quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

AS FRASES PROVOCATIVAS DE NELSON RODRIGUES - ÚLTIMA PARTE

A maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra. Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.

Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos.

O casamento é o máximo da solidão com a mínima privacidade.

O canalha é sempre um cordial, um ameno, um amorável.

A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas as nossas relações com o passado ficam alteradas.

Aos 18 anos o homem não sabe nem como se diz bom-dia a uma mulher. Todo homem deveria nascer com 30 anos feitos.

Eu tenho a maior admiração pelo homem fiel. Eu acho que o homem e a mulher deviam ser fiéis. Toda vez que alguém trai alguém, há um choque no universo.

A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.

Os idiotas vão acabar dominando o mundo

É possível que um de nós ame alguém. O difícil (não quero dizer impossível) é que esse alguém nos ame de volta.

A mulher pode trair o marido; o amante, jamais!

Nada frustra mais a mulher do que aquela liberdade que ela não pediu, que não quer e que não a realiza.

O homem começa a ser homem depois dos instintos e contra os instintos.

Sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica.

Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.

Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam.

Qualquer amor há de sofrer uma perseguição concreta e assassina. Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio. Por isso, não deixe ninguém saber que você ama.

O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!

Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

A dúvida é autora das insônias mais cruéis.

O homem de bem é um cadáver mal-informado. Não sabe que morreu.

Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar.

Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos.

Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação.

O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade...tudo pode passar...só o TRICOLOR não passará jamais.

Nas situações de rotina, um "pó-de-arroz" pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas.

Torcer para o Fluminense é uma maneira de você olhar para o seu vizinho e dizer: "sou melhor que ele".

O brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade

Há sujeitos que nascem, envelhecem e morrem sem ter jamais ousado um raciocínio próprio.

Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.

O amoroso é sincero até quando mente.

Até os canalhas envelhecem.

O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.

Quem nunca desejou morrer com o ser amado, não conhece o amor, não sabe o que é amar.

Se os homens de bem tivessem a ousadia dos canalhas, o mundo estaria salvo.

Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.

A vaia é o aplauso dos descontentes.

O brasileiro não tem motivos pessoais ou históricos para a autoestima.

 

6 comentários:

  1. Essa última é uma das minhas preferidas, até foi meio que o mote para uma postagem minha, a Cerveja-Feira (80).
    A turma do Chico, do Henfil, do Ziraldo, todos odiavam o Nelson. E se a estatura de um homem se mede pela qualidade de seus inimigos, Nelson foi um gigante de fato.

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    1. Gostei da sua frase! E era bem assim mesmo. Ele um mega reacionário, mas expressava suas opiniões com uma graça incrível.

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  2. É muita frase boa. Ele tinha fixação por duas coisas: idiotas e o Fluminense.

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  3. Há! Há! Há!
    É verdade. É a tríade rodriguiana: o idiota, o Fluminense e o canalha.
    E talvez pudéssemos acrescentar aí um quarto mosqueteiro, um D'Artagnan : a adúltera.

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