quarta-feira, 14 de outubro de 2020

NONA ARTE

E já que ultimamente estou na vibe do universo dos quadrinhos, aí vai mais um texto sobre o assunto (escrito há dois meses!).

Hoje (13/08/2020) comecei a sentir uma puta saudade de mim mesmo, uma vontade de não ter feito tantas burradas ao longo da vida (a expressão mais correta seria um pouco mais chula), um desejo de ter tentado concretizar meus sonhos irrealizados. Já falei sobre isso aqui no blog, mas hoje está (tem estado) um pouco pior. Por causa disso, enquanto torço para ter um infarto fulminante (só serve isso), resolvi falar do “Grilo”, uma publicação que fez minha cabeça no início da década de 1970.

Inicialmente no formato tabloide e mais tarde no formato "magazine", Grilo foi publicado entre 1971 e outubro de 1972, quando teve sua circulação proibida pela Censura. A alegação foi de que o título atentava contra a moral e os bons costumes (Ah, ah, ah... e tem gente que acredita que aquela época foi boa!).

Com minha mania de colecionador – e apesar da grana curta – comecei a comprar o jornal tabloide que saía uma vez por semana. Continuei a comprar quando foi transformado em revista tipo “magazine”, até seu sumiço das bancas. Só recentemente, graças a meus filhos, consegui comprar os dois últimos números lançados. Mas algumas edições especiais ficaram de fora desse esforço, até por não ter mais interesse em obtê-las.

A seguir, são transcritos alguns trechos de um ótimo texto que encontrei na internet. E no final, caso alguém se interesse em conhecer uma parte da história das HQs alternativas publicadas no país, estará disponível o link do texto encontrado - que é super legal, pois além de autores e títulos publicados, traz também as imagens das capas no formato tabloide e no formato magazine.

Revendo essas capas deu para perceber (em resposta a meu amigo virtual Ozymandias) porque eu parei de ler HQ de super-heróis: eu sempre fui um anti-herói e, desde aquela época, eu já era muito alternativo, um bicho-grilo, um tilelê que não usava drogas e, infelizmente, um cara muito irresponsável e inconsequente (comportamentos que remetem às lamentações do início do texto). Olhaí o texto bacana:


Grilo, um importante momento dos quadrinhos no Brasil
Por Marcelo Naranjo

Contracultura, moda psicodélica, ácido e Beatles são palavras que remetem diretamente a um importante momento cultural na história da humanidade. A década de 1960 rompeu paradigmas e influenciou toda uma geração, na música, no cinema e, como não poderia deixar de ser, nos quadrinhos.
A revista Grilo, da Espaço-Tempo Veículos de Comunicação Ltda., trazia reflexos desta época. Foi publicada entre 1971 e 1972, em 48 edições, a princípio semanais e, posteriormente, quinzenais. A tiragem por número era de 30 mil exemplares e boa parte do material nela encontrado surgiu justamente na década de 1960.
Grilo teve o grande mérito de apresentar, pela primeira vez no Brasil, diversos autores que marcaram época no universo dos quadrinhos.
O título era publicado no formato tablóide, com duas capas distintas e 16 páginas.
As duas capas eram por um motivo curioso: a revista chegava às bancas dobrada uma segunda vez (o que escondia a capa principal, sempre maior), ficando próxima do tamanho hoje convencionado como formato americano, tudo para facilitar sua exposição aos leitores.
A partir do número # 25, ela passou a sair em formato magazine. A mudança marcou também a ampliação dos títulos publicados na revista.
Do número 1 até o 24, o conteúdo era formado principalmente pela publicação de tiras.
A segunda fase da revista começou a partir do número # 25 (dedicado exclusivamente a Charlie Brown e sua turma), com novo formato e mais páginas (36). Grilo apresentou novos personagens, e trouxe o underground americano ao Brasil.
Boa parte das histórias (...) é assinada pelo artista Gore, pseudônimo utilizado pelo hoje mundialmente conhecido Richard Corben, que tem desenhado várias HQs de super-heróis nos últimos tempos, como Cage, que foi publicada aqui em Marvel MAX, daPanini Comics.
Algumas liberdades foram tomadas pelos editores. Por exemplo, a edição # 1 formava um pôster, na contracapa, com Lucy (de Snoopy) grávida, gritando “Você me paga, Charlie Brown!”.
Marcelo Naranjo gostaria de ter aproveitado os anos 1960, com aquela história toda de liberdade e mulheres sem roupa. Nós achamos que o cara anda tomando muito chá de cogumelo, mas… sem grilo!

E agora, o link:


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