CIRURGIA
DE CORAÇÃO
Com
um estilo de vida sedentário e tendo fumado por uns cinquenta anos pelo menos,
começou a ter uns piripaques de vez em quando. O amigo e cardiologista de
confiança pediu uma cineangiocoronariografia.
Levou
o resultado do exame para o escritório e, rindo meio sem graça, comentou ao nos
mostrar, que era sua certidão de óbito. Ao
olhar os resultados, que indicavam “obstrução de 87% na artéria x”, 100% de
obstrução na artéria y”, 92% de obstrução na artéria z”, começamos a rir
irresponsavelmente, dizendo coisas como – “O 'Véio' tá morto!”, – “Esqueceram de te
enterrar!”. E ele meio enfurecido:
– Vocês são uns
cretinos!
A
cirurgia de ponte safena foi realizada e fomos visitá-lo no hospital, Tempos
depois, comentou que “tinha morrido” duas ou três vezes durante a cirurgia,
pois seu coração tivera que ser reanimado depois de algumas paradas cardíacas.
Contou também que escondeu um cigarro aceso na mão enquanto era levado para o
bloco cirúrgico, um local rico em oxigênio, bom para o combate às bactérias,
mas também propício à combustão. Ao levar o cigarro à boca, foi flagrado por
uma enfermeira:
– Olha esse filho da
puta fumando aqui!!!!!!
Convalescente,
comentou com o cardiologista que estava muito ansioso e perguntou se não podia
fumar um pouco. O médico, sabedor de seu vício antigo, comentou que não deveria
mais fumar. Entretanto, diante das argumentações, concordou que ele fumasse “um
ou dois cigarros por dia”. Imediatamente, o consumo passou de dois para quatro
e assim, sucessivamente, até ser flagrado pelo amigo, na rua, com um maço no
bolso da camisa:
– O que é isso, Rodrigo? Você está fumando assim?
– Não! Este maço é só
para reforçar minha força de vontade.
– Hã, sei...
Só
parou mesmo de fumar anos depois, depois de se aposentar e depois de sofrer
dois infartos. Mas, aí, já era tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário