segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

LAGARTA

Este texto foi originalmente publicado no dia 13/06/2014, cinco dias após o nascimento do Blogson. Na época, um casal de conhecidos em processo de separação pra lá de litigiosa trocava sucessivos processos um contra o outro. Só faltou processo contra unha encravada provocadx pelx ex-companheirx (estou adorando essa nova forma de ser idiota!). 


Depois que envelhecem e se aposentam, algumas pessoas gastam quase todo o seu tempo – e até parecem se divertir com isso – em audiências e processos jurídicos contra ex-sócios, ex-esposas e assemelhados (mesmo não sendo advogados). Eu, limitado que sou, fico tentando entender a Vida e suas várias fases, o que também significa que não sai nada que preste. Mas, olhem só:

Quando o sujeito está saindo da adolescência e entrando no mercado de trabalho, normalmente imagina que ganhará muito dinheiro e que fará muito sucesso. Ou seja, que sua vida será tão espetacular e emocionante como um filme épico de três horas de duração. Na pior hipótese, será tal como um filme hollywoodiano candidato ao Oscar. Nada menos que isso, é o que se pensa.

Mas o tempo passa – e passa mais rápido do que conseguimos imaginar e perceber – e o sucesso ou o dinheiro não vem, ou vem tão insignificante, que ao aposentar-se, o cara se dá conta de que sua vida não passa de um curta-metragem amador, e, o que é pior, filmado com câmera tipo Tek Pix!!! (alguém ainda se lembra dela? Aquela que também era “webcam, mp3, mp4, gravador digital e, se você ligar agora...”).

Ontem, viajando na maionese (creio que essa gíria já desandou), ocorreu-me uma alegoria para explicar a vida do Homem, do nascimento à morte (minha preocupação mais recorrente nos últimos tempos). Apesar de meio kafkiana na aparência, podem acreditar, não foi baseada no livro “A metamorfose” (chatíssimo, por sinal). Só me lembrei do livro depois do texto escrito, ao pensar por qual título o identificaria.

Antes, preciso de um parêntese para dizer que acho um porre a expressão “ser humano” para designar a espécie “Homem”. Seria legal (e os politicamente corretos adorariam) achar uma palavra em outra língua qualquer, que designasse igualmente o macho e a fêmea do homo sapiens. Agora, “ser humano” é um pé no saco. É uma expressão do mesmo tipo de “agregar valor” ou “ao nível de”, ou seja, uma coisa meio chavão, meio clichê. Melhor seria talvez dizer “Cero mano” - ou "Ser o mano". Aí sim, poderíamos nos identificar como “a raça dos manos”.

Até porque alguns de nossos primos primatas são chamados de monos. Monos e manos, fica bem, concordam? A periferia paulistana adoraria. Legal mesmo. Mas para a maionese não desandar de vez, fechemos o parêntese.

A alegoria é a seguinte: até o final da adolescência, o Homem é como uma lagarta, que come tudo o que encontra pela frente (sem conotação sexual, por favor).

Quando entra na fase adulta, o “mano” age como uma pupa, já que está voltado intensamente para suas realizações, tanto no campo pessoal ou profissional. E com isso, não percebe ou não liga muito para as mudanças que ocorrem à sua volta e até em si mesmo.

O problema é que ao aproximar-se a velhice, quando, para fechar mais um ciclo, o casulo se rompe, o que dele eclode não é uma bela borboleta (sem insinuações homofóbicas, por favor!), mas uma mariposa feiosa, cinzenta e fosca. Isso sim é que é dureza!

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