FALANDO
ALEMÃO
Quando
saiu a licitação para a construção da usina nuclear Angra III, a empresa onde
trabalhávamos mobilizou todos os recursos possíveis para ganhar essa obra (mas foi desclassificada). Como
era uma tecnologia totalmente nova, alemã, diferente da americana utilizada na
usina Angra I, uma das exigências do edital era a parceria com empresa que já
tivesse construído usina semelhante. Essa empresa atuaria como consultora,
antes e durante a execução da obra.
Feitos
os contatos, chegaram a Belo Horizonte dois engenheiros alemães, sendo que
apenas um falava espanhol. Foram logo apelidados por outro colega, crítico e
irônico ao extremo, de “Grafite” e “Canetão”. Grafite, segundo a ótica desse
colega, era aquele que iria arregaçar as mangas e trabalhar, pois usava apenas
lapiseira – e borracha, naturalmente. O outro, justamente aquele que sabia
espanhol, usava apenas caneta, útil apenas para assinar cheques, na visão desse
colega.
Estávamos
concentrados em nossas tarefas quando chega o Canetão:
– Óia
‘este’ planta! Está faltando um corte que está indicado ‘neste outro’ planta!
Os
desenhos originais estavam escritos em alemão, com a indicação de vários
cortes (schnitt). E o alemão começou a contá-los na nossa frente, para conferir:
– eins, zwei, drei,
vier... E o Digão
emenda: – fünf, sechs, sieben, acht…
O alemão, que aparentava idade próxima à de meu
amigo, um senhor, portanto, surpreende-se.
– O senhorrr fala alemáo? – pergunta
encantado.
– Não, só sei contar até dez – responde
o Anta. Começamos
a rir depois que o Canetão saiu.
– Animal, você forneceu
pro alemão a prova definitiva que o Brasil não é um país sério, sua
Anta!!!
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