segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

 

Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, carro, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco”.
 
Eu fico nessa linha quando o fim de ano se aproxima, pois acho um saco os programas especiais que as emissoras de TV apresentam – o especial de envelhecimento do Roberto Carlos, as festas de amigo oculto dos funcionários e, principalmente, os programas populares que trazem videntes, astrólogos, tarólogos, nutrólogos (porque eles se nutrem com a popularidade adquirida nessa época) com suas previsões “infalíveis” sobre a vida dos famosos. Enfim, precisa mesmo de muita paciência para não talhar o sangue e azedar o fígado. com essas idiotices.
 
Mas estamos às vésperas do Natal e redescobri um texto extraído de um livro lido em 2015 que fala da Estrela de Belém. Os cientistas que estudaram o mapa celeste da época em que teria nascido Jesus contestam a existência de algum corpo celeste minimamente semelhante à descrição da “estrela” que guiou os magos. Poderia ter sido um cometa – por ter ficado visível por algum tempo -, mas nenhum cometa de órbita conhecida teria surgido nos céus daquela época.
 
Quem tem fé cega e crença inabalável na Bíblia está pouco se lixando para isso, mas é um assunto que deixa a pulga atrás da orelha. E o texto que li faz justamente o contrário disso, pois traz uma explicação fascinante para o surgimento da Estrela de Belém quando Jesus nasceu. O raciocínio desenvolvido a partir de detalhes históricos me pareceu tão sensato que hoje eu creio ser verdade. Independente da fé de cada um (ou de sua falta) é um texto que merece ser lido. E a tradução, a “aula de inglês” só acontecerá com o texto escrito até aqui. Bora lá:
 
