Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, carro, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco”.
Naturalmente, o passo seguinte é descobrir a idade de Cristo quando foi crucificado. A visão mais comum aceita que Cristo era bastante jovem, com pouco mais de 30 anos. Segundo Kokkinos, isso não parece verdade. Para ser considerado um rabi (mestre religioso) na antiga sociedade judaica, em geral era preciso ter atingido a idade de 50 anos. Um conjunto de outras provas nos leva à mesma conclusão. Por exemplo, o bispo Irineu declarou no século II d.C. que Jesus tinha cerca de 50 anos de idade quando ensinava. (Irineu foi discípulo de Policarpo, que conheceu pessoas que alegavam ter visto Cristo.) Mais intrigantes ainda são as indicações precisas oferecidas pelo Evangelho de São João, que declara em determinado ponto (8:57) que Cristo "ainda não chegara aos cinquenta”. Outra passagem em João (2:20) relata uma curiosa história na qual Cristo compara o seu corpo - na verdade, a sua vida - com o templo de Jerusalém, que demorou "quarenta e seis anos em construção”. Nenhum dos três sucessivos templos de Jerusalém demorou quarenta e seis anos para ser construído e a melhor interpretação para essa enigmática curiosidade é a defendida por Kokkinos: Cristo estava declarando ter a mesma idade do templo - ou seja, 46 anos. O templo que existia em Jerusalém durante a vida de Cristo fora concluído pelo rei Herodes em 12 a.C. Quarenta e seis anos nos leva ao ano 34 d.C., primeiro ano do ministério de Cristo, segundo Kokkinos. Seguir-se-ia, pois, que Cristo teria 48 anos ao ser crucificado no ano 36 d.C., o que concorda com todas as outras indicações de que tinha perto de cinquenta anos de idade.
A outra alegação explosiva é que Jesus teria nascido em 12 a.C. Kokkinos demonstrou que o ano de 8 a.C., aceito por muitos estudiosos como a mais antiga data para o nascimento de Jesus, se apoiava em terreno muito frágil. Não há provas de um recenseamento de impostos romanos naquele ano – de fato, o primeiro censo romano na Judéia foi no ano 6 d.C., tarde demais para a cronologia da Natividade. É mais provável que José e Maria tenham ido a Belém em 12 a.C. para se registrar num censo de impostos locais, organizado pelo rei Herodes. Só depois de defender a data de 12 a.C., com base em outros fundamentos, Kokkinos notou que ela coincidia com o aparecimento do cometa Halley em 12-11 a.C. Depois que Kokkinos revisou as datas da vida de Cristo, o cometa Halley aparece como o candidato ideal para ser a "estrela".
(...) À época da sua chegada, o mundo romano fervilhava de rumores e profecias de que estava prestes a surgir um novo líder mundial. Muitos achavam que as profecias já haviam se cumprido na pessoa do imperador Augusto (...) Outros acreditavam que as profecias se aplicavam a Marco Agripa, genro e aparente herdeiro do imperador, homem capaz e de origem humilde (...) Mas depois de uma bem-sucedida parceria com Augusto que durou muitos anos, Agripa morreu de febre em 12 a.C. Quando estava morrendo, em Roma, apareceu o cometa Halley, que os relatos dizem “pairar” sobre Roma, assim como a estrela parecia “permanecer” sobre Belém.
Isso acrescenta uma outra dimensão à história da Estrela de Belém. O patrono do rei Herodes era Agripa e Herodes dependia muito da continuidade dos favores desse homem, que considerava amigo pessoal próximo. As notícias da morte de Agripa podem ter provocado um grande choque no tirano da Judéia e certamente foram acompanhadas pelo relato de um prodígio mortífero visto nos céus de Roma. Que se passaria na mente de Herodes quando ele entrevistou os Magos e “habilmente indagou deles a que horas a estrela aparecera" (Mateus 2:7)? Não lhe teria sido difícil vincular a estrela dos Magos ao cometa da morte de Agripa. Agora pode-se compreender inteiramente o terror de Herodes com a notícia trazida pelos Magos. Agripa fora o governante do Império Oriental. Se o cometa previra a sua morte, talvez pudesse também prever o nascimento de um novo governante no Oriente, justo como os Magos sugeriam.
Uma detalhada simulação em computador dos movimentos exatos e do aparecimento do cometa, observado em Roma, na Pártia e em Jerusalém em 12-11 a.C. seria o teste final para essa ideia”.