terça-feira, 19 de novembro de 2024

MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 2

 







E-SCRITOR? SEI...

 
Comentei com um filho que os doze e-books publicados provocaram mais de 200 dowloads. Aí ele respondeu (confirmando o ditado de que “quem sai aos seus, não degenera”):
-Agora você pode dizer que é um e-scritor.
 
Não podia passar batido nessa provocação. Por isso, respondi:
- Pela qualidade do material publicado acho que estou mais para e-xcretor!
 
(Como diria um radialista aqui de BH, "tomou, papudo?" Quem mandou mexer com quem estava quieto?)

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

MARCADORES DE UMA ÉPOCA


Os leitores mais antigos deste blog já sabem que uma das minhas manias – ou obsessões – é a preservação da memória. Não das grandes figuras que atingiram a fama, mas, daquelas pessoas que, mesmo sem notoriedade, merecem ser lembradas e ter suas histórias contadas. . E foi isso que tentei fazer nos textos indexados ao marcador Memória.
 
Mas minha inclinação para preservar não se limita a pessoas. Objetos aparentemente irrelevantes, uma espécie de "memorabília de baixo impacto", também têm seu lugar, e foi por isso que decidi compartilhar aqui, neste blog de variedades, imagens da minha coleção de maços de cigarros – encerrada no final da década de 1960 (ouça o rugido dos T-Rex!), a coleção de caixas de fósforos promocionais herdadas de um tio, os pins da eleição presidencial de 1960, a palheta que o B.B.King entregou à minha cunhada e ela deu pra mim (só a palheta, claro!), coisas assim.
 
Pode parecer idiota, mas guardar e divulgar essas "irrelevâncias" ajuda a compor um mosaico mais completo e colorido de uma época. Enquanto as peças principais do cenário são políticos, escritores, músicos, personalidades da mídia, as grandes obras e os eventos históricos e culturais que eles protagonizaram, essas miudezas dão textura e contexto ao pano de fundo, tornando a memória mais viva e palpável.
 
E minha mais nova incursão nessa área foi motivada pelos exames de sangue que minha mulher fez na sede de uma rede de laboratórios. Como já foi dito no post “Na parede da Memória” (https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2024/10/na-parede-da-memoria.html), minha ideia era voltar lá e fotografar os mais de 30 posters de divulgação do “Show Medicina” emoldurados e pendurados por toda a área de acesso público - hall de entrada, espaço do cafezinho e acesso aos sanitários. E foi isso que aconteceu ontem.
 
Pela pressa em tirar fotos de todos os cartazes, pela impossibilidade de fotografá-lo de frente em alguns casos e pelo incômodo causado  às pessoas que esperavam para ser atendidas (“Dá licença?”, “Desculpe-me, só estou tentando me aproximar mais para tirar foto deste cartaz atrás da senhora” ou “Perdão, senhor, não tive a intenção de roçar meu saco no seu nariz!” ), as imagens obtidas estão tipo tipo mais ou menos, algumas prejudicadas pelo reflexo da luz ou pela distância com que foram registradas. Esses defeitos e imperfeições não me impediram de ficar fascinado com a evocação de momentos, épocas ou pessoas que esses cartazes coloridos suscitaram em mim. Por isso resolvi publicar todos, tentando obedecer a ordem cronológica que consegui estabelecer. E isso acontecerá pelos próximos seis ou sete dias.










 

 

domingo, 17 de novembro de 2024

QUEM MANDOU MEXEREM COM QUEM TEM TOC?


Por já estarmos às vésperas da Black Friday – que no Brasil acontece durante toda a semana (foda-se a Friday!), e pensando no Natal que se aproxima, resolvi passar o saco, ou melhor, encher o saco do Papai Noel com três presentes novinhos e mimosos. Olhaí o “trio parada mole”:
 
Falando Sério - (Às Vezes Eu Me Desespero)
Download gratuito de 18 a 22 de novembro
 
Descompensado! – Uma Amostra Do Humor Sem Noção
Download gratuito de 23 a 27 de novembro
 
Alucinações Cotidianas – (Manual De Reflexões Irrelevantes)
Download gratuito de 28 de novembro a 02 de dezembro

 
Atendendo a uma sugestão do titular do blog “Crônicas do Edu” (recomendo!), ai vão os títulos e links do resto da família, uma espécie de “Família Adams” caipira (quem mandou mexerem com quem tem TOC?):
 
O Eu Fragmentado - Versos Cheios De Prosa
 
Meu Nome É Ricardo - Contos, Crônicas E Divagações
 
Confraria Das Hienas - (Sem Medo De Ser Ridículo)
 
What A Wonderful Word! - (Eu Não Sei Desenhar)
 
O Caso Da Vaca Voadora E Outras Lembranças - "Causos" Do Pintão
 
Só Para Passar O Tempo (Porque O Tempo Passou)
 
Garatujas E Gatafunhos - (Os Desenhos Rupestres De Jotabê)
 
Garimpo De Palavras - Os Versos E Crônicas Que Faltavam
 
Diálogos De Spamtar - (A Sobra Da Sobra!)
 


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

UM AUTOR DE SUCESSO

 

Como estou com dedicação exclusiva para o lançamento de mais três livros com material do Velho Blogson, achei legal registrar esta informação.


Graças a mais uma dica do Fabiano Caldeira, descobri quantos downloads foram feitos para cada um dos nove e-books já lançados. Gostei do total: 199 downloads! Olhaí o resultado (muito surpreendente, diga-se). Obrigado, Fabiano.

 

01- O Eu Fragmentado - Versos Cheios De Prosa: 14

02 - Meu Nome É Ricardo - Contos, Crônicas E Divagações: 56

03 - Confraria Das Hienas - (Sem Medo De Ser Ridículo): 15

04 - What A Wonderful Word! - (Eu Não Sei Desenhar): 66

05 - O Caso Da Vaca Voadora E Outras Lembranças - "Causos" Do Pintão: 8

06 - Só Para Passar O Tempo (Porque O Tempo Passou): 8

07 - Garatujas E Gatafunhos - (Os Desenhos Rupestres De Jotabê): 10

08 - Garimpo De Palavras - Os Versos E Crônicas Que Faltavam: 15

09 - Diálogos De Spamtar - (A Sobra Da Sobra!): 7

LARRY, MOE E CURLY

 
Spoiler do spoiler: os "três patetas" estão prontos para ser lançados. Deu para suar!
 
- Marcador Sem Noção: título “Descompensado!

- Marcador Falando Sério, título “Às Vezes Eu Me Desespero”

- Marcador Papo Cabeça, título “Tentando Decifrar A Vida”
 
Com esses três livros completa-se o “legado” do Blogson Crusoe. Doze e-books, 792 postagens aproveitadas (33% da produção própria). O que vier, se vier alguma coisa depois disso será o bagaço do bagaço do bagaço, material pirata, "bootleg". Mas espero que isso não aconteça.
 
Agora é só esperar pelo término do período de download gratuito do e-book anterior (dia 16/11) para jogar o "trio parada dura" na Amazon. Que viagem!

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

SPOILER PREVISÍVEL

 
Este é um spoiler previsível, mas acabei de selecionar os textos dos marcadores “Falando Sério” e “Papo Cabeça”. O próximo passo é fazer um balanceamento da quantidade de páginas de cada e-book, pois esses marcadores são meio “irmãos”, pois muitos, talvez a maioria dos textos foi indexada simultaneamente nos dois marcadores. Preciso, portanto,priorizar o estilo de cada um dos próximos e-books.
 
Durante a cansativa seleção de centenas de posts o que notei foi uma enorme quantidade de textos criticando o Lula, a Dilma ou o Bolsonaro e sua gangue. O motivo talvez seja o fato de ter lido notícias que me escandalizaram, pouco importando a “cor” do que foi lido. A solução foi excluir a maioria desses textos. Alguns foram deixados por serem mais interessantes, divertidos ou bem escritos. E são esses que estou procurando identificar na seleção “Papo Cabeça” para fazer sua migração para o outro “irmão”. O mesmo estou fazendo com textos mais “viajados” do “irmão mais sério”.
 
E agora um spoiler real: Para dar paz para minha cabeça e pelo fato da ironia perpassar a maioria dos textos escolhidos para serem transformados em novos e-books, resolvi fazer um parto triplo: publicarei no mesmo dia os e-books dos marcadores “Sem Noção”, “Falando Sério” e “Papo Cabeça”.  Para isso preciso também definir os títulos. Alguém se habilita a sugerir algum (mesmo que a sugestão possa não ser aceita)?
 
Que mais? O próximo passo será mudar as capas que trazem meu nome real e o título do “Garatujas” (que ficou horroroso). Descobri que qualquer alteração nesse sentido me obrigará a tratar esses e-books como novos lançamentos.
 
Que mais? Chega, né?

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

BARRIGÃO!

 
Recentemente uma das minhas netas bateu na minha barriga e exclamou:
- Barrigão!
 
Bastou ouvir isso para que eu já imaginasse um “Projeto Bia” para perder a barriga, pois é constrangedor ouvir comentários como o de minha mulher quando quero passar por ela no corredor daqui de casa:
- Zé chega pra lá, sua barriga está me empurrando!
 