 
“É muito estranho que, embora os estudiosos se dispusessem a fazer arranjos com as datas das conjunções planetárias - e até com a morte de Herodes - para ajudar a enquadrar a evidência astronômica, nenhum tenha reexaminado a sério os argumentos tradicionais para datar o nascimento de Cristo. Isso foi conseguido nos últimos vinte anos pelo Dr. Nikos Kokkinos, sábio ateniense hoje vivendo na Inglaterra. Diplomado em teologia, arqueologia romana e história antiga, Kokkinos é um dos poucos pesquisadores polimáticos o bastante para lidar com o amplo espectro de provas vinculadas a essa importante questão. Em 1980, ele propôs uma cronologia radicalmente diferente para Jesus. Um estudo detalhado de provas dos romanos e do Novo Testamento mostra que Cristo teria sido crucificado em 36 d.C. E não no tradicional 33 d.C.). Essa data, hoje amplamente aceita por outros estudiosos do Novo Testamento, fornece o primeiro passo para se datar o nascimento de Cristo.
Naturalmente, o passo seguinte é descobrir a idade de Cristo quando foi crucificado. A visão mais comum aceita que Cristo era bastante jovem, com pouco mais de 30 anos. Segundo Kokkinos, isso não parece verdade. Para ser considerado um rabi (mestre religioso) na antiga sociedade judaica, em geral era preciso ter atingido a idade de 50 anos. Um conjunto de outras provas nos leva à mesma conclusão. Por exemplo, o bispo Irineu declarou no século II d.C. que Jesus tinha cerca de 50 anos de idade quando ensinava. (Irineu foi discípulo de Policarpo, que conheceu pessoas que alegavam ter visto Cristo.) Mais intrigantes ainda são as indicações precisas oferecidas pelo Evangelho de São João, que declara em determinado ponto (8:57) que Cristo "ainda não chegara aos cinquenta”. Outra passagem em João (2:20) relata uma curiosa história na qual Cristo compara o seu corpo - na verdade, a sua vida - com o templo de Jerusalém, que demorou "quarenta e seis anos em construção”. Nenhum dos três sucessivos templos de Jerusalém demorou quarenta e seis anos para ser construído e a melhor interpretação para essa enigmática curiosidade é a defendida por Kokkinos: Cristo estava declarando ter a mesma idade do templo - ou seja, 46 anos. O templo que existia em Jerusalém durante a vida de Cristo fora concluído pelo rei Herodes em 12 a.C. Quarenta e seis anos nos leva ao ano 34 d.C., primeiro ano do ministério de Cristo, segundo Kokkinos. Seguir-se-ia, pois, que Cristo teria 48 anos ao ser crucificado no ano 36 d.C., o que concorda com todas as outras indicações de que tinha perto de cinquenta anos de idade.
A outra alegação explosiva é que Jesus teria nascido em 12 a.C. Kokkinos demonstrou que o ano de 8 a.C., aceito por muitos estudiosos como a mais antiga data para o nascimento de Jesus, se apoiava em terreno muito frágil. Não há provas de um recenseamento de impostos romanos naquele ano – de fato, o primeiro censo romano na Judéia foi no ano 6 d.C., tarde demais para a cronologia da Natividade. É mais provável que José e Maria tenham ido a Belém em 12 a.C. para se registrar num censo de impostos locais, organizado pelo rei Herodes. Só depois de defender a data de 12 a.C., com base em outros fundamentos, Kokkinos notou que ela coincidia com o aparecimento do cometa Halley em 12-11 a.C. Depois que Kokkinos revisou as datas da vida de Cristo, o cometa Halley aparece como o candidato ideal para ser a "estrela".
(...) À época da sua chegada, o mundo romano fervilhava de rumores e profecias de que estava prestes a surgir um novo líder mundial.  Muitos achavam que as profecias já haviam se cumprido na pessoa do imperador Augusto (...) Outros acreditavam que as profecias se aplicavam a Marco Agripa, genro e aparente herdeiro do imperador, homem capaz e de origem humilde (...) Mas depois de uma bem-sucedida parceria com Augusto que durou muitos anos, Agripa morreu de febre em 12 a.C. Quando estava morrendo, em Roma, apareceu o cometa Halley, que os relatos dizem “pairar” sobre Roma, assim como a estrela parecia “permanecer” sobre Belém.
Isso acrescenta uma outra dimensão à história da Estrela de Belém. O patrono do rei Herodes era Agripa e Herodes dependia muito da continuidade dos favores desse homem, que considerava amigo pessoal próximo. As notícias da morte de Agripa podem ter provocado um grande choque no tirano da Judéia e certamente foram acompanhadas pelo relato de um prodígio mortífero visto nos céus de Roma. Que se passaria na mente de Herodes quando ele entrevistou os Magos e “habilmente indagou deles a que horas a estrela aparecera" (Mateus 2:7)? Não lhe teria sido difícil vincular a estrela dos Magos ao cometa da morte de Agripa. Agora pode-se compreender inteiramente o terror de Herodes com a notícia trazida pelos Magos. Agripa fora o governante do Império Oriental. Se o cometa previra a sua morte, talvez pudesse também prever o nascimento de um novo governante no Oriente, justo como os Magos sugeriam.
Uma detalhada simulação em computador dos movimentos exatos e do aparecimento do cometa, observado em Roma, na Pártia e em Jerusalém em 12-11 a.C. seria o teste final para essa ideia”.
 
 
In the song "Ouro de Tolo" (Fool’s Gold), Raul Seixas sang these verses: “Oh, what a boring guy I am, who doesn’t find anything amusing. Monkey, beach, car, newspaper, waterslide – I think all of that is a drag.”
 
I feel the same way when the end of the year approaches because I find the special TV programs a real drag – the aging special of Roberto Carlos, the secret Santa parties among employees, and, most of all, the popular shows featuring psychics, astrologers, tarot readers, and nutritionists (because they feed on the popularity they gain during this time) with their “unfailingly accurate” predictions about celebrities’ lives. Honestly, it takes a lot of patience not to curdle the blood or sour the liver over such nonsense.
 
But since we are on the verge of Christmas, I rediscovered a passage from a book I read in 2015 that talks about the Star of Bethlehem. Scientists who studied the celestial map of the time when Jesus is believed to have been born dispute the existence of any celestial body even remotely resembling the description of the "star" that guided the Magi. It could have been a comet – since it remained visible for a while – but no comet with a known orbit appeared in the skies during that period.
 
Those with blind faith and unwavering belief in the Bible couldn’t care less about this, but it’s a topic that raises a lot of questions. And the text I read does the exact opposite of this; it offers a fascinating explanation for the emergence of the Star of Bethlehem at the time of Jesus’ birth. The reasoning, developed from historical details, seemed so sensible to me that today I believe it to be true. Regardless of one’s faith (or lack thereof), it’s a text worth reading.
 
And as for the translation, the “English lesson” will only happen with the text written up to this point. Let’s go:
 

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