Dia desses, na missa de domingo, não ouvi nem as leituras
nem a homilia (sermão) do padre, de tão agitado que estava. Estava totalmente disperso. O jeito teria sido
usar a receita que uma pessoa admirável
me ensinou: “se for bom, amém”, mas nem isso eu me lembrei de fazer.
Estava pensando que nosso corpo é como um
quadro de disjuntores: de repente, ocorre um curto circuito e uma chave
desarma. Passa algum tempo, outro curto
circuito acontece e é outra chave a desarmar. E assim, os disjuntores vão sendo
desligados um a um.
Depois da missa, ainda pensando nessa
imagem, cheguei à conclusão que não era uma boa analogia, pois o envelhecimento
é uma coisa gradativa. Aí surgiu a ideia que nosso corpo é como uma mesa de
gravação, daquelas com oitenta canais e controles deslizantes. No início, o som está
equalizado, perfeito. Quando vai chegando a velhice, os controles começam a
abaixar o “volume” ou a dar maior destaque a algum "instrumento" .
Começa, por exemplo, com a audição, que diminui até quase
acabar completamente. Em compensação, o "som" dos joelhos aumenta. Ou então são as pernas que começam a ficar pesadas e a doer. Daí a
pouco o andar fica lento, mais um pouco e os passos ficam trôpegos, até esse
canal ser completamente desligado. E assim, os diversos “canais” – olhos, ouvidos, articulações, rins, fígado, coração, etc. – vão aos poucos ficando com o "som" cada vez mais inaudível. E a
música finalmente termina.
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