Minha barriga não é tão obscena como a de muitos idosos que vejo na rua, pois tem uns velhos por aí com uma barriga merecedora até de medalha, resultado do acúmulo de suas "experiências gastronômicas". Nem são tão gordos, mas a barriga é tão grande que torna curta para tapar o umbigo qualquer camiseta que usem.
 
A bermuda (velho é a uma bermuda) pode ser ainda pior, pois sempre escorrega para o limite do quadril com a perna,  às vezes ameaçando até mostrar o "cânion" da bunda. Muito ridículo!
 
Mas voltando ao Projeto Bia, vejo que estou anatomicamente perfeito para o que tenho feito despreocupadamente: estou empurrando com a barriga seu início!
 
E isso me fez pensar no lema do procrastinador raiz:
Não deixe para amanhã o que pode fazer depois de amanhã.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

"VOCÊ FOI SAINDO DE MIM"

 
Mais um e-book foi publicado! Isso é bom ou ruim? Sei lá, depende da avaliação dos eventuais leitores. No meu caso, é bom e ruim. Comecemos pela parte positiva.
 
A minha obsessão em publicar seleções do “melhor do peor” do Blogson Crusoe atendeu a um desejo antigo de criar um “mapa da mina” do próprio blog, um “roteiro de visitação” para auxiliar os eventuais leitores a encontrar o que eu entendia ser interessante, divertido ou surpreendente no velho blog da solidão ampliada.
 
Agora, com a publicação dos e-books meu desejo foi satisfeito (desde que alguém se disponha a fazer o download promocional de lançamento ou pagar o escorchante preço de R$1,99 para a maioria deles). Mas há o lado ruim disso.
 
A minha intenção de publicar e-books com seleções de toda minha produção pessoal parece estar provocando no blog (ou em mim) o “efeito Ivan Lins”. Nunca ouviu falar disso? Eu explico. Quando estava se separando da Lucinha Lins, ele gravou belíssimas músicas (letras do Vitor Martins) inspiradas na dor de corno (e era corno mesmo) que sentia. Uma delas diz assim:
Você foi saindo de mim devagar e pra sempre, de uma forma sincera, definitivamente”. Entendeu agora o efeito Ivan Lins? Ainda não? Tá difícil, mas vamos lá.
 
Eu tenho um pouco de TOC - que me fez escrever uma vez “ter poucos interesses e muita obsessão”. Essa obsessão está quase me enlouquecendo, diante da montanha de textos que ainda preciso reler e escolher ou descartar.
 
E essa obsessão impossível de curar tem-me feito ler e reler os textos dos marcadores Sem Noção, Papo Cabeça e Falando Sério (os últimos a merecer novo e-book) todos os dias, de manhã, à tarde ou de madrugada, a qualquer hora que sobre um tempinho. E isso fez surgir o efeito Ivan Lins, pois estou cansado, de saco cheio e sem motivação para publicar uma linha sequer no velho Blogson.
 
Ou seja, o desejo de identificar os textos potencialmente mais divertidos ou interessantes está provocando uma sensação crescente de desinteresse pelo Blogson. Imagino que quando saciar meu TOC eu não terei mais nenhuma vontade de buscar assunto para novas postagens.
 
Eu comecei dizendo que mais um e-book foi publicado. Já é o nono! A promoção de download gratuito começa amanhã. E se quiserem saber, consegui terminar a seleção dos textos “Sem Noção", transformados futuramente em novo e-book. Mas isso ainda demora, pois estou realmente cansado dessa atividade.
 
É claro que ninguém se interessa por isto, mas a situação atual é a seguinte: foram utilizados 664 posts para publicação dos dez e-books já publicados ou a publicar. Para isso, muuuita coisa foi descartada (aí incluídos os links de música, textos de outros autores e as postagens do marcador Memória). E embora já tenha iniciado a seleção do que ainda será aproveitado dos marcadores Falando Sério e Papo Cabeça (os últimos a avaliar) que, juntos, totalizam mais de 500 postagens equivalentes a umas 1.500 páginas, fica adúvida: vale a pena fazer esse esforço? Sinceramente, acho que não, mas meu TOC me obriga a isso.
 
Para finalizar, só um comentário: estou puto da vida com as capas coloridas criadas pelo KDP, pois eu gosto é de tons de cinza. Além disso, não sei como fazer para que nessas capas apareça apenas o apelido Jotabê. Estou cansado!
 
Olhaí o link do nono: https://www.amazon.com.br/dp/B0DMP5Q1NL

 

sábado, 9 de novembro de 2024

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

 
Só para adoçar a boca (ou para deixá-la mais amarga): o texto a seguir é a “apresentação” do próximo e-book, que sairá após o término de download gratuito de seu antecessor “Garimpo”.
 
 
Este livro reúne uma seleção de textos originalmente publicados no Blogson Crusoe (o blog da solidão renovada) com a intenção de tentar fazer as pessoas rir com minhas idiotices e falta de senso de ridículo.
 
O título de mais um e-book da irrelevante biblioteca que estou criando – Diálogos de Spamtar – já diz tudo: se fosse enviado por e-mail ou whatsapp, certamente seria marcado como spam pelos destinatários. E, como sempre, é um diálogo idiota entre duas pessoas – porque, se fossem três, seria um “triálogo”.
 
Piadas nauseantes como esta são a tônica deste e-book. A novidade é que optei por deixar os textos que explicam a origem da piada. Alguns diálogos foram inspirados na situação política do momento de sua criação. Por isso, podem estar com a”data de validade vencida”. Como o material que compõe o livro é “sobra da sobra”, o “resto do resto”, decidi enfiar o pé na jaca e publicar quase tudo.
 
Os Diálogos de Spamtar que criei durante a vida do blog sempre seguiram uma receita básica: pensava uma besteira qualquer e depois, pra justificar a bobagem, criava um diálogo ainda mais ridículo ou uma historinha bem imbecil. Em quase todos eles um dos participantes é mais sério, ponderado e impaciente com a falta de bom senso ou alheamento do amigo, que é sempre idiotizado ou descompensado, versões muito pioradas do Gordo e do Magro.
 
Para finalizar, os diálogos são apresentados na ordem inversa em que foram publicados (bom momento para utilizar a frase “os últimos serão os primeiros”). Fui.

 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

ANIME-SE, JOTABÊ!

 
Fiquei muito feliz depois de publicar o primeiro e-book com 60 poesias escritas ao longo de 10 anos de blog, pois tinha passado de blogueiro para escritor publicado. E eu já diria: grandes merdas! Mas o que dá para perceber é que a escolha de sessenta poemas escritos em dez anos mostra que eu não tenho vocação para poeta.
 
Depois disso, animado com a experiência, publiquei mais três e-books: contos e crônicas, textos de humor e desenhos. Nesse ponto eu disse ter saciado meu desejo de ver as tranqueiras que escrevo no formato de livro, uma vaidade idiota. O problema é que eu estava me enganando. Como eu não tenho nenhum caráter, sou geminiano e meio bipolar, creio que um dos “gêmeos” reclamou por não ter sido consultado e disse que precisávamos publicar mais livros. OK!
 
Assim, mais dois foram publicados - as histórias do meu ex-colega Pintão e a “segunda escolha” dos desenhos não aproveitados. Acabou? Que nada! Tudo parecia normal até que o gêmeo mala, apresentando comportamento de viciado em drogas, cismou que “nós” precisávamos de mais e-books. E aí veio a loucura: resolvi transformar em novos e-books o que for minimamente aproveitável dentre os mais de três mil posts já publicados.
 
Foi aí que eu me dei conta do imenso programa de índio em que eu tinha me envolvido. Se você pegar 3.000 posts e tirar deles os que já foram utilizados nos primeiros e-books, excluir as reproduções de obras de outros autores, os links de música, os posts malhando os políticos da vez e suas politicalhas, além de desconsiderar os textos indexados ao marcador memória, ainda sobra um porrilhão de posts a examinar e selecionar.
 
A ideia era repetir a estrutura inicial pensada quando o blog foi criado. Na fase pré-blog eu imaginava apenas cinco marcadores (Falando Sério, Papo Cabeça, Sem Noção, Diálogos de Spamtar e Memória). Depois, de acordo com a “necessidade”, foram sendo incorporados mais alguns até chegar aos dezoito marcadores atuais.
 
Por isso, pensei em publicar mais cinco e-books: Falando Sério, Papo Cabeça, Sem Noção, Diálogos de Spantar e a “terceira escolha” dos desenhos. Mas, pela facilidade, acabei incluindo mais um com a sobra da sobra dos poemas e crônicas (não acreditem nas minhas promessas!). Essas decisões trouxeram consigo uma missão quase impossível: "apenas|" reler e selecionar os melhores textos entre as mais de 1.200 (mil e duzentas!) páginas em formato A4. Isso dará um volume que eu nem consigo imaginar. Que roubada!
 
Eu estava pensando em publicar maisa uns seis ou sete e-books e agora estou sem saber o que fazer. Dois novos e-books já estão prontos, faltando apenas escrever uma apresentação, escolher uma capa e neutralizar a vergonha que estou sentindo com a recente maluquice. Quando terminar tudo isso eu já deverei estar com mais de 100 anos. E quantos volumes poderão ser publicados? Só Deus sabe, pois sou um pai amoroso e não quero deixar ninguém "desamparado". O jeito é voltar para a seleção. Anime-se, Jotabê!

domingo, 3 de novembro de 2024

REFLEXÕES DOMINICAIS COM PH < 7


A miséria é triste, as guerras são trágicas, as dores precisam ser aliviadas, a fome precisa ser mitigada, as perdas nos abatem e machucam, mas nada é tão deprimente quanto as fotos do encontro de antigos colegas passados quarenta anos depois da formatura.

