moda, um cocozinho petrificado em índio, já era, não pode fazer mais nada ali (Portal Folha UOL, em 12/08/2019);
 
 
São tantas as pepitas que cansa ficar juntando toda essa "riqueza". Algumas merecem o rótulo de piadas, como quando disse ser de “centro-direita”. (Macron é de esquerda e eu sou de centro-direita - declaração feita 28/08/2019, após encontro com o presidente do Chile, Sebástian Piñera). Centro-direita? Como assim, cara pálida? (pensando bem, depois da recente prisão do ex-ministro Milton Ribeiro - por quem o presidente poria "a cara no fogo", talvez seja melhor dizer "cara queimada).
 
Mas perdi o interesse em continuar colecionando essas frases extraterrestres após o surgimento da pandemia e as mais de seiscentas mil mortes por ela causadas (graças ao “auxílio luxuoso” do Jair). 

“Não sou coveiro”, “É só uma gripezinha”, “todo mundo vai morrer um dia”, “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma tubaína” poderiam ser boas piadas se fossem ditas em um contexto não tão trágico assim. Por isso parei. E pensar que votei nesse cara no segundo turno da eleição de 2018!

 

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