quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ANALFABETOS VOLUNTÁRIOS – J. R. GUZZO

A revista VEJA tem dois articulistas que eu admiro muito. Os artigos de Roberto Pompeu de Toledo e J. R. Guzzo são sempre ótima e prazerosa leitura - os textos são sempre elegantes, o assuntos são sempre pertinentes e o estilo é muito, muito bom.  Como esta seção destina-se a divulgar textos e poemas de escritores que eu reverencio, nada melhor que começar com a transcrição de parte de um artigo publicado na VEJA n° 2377, de 11 de junho de 2014. O autor é J. R. Guzzo, um mestre. 
Se alguém se interessar em ler o artigo completo, eu direi delicadamente: vá consultar o site da revista, pô! É isso.

Caso você esteja entre a multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto. Eu? Sim, você mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade. Tanto faz que tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha de um certificado de "celebridade", por ser top model ou alguma coisa "famosa", possa utilizar 150 "apps" no seu celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos extremos, tenha até sido presidente da República. O indivíduo que nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo - vítima voluntária, certo, mas analfabeta do mesmo jeito. (...)
 Na verdade, vigora hoje em dia um desprezo ativo pela leitura - um "porre", tanto maior quanto menos recentes são os autores. Se você já leu um livro de Eça de Queiroz, por exemplo, é melhor não ficar contando isso por aí - corre o risco de ser considerado um mala, e ainda por cima metido a besta. Escrever, então, pode ser até pior. A carta, em que as pessoas aprendiam a se expressar, transmitir emoções e juntar uma ideia com outra, é hoje um objeto extinto. Foi substituída por e-mails cada vez mais subnutridos, áridos e sem alma; um operador de código Morse escreveria com estilo melhor. (...)

Será que abolir da vida a imaginação e a curiosidade, como tanta gente está fazendo, torna as pessoas mais inteligentes, produtivas ou eficazes?

Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma pausa e pensar um pouco.

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