 

Sabe por que algumas pessoas de extrema direita não se importam em divulgar as fake news mais escabrosas? Porque não têm vergonha na cara. Podem ficar brancos de susto, amarelos de falta de graça, verdes de ódio, azuis de cianose, mas vermelhos de vergonha, nunca.

sábado, 2 de novembro de 2024

FINADOS

Hoje é Dia de Finados, data em que minha mulher sempre fez questão de ir ao Cemitério do Bonfim, onde estão sepultados seus pais, tios, primos, amigos e conhecidos. Levava diversos vasos de flores, parava em frente às sepulturas, rezava e deixava um ou dois em cada uma. Mas neste ano, seu irmão mais velho morreu e foi cremado.
 
Refletindo sobre esta data e seu significado, percebo que o ritual de visitar cada túmulo e rezar por aqueles que ali repousam ajuda a manter viva a memória de cada um e a relembrar os momentos que compartilhamos.
 
No entanto, com a cremação, é preciso reinventar o ritual, criar uma nova forma de homenagem. E, por isso, me vieram à mente os versos de Ronaldo Bastos para a música de Beto Guedes:
 
"Dói de tanto medir a distância,
Saber que não vou te tocar
Além da lembrança.
A tua falta é sol sem calor."

 


ANFÓTERO É INSETO?

 
Se você é ou foi daquela turma que senta no fundão da sala e fica só atazanando os colegas e os infelizes professores que não suportam mais dar aula só para as aranhas (bem entendido, aqueles aracnídeos que tecem suas teias na junção das paredes com o teto da sala), nem preciso perguntar se já ouviram falar em pH. Os mais inteligentes dirão que pH é “sigla” para “Paulo Henrique” ou “Pepeca Hipnótica”.
 
Mas se você é daquelas ou daqueles alunos considerados CDF, que em linguagem culta significa “Cu De Ferro”, se você é daqueles Caxias que o resto da sala execra e despreza até o dia da próxima prova (ainda se fazem provas nos colégios?), talvez já tenha ouvido falar de pH e, numa hipótese remotíssima, que pH “corresponde ao potencial hidrogeniônico de uma solução” (cara, eu acho que o Sergey Brin e o Larry Page deviam me dar uma participação acionária no Google, tantas são as vezes que eu consulto esse brinquedinho criado por eles!).
 
Segundo texto googlado, o pH “é determinado pela concentração de íons de hidrogênio (H+) e serve para medir o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de determinada solução”.
 
Cara, isso é muita cultura! Acho que se eu fizesse Enem hoje eu fechava a prova de química. Mas meu propósito não é ficar cascateando sobre assuntos que estudei há mais 50 anos (verdade!).
 
Minha intenção é registrar uma descoberta que fiz sobre o velho Blogson a partir de um comentário do titular do blog “Crônicas do Edu” (https://ascronicasdoedu.blogspot.com/). O blogueiro Eduardo (que coincidência!) disse que o velho Blogson Crusoe tem “muito humor ácido e básico”.
 
Apesar do tom elogioso, fiquei encucado com isso. Como pode alguma coisa ser ácida e básica ao mesmo tempo? E o ChatGPT me respondeu. Segundo essa IA, “uma substância pode apresentar características ácidas e básicas ao mesmo tempo, dependendo do contexto químico e do ambiente em que se encontra. Essas substâncias são chamadas de anfóteras”.
 
Estou passaado! (com a mão apoiada na boca) Eu sempre soube que o velho blog da solidão ampliada tinha sustança, que era sustancioso, mas jamais imaginei que fosse anfótero (parece nome de inseto!). Refletindo sobre isso, vejo que o blogueiro Edu tem razão: mesmo que minhas críticas possam ser ácidas, o humor sempre foi de quinta série, básico, portanto. Anfótero, heim? Quem diria!

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

AO ZÉMEIER AÍ!


Minha mulher me mandou via zap uma informação que me deixou surpreso e, lógico, todo felizão. Descobri que a OMS - Organização Mundial de Saúde fez nova reclassificação de faixas etárias, transformando-me de idoso para homem de meia-idade. Vou reclamar disso? De jeito nenhum! Agora poderei responder altivamente às provocações que gente sem educação gosta de me fazer.
 
