Ao comentar o recente post sobre uma charge
do cartunista Jaguar, meu amigo virtual Scant mandou-me este recado: “depois faz um post sobre sua biblioteca -
tenho curiosidade sobre o que blogson guardou de publicações durante a vida”.
Neste caso, não se trata de seguir a máxima da subserviência ao gosto do
cliente – ou da subserviência máxima ao gosto do cliente, aquela que diz
que “o cliente tem sempre razão”.
No caso específico, vale outra máxima (talvez “mínima” fosse melhor), aquela
que estabelece que “barco à deriva
não escolhe porto para atracar”, ou seja, se alguém espirrar ao meu lado já
utilizo o Atchim para fazer um texto sobre a Branca de Neve (sério,
isso ficou muito ruim!).
Por isso, já de olho na possibilidade de novo post, respondi que apesar de possuir "alma de colecionador", sempre fui atropelado primeiro pela falta de grana (faltava mesmo!) e depois pelo nascimento dos filhos. Especialmente quando estavam naquela idade em que até filho do Shrek é gracioso, naquela fase mais tchutchuca da infância, eles mutilaram ou destruíram muitas revistinhas e até alguns livros. Mesmo depois dessas graves ponderações, prometi fazer o tal levantamento, alertando que o resultado seria muito decepcionante.
Quando comecei a pensar na trabalheira que daria desentocar o pouco que está guardado, desisti. E o motivo disso é TOC (você vai gostar disso, Scant). Minha mulher é mega organizada e tem obsessão por guardar tudo (mas tudo mesmo!) em caixas, embalagens etiquetadas e pacotes lacrados que permitam ocupar o menor espaço possível (e o espaço que sobrar ela se encarrega de ocupar com novas caixas, pacotes e embalagens). Esse TOC aplica-se na casa toda, em todo tipo de objeto.
Eu acho bacanérrimo esse comportamento, mas enlouqueço quando quero encontrar alguma coisa. Antes de falar das revistinhas e só para exemplificar a sede de organização, todas as roupas da casa são organizadas nos armários por nuances de cor (não basta saber que o marrom vem depois do preto, o marrom mais escuro deve preceder o mais claro e assim, sucessivamente). Além disso, todos os cabides são iguais e, naturalmente, sempre pendurados com os ganchos apontados na mesma direção. Os armários ficam lindos assim, foda é na hora de guardar as camisetas passadas (“essa cor está fora de lugar, é antes dessa aí”, etc.).
Agora, imagine isso aplicado às revistinhas (ou o que sobrou delas). O trabalho de desempacotar e reenpacotar o pouco que restou foi determinante para desistir da tarefa. Mas consigo me lembrar de quase tudo o que está guardado. Por isso, vamos lá. É importante salientar que nunca guardei revistas de heróis ou super-heróis. Como poderia um sub-herói ou anti-herói como eu identificar-se com as façanhas mirabolantes da turma da Marvel ou de seus antepassados ao ponto de querer guardá-las? Sem chance!
O que ainda está empacotado e/ou lacrado é o seguinte:
- coleção completa do jornal/ revista “Grilo” (48 exemplares);
- coleção “completa” da revista “O Bicho” (oito exemplares vendidos em banca. Falta o número “zero” que não foi vendido)
- vários números da revista “Fradim”, do Henfil
- alguns exemplares de “Chiclete com Banana”, do Angeli
- almanaque “O melhor do Pasquim”
- almanaque do Henfil
- almanaque do Jaguar
- almanaque do Ziraldo
- Vários exemplares de “Jornalivro” (livros clássicos publicados em formato de jornal tabloide)
- Jornal super underground “Flor do Mal” (um ou dois exemplares)
Essas publicações foram adquiridas entre os anos de 1970 e, provavelmente, 1976.
As revistinhas guardadas aos pedaços são (foram) exemplares de "Luluzinha" e "Bolinha", que minha mulher adorava. E não sem razão, pois as histórias originais são uma espécie de "Chaves" em quadrinhos, graças à sua simplicidade e ao humor eficiente de seus enredos e situações. Basta lembrar as hilárias bruxas Alceia e Memeia. As outras revistinhas eram exemplares de Pato Donald e os primeiros almanaques do Tio Patinhas (nunca curti muito a caretice do Mickey). Esses almanaques merecem uma observação: o primeiro de todos foi roubado e nunca devolvido por um primo colecionador. E os quatro ou cinco subsequentes (que hoje devem valer uma grana) foram praticamente destruídos pelos meninos. Não lamento tanto essa destruição pelo fato de as histórias serem posteriores à fase áurea comandada pelo genial Carl Barks. Apesar disso, esses restos estão guardados dentro de sacos plásticos lacrados que, provavelmente nunca abrirei.
