terça-feira, 18 de março de 2025

NUNCA É TARDE PARA MUDAR DE OPINIÃO

 
Já mencionei aqui que o cantor e compositor Guttemberg Guarabyra é meu mais recente “amigo de Facebook”. Na prática, isso significa que nunca vamos nos conhecer pessoalmente – afinal, há uma diferença abissal entre nossos perfis. Ele é famoso, eu sou um completo desconhecido; ele tem 4,6 mil amigos, enquanto eu me contento com meus modestos 162 (e já acho muito!).
 
Mesmo assim, é uma alegria tê-lo como “amigo”, porque ele compartilha coisas realmente interessantes, bem diferentes das fotos de bichinhos e orações que muitos amam replicar. A postagem mais recente que vi é um artigo que vale a pena ser compartilhado aqui no blog – mesmo que só umas dez pessoas acessem esta bagaça. O tema? Feminismo. É um texto sobre feminismo, tema que talvez cause horror aos machões das antigas. Mas nunca é tarde para mudar de opinião. Lêaí: 

Texto da professora Ruth Manus

Semana passada fui dar aula sobre assédio sexual num curso de pós graduação em São Paulo. Cheguei na sala, composta predominantemente por advogados, e perguntei: “Quem aqui se considera feminista?” Silêncio. Uma moça levanta timidamente o braço. Dois ou três caras fazem comentários baixinho e riem.

Disse: “Ok. Vou fazer duas leituras rápidas para vocês". Continuei.

“Dicionário Houaiss da língua portuguesa: FEMINISMO: teoria que sustenta a IGUALDADE política, social e econômica de ambos os sexos.

Dicionário Jurídico da Professora Maria Helena Diniz: FEMINISMO: movimento que busca equiparar a mulher ao homem no que atina aos direitos, emancipando-a jurídica, econômica e sexualmente.”

Esperei um pouquinho e mudei a pergunta: “Quem aqui pode me dizer que NÃO se considera feminista?” Ninguém levantou a mão.

Pois é. Tenho a sensação de que 99% do mundo não entendeu até agora o que é feminismo, porque se as pessoas entendessem, quase todo mundo teria orgulho de se dizer feminista.

Não vou perder tempo aqui dizendo que feministas não são mulheres que não se depilam, não usam soutien e não transam. Primeiro porque ser feminista não tem a ver com ser mulher, tem a ver com ser humano. Segundo porque nunca entendi que raio que os pelos têm a ver com posicionamentos ideológicos. Terceiro porque soutien serve para sustentar peitos, não para sustentar ideias. E quarto porque eu já vi gente deixar de transar por causa da igreja, por causa de promessa, por falta de opção, por infecção ginecológica, problemas de ereção… Mas por feminismo nunca vi. Alguém já viu?

Enfim, acho que ser feminista não é bom ou ruim. Ser feminista é NECESSÁRIO.

Uma vez ouvi uma amiga dizer “a mulher que diz que nunca foi discriminada é apenas uma mulher muito distraída”. É simples assim. Não precisamos ir até o Oriente Médio. Não precisamos ir até tribos africanas. Não precisamos ir ao sertão do nordeste. Não precisamos ir até a periferia de São Paulo. Não precisamos sair dos nossos bairros. O machismo que limita, que agride, que marginaliza, que ofende, que diminui, mora ao lado, dorme por perto.

E agora, quem poderá nos defender? O FEMINISMO.

O mesmo feminismo que nos tornou civilmente capazes e independentes perante a lei. O mesmo feminismo que nos possibilitou votarmos e sermos votadas. O mesmo feminismo que segue lutando diariamente por uma sociedade mais justa para mulheres, homens, mães, pais, filhas, filhos, trabalhadoras e trabalhadores.

No século XIX, as brilhantes irmãs Brontë escreviam através de pseudônimos masculinos por saberem que suas obras não seriam aceitas na sociedade se soubessem que as autoras eram mulheres. Se não fosse o feminismo eu provavelmente também não estaria escrevendo aqui neste momento. Pelo menos não como Ruth.

O feminismo não é de esquerda nem de direita. Não é só para mulheres nem é só para homens. Não é ameaça. Não é um estranho.

Mas perceba que quando você trata os feministas na terceira pessoa do plural, excluindo-se deste rol, você está afirmando não fazer parte do grupo que prega a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Pense bem de que lado você quer estar.

Se você percebeu que é feminista, fique tranquilo. Nós não contaremos para ninguém. Mas, sabe? Se eu fosse você, eu sairia contando para todo mundo. Porque ser feminista é lindo, é importante, é sinal da INTELIGÊNCIA e da DECÊNCIA de qualquer ser humano. Como diz o lindo livrinho da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (leiam, ele é pequenino e indispensável): Sejamos todos feministas. E o mundo será melhor a cada dia. Pode apostar.

 

 

6 comentários:

  1. aula de "assédio sexual"? E é é?
    Essas questões de feminismo e machismo como quase tudo que foi dominado pelas narrativas esquerdistas esticaram tanto os conceitos que hoje em dia definir "feminismo" e "machismo" é quase impossível.

    Se for tomar os sentidos clássicos do termo, sim, eu sou feminista. Se for tomar todos os penduricalhos ideológicos que as feministas de esquerda puseram no conceito, não, eu não sou feminista.

    Do mesmo modo o machismo. SE for tomar o sentido clássico de "machismo", acho que ele teve sua época, pois foram os homens que forjaram a história, que construíram cidades, que fizeram suas guerras de conquistas. Hoje, em sentido clássico, o machismo já não cabe, logo, não sou machista.

    Só para ilustrar a confusão moderna, fecha o que a distinta autora escreve: "O machismo que limita, que agride, que marginaliza, que ofende, que diminui, mora ao lado, dorme por perto"

    Isso não é machismo no conceito clássico, isso aí é puramente, crime e ofensas, aliás, previstos no código penal. O machismo clássico nunca defendeu espancamento de mulher, agressão, ofensa e marginalização.

    Tá tudo bugado na repimboca da parafuseta.

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    1. O que me pegou foi a frase "O feminismo não é de esquerda nem de direita. Não é só para mulheres nem é só para homens. Não é ameaça". E, infelizmente, a morte de mulheres cometida por homens possessivos apenas demonstra que há um machismo tóxico que precisa ser combatido. Olho roxo, braço quebrado, hematomas pelo corpo todo, cárcere privado e assassinato por ciúmes são crimes edevem ser punidos (por mim, devia ser na base do olho por olho). Mas parece que está havendo uma cultura da posse, da mulher propriedade, mulher objeto. E foi essa percepção que me fez publicar o texto. Somos seres humanos iguais, pouco importa o passado. Os mórmons admitem mais de uma esposa para o bonitão. Queria ver uma mulher tipo Dona Flor, com dois, três, quatro maridos sob o mesmo teto, um harém de homens para uma única mulher. Precisamos repensar tudo isso.

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    2. Como eu disse, "machismo" não é sinônimo de "homem possessivo", isso é outra coisa. Falo, claro, do machismo clássico, que na verdade é melhor definido por patriarcalismo. Criaram o termo "machismo", creio, para atar o patriarcalismo. Ora, o patriarca tinha por dever cuidar da sua família, respeitar sua mulher e a mulher do outro. Não tem nada a ver com homens violentos com mulheres. Isso é no mínimo, covardia, no máximo, crime.

      E sabe porquê um harém de uma mulher com vários homens não funciona? Por causa da simples, velha e relegada pela esquerda, biologia. Falo em termos biológico. A Natureza sempre foi sábia, ela sabe que um homem engravidar várias mulheres é bom para a perpetuação da espécie, vários homens fecundar uma mulher é desperdício de sêmem.

      É claro que o ser humano transcendeu a Natureza (e isso é uma das causas da nossa provável ruína) e haver um relacionamento entre uma mulher e dois homens é possível. Só não acho que será durável ou pacífico. Dois machos disputando uma fêmea? Na floresta isso sempre dá guerra...

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    3. Eu ironizei a petulância dos homens que acreditam ter o direito de ter duas ou mais esposas oficiais (não estou falando de amantes). Uma mulher com mais de um marido não é a mesma coisa de dois machos disputando uma fêmea, pois a minha ironia é que a escolha seria feita pela mulher (saiu até um filme assim com a Regina Cazé). Ninguém está pensando em reprodução, em perpetuação da espécie, só em "saliência", só em putaria. Uma coronela com paus de todo tipo à disposição. Em resumo, não sei se já percebeu que eu gosto de pensar de forma anárquica, fora dos padrões e convenções. Imagine uma ricaça com seu exército de teúdos e manteúdos. Isso enlouqueceria os machões das antigas.

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  2. Rapaz, esse texto é um porre, no mau sentido. Lacração pura. Pããããta...

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    1. Se você pensasse diferente eu ficaria muito assustado.

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