A revista VEJA tem dois articulistas que eu admiro muito. Os artigos de Roberto Pompeu de Toledo e J. R. Guzzo são sempre ótima e prazerosa leitura - os textos são sempre elegantes, o assuntos são sempre pertinentes e o estilo é muito, muito bom. Como esta seção destina-se a divulgar textos e poemas de escritores que eu reverencio, nada melhor que começar com a transcrição de parte de um artigo publicado na VEJA n° 2377, de 11 de junho de 2014. O autor é J. R. Guzzo, um mestre.
Se alguém se interessar em ler o artigo completo, eu direi delicadamente: vá consultar o site da revista, pô! É isso.
Caso você esteja entre a multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve
nada mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto. Eu? Sim, você
mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade.
Tanto faz que tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha de um certificado de "celebridade", por ser top
model ou alguma coisa "famosa", possa utilizar 150 "apps" no seu
celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos
extremos, tenha até
sido presidente da República. O indivíduo que
nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo - vítima voluntária, certo, mas analfabeta do mesmo jeito. (...)
Na verdade,
vigora hoje em dia um desprezo ativo pela leitura - um "porre", tanto
maior quanto menos recentes são os autores. Se você já leu um livro de Eça de
Queiroz, por exemplo, é melhor não ficar contando isso por aí - corre o risco de ser
considerado um mala, e ainda por cima metido a besta. Escrever, então, pode ser até pior. A carta,
em que as pessoas aprendiam a se expressar,
transmitir emoções e juntar uma ideia com outra, é hoje um
objeto extinto. Foi substituída por e-mails cada vez mais subnutridos, áridos e sem alma; um operador de código Morse escreveria com
estilo melhor. (...)
Será que abolir da vida
a imaginação e a curiosidade, como tanta
gente está fazendo, torna as pessoas mais
inteligentes, produtivas
ou eficazes?
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da
maioria, é hora de fazer uma pausa e pensar um pouco.
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