Tenho também guardados em casa a título de relíquia sem valor (assim imagino), três dos almanaques que eram publicados a cada final de ano: "Almanaque do Tiquinho" de 1957, "Almanaque do Tico-Tico", de 1957 e "Almanaque do Globo Juvenil", de 1959. Esse último foi mutilado de forma surpreendente, pois várias páginas da parte central desapareceram misteriosamente. Nessas páginas encontrava-se uma história infantil desenhada (ou roteirizada, não me lembro mais) pelo... Stan Lee!
Para finalizar, tenho ainda guardados:
- quatro volumes (de um total de 26) da obra completa de Charlie Brown e sua turma que ganhei de presente. É uma pena que meus filhos não tenham pensado em continuar me presenteando (aos poucos!) com os volumes que faltavam.
- Uma edição comemorativa do lançamento da revista Pato Donald no Brasil, em que os 21 primeiros números foram republicados exatamente como tinham sido vendidos em bancas a partir de julho de 1950 (eu tinha acabado de nascer!), mantendo inclusive a forma estranha dos textos dos balões de diálogo. Essa edição fac-similar foi agrupada em três volumes.
- E, para encerrar, algumas publicações do Robert Crumb que meus filhos também me presentearam. Dentre elas, o livro do Gênesis totalmente ilustrado e que teria consumido quatro anos para ser concluído.
Confesso não me lembrar se existe mais alguma coisa digna de nota. Já existiu uma coleção muito boa de revistas dedicadas ao universo do rock que rolava na década de 1970. “A história e a glória do rock” era o título. Cada número abordava a história de uma mega banda ou de um superstar. Quando descobri essa revista já tinha perdido os quatro primeiros números. Talvez essa coleção ainda esteja guardada com duas ou três revistas em versão “pocket book” das primeiras histórias do Popeye (muito boas e politicamente incorretas até mandar parar!), desenhadas por Segar, o criador do personagem. A título de curiosidade, o marinheiro foi criado em 1929 e seu criador morreu em 1938.
Por isso, já de olho na possibilidade de novo post, respondi que apesar de possuir "alma de colecionador", sempre fui atropelado primeiro pela falta de grana (faltava mesmo!) e depois pelo nascimento dos filhos. Especialmente quando estavam naquela idade em que até filho do Shrek é gracioso, naquela fase mais tchutchuca da infância, eles mutilaram ou destruíram muitas revistinhas e até alguns livros. Mesmo depois dessas graves ponderações, prometi fazer o tal levantamento, alertando que o resultado seria muito decepcionante.
Quando comecei a pensar na trabalheira que daria desentocar o pouco que está guardado, desisti. E o motivo disso é TOC (você vai gostar disso, Scant). Minha mulher é mega organizada e tem obsessão por guardar tudo (mas tudo mesmo!) em caixas, embalagens etiquetadas e pacotes lacrados que permitam ocupar o menor espaço possível (e o espaço que sobrar ela se encarrega de ocupar com novas caixas, pacotes e embalagens). Esse TOC aplica-se na casa toda, em todo tipo de objeto.
Eu acho bacanérrimo esse comportamento, mas enlouqueço quando quero encontrar alguma coisa. Antes de falar das revistinhas e só para exemplificar a sede de organização, todas as roupas da casa são organizadas nos armários por nuances de cor (não basta saber que o marrom vem depois do preto, o marrom mais escuro deve preceder o mais claro e assim, sucessivamente). Além disso, todos os cabides são iguais e, naturalmente, sempre pendurados com os ganchos apontados na mesma direção. Os armários ficam lindos assim, foda é na hora de guardar as camisetas passadas (“essa cor está fora de lugar, é antes dessa aí”, etc.).
Agora, imagine isso aplicado às revistinhas (ou o que sobrou delas). O trabalho de desempacotar e reenpacotar o pouco que restou foi determinante para desistir da tarefa. Mas consigo me lembrar de quase tudo o que está guardado. Por isso, vamos lá. É importante salientar que nunca guardei revistas de heróis ou super-heróis. Como poderia um sub-herói ou anti-herói como eu identificar-se com as façanhas mirabolantes da turma da Marvel ou de seus antepassados ao ponto de querer guardá-las? Sem chance!