Quando disserem que estou com o andar oscilante, capengando, direi que meu caminhar tem ritmo, tem swing, charme. Se criticarem minha perda de audição, responderei que tenho alma de roqueiro e que gosto é de som alto, no talo. Se entre risos de deboche disserem que estou ficando careca, direi despreocupadamente que calvície não vai pra frente, só para trás.
 
E se lamentarem por eu estar enxergando pouco, retrucarei explicando que só me interessam os grandes cenários, a visão de coisas grandes, grandiosas e impactantes. Se algum amigo ou parente comentar que estou esquecendo tudo, até mesmo deixar uma torneira aberta por duas horas, carinhosamente responderei que minha memória é seletiva, não se prendendo a detalhes insignificantes.
 
Mas, finalmente, se algum conhecido filhadaputa disser que devo estar com principio de Alzheimer, olharei nos olhos desse insolente e perguntarei com olímpico desprezo:
– Quem é você?

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O FARMACÊUTICO E ELE - DEZSÖ KOSZTOLÁNYI

 
Para minha surpresa, meu filho mais velho leu o texto “Para sempre cordial” e deve tê-lo mostrado para minha nora. Por conta disso ela me enviou pelo zap um conto com este comentário: Não sei explicar direito, foi uma sensação. Sensação de que vc iria gostar de ler, que faria seu tipo de leitura. Eu gostei bastante desse livro inteiro, tem ótimos contos. E, enquanto lia, achei que vc poderia gostar do livro. Mas resolvi te mandar um conto só. O personagem que conta os contos, Kornél Esti, seria uma pessoa que poderia ter passado por sua vida, ou pela de algum amigo seu.
 
Lendo o conto eu percebi o motivo talvez inconsciente de tê-lo recebido: o personagem teve uma atitude semelhante às que algumas vezes eu tive com desconhecidos que me pareceram fragilizados emocionalmente. E este é o motivo de publicar aqui no velho Blogson este simpatissíssimo texto. Lêaí.
 


 
O FARMACÊUTICO E ELE
 
Numa noite quente de primavera, Esti passava o tempo diante da vitrine de uma farmácia da periferia. Ficou tomado por uma tristeza aguda, pois a vitrine era paupérrima. Isso tocou tão fundo sua frágil alma que por um longo tempo não conseguiu sair dali.
 
Nas livrarias da periferia geralmente se vendem lápis, borrachas, canetas, e nas farmácias, escovas de dente, pincel para barba, cremes para o rosto. Tantos artigos de beleza se avolumam nesses lugares, como se o verdadeiro problema da humanidade nem fosse a doença, as muitas enfermidades, mas a feiura.
 
Essa pequena farmácia, com o seu luminoso que acendia e apagava a cada segundo, oferecia dois artigos, obviamente produzidos pelo próprio farmacêutico. Um era assim repetido pelo luminoso: Xerxes acaba até com a tosse mais tenaz. O outro gritava para a escuridão: Pó Aphrodite contra o suor das palmas da mão, pés e axilas.
 
Mas os fregueses não se apresentavam. No interior da farmácia estava sentado atônito um pequeno homem, modesto, de roupa cinza, cabelos cinzentos. Estava tão abatido como um suicida imediatamente antes de cometer o seu ato.
 
Esti se compadeceu e entrou.
 
— Desculpe — murmurou e olhou em volta. — Será que poderia conseguir aqui algo contra tosse?
 
— Claro — sorriu afavelmente o farmacêutico —, claro, por favor.
 
— Só que — cortou sua fala e levantou o seu dedo — minha tosse não é de hoje. Ano passado tive um forte resfriado e, desde lá, não importa o que faça, não passa. É uma tosse maligna — como é que posso me expressar? —, persistentemente — procurava a palavra correta, até encontrá-la —, tenaz.
 
— Xerxes — disse o farmacêutico —, Xerxes — e saltou em direção a uma prateleira, e já colocou debaixo do seu nariz o pó mágico empacotado numa elegante caixa.
 
— Isso resolve?
 
— Até a tosse mais tenaz — respondeu de pronto, enquanto lá fora o luminoso dizia o mesmo. — A embalagem menor ou a maior?
 
— Talvez a maior.
 
— Não deseja outra coisa? — perguntou o farmacêutico, enquanto embrulhava a mercadoria num papel cor-de-rosa.
 
— Não — respondeu Esti preventivamente, porque tinha uma enorme experiência em representar essas cenas artísticas. — Obrigado.
 
Pagou, dirigindo-se para a saída.
 
Ao colocar sua mão na maçaneta, parecia empacar, hesitar. Voltou-se. O farmacêutico se aproximou:
 
— Em que mais posso ajudá-lo?
 
— Isto é — gaguejou e calou-se em seguida. — Minha mão…
 
— Ah, sim — disse instantaneamente o farmacêutico — Aphrodite, com certeza, Aphrodite.
 
