NO TRÂNSITO
Devido
à falta de um olho, dirigir para ele era um pouco mais complicado. Assim, às
vezes, cometia alguma barbeiragem. Ao
assustar alguém que queria atravessar, ouviu o comentário:
– Cuidado aí, vovô!
Tendo
um gênio mais impaciente e, mesmo sem razão, emendou:
– Vovô, não, pois eu
comi foi sua mãe, não sua avó, seu filho da puta!
Quando
os filhos ainda eram crianças, entrando com o carro na Getúlio Vargas,
encontrou pela frente uma senhora que andava no meio das duas pistas. Tentou
passar por um lado, mas a mulher encostou justamente para a mesma pista; tentou
ultrapassar pela outra pista, mas a mulher, de novo, encostou para o mesmo
lado. E foram assim oscilando, até que, já exasperado, conseguiu emparelhar com
ela:
– Vá aprender a dirigir, sua vaca!! – e
seguiu triunfante, até a próxima esquina, quando o sinal fechou e a mulher
parou atrás dele. Pelo retrovisor, viu a senhora descer do carro e caminhar em
sua direção. Chegando ao seu lado, curvou-se um pouco, para fulminar:
– Meu senhor, eu não sou uma vaca. Em
compensação, o senhor também não é um cavalheiro! – E retornou com toda a
dignidade. O filho que estava com ele e era ainda pequeno, explodiu: –“Reage, pai, reage, pai!!!”:
– Como é que eu podia reagir? Eu estava
desse tamanhinho – Contou, juntando o polegar ao indicador.
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