Se alguém sentiu-se atraído pelo título deste post e está pensando que vou falar sobre
Física de altíssimo nível, dançou. Poderia até dizer que teoria das cordas é
assunto proibido em casa de enforcado, mas estaria fugindo do assunto de hoje
com essa piada idiota. Ainda que ninguém saiba ou se lembre, já comentei sobre o
tema de hoje lá no princípio do blog, mas, mesmo não sendo um Van Gogh,
sinto-me impelido a dar mais umas pinceladas nesse quadro. Antes, porém, vou
divagar um pouco, pois meu cérebro está um pouco devagar (este começo está
mesmo difícil!).
Tenho a impressão de que os músicos não batem
bem da cabeça. E digo isso por um fato que sempre me incomodou. Um violão
desses que as pessoas ganham no bingo, quebram na cabeça do amado, utilizam
para fazer desafinadas serenatas ao luar (que lindo!) ou onde espancam uma
música da Marília Mendonça - tem seis cordas. Obviamente, se possuísse mais uma
seria um violão de sete cordas, instrumento utilizado só por quem entende muito do
assunto.
Pois bem, as cordas do violão são conhecidas
por ordinais (primeira, segunda, etc.)
ou notas musicais (Mi, Si, Sol, Re, La e Mi novamente). Detalhe: as cordas são
identificadas de baixo para cima, uma excrescência que nunca consegui entender.
Veja bem, quem pega um violão no colo verá sempre a corda mais grossa (Mi) e, na sequência, La, Re, etc. Mas um idiota de um músico
sem ter nada para fazer de melhor resolveu que essa ordem natural está errada, significando
que a corda Mi grossona (que intuitivamente deveria
ser a primeira) é a sexta corda. Dá para concordar com uma idiotice dessas?
Pois bem, depois dessa fantástica aula sobre
a anatomia de um violão (estamos falando do instrumento musical, OK?), preciso
falar da afinação do curvilíneo instrumento (acho que não estou conseguindo me
concentrar...). Como disse, a segunda corda mais grossa do violão corresponde à
nota La. E é por esse som que se afina o instrumento. Aha! Depois, ao
apertar-se essa corda no quinto intervalo (traste) do braço do instrumento, o
som emitido corresponderá à nota Re.
Quando fazemos isso, se o violão já estiver afinado, a corda Re vibra sem precisar ser tocada.
Esse fenômeno é conhecido como “ressonância”.
E é aí que vou amarrar minha régua (na falta de uma égua, simpático animal,
muito apreciado pelos jumentos).
Dizemos “estar
em ressonância” ou “na mesma sintonia”
com alguém quando pensamos de modo semelhante sobre alguma coisa. E essa
ressonância serve para o bem e para o mal. Imagino que alguém já tenha dito ou
escrito com muito mais elegância e propriedade o que vou dizer. Como nunca li
nada sobre isso, considero-me no mínimo co-proprietário desta reflexão, a que
chamarei de “teoria das cordas de Jotabê” (entendeu agora a escolha do título?): Ei-la lá:
Nós só gostamos ou prestamos atenção em
ideias ou palavras lidas ou ouvidas, se elas entrarem em ressonância com o que
já sentimos ou pensamos de forma desordenada, inconsciente ou adormecida. É
como se nosso cérebro – por estar previamente afinado com o assunto –
“vibrasse” com essas ideias ou palavras. Fala sério, é ou não é um pensamento
bacana?
E isso tem ficado muito visível nos tempos
recentes, pois o que tem de gente sintonizada com o que há de pior e equivocado
não está no gibi. E o principal mentor disso, a influência negativa, está
sentado na cadeira de presidente do país. Engana-se porém quem pensa que eu só
gosto de malhar nosso amigo Jair. Na verdade, gosto mesmo - mas também gostei
de malhar o Lula, a Dilma e o Temer.
Mas o que me preocupa mesmo é o fato de estar
grassando um obscurantismo cada vez maior entre os simpatizantes do Messias. Esse
assunto já foi abordado com um pouco mais de seriedade aqui no Blogson, mas
depois de ler uma frase que algum gênio publicou no Facebook, comecei a me
coçar. A frase é este primor de bom senso: “Você
tomaria uma vacina vinda do mesmo país que tentou te exterminar?”. A reação
foi impressionante, pois dezoito pessoas disseram “não” através de palavras ou emojis. Além disso, houve quatro
compartilhamentos, criando o potencial efeito de “pirâmide”.
O bizarro nessa história é que eu disse “sim” e argumentei que se o Ministério
da Saúde aprovar sua aplicação eu a tomarei sem medo. Para não deixar barato,
ainda disse ser a favor da Inteligência e da Ciência e contra a estupidez e as
realidades alternativas. O resultado é que a postagem onde fiz essa ponderação
foi excluída – e recriada logo em seguida, naturalmente sem meu comentário.
E é nesse pé em que estamos. Você pode ser a
pessoa mais culta, mais “letrada”, com pós-doutorado e o que quiser, mas diante
de uma notícia verdadeira que afronte sua maneira de pensar, diante de uma
ameaça a seus preconceitos - em outras palavras, se não tiver dentro de si a
corda Re para vibrar em ressonância com a corda La apertada no quinto traste -,
pode esquecer. De nada adiantarão dados estatísticos, imagens de satélites, opiniões
de especialistas mundialmente reconhecidos. Tudo isso será descartado em favor
dos mitos criados por mentes obscurantistas cuja bandeira principal é o combate
à corrupção. Caralho! (perdoem-me, senhoras, escapou-se me), todo mundo é
contra a corrupção! Só é a favor quem dela se beneficia. Mesmo que esse
benefício paradoxalmente se traduza em eleitores fieis em uma futura eleição.
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