— E tem ação eficaz?
 
— Eu garanto.
 
— Porém…
 
— Para o pé também — disse confidencialmente, abaixando sua voz —, para aquilo também.
 
Agora a tensão dramática chegara ao auge. Esti se portava como quem ainda não conseguiu se decidir pela compra, tomado por dúvidas, e tem um segredo familiar tão obscuro, fatal, que até agora não confessou para ninguém. O farmacêutico procurava auxiliá-lo. Segredou algo no seu ouvido. Esti desistiu de resistir, humilhado, acenou afirmativamente com a cabeça. Mandou embrulhar esse produto também.
 
Fora, na rua, parou diante da vitrine. Mas não era isso que observava, mas o farmacêutico. Este, de repente, ficou elétrico, depois de encontrar um exemplar cobaia da sofrida humanidade, que miraculosamente personificava todas aquelas desejáveis qualidades de que ele necessitava. Com desenvoltura caminhava para lá e para cá. Provavelmente novos planos brotavam no seu cérebro. Acendeu um charuto.
 
Enquanto caminhava pela ponte, Esti discretamente jogou as duas caixas no Danúbio. E pensou o seguinte:
 
— Prolonguei sua vida pelo menos por um mês. Como não consigo consolar a mim mesmo, de agora em diante vou consolar os outros. Deve-se devolver a todos a fé na vida. Para que sigam vivendo. Um professor me advertiu de não deixar passar um só dia sem fazer algo de bom. Sempre dizia que só esse tipo de homem dorme tranquilo. Bem, será que hoje conseguirei dormir sem tomar alguma pílula?…
 

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

CORRAM PARA AS MONTANHAS!

 
Vou contar esta história pela milésima oitava vez só para contextualizar (boa palavra essa!) o assunto de hoje. Até meados de 2014 eu nem imaginava o que poderia ser um blog, mas sabia como incomodar um pequeno grupo de pessoas. E eu devia realmente incomodar esses coitados, pois estando aposentado e não tendo nada para fazer eu alugava minha mente para o capeta – porque, como mundo sabe, mente vazia é a morada do capeta – e pensava besteiras o tempo todo. Graças a um pouco de TOC, eu usava os e-mails que conhecia para enviar quase diariamente as besteiras que pensava para quem eu apelidei de “grupo dos infelizes”.
 
Pois bem, meu filho mais velho (um dos "infelizes") criou o Blogson para mim e eu comecei a usá-lo para desovar todo tipo de pensamentos que me ocorriam. Além disso, resgatei tudo o que tinha enviado por e-mail, fazendo postagens quase diárias. Isso durou pelo menos uns cinco meses. Quando o lixo dos e-mails foi todo publicado eu até pensei em dar uma maneirada, tentei publicar só às sextas-feiras – porque como na história que inspirou o nome do blog, “Sexta-Feira” era o amigo do náufrago “Robinson Crusoe”. Mas já era tarde.
 
O Blogson Crusoe tinha se transformado em um bichinho de estimação, um tamagotchi, uma droga viciante para mim. E eu nunca mais consegui abandonar esse vício. Tanto é assim que nos dez anos e alguns meses de existência do blog foram feitas mais de três mil postagens, quase uma postagem por dia.
 
Mas a inspiração acabou e incentivado pelo multitalentoso blogueiro Fabiano Caldeira, publiquei um e-book. Adorei a experiência e publiquei mais três e-books, jurando de pés juntos estar satisfeito com minha “biblioteca” de quatro e-books. Mas o TOC se manifestou novamente e o vício adquirido no Blogson acabou também se manifestando no desejo de publicar novos e-books. E publiquei mais três.
 
Aqui cabe a pergunta: há material que mereça ser agrupado em novo(s) e-book(s)? Se quiserem saber a verdade, eu até acho que não, mas não consigo evitar o desejo irresistível de ver transformado em e-books toda a irrelevância e banalidade dos textos que publiquei obsessivamente no Blogson ao longo de dez anos. Como cantou Mick Jagger, “I know, it’s only rock and roll, but I like it”.Ou seja, são muito fraquinhos mas eu gosto deles.
 
E é nesse pé em que me encontro agora. Eu quero publicar em novos livros tudo o que me agradou escrever. E digo sinceramente: ninguém, mas ninguém mesmo precisa ler esses novos junk-books, pois eles serão apenas meu rivotril digital. Isso é patético? Sim. Ridículo? Sim! Digno de pena? Sim!!!!! Como disse meu filho ao saber de mais essa maluquice de seu pai: "Corram para as montanhas! Protejam-se!"
 
