segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O VELHO E A MADRUGADA - A MARRETA DO AZARÃO

Meu amigo virtual Marreta produziu um belo e inspirado texto, mas pisou no tomate ao associá-lo à sua série "É a Podridão, Meu Velho". Pior ainda, não deu nenhum título ao vigésimo post dessa série. Não sei como classificá-lo, pois é basicamente um diálogo. Pelo lirismo das frases, entretanto, poderia dizer que é um poema. Ou seria uma crônica? Não importa, pois gostei tanto que, mesmo sem autorização e prévio conhecimento do autor, resolvi publicá-lo com um título decente no velho Blogson. Olhaí.

- O que procuras, velho?
Me pergunta a Madrugada,
Me tirando do semissono,
Do cochilar na cadeira em minha sacada,
Quase me fazendo derrubar a caneca de cerveja.
- Procuro ver uma estrela cadente, há tempos que não vejo tais vagalumes siderais.
- Mentira, velho!
Diz a Madrugada.
- Procuro por inspiração, ideias para um novo texto, um novo conto, um novo poema... para mudar de profissão.
- Mentira, velho!
- Procuro a tranquilidade e a clareza da falta de luz, o ronronar dos decibéis, o trânsito sem buzinas e semáforos dos gatos vadios.
- Mentira, velho!
- O que procuro, me dizes, pois?
- Não procuras por cometas, por ovnis, por embriões de livros, por novos rumos nem pelo sorriso dos gatos de Alice.
- Procuro pelo quê, então, já que és tão sábia e cheia de si?
- Procuras, velho, por uma nova paixão!
- E se for? E caso seja?
- Vá dormir, velho! Não perca o seu tempo, que é tão pouco; nem o meu, que é infinito.



4 comentários:

  1. Ora, JB, a série É a podridão, meu velho, nunca teve título, ela é o titulo. Os títulos (ou subtítulos, se preferir) são os números, podridão (1), (2), etc.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu sei disso, mas este texto é tão impactante que merecia uma abordagem ou tratamento individualizado, ou seja, ficaria melhor se não incluído na série. Mas isso, lógico, é um pensamento só meu e eu não tenho nada que dar palpite no seu blog. Por isso é que resolvi postar no invertebrado Blogson. E parabéns, mais uma vez.

      Excluir
  2. sem paixão não há razão de viver
    tem q ter alguma coisa que nos motive além de não passar fome

    abs!

    ResponderExcluir

ESTRELA, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...