sábado, 17 de outubro de 2020

OLD VOICES, OLD TIMES, OLD FRIENDS - SIMON & GARFUNKEL

 
Graças ao tema e comentários do post "Rascunho" resolvi reciclar uma publicação de novembro de 2016, pois tem tudo a ver com minha cabeça atual. Creio que esse caso aconteceu em 1990 ou 1991, pois meu filho mais velho estava ainda lá pela sétima ou oitava série e  teve de fazer um trabalho em grupo sobre velhice ou coisa parecida. Pai entusiasmado e mãe mais ainda, resolvemos levar nosso filho e seu grupo à “Cidade Osanam”, um asilo muito agradável, fundado e mantido pela Sociedade de São Vicente de Paulo. Conversamos com algumas idosas ainda lúcidas e simpaticíssimas (creio que monopolizei as conversas, pois é nunca que eu deixaria de aproveitar essa oportunidade!), ouvimos histórias comoventes, pungentes, tiramos alguns retratos das idosas e do lugar e fomos embora.
 
Pai entusiasmado (de novo), sugeri um tema para a apresentação: a música “Old Friends” que tinha ouvido em um CD da maravilhosa dupla Simon & Garfunkel recentemente comprado. Nesse disco, a música era precedida pela faixa “Old Voices”, uma gravação feita pelo Art Garfunkel no Central Park com os velhinhos que encontrou por ali. Traduzi toscamente a letra para os meninos (ainda não existia o Google Translator), mas uma frase ficou gravada em minha mente: “How terribly strange to be seventy”! Acho que só agora estou começando a entender mesmo esta música...
 
De brinde, além da música ao vivo que encontrei no Youtube, a gravação de “Old Voices” (o Youtube é uma maravilha!). Mesmo não entendendo nada de inglês fico comovido ao ouvir novamente aquelas velhas vozes - ásperas, rascantes, frágeis - provavelmente silenciadas há muito tempo.

Olhaí a letra googlelizada e interpretada (alterada) livremente por mim. 
 
Velhos amigos
Sentados em seu banco de praça como num final de livro
Um jornal voando pela grama cai nas pontas arredondadas dos sapatos caros dos velhos amigos
 
Velhos amigos
O inverno acompanha os velhos perdidos em seus sobretudos, esperando pelo pôr-do-sol
Os sons da cidade trespassando as árvores pousam como poeira nos ombros dos velhos amigos
 
Você pode nos imaginar daqui a alguns anos dividindo silenciosamente um banco de praça?
Quão terrivelmente estranho é ter setenta anos!
 
Velhos amigos
A memória acaricia os mesmos anos, compartilhando em silêncio o mesmo medo. 
Uma época se foi, foi-se uma época.  Uma época de inocência, uma época de confidências. 
Deve ter sido há muito tempo! Eu guardo uma foto.
Preserve suas memórias, elas são tudo o que sobrou de você





7 comentários:

  1. Sabe que ouvindo essa música e tentando entender, tatear (à minha maneira) as sensações e sentimentos que ela causa em você, lembrei de uma que tem o mesmo significado (só que, nesse caso, da juventude; da liquidez da vida) pra mim.
    Nine - La dispute. Eu conheci num momento marcante da minha adolescência, e nunca a esqueci. Ouço somente quando é realmente importante, necessário. Não é aquele tipo de música que se pode ouvir de bobeira - é necessário coragem, muita coragem pra mergulhar em todas as sensações, lembranças (vividas ou imaginárias) e sentimentos que ela traz. Eu me arrepio sempre.
    Peço que ouça. É verdadeiramente linda.

    Vou deixar a tradução aqui (também não sou da galera do inglês kkkkk). Saca só:

    Lembro-me de uma vez nos degraus da igreja,
    Quando me movi para beijar seu peito,
    Como demos uma atenção tão grande
    Para cada respiração doce e gaguejada,
    Eu deveria ter parado de pintar a nossa imagem,
    Capturado pura e honesta afeição,
    Apenas para documentar a diferença
    Entre atração e conexão.

    Eu posso ver todos os meus amigos e
    Eu arrombo prédios vazios,
    Quando a costa estava limpa,
    Com mochilas cheias de cervejas,
    Nós jogávamos nossas garrafas de cima dos telhados
    Nesta cidade, que parecia interminável.
    Acho que eu ainda não vejo a diferença
    Entre real propósito e a urgente adolescência.

    E eu me lembro em um porão, partilhando suor
    Com todos esses meninos e meninas estranhos,
    "Nós vamos mudar o mundo!" Cantamos,
    "Nós vamos mudar o mundo!" Mas,
    Nada parece mudar e
    Eles dizem que nenhum deles vão ouvir,
    Mas ainda vejo muito mais força naquele porão
    Do que em políticos sem coração.

    E se levarmos uma surra deste inverno,
    Se formos estrangulados pelo remorso, apenas
    Deixe nosso amor pela vida e a tensão
    Arfar em respirações doces e gaguejadas, e
    Peça-lhes para deitar-nos em um porão,
    Estraçalhar algumas garrafas no chão, e
    Dizer que não pudemos notar a diferença
    Entre o sentimento e o som.

    Lembre-se não das nossas peças defeituosas,
    Lembre-se não das nossas partes enferrujadas,
    Não são as muitas imperfeições que nos definem, mas
    A forma como guardamos nossos corações,
    E a maneira como nós mantemos nossas cabeças,
    Espero que eles escrevem seus nomes ao lado do meu
    Na minha lápide quando eu estiver morto.
    E quando estivermos mortos deixe as nossas vozes continuar
    Para encontrar uma melhor canção.
    Para encontrar uma melhor canção e cantar junto

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Adorei a letra, mas prefiro não me aprofundar no comentário. Não sei por que, fez com que eu me lembrasse da época em que comecei a destruir minha vida. Por isso, fica a sugestão de uma leitura para rir um pouco. Olhaí.
      https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2017/07/inocente-puro-e-besta.html

      Excluir
    2. Kkkk eu ri bastante, principalmente com os comentários. Adorei. Quero ter histórias assim pra contar também.
      Adorei o modo com que narrou os acontecimentos. Queria ter essa habilidade em narrativa.

      Você é bem careta até hoje, né? Se considera e se vê dessa forma?

      Excluir
    3. Não me considero careta, pelo contrário. Agora, se "careta" significar não usuário de drogas lícitas e ilícitas, então sim, sou careta. Adorei e adotei para mim uma frase ouvida um dia: "a realidade me basta".
      E como estou de bom humor, sugiro a leitura dos posts abaixo, escritos em 2016. Mas procure assim na internet, pois não tive saco de copiar os links. Eles traçam um perfil bastante esclarecedor da minha vida até me casar. Creio que vai rir também.
      BLOGSON CRUSOE - ZEZIM
      BLOGSON CRUSOE - KARMA, QUE EU EXPRICO
      BLOGSON CRUSOE - INFÂNCIA F. P.
      BLOGSON CRUSOE - A PRAXE DOS IMBECIS
      BLOGSON CRUSOE - SEXO, DROGAS & ROCK' N ROLL - PARTE 1
      BLOGSON CRUSOE - SEXO, DROGAS & ROCK' N ROLL - PARTE 2
      BLOGSON CRUSOE - SEXO, DROGAS & ROCK' N ROLL - PARTE 3

      Excluir
    4. O careta a que me referi realmente nada tem a ver com drogas. É que você parece seguir muitas normas, muitas regras autoimpostas. Nesse sentido foi minha pergunta, kkkkk.

      Vou procurar e ler!

      Excluir
    5. Em relação ao episódio de Ouro Preto, só vou dizer uma coisa : Show Engenharia.
      Conte-nos tudo e não nos esconda nada, Jotabêr!!!

      Excluir
    6. Quanto à caretice,creio que poderia ser trocada então por TOC moderado. Quanto ao "show", realmente ainda não tenho coragem nem vontade para falar sobre isso. Talvez, quem sabe, um dia eu conte. E o pior é que ele não tem nada assim tão excepcional (excetuada a canalhice em algumas situações).

      Excluir

ALORS, T'AS DIT OU T'AS PAS DIT?

A primeira das três postagens dedicadas aos aforismos de Voltaire começa com uma frase a ele atribuída, só que não! Como foi perseguido e pr...