Por isso, preparando-me para consumir essa nova droga, fiz um mapeamento dos textos publicados para saber o que sobraria e cheguei nesta lista:
 
87       “diálogos de spamtar” muito fraquinhos
392     textos de outros autores
167     links de música
194     piadinhas pescadas no facebook
126     textos tropeçando na política do momento
73       postagens dedicadas à memória e lembranças de meus familiares
35       informações sobre o blog (a quem interessa isso?)
96       textos produzidos e dedicados à epidemia de Covid-19
290     postagens com data de validade vencida
161     textos “com CEP do destinatário” (marcador “Posta Restante”)
102     desenhos e colagens merecedoras reais do título “Eu Não Sei Desenhar”
21       textos produzidos pela inteligência artificial chatGPT
 
Isso resultou em um total de 1.744 postagens que preferi deixar apenas no blog. Além dessas publicações há que se considerar as 541 postagens aproveitadas nos sete e-books já publicados.
 
O que sobra então para publicar novos junk-books e satisfazer meu vício são 722 posts (3.007 – 1.744 – 541). Valerá a pena dar vazão a esse desejo sem controle? Só o tempo dirá. Depois de publicar os quatro primeiros e-books eu disse para meus filhos que estava deixando a marca de minhas pegadas sobre a Terra. E sendo quatro os livros, minhas pegadas eram de quadrúpede, de anta, talvez.
 
Agora, com o desejo de literalmente esgotar tudo o que seja minimamente aproveitável no blog, a marca que deixarei será de centopeia ou coisa assim, um invertebrado moral. Mas lembro que essa atividade neutraliza minha ansiedade e falta de inspiração. Ou seja, é um passatempo inofensivo, uma espécie de vício do bem. Algo assim como um leite com toddy e biscoitos antes de dormir.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

UM POEMA LINDO

 
O Alzheimer vitimou um poeta fabuloso, desses que não fazem alarde de sua poesia, de seu talento. Para a maioria desconhecido, a não ser o fato de ser irmão da cantora e compositora Marina Lima, a quem presenteou com algumas letras lindíssimas para que as colocasse em suas melodias inspiradas. Foi-se embora o poeta, foi-se embora o filósofo, criou-se mais uma vaga na ABL (que será feito de seu fardão, agora sem ter a quem vestir?)
 
Um dia, lendo o segundo caderno do jornal O Globo, deparei-me com um poema tão espetacular que tive vontade de arrancar a página onde estava publicado, só para guardá-lo para mim. Infelizmente, o jornal não era meu e eu não tive tempo ou coragem para fazer o que queria. Não sei o nome, não sei o tema, só me lembro da absoluta elegância dos versos. Esse era Antônio Cícero, um poeta que a maioria das pessoas desconhecia e que talvez seja mais lembrado por fazer eutanásia.  Olha que poema lindo do blogueiro Antônio Cícero (ele tinha um blog – Evidências – mas creio que estava abandonado, sina que parece ser a de muitos blogs):

 
TEOFANIA
 
Sabe-se que um deus só vem porque quer
e que é capaz de desaparecer
a seu bel-prazer, por mero capricho.
Nisso ele se assemelha mais a um bicho
 
selvagem, feito serpente ou veado,
do que a gente. Uns são intempestivos.
É no momento menos indicado
que nos capturam e mantêm cativos.
 
Assim é o Amor, por exemplo. Não
há quem não reconheça a divindade
de tal deus. Não: os próprios cristãos dão
a mão à palmatória e têm saudade
 
do realismo do mundo pagão
quando o vêem chegar como quem não quer
nada e ofuscar tudo. Outros são
diferentes. Todos vêm por prazer,
 
isso é claro mas, por exemplo, o Sono
não deixa de abraçar-nos todo dia
enquanto somos jovens: dir-se-ia
ser nosso escravo e não suave dono.
 
Mas isso não se deve nem pensar
pois se ele ouvir o nosso pensamento
e resolver provar-nos a contento
ser mesmo deus, desaparecerá,
 
pois que ele é deus mostra-o nem tanto o fato
de que vem sem ser chamado e escraviza,
em teatros, aulas, ônibus, vigílias,
o desejo que almeja dominá-lo
 
quanto a própria insônia, teofania
negativa do Sono, quando somem
as doces nuvens e as torres macias
do príncipe dos deuses e dos homens
 
e não se abrem as águas da lagoa
ou os portões de chifre ou de marfim
e nossa imaginação se esboroa
em prosa e a noite cansa até o fim.
 
Não se iludam. Nem o mais poderoso
dos soporíferos substituiria
ver abolirem-se as categorias
pela espontânea ação de um deus gasoso.
 
Tais deuses só na velhice sabemos
o que são. O jovem nem desconfia
ser divino o próprio Tesão ou mesmo,
tremo só de lembrar, a Poesia.

 

 

MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4