À falta de coisa melhor para fazer nesta manhã chuvosa de domingo, resolvi testar as habilidades poéticas do ChatGPT, solicitando que fizesse um poema em inglês a partir de um texto em português que lhe apresentaria. O que a IA não sabia é que o texto a ser transformado era o poema de versos livres “Eu envelheço”, convertido para o texto em português. Entendeu? Vai entender agora (percebi ter ouvido um “foda-se com sua experiência!”):
Eu envelheço
Não há nada que me possa impedir
Meus olhos embaçam
Meus ouvidos silenciam
Como um repositor
Que não consegue repor o estoque
De um produto em oferta
Mais ainda quando tento
Limpar a mente, polir a vida
Redescubro promessas não cumpridas
E descarto os sonhos abandonados
Barragem, dique ou represa
Que impeça o tempo de avançar.
Nem há blitz para pedir documentos.
Mas muito antigos e gastos
E o plástico que os envolve
Está fosco e quebradiço.
Poderia transformar este texto em uma bela e rimada poesia em inglês?
Eu envelheço. Não há nada que me possa impedir. Meus olhos embaçam, meus ouvidos silenciam, meu corpo todo decai como um repositor que não consegue repor o estoque de um produto em oferta.
Eu me envelheço mais ainda quando tento limpar a mente, polir a vida, pois revejo metas inatingidas, redescubro promessas não cumpridas e descarto os sonhos abandonados.
Não há pedal ou alavanca de freio, barragem, dique ou represa que impeça o tempo de avançar. Nem há blitz para pedir documentos. Estão todos em ordem, mas muito antigos e gastos; e o plástico que os envolve está fosco e quebradiço.
I grow old, and nothing can turn back the tide,
My eyes grow dim, my hearing starts to hide.
This body crumbles, weary and confined,
A stockman losing time, with shelves unlined.
To polish life, to clear the mind unseen.
For goals unattained rise up in view,
And broken promises feel fresh and true.
Lie still beneath the dust of yesterday.
No brake or lever slows the steady flow,
No dam or dike can halt time’s endless glow.
No documents to question or to blame.
They’re all in order, yet worn thin with age,
Their plastic cracked, their shine now disengaged.
Eu envelheço, e nada pode reverter a maré,
Meus olhos escurecem, minha audição começa a se esconder.
Este corpo se desintegra, cansado e confinado,
Um estoquista perdendo tempo, com prateleiras sem forro.
Para polir a vida, para limpar a mente invisível.
Pois objetivos não alcançados surgem à vista,
E promessas quebradas parecem frescas e verdadeiras.
Ficam imóveis sob a poeira de ontem.
Nenhum freio ou alavanca desacelera o fluxo constante,
Nenhuma represa ou dique pode deter o brilho infinito do tempo.
Nenhum documento para questionar ou culpar.
Eles estão todos em ordem, mas desgastados pela idade,
Seu plástico rachado, seu brilho agora desligado.
Para finalizar essa brincadeira, pedi ao ChatGPT para fazer um poema partindo do mesmo texto utilizado nos versos em inglês. Ficou bacana. Olhaí:
O Tempo Que Não Cessa
Eu envelheço, nada há que me detenha,
O tempo segue, implacável e sem senha.
Meus olhos turvam, a visão já não se expande,
Meus ouvidos calam, e o silêncio é o que me comande.
Meu corpo, aos poucos, desce em declínio lento,
Como prateleira que não aguenta o movimento.
Um repositor sem forças, sem mais destreza,
Lutando contra o estoque e sua correnteza.
Eu envelheço mais quando limpo a memória,
E polir a vida é reescrever a mesma história.
Metas perdidas, promessas no vão da estrada,
E sonhos que jazem, poeira abandonada.
Não há pedal, nem alavanca, nem um freio,
Que trave o tempo em sua marcha sem rodeio.
Não há barragem que o impeça de avançar,
Nem blitz que me faça parar e comprovar.
Os documentos estão aqui, velhos e gastos,
O plástico, quebradiço, se tornou opaco, fosco,
E a vida, essa carteira que o tempo fez rugir,
Me lembra, sem perdão: não há como fugir.
Mas, mesmo assim, eu sigo, entre o ontem e o agora,
De peito aberto ao tempo, que a vida não demora.
Se envelheço, que seja como o sol ao se pôr,
Derramando um último brilho, em calor e em cor.
