sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

RUMO A 84

 
Se você pensou que este texto é uma referência ao icônico livro “1984” e seu onipresente Big Brother, dançou. Errou mais ainda se acredita que eu iria perder tempo com as tretas (eu disse "tretas", com "r") televisivas do BBB21. Lamento dizer que já estou dormindo quando as novidades do dia são exibidas na telinha. Admito que o título "charmoso" é só uma pegadinha, pois também poderia ser uma referência à minha expectativa de vida ou ao meu desejo de chegar lá. Lá onde? Lá, na tábua da beirada, oras! Aquela de onde se despenca no precipício. Mas também não é.
 
O título do post de hoje é um trecho da frase originalmente imaginada, mas logo descartada em nome da elegância formal. Qual frase? Esta: “Minha caminhada diária rumo aos 84 kg”. Quilos, entendeu?
 
Isso significa que resolvi fazer um texto auto-motivacional, um desabafo sobre as dificuldades que estou encontrando para chegar à minha meta de pesar 84 quilos. Claro que este texto só interessa a mim mesmo, mas o Blogson é uma espécie de banca de revistas que deixa a primeira página dos jornais pendurada na parte externa para quem quiser ler. Ou uma blogoteca, um arquivo de todas as bobagens que penso (mais egocêntrico, impossível).
 
Por isso, vamos à história. Eu era magro como um espeto quando me casei. Pesava 64 kg distribuídos em um esqueleto com 1,84 m de altura (IMC = 18,9). A tranquilidade advinda com o casamento logo me fez chegar aos 75 kg, um peso que eu considerava excelente. Mas com o cronômetro rodando sem parar o peso também foi subindo. Devagar no início e explodindo depois da aposentadoria e de um hipotireoidismo adquirido. A ansiedade cada vez mais visível fez com que eu começasse a assaltar a geladeira de madrugada, a "beliscar" durante todo o dia. O resultado previsível foi uma barriga obscenamente saliente, daquelas que às vezes é exibida quando se teima em usar uma camiseta (t-shirt) comprada "nos bons tempos"  e 105 quilos a castigar as articulações dos joelhos.

Para encurtar a conversa - porque isto aqui não é uma página que começa com “Querido Diário” -,  a ansiedade antiga ganhou um novo formato, a ansiedade estética (pois é, apesar de feio pra cacete sempre fui vaidoso. E nem me venha com a piadinha do “vai, idoso”). Estimulado e cobrado por minha mulher e filhos resolvi tomar vergonha na cara.

Parêntese: olha que nome legal para marca de cachaça ou de cerveja artesanal: “Vergonha na cara”. Já pensou um diálogo assim? "- Que você está fazendo?" "- Estou tomando Vergonha na Cara" (para leite com toddy não funciona). Parêntese fechado.
 
Entrei para o “Vigilantes do Peso”, um esquema que realmente funciona (se você levar a sério). Graças ao sistema de pontos que criaram, consegui perder 10 quilos. Maravilha! Mas minha meta não era ficar pesando 95 quilos. Sabendo que o IMC – Índice de Massa Corporal deve oscilar entre 19 e 25, estabeleci como meta voltar a pesar 84 quilos (IMC = 25).
 
E é o desejo de conseguir um corpitcho com esse peso que está me arregaçando. Há um mês que estou diante de uma pedreira, um paredão, um Monte Everest a escalar sem máscara de oxigênio. E o motivo está descrito no início deste texto desabafo. As refeições do café da manhã e almoço são tranquilas, com os pontos religiosamente lançados no aplicativo disponibilizado quando se contrata o pacote de monitoramento desenvolvido pelos Weight Watchers. Foda é quando a noite chega. Faço o lanche noturno numa boa e fico pentelhando o computador depois disso.
 
A partir das 21 horas o ogro que vive dentro de mim acorda e começa a pedir comida. Eu tento negar, controlar, mas, quando dou por mim é como se minhas mãos estivessem peludas, os olhos injetados de sangue, os caninos salientes e com uma voz que já não é mais a minha. Claro que isso é só uma metáfora, mas é nessa hora que o bicho pega, ou melhor, que o ogro come. Come tudo o que vê pela frente, descontrolada e repetidamente (até fatia de manteiga congelada). Como há uma vozinha interior que tenta alertá-lo da insensatez que está cometendo, a reação fica ainda pior: a voracidade aumenta, e a ingestão de alimentos se torna ainda mais rápida, como que para impedir a consciência de voltar.
 
Depois de satisfeito, já com o bucho cheio, o ogro vai sumindo e eu consigo retomar o controle da situação. Mas aí já é tarde. E todo o cuidado tomado durante o dia foi perdido em não mais que duas horas. Só me resta lamentar mais essa pisada no tomate, olhar as estatísticas do blog e dormir puto da vida, com a certeza de que não emagreci nem dez gramas.
 
 

8 comentários:

  1. "IMC – Índice de Massa Corporal" - já está superado e não faz muito sentido hoje. acho melhor se olhar no espelho é mais eficiente (se comparando a pessoas de sua faixa estária/tamanho)


    "sistema de pontos " - tb não faz sentido em temros de nutrição
    sugiro que vc assista os vídeos do leandro twin no youtube (são gratuitos)

    estudar um pouco de nutrição e aplicar é mais eficiente

    dá uma olhada nisso:
    https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

    abs!


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    1. Você é meu coach virtual! Já vi o final de uma reportagem na TV onde alguém falava estar sendo utilizado novo método de avaliação no lugar de IMC.
      Já o sistema de pontos dos WW funciona para mim como uma coleira, uma camisa de força, uma bola de ferro com corrente, pois eu tenho propensão a chutar o balde na alimentação (na vida também), por isso funciona para mim. E imagino que os pontos tenham surgido a partir de uma visão nutricional, pois eu posso comer o que eu quiser (e como), só tenho um preço a pagar por isso. Hamburguer gourmet, por exemplo, é uma maravilha e eu encaro fácil, fácil (e depois ainda bebo leite com toddy e várias rosquinhas mabel), isso às dez da noite. Mas o preço da comida ogra é alto, sacou?
      valeu pelas dicas!

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    2. cara, seu ego é o seu inimigo
      tenho tb um post sobre o tema:
      https://scantsa.blogspot.com/2019/02/corpo-alimentacao-basica.html

      boa sorte!

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    3. Não entendi o "seu ego é o seu inimigo". Eu sou egocêntrico, mas creio que não é isso que quis dizer.

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    4. sua mente é seu inimigo
      vc se programou pra comer acucar na pior hora do dia e se prejudicar com isso

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    5. Entendi! Na primeira vez em que me matriculei no Vigilantes do peso (versão presencial), a tutora ou motivadora me disse que esse hábito de cmer loucamente à noite que adquiri era o mais difícil de corrigir. E é mesmo. Você tem razão.

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  2. Olha, eu tomando um bom café da manhã, consigo passar o resto do dia, se for preciso, sem comer. Eu almoço, mas não sinto fome na hora do almoço, nem mais à tarde. O meu problema também é à noite. À noite, se eu não me controlo, como tudo o que vejo pela frente. Mas em 90% do tempo consigo segurar a barra.
    Uma forma de evitar a gula noturna é ir se deitar mais cedo. Em dias da semana, tento me deitar por volta das 21 horas. Outro recurso também é não ter em casa porcarias engordativas, é reduzir a compra delas. Sabendo-nos fracos, é melhor não nos expormos à tentação. Mesmo assim tem épocas em que eu dou uma descompensada.
    Além do quê, tenho filho pequeno, que faço questão que almoce e jante comida mesmo, arroz, feijão,legumes etc, tudo cozinhado por mim, mas que vive pedindo outras guloseimas. Hoje, por exemplo, mais a noite, farei cachorro-quente pra ele, vou fazer o molho, cozinhar a salsicha etc. Nesse caso, fica difícil eu não comer também.
    Em relação às limitações do IMC, concordo com o Scant, dê uma olhada:
    https://www.calculadorafacil.com.br/saude/limitacoes-imc-peso-ideal

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    1. Eu durmo às 20 ou 21 horas, por aí, mas acordo às 22 para aplicar insulina na minha mulher. Aí o ogro surge. E você tem razão, não dá para comprar gulodices. Aliás, eu nem digo guardar, pois sou uma toupeira para comer essas coisas. Caixa de bombom, por exemplo, eu comeria uma inteira no mesmo dia (já fiz isso). Biscoito doce é outro drama, já comi um pacote de biscoito maizena (200 g) à noite enquanto lia uma revista (acompanhado, naturalmente, de leite - puro, para não enjoar). Olhei o site mas não acrescentou muito às minhas convicções. O problema é o conflito entre o pensar racional e o não pensar. À noite eu não penso. Mas valeu a dica.

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