Na música “Ouro de Tolo” o
Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas
que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, carro,
jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco”.
Eu fico nessa linha quando o
fim de ano se aproxima, pois acho um saco os programas especiais que as
emissoras de TV apresentam – o especial de envelhecimento do Roberto Carlos, as
festas de amigo oculto dos funcionários e, principalmente, os programas
populares que trazem videntes, astrólogos, tarólogos, nutrólogos (porque eles se
nutrem com a popularidade adquirida nessa época) com suas previsões “infalíveis”
sobre a vida dos famosos. Enfim, precisa mesmo de muita paciência para não talhar
o sangue e azedar o fígado. com essas idiotices.
Mas estamos às vésperas do Natal
e redescobri um texto extraído de um livro lido em 2015 que fala da Estrela de
Belém. Os cientistas que estudaram o mapa celeste da época em que teria nascido
Jesus contestam a existência de algum corpo celeste minimamente semelhante à descrição
da “estrela” que guiou os magos. Poderia ter sido um cometa – por ter ficado
visível por algum tempo -, mas nenhum cometa de órbita conhecida teria surgido
nos céus daquela época.
Quem tem fé cega e crença
inabalável na Bíblia está pouco se lixando para isso, mas é um assunto que
deixa a pulga atrás da orelha. E o texto que li faz justamente o contrário
disso, pois traz
uma explicação fascinante para o surgimento da Estrela de Belém quando Jesus
nasceu. O raciocínio desenvolvido a partir de detalhes históricos me pareceu
tão sensato que hoje eu creio ser verdade. Independente
da fé de cada um (ou de sua falta) é um texto que merece ser lido. E a tradução,
a “aula de inglês” só acontecerá com o texto escrito até aqui. Bora lá:
“É
muito estranho que, embora os estudiosos se dispusessem a fazer arranjos com as
datas das conjunções planetárias - e até com a morte de Herodes - para ajudar a
enquadrar a evidência astronômica, nenhum tenha reexaminado a sério os
argumentos tradicionais para datar o nascimento de Cristo. Isso foi conseguido
nos últimos vinte anos pelo Dr. Nikos Kokkinos, sábio ateniense hoje vivendo na
Inglaterra. Diplomado em teologia, arqueologia romana e história antiga,
Kokkinos é um dos poucos pesquisadores polimáticos o bastante para lidar com o
amplo espectro de provas vinculadas a essa importante questão. Em 1980, ele
propôs uma cronologia radicalmente diferente para Jesus. Um estudo detalhado de
provas dos romanos e do Novo Testamento mostra que Cristo teria sido
crucificado em 36 d.C. E não no tradicional 33 d.C.). Essa data, hoje
amplamente aceita por outros estudiosos do Novo Testamento, fornece o primeiro
passo para se datar o nascimento de Cristo.
Naturalmente,
o passo seguinte é descobrir a idade de Cristo quando foi crucificado. A visão
mais comum aceita que Cristo era bastante jovem, com pouco mais de 30 anos.
Segundo Kokkinos, isso não parece verdade. Para ser considerado um rabi
(mestre religioso) na antiga sociedade judaica, em geral era preciso ter
atingido a idade de 50 anos. Um conjunto de outras provas nos leva à mesma
conclusão. Por exemplo, o bispo Irineu declarou no século II d.C. que Jesus
tinha cerca de 50 anos de idade quando ensinava. (Irineu foi discípulo de
Policarpo, que conheceu pessoas que alegavam ter visto Cristo.) Mais
intrigantes ainda são as indicações precisas oferecidas pelo Evangelho de São
João, que declara em determinado ponto (8:57) que Cristo "ainda não
chegara aos cinquenta”. Outra passagem em João (2:20) relata uma curiosa
história na qual Cristo compara o seu corpo - na verdade, a sua vida - com o
templo de Jerusalém, que demorou "quarenta e seis anos em construção”.
Nenhum dos três sucessivos templos de Jerusalém demorou quarenta e seis anos
para ser construído e a melhor interpretação para essa enigmática
curiosidade é a defendida por Kokkinos: Cristo estava declarando ter a mesma
idade do templo - ou seja, 46 anos. O templo que existia em Jerusalém durante a
vida de Cristo fora concluído pelo rei Herodes em 12 a.C. Quarenta e seis anos
nos leva ao ano 34 d.C., primeiro ano do ministério de Cristo, segundo
Kokkinos. Seguir-se-ia, pois, que Cristo teria 48 anos ao ser crucificado
no ano 36 d.C., o que concorda com todas as outras indicações de que tinha
perto de cinquenta anos de idade.
A outra
alegação explosiva é que Jesus teria nascido em 12 a.C. Kokkinos demonstrou que
o ano de 8 a.C., aceito por muitos estudiosos como a mais antiga data para o
nascimento de Jesus, se apoiava em terreno muito frágil. Não há provas de um
recenseamento de impostos romanos naquele ano – de fato, o primeiro censo
romano na Judéia foi no ano 6 d.C., tarde demais para a cronologia da
Natividade. É mais provável que José e Maria tenham ido a Belém em 12 a.C. para
se registrar num censo de impostos locais, organizado pelo rei Herodes. Só
depois de defender a data de 12 a.C., com base em outros fundamentos, Kokkinos
notou que ela coincidia com o aparecimento do cometa Halley em 12-11 a.C.
Depois que Kokkinos revisou as datas da vida de Cristo, o cometa Halley
aparece como o candidato ideal para ser a "estrela".
(...) À
época da sua chegada, o mundo romano fervilhava de rumores e profecias de que
estava prestes a surgir um novo líder mundial. Muitos achavam que as
profecias já haviam se cumprido na pessoa do imperador Augusto
(...) Outros acreditavam que as profecias se aplicavam a Marco Agripa,
genro e aparente herdeiro do imperador, homem capaz e de origem humilde (...)
Mas depois de uma bem-sucedida parceria com Augusto que durou muitos anos,
Agripa morreu de febre em 12 a.C. Quando estava morrendo, em Roma, apareceu o
cometa Halley, que os relatos dizem “pairar” sobre Roma, assim como a estrela parecia
“permanecer” sobre Belém.
Isso
acrescenta uma outra dimensão à história da Estrela de Belém. O patrono do rei
Herodes era Agripa e Herodes dependia muito da continuidade dos favores desse
homem, que considerava amigo pessoal próximo. As notícias da morte de Agripa
podem ter provocado um grande choque no tirano da Judéia e certamente foram
acompanhadas pelo relato de um prodígio mortífero visto nos céus de Roma. Que
se passaria na mente de Herodes quando ele entrevistou os Magos e “habilmente
indagou deles a que horas a estrela aparecera" (Mateus 2:7)? Não lhe teria
sido difícil vincular a estrela dos Magos ao cometa da morte de Agripa. Agora
pode-se compreender inteiramente o terror de Herodes com a notícia trazida
pelos Magos. Agripa fora o governante do Império Oriental. Se o cometa previra
a sua morte, talvez pudesse também prever o nascimento de um novo governante no
Oriente, justo como os Magos sugeriam.
Uma
detalhada simulação em computador dos movimentos exatos e do aparecimento do
cometa, observado em Roma, na Pártia e em Jerusalém em 12-11 a.C. seria o teste
final para essa ideia”.
In the song "Ouro de Tolo" (Fool’s
Gold), Raul Seixas sang these verses: “Oh, what a boring guy I am, who doesn’t
find anything amusing. Monkey, beach, car, newspaper, waterslide – I think all
of that is a drag.”
I feel the same way when the end of the year
approaches because I find the special TV programