quarta-feira, 5 de março de 2025

SEM COMENTÁRIOS?

 
O blog tem uma "cláusula pétrea", uma máxima que estabelece que “resposta grande vira post”. Mas isso só é válido se o comentário merecedor de resposta/post for feito no glorioso Blogson. E não é este o caso. Entretanto, o texto “Sem Comentários” postado no blog “Crônicas do Edu” provocou em mim uma imediata, urgente, inadiável vontade de responder/comentar, mas não encontrei o box onde colaria meu longuérrimo texto. Acredito que o sumiço desse espaço de resposta esteja coerente com as intenções manifestadas pelo autor (“Apenas leia e só. Se realmente quiser dizer alguma coisa inadiável, impreterível e improrrogável sobre o meu texto, mande-me uma mensagem no box pertinente que certamente lhe responderei”). Como sou uma toupeira digital, não encontrei esse diabo de box mencionado.
 
E aqui surge o primeiro comentário. Jamais forneço meu e-mail e zap para quem não conheço pessoalmente. Só abro exceções para contatos comerciais (e depois fico louco para apagar). Confesso que abri mais duas exceções para os blogueiros Marreta e Fabiano (do extinto “um brasileiro gay”). O Marreta conhece meu e-mail, mas não o zap (não me lembro do motivo).  O Fabiano tem meu zap, por ter me orientado sobre como publicar o primeiro e-book (além de ter me dado de presente a capa). Fora isso, mais ninguém.
 
Talvez o motivo esteja na timidez (eu sou tímido!) e insegurança congênitas. Quando o blog foi criado eu não dizia meu nome nem publicava minhas fotos (mas publicava os retratos de meus tios e avós). Aos poucos, à medida que novos leitores foram surgindo e talvez movido por um exibicionismo crescente, fui expondo meu nome em crônicas e comentários. Só José, depois ampliado para José Botelho e, finalmente, o obsceno José Botelho Pinto. Com retratos aconteceu a mesma coisa: primeiro só a silhueta, depois o contorno de meu perfil, preenchido com todo tipo de defeito que consegui encontrar com a ajuda da internet. A exibição progrediu com um retrato dividido em pedaços de vários tamanhos (que serviria como capa para o e-book “O Eu fragmentado”, mas o Fabiano deu pau – apenas no sentido metafórico). E, finalmente, mostrei para os raros leitores desta bagaça toda a beleza jotabélica deste blogueiro, já conhecido por Jotabê.
 
Voltando ao início (da capo), o blog nasceu sem leitores, pois os destinatários dos e-mails que serviram para alimentar os primeiros posts logo debandaram para nunca mais voltar – amigos, mulher e filhos. Quer melhor motivo para o mote “O blog da solidão ampliada”?
 
Um dia, procurando na internet alguma informação sobre o dono da Igreja Mundial, surgiu um texto engraçadíssimo e extremamente irônico (“O quinto do Waldemiro”) que me fez rir muito. Comentei sobre isso e fiz o convite para que o autor conhecesse meu bloguinho. E assim surgiu meu mais antigo leitor, o titular do “A Marreta do Azarão”.
 
Naquela época ele possuía muitos leitores, pois ainda não tinha sido censurado pelo blogger. E alguns desses leitores desembarcaram nas praias do Blogson. Alguns permaneceram muito tempo, fizeram inúmeros comentários, republicaram alguns textos de minha autoria em seus próprios blogs, etc.
 
O problema oculto estava na ideologia de direita da maioria, que aplaudia enquanto eu estava malhando o Lula e o PT. Quando comecei a malhar o Bolsonaro, sumiram todos (inclusive o próprio Marreta). Fui até taxado de “comunista”! Um dos leitores que sumiram é dono de um blog que gostava muito de ler. Um dia, resolveu restringir o acesso, liberado apenas a quem fornecesse o e-mail. Já viu que fiquei sem acesso, né?
 