O primeiro é sempre o mais respeitoso por mim, pois é genuíno seu. Então tem toda minha consideração, admiração e respeito, pois é Jotabê na veia. 100%
ResponderExcluirOs demais eu também gostei, mas é outra vaibe. Foi interessante vê-lo em inglês. E as demais versões são ótimas. Até me lembro do nosso amigo blogueiro, o Rycardo, na última versão.
Achei bem interessante isso que você fez.
Se você tivesse colocado todas as versões em português e tivesse feito o desfio pra gente apontar qual delas foi totalrnente escrita por você, sem quaqluer auxílio do Chat GPT, acho que eu não saberia responder.
Obrigado, Fabiano. Para mim, mesmo que imperfeita e sem rima, a versão original será sempre a melhor. As demais serão apenas brincadeiras de quem não tem nada melhor para fazer.
ExcluirEu tô preocupado...
ResponderExcluirTá pipocando nas redes anúncios tipo: escreva seu livro em 5 minutos com IA.
O cabra diz lá pra IA: quero escrever um livro de 200 páginas sobre um cabra que amava uma mulher mas a mulher gostava de mulher...
Aí a IA escreve o troço, o cabra põe o nome dele como autor e ...olha que tudo, escrevi um livro!
Isso vai dar merda.
A única função que eu admito da IA fazer em escrita é corrigir possíveis erros de gramática e só. Sim, o revisor é uma profissão em vias de extinção.
Temos que de escritor, também.
cada um consome o que quer. A subliteratura sempre existiu (basta olhar as postagens do Blogson...). Talvez a IA possa fazer melhor. E se fizer, melhor ainda. Já li muito livro de autor que nem sonhava existir. Sem falar nas publicações com pseudônimo (Nelson Rodrigues, por exemplo). Se você gosta de escrever nada fará isso mudar. Mas se você usar a IA e não declarar que usou, só lamento, pois demonstra ter consciência de ameba.
ExcluirNossa, Jotabê, você me surpreendeu positivamente com sua resposta. Eduardo, não tenho nenhum medo de IA, pois escritores hoje em dia não ganham nada. Escritores escrevem por vontade. Nem falo que é amor. É vontade. A IA é uma ferramenta. Só isso. Quem quiser usar, usa. Mas pra mim, por exemplo, não tem sentido escrever 100 páginas usando IA, mas o escritor não ganha nada mesmo. Se ele usar IA, vai continuar sem ganhar, mas quem ganha - sempre - é o leitor.
ExcluirAcho que ficou claro, mas é o seguinte: usar a IA sem declarar que usou é falta de caráter. Em outras palavras, publicar textos que você não escreveu como se fossem seus é o mesmo que querer gozar com o pinto dos outros.
ExcluirEssa não é uma má ideia, hein Ah, Ah
ExcluirEu disse isso num contexto hetero
ExcluirEntão, os anúncios são: Escreva um livro em 5 minutos...o cabra se acha mesmo o autor da bagaça...hahhhh
Excluirbem, por outro lado, a IA poderá também aposentar aquele cabra que escreve discursos para os presidentes...minha ponderação é como a IA vai invadir nossa vida em todas as áreas e não sei se substituir a criatividade humana pela criatividade artificial será bom para a humanidade. À conferir.
Fabiano, a questão não é que hoje escritor "não ganha nada" - mesmo porque, depende do escritor. Existe aí uma elite que ganha muito dinheiro escrevendo livros. Sei que o escritor escreve por vocação, mas não deixa de ser uma profissão. Mas minha questão é mais ampla.
ExcluirO maior pecado (e será cometido) acontecerá quando alguém resolver assinar o que ele não criou. Quanto ao resto, "que vença o melhor". Alguém continuará narrando seus sonhos e pesadelos. E esse prazer ou necessidade nenhuma IA conseguirá suprir.
ExcluirRedação de discursos e livros de autoajuda poderão ser um bom nicho (ou lixo) para a IA. Que você espera que aconteça? Uma volta ao passado, onde só pessoas de carne e osso escreviam? Acho que isso não acontecerá mais. Nem leitores de carne e osso daqui a pouco existirão!
ExcluirEduardo, compreendo total e acho válido seu discernimento. A grande realidade é que estamos todos um tanto perdidos sobre isso, então toda reflexão a respeito é bem-vinda.
ExcluirJá pegou num p** de outro? Sentiu o cheiro, a pele? É muito bom. Ah, Ah!
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