Recentemente um dos canais
de TV por assinatura exibiu o filme “Brilho de uma Paixão”, cujo enredo mostra
os últimos anos de vida do poeta inglês John Keats (1795-1821) e seu romance com
Fanny Brawne. O título original do filme – “Bright
Star” – é também o de um soneto inspirado nessa paixão. Pelo que descobri,
John Keats é considerado o último dos poetas românticos ingleses. Morreu de
tuberculose na Itália, para onde viajara em busca de um clima mais ameno e saudável.
Tinha apenas 25 anos (parece que essa era sina de alguns intelectuais daquele
tempo).
O final do filme mostra a
musa do poeta murmurando esse soneto enquanto anda solitária por um descampado. Bem bacana.
E como não conhecia nada da obra de John Keats, resolvi buscar na internet o
poema. Além do original em inglês, encontrei quatro traduções, mas três não me
agradaram. Como não tenho vergonha na cara, resolvi fazer minha própria versão,
mesmo sem saber porra nenhuma de inglês. Chamei meu amigo Google Tradutor para dar o pontapé inicial. De olho no "jogo" dos quatro “adversários” e nas dicas do Google, obrei esta joia literária. Na sequência, a versão de que mais gostei.
Versão Jotabê
Estrela brilhante, fosse eu inabalável como tu és –
Estrela brilhante, fosse eu inabalável como tu és –
Não em solitário esplendor suspenso na noite
Mas a contemplar, com pálpebras eternamente abertas,
Como um eremita da natureza, insone e paciente,
As águas em movimento em seu sacerdotal afã
De purificação dos humanos litorais,
Ou contemplando a nova máscara
De neve sobre as montanhas e pântanos
Não – ainda assim firme, imutável,
Aninhado no peito amadurecido do meu amor,
Para sentir para sempre sua suave agitação,
Eternamente despertar em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir sua terna e calma respiração,
E assim viva para sempre – ou desfaleça até a morte.
Versão de Alex Raymundo
Estrela brilhante,
fosse eu como tu és constante -
Não em solitário esplendor no alto do céu pendurado
E com as eternas pálpebras abertas vigilante,
Como um eremita da natureza paciente e acordado,
As águas movendo-se em sua tarefa sacerdotal
De pura ablução nas praias da terra inteira
Ou observar a máscara virginal
da neve sobre cada charneca e cordilheira -
Não - apesar de ainda constante, imutável ainda,
Acomodado sobre o seio maduro da minha amada linda,
Sentir para sempre seu suave subir e descer,
Despertar para sempre em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir seu delicado ofego,
E viver para sempre - ou então na morte desfalecer.
Não em solitário esplendor no alto do céu pendurado
E com as eternas pálpebras abertas vigilante,
Como um eremita da natureza paciente e acordado,
As águas movendo-se em sua tarefa sacerdotal
De pura ablução nas praias da terra inteira
Ou observar a máscara virginal
da neve sobre cada charneca e cordilheira -
Não - apesar de ainda constante, imutável ainda,
Acomodado sobre o seio maduro da minha amada linda,
Sentir para sempre seu suave subir e descer,
Despertar para sempre em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir seu delicado ofego,
E viver para sempre - ou então na morte desfalecer.
Original de John Keats
Bright
star, would I were steadfast as thou art—
Not in
lone splendour hung aloft the night
And
watching, with eternal lids apart,
Like
Nature's patient, sleepless Eremite,
The
moving waters at their priestlike task
Of pure
ablution round earth's human shores,
Or
gazing on the new soft-fallen mask
Of snow
upon the mountains and the moors—
No—yet
still steadfast, still unchangeable,
Pillow'd
upon my fair love's ripening breast,
To feel
for ever its soft fall and swell,
Awake
for ever in a sweet unrest,
Still,
still to hear her tender-taken breath,
And so
live ever—or else swoon to death.
é muito trabalhoso manter a sonoridade equivalente ao original
ResponderExcluirbelo poema
abs!
Sem dúvida! Ainda mais para um soneto com rima! Te confesso que achei confusas as versões que encontrei, não conseguia entender plenamente o que o poeta quis dizer. Aí resolvi eu mesmo tentar traduzir e encontrar sentido para o poema, sem me preocupar com tima ou sonoridade.
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