O que ainda está empacotado e/ou lacrado é o seguinte:
- coleção completa do jornal/ revista “Grilo” (48 exemplares);
- coleção “completa” da revista “O Bicho” (oito exemplares vendidos em banca. Falta o número “zero” que não foi vendido)
- vários números da revista “Fradim”, do Henfil
- alguns exemplares de “Chiclete com Banana”, do Angeli
- almanaque “O melhor do Pasquim”
- almanaque do Henfil
- almanaque do Jaguar
- almanaque do Ziraldo
- Vários exemplares de “Jornalivro” (livros clássicos publicados em formato de jornal tabloide)
- Jornal super underground “Flor do Mal” (um ou dois exemplares)
Essas publicações foram adquiridas entre os anos de 1970 e, provavelmente, 1976.
As revistinhas guardadas aos pedaços são (foram) exemplares de "Luluzinha" e "Bolinha", que minha mulher adorava. E não sem razão, pois as histórias originais são uma espécie de "Chaves" em quadrinhos, graças à sua simplicidade e ao humor eficiente de seus enredos e situações. Basta lembrar as hilárias bruxas Alceia e Memeia. As outras revistinhas eram exemplares de Pato Donald e os primeiros almanaques do Tio Patinhas (nunca curti muito a caretice do Mickey). Esses almanaques merecem uma observação: o primeiro de todos foi roubado e nunca devolvido por um primo colecionador. E os quatro ou cinco subsequentes (que hoje devem valer uma grana) foram praticamente destruídos pelos meninos. Não lamento tanto essa destruição pelo fato de as histórias serem posteriores à fase áurea comandada pelo genial Carl Barks. Apesar disso, esses restos estão guardados dentro de sacos plásticos lacrados que, provavelmente nunca abrirei.
Tenho também guardados em casa a título de relíquia sem valor (assim imagino), três dos almanaques que eram publicados a cada final de ano: "Almanaque do Tiquinho" de 1957, "Almanaque do Tico-Tico", de 1957 e "Almanaque do Globo Juvenil", de 1959. Esse último foi mutilado de forma surpreendente, pois várias páginas da parte central desapareceram misteriosamente. Nessas páginas encontrava-se uma história infantil desenhada (ou roteirizada, não me lembro mais) pelo... Stan Lee!
Para finalizar, tenho ainda guardados:
- quatro volumes (de um total de 26) da obra completa de Charlie Brown e sua turma que ganhei de presente. É uma pena que meus filhos não tenham pensado em continuar me presenteando (aos poucos!) com os volumes que faltavam.
- Uma edição comemorativa do lançamento da revista Pato Donald no Brasil, em que os 21 primeiros números foram republicados exatamente como tinham sido vendidos em bancas a partir de julho de 1950 (eu tinha acabado de nascer!), mantendo inclusive a forma estranha dos textos dos balões de diálogo. Essa edição fac-similar foi agrupada em três volumes.
- E, para encerrar, algumas publicações do Robert Crumb que meus filhos também me presentearam. Dentre elas, o livro do Gênesis totalmente ilustrado e que teria consumido quatro anos para ser concluído.
Confesso não me lembrar se existe mais alguma coisa digna de nota. Já existiu uma coleção muito boa de revistas dedicadas ao universo do rock que rolava na década de 1970. “A história e a glória do rock” era o título. Cada número abordava a história de uma mega banda ou de um superstar. Quando descobri essa revista já tinha perdido os quatro primeiros números. Talvez essa coleção ainda esteja guardada com duas ou três revistas em versão “pocket book” das primeiras histórias do Popeye (muito boas e politicamente incorretas até mandar parar!), desenhadas por Segar, o criador do personagem. A título de curiosidade, o marinheiro foi criado em 1929 e seu criador morreu em 1938.
Esse é o acervo guardado aqui em casa. Existiu também uma coleção completa da edição brasileira de MAD, mas resolvi jogá-la fora a partir do momento em que ela foi sendo abrasileirada, com publicações do horroroso cartunista Ota (esta é minha opinião). E o curioso é que custei a achar quem quisesse ficar com a coleção (ninguém queria!).
Para completar a incumbência recebida, encontrei na internet as capas da maioria das publicações mencionadas. Acho que cumpri bem minha missão.
Rapaz, são verdadeiras raridades, preciosidades. Fiquei muito curioso em relação ao jornal Flor do Mal. Que tipo de conteúdo ele abordava?
ResponderExcluirE concordo : o traço do Ota é uma bosta.
muito obrigado
ResponderExcluirachei lindas as raridades
o flor do mal merecia um post
se vc fosse montar uma biblioteca pessoal hoje, o que colocaria nela?
Achei um link para uma edição do Flor do Mal, a número 4.
Excluirhttps://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/8910
Diante do interesse despertado por este post, resolvi fazer mais um, abrangendo um pouco mais o jornal Flor do Mal.
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