quinta-feira, 13 de novembro de 2014

(EU NÃO SOU) CACHORRO, NÃO!

Outro dia me bateu a curiosidade de saber quantos por cento a Dilma teve de votos (54,5 milhões) em relação ao total de eleitores (142, 8 milhões). Depois de obter esses números no site do TSE, pude verificar que a Rousseff teve apenas 38,1% dos votos possíveis. Para mim, isso tem um significado importante: o PT não pode (nem deve) tentar "venezuelar" este país sem mais nem menos, impunemente, pois 61,9% dos eleitores brasileiros não enxergaram a Dilma como a melhor escolha para o país.

Digo isso depois de ler que uma das prioridades do PT para o próximo governo é aprovar um projeto de “regulação” dos meios de comunicação. Acho espantoso e revoltante ver que aqueles que se opuseram à censura imposta aos meios de comunicação nos governos dos generais presidentes sejam os mesmos que pretendem agora implantar a sua própria censura. Em qualquer regime onde existe Democracia e ela é respeitada e valorizada (não estou falando da "social democracia") a Liberdade de Expressão é uma coisa sagrada (até para os ateus!).

Isso me fez pensar em uma fábula lida há muito tempo, talvez ainda na adolescência. Trata-se da história de um encontro casual de um lobo com um cão. Nessa fábula, o cachorro apresenta-se gordo, pelo lustroso, todo felizão. Já o lobo está magro e faminto. Espantado com o que vê, o lobo procura saber o porquê daquela boa vida. O cachorro então explica que tem um dono que o alimenta e trata bem e convida o lobo a juntar-se a ele.

O lobo (que não era um lobo bobo), pergunta por que o pescoço do cachorro parece meio esfolado. E, surpreso, fica sabendo que não é “nada de mais”, que aquilo é causado por uma corda usada para amarrá-lo, para que ele não morda ninguém (naquela época ainda não existiam coleiras e, muito menos, pet shops).

Diante desse fato, o lobo agradece o convite (apesar de selvagem, tinha um bom grau de instrução, ao contrário do cachorro, que era ingênuo e ignorante), mas o recusa, alegando preferir manter sua liberdade a trocá-la por uma bolsa-alimento. E a fábula termina aqui.

Tentando achar o texto original na internet (tarefa impossível diante da frequente violação e adulteração de textos que se vê na web), descobri que essa bela história foi originalmente escrita por Esopo e modernizada por La Fontaine.

Esopo foi um autor grego que viveu uns seiscentos anos antes de Cristo. Não pode ser coincidência o fato de o autor que escreveu um texto que ainda hoje serve de tão boa metáfora para os tempos atuais, ter nascido justamente na antiga Grécia, berço da Civilização Ocidental e da Democracia. Grande Esopo! Ele já sabia que a troco de uma bolsa-alimento, bolsa-faculdade ou outro tipo de bolsa, alguns sempre aceitam ter seu “pescoço amarrado por uma corda”. 

Na minha opinião, a parcela da população que votou na Dilma, aceitou tacitamente, sem se dar conta disso, ver sua liberdade de expressão ser cerceada e suprimida progressivamente tal como aconteceu na Venezuela. A título de ironia, poderia dizer que,  neste caso, "o homem é o cachorro do homem".

Pensando nisso tudo, permito-me usar a frase “eu tenho um sonho”, dita por uma pessoa realmente do Bem, que foi Martin Luther King. Pois é, eu também tenho um sonho, o sonho de que a população deste país consiga um dia entender que a liberdade de expressão e a Democracia são os bens mais valiosos e fundamentais que alguém pode desejar e querer defender, pois tudo o mais que for ofertado em troca disso é ilusório e efêmero.


2 comentários:

  1. Eu não poderia ter dito melhor. É triste que uma parcela da população ainda defenda esse "partido" e se faça de cega frente aos contundentes desrespeitos à Democracia que ele comete. Felizmente, eu e você não estamos sós, como a sua própria pesquisa mostra e os brasileiros, embora não lhe deem a importância que merece, estão acostumados a viver com a liberdade (ao contrário da população de Cuba, Rússia, Venezuela etc). Por isso, creio que se esse "partido" tentar realizar suas tristes tentativas de implantação de ditadura, o povo finalmente acordará. Posso parecer otimista, mas como disse John Lennon: "You may say I'm a dreamer/But I'm not the only one/I hope someday you'll join us/And the world will live as one"

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    1. Obrigado pelo comentário, pois às vezes acho que falo sozinho, tipo Robson Crusoé. Mas, já que você citou uma bela música do John Lennon, vou responder transcrevendo um trecho de uma música dele também, do tempo dos Beatles (com a ajuda do Google, pois não sei inglês para tanto). A música é "Revolution" e o trecho que escolhi deveria ser uma ótima reflexão para os petistas. Vamos lá:
      "Você diz que vai mudar a Constituição
      Bem, você sabe
      Todos nós queremos mudar a sua cabeça
      Você me diz que é a instituição
      Bem, você sabe
      Primeiro, é melhor você libertar sua mente".

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