Daquele início, lembro-me de uma blogueira louca e engraçadíssima, desaparecida da blogosfera por razões pessoais. Foi ela a primeira pessoa a tentar manter contato comigo fora do blog, pois me disse seu nome verdadeiro, forneceu o número de celular e o link do seu facebook. Minha reação foi descartar tudo, sem anotar nenhuma das informações amistosa e graciosamente fornecidas. E é assim que eu sou e ajo: não faço parte de grupos de whatsapp, meu Facebook é bloqueado e jamais mantenho em contato com pessoas que não conheço pessoalmente.
 
E aí entramos no assunto “seguidores”. Meu recorde foram 20 ou 21 seguidores. Pelos motivos já explicados, alguns abandonaram o barco, mesmo que outros tenham surgido depois. O problema dos blogs é o fato incontestável de que “seguidor” não é sinônimo de “leitor”. Por conta de meu temperamento ogro, não sigo ninguém, embora exista um pequeno grupo de blogs que acesso quase diariamente, geralmente comentando o que acabei de ler.
 
O segundo problema, totalmente em sintonia com o que li no blog “Crônicas do Edu” é que nem sempre tenho vontade de fazer comentários, fazendo-os apenas por reciprocidade. E os motivos podem ser não ter mesmo nada para dizer, ou achar “sem sal” o texto lido. Eu tenho a mania de falar de meu próprio umbigo, e já fiz isso tantas vezes que considero absolutamente normal o silêncio sobre o que escrevi.
 
Mais engraçado é o fato de fazer alguma crítica ao que li e o titular do blog visitado se recusar a publicar a crítica – o que demonstraria sua vocação para censor e pouco apreço pela liberdade de expressão que não seja a sua.
 
Também não tenho costume nem interesse em garimpar novos blogs para acessar, pois, afinal, descobrir um Carlos Drummond na blogosfera é tão difícil quanto batear ouro – as pepitas existem, mas dá um trabalho desgraçado encontrá-las.
 
Às vezes tenho vontade de fazer mudanças no layout do blog, a primeira delas desabilitando a lista de “seguidores”. Para que exibir uma lista de 15 pessoas se apenas quatro leem o que publico? Outra mudança seria a remoção da caixa de comentários – e isso está rigorosamente de acordo com o pensamento do blogueiro Edu. Não precisam comentar nada, basta apenas agir como os robôs do blogger, que inflam as estatísticas de acessos, mas não alteram a visualização dos posts. Mas essas mudanças são apenas ideias que às vezes surgem (tal como os robozinhos mexeriqueiros).
 
Resumindo esta gororoba, o que posso dizer é que “me senti representado” (expressão da moda) pelas palavras do blogueiro Edu. E chega de falar, pois comentário de duas páginas ninguém merece. Fui.

6 comentários:

  1. Por vezes por muito que se escreva, pouco se diz. O contrário, ou seja, pode-se escrever pouco e dizer muito. Gostei deste seu texto.
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    Saudações poéticas
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    “” Sentimentos ocultos … feliz carnaval ““
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  2. Está corretíssimo. Ter mil seguidores não significa ter mil leitores. Acabei com os comentários pelos motivos expostos no meu texto e sim, quero fazer esse "experimento social bloguerístico" - durante alguns meses quero ver se o número de visualizações cai ou aumenta. E quis tirar o peso da "obrigatoriedade" de se comentar. Tem também que nem todo que visualiza vai ler o que visualizou... Acho que esses robôs que te visitam, por enquanto, não me descobriram pois minhas visualizações sempre estão no nível do razoável para um blog desconhecido de pouco mais de um ano.

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    Respostas
    1. Você poderia ter aceitado minha sugestão, aquela de deixar os comentários serem auditados antes de sua publicação, ficaria mais simples.

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    2. mas minha questão nunca foi auditar comentários, jamais fiz isso e nem perco tempo lendo comentários para ver se publico ou não. Minha intenção é outra. Achei que tinha deixado claro no texto. Mas é provisório, qualquer dia, volta. Ou não.

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    3. acho que usei mal a palavra auditoria. Talvez a opção de publicar ou não um comentário seja melhor que não permitir que seja feito. No meu caso, por exemplo, continuarei a ler suas crônicas mas jamais utilizarei um e-mail para fazer um comentário sobre o que li. Questão de estilo.

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