Parece que as pessoas – a imensa maioria delas – pensa assim: eu aceito o que me parece ser razoável, você acredita no que te parece ser verdade, nós cremos em tudo o que nos é confortável. E assim caminha a humanidade, afagada pelas mentiras e arranhada pela Verdade.
Que os leitores mais frequentes e aqueles que
às vezes tropeçam no Blogson me perdoem, mas hoje vou delirar um pouco. Apertem
o sinto – ou o cinto – e boa viagem!
Não adianta querer tirar o cu da seringa, não
adianta negar o inegável nem apelar para São Benedito e Nossa Senhora, pois o
futuro da Terra pode ser tudo, menos um samba de Martinho da Vila. E o motivo
para toda essa minha descrença, desalento e desesperança reside em fatos
irrefutáveis que poderiam ser assim listados:
- Vivemos em um planeta de recursos naturais não renováveis;
- Segundo estimativas alarmantes, o planeta consegue suportar e alimentar dois bilhões, mas a população mundial hoje ultrapassa oito bilhões – verdadeiro exército de gafanhotos bípedes anabolizados;
- As mudanças climáticas relacionadas à poluição atmosférica, ao aquecimento global, à desertificação, consequência do desmatamento desenfreado promovido por essas formigas cortadeiras gigantes, incapazes de pensar ou agir de forma não imediatista.
Só isso já basta para imaginar um futuro nada
róseo, nada auspicioso para quem tiver a má sina de viver nesta panela de
pressão pronta para explodir. Quais são as soluções possíveis?
- Uma epidemia mundial que reduza a população global a menos de um terço da atual;
- A queda de um asteroide gigantesco que mate dois terços da espécie humana;
- A instalação de um triunvirato autoritário global nos moldes do livro 1984;
- O surgimento de uma sociedade totalmente alienada e controlada por IA, nos moldes do filme Matrix.
De todas essas opções, a que mais parece
simpática é a da Matrix. Pouco importa que sejam tomadas medidas para redução
da população a níveis que o planeta suporte, pois ninguém perceberá a
calamidade e a tragédia de proporções “bíblicas” para cumprimento desse
objetivo. Todos estarão felizes e anestesiados, vivendo uma fantasia que não
provoque dor nem sofrimento.
Parece loucura? Sim, parece ou é mesmo, mas
qual outra solução para que a espécie humana continue a existir? Se pararmos
para pensar, já existem vários embriões da Matrix, só possíveis porque gostamos
de nos enganar, de acreditar nas maiores mentiras que nossos líderes contam. E
por que isso acontece? Porque somos crédulos, porque acreditamos em todo tipo
de idiotices e falsidades que recebemos pelas redes sociais.
Hoje eu acredito que 99% da população (contando
comigo!) não consegue ter independência e visão crítica das coisas. Pensando na
quantidade de credos políticos e crenças religiosas que existem, chega-se à
triste conclusão de que nunca conseguiu, na verdade.
Uma Matrix bem implantada certamente traria
felicidade a todos, pois todas as crenças seriam verdadeiras, todas as
ideologias estariam corretas, tudo acontecendo em um mundo sem guerras, sem
sofrimento. A vida transcorreria como um procedimento cirúrgico realizado sob
anestesia, independente do “corte” que fosse necessário fazer. E poderíamos continuar
nos assustando com os desastres naturais – tsunamis, terremotos, avalanches – gestados
nas entranhas deste planeta lindo, mas cruel.
E, mesmo que estivesse em curso uma redução
drástica da população mundial, poderíamos viver sem medo e sem saudade dos
eliminados, pois estaríamos desconectados do mundo real, o que permitiria que
continuássemos convivendo com pessoas falecidas como se vivas ainda fossem. Um
mundo idílico onde todos tivessem ocupações e vidas normais projetadas em nossas
mentes pelo conglomerado de IA.
Claro, viveríamos uma alucinação coletiva,
mas uma piedosa alucinação que nos permitisse viver sem o medo da morte,
expresso por uma das minhas netas de sete anos, quando o assunto da conversa
com a irmã era sobre a morte de pessoas queridas. Disse ela:
- Eu não quero morrer!
Contando esse caso, meu filho comentou:
- Crise existencial aos sete anos de idade, eu não aguento!
- Vivemos em um planeta de recursos naturais não renováveis;
- Segundo estimativas alarmantes, o planeta consegue suportar e alimentar dois bilhões, mas a população mundial hoje ultrapassa oito bilhões – verdadeiro exército de gafanhotos bípedes anabolizados;
- As mudanças climáticas relacionadas à poluição atmosférica, ao aquecimento global, à desertificação, consequência do desmatamento desenfreado promovido por essas formigas cortadeiras gigantes, incapazes de pensar ou agir de forma não imediatista.
- Uma epidemia mundial que reduza a população global a menos de um terço da atual;
- A queda de um asteroide gigantesco que mate dois terços da espécie humana;
- A instalação de um triunvirato autoritário global nos moldes do livro 1984;
- O surgimento de uma sociedade totalmente alienada e controlada por IA, nos moldes do filme Matrix.
- Eu não quero morrer!
Contando esse caso, meu filho comentou:
- Crise existencial aos sete anos de idade, eu não aguento!
O serumaninho é um bicho complexo. Sendo parte integrante da natureza, dela se emancipou para recriar e criar além do que já está criado. Nossa civilização é efeito disso. Não teria como ser diferente. O serumaninho por obra e graça da própria Natureza, concebeu um ser que pode transcendê-la. Tipo Deus criando o homem e o homem dele se afastando pra cuidar da própria vida sem sua tutela.
ResponderExcluirTodas as opções que você sugere seriam trágicas, e talvez fosse mesmo o fim da espécie humana.
É difícil ser otimista mas quem sabe se a própria tecnologia que nos trouxe aqui não será a que poderá nos salvar da extinção?
Eu não quero pensar na extinção, mas as soluções são muito dolorosas - fome, seca, escassez de água potável, epidemias mortais e inconroláveis no estilo da peste negra, ditaduras cruéis (qual ditadura não é cruel?). Por isso eu delirei com um mundo onde tudo isso poderá acontecer, mas as pessoas não perceberão. Talvez pudesse ser feita uma programação para a volta da consciência quando a população remanescente atingir um número viável. Eu sou um descrente do futuro e me entristeço por isso, por pensar que minhas netas poderão sofrer como eu nunca sofri.
ExcluirA vida é bela. Vivê-la é muito difícil e complicado. Belo texto que gostei e elogio
ResponderExcluir.
Feliz Domingo. Muita Saúde, Paz e Amor.
.
Poema: “ AMOR ETERNO “ .
.
As sociedades humanas sempre foram construídas com alicerces em alucinações coletivas, em coisas inexistentes, em mitos. Isso é muito bem colocado em Sapiens. Quer maior alucinação coletiva que os deuses e as religiões, as nacionalidades etc?
ResponderExcluirO ser humano nunca viveu a realidade de todas as outras espécies, sempre criou a sua própria bolha de percepção.
O que vai mudando com o tempo é a mentira, é o tipo da alucinação que mais nos convém. Sempre fomos habitantes de alguma matrix.
E alucinação por alucinação, continuo preferindo a do Belchior.
Muito boa!
Excluirse é verdade que as alucinações sempre estiveram conosco, elas também são o produto de uma mente que quer espreitar, descobrir, explicar. Ora, o que foram os mitos? Jamais os deprecie pois eles foram a primeira tentativa de explicar a realidade que cercava os homens numa sociedade pré-científica. Sem os mitos, não haveria a filosofia e sem a filosofia não haveria a ciência. E como os mitos ainda hoje podem nos ensinar tantas coisas!
ExcluirEu não acredito que nenhum grupo, que nenhum homem ou mulher, consigam compreender de fato, a realidade em sua "natureza mais essencial" - toda a realidade que nos cerca é interpretação humana. O modo de interpretar varia, há jeitos melhores que outros de interpretá-la, mas nenhuma interpretação da realidade - creio eu - é sem significado real para que interpreta.
Comentário perfeito! Concordo com tudo o que disse.
ExcluirJotabê,
ResponderExcluirO bom de escrevermos
o que nos vai na mente é que
passamos adiante o que nos
lateja na alma.
Escrever não resolve, ler também
não, mas nos aponta direções possíveis,
nunca soluções.
E sua Neta está certíssima pois
esse papo de morrer realmente
não está com nada e nós não temos
mesmo que aceitar nunca.
Adorei ler aqui hoje.
Bjins de boa nova semana
CatiahôAlc.
Bom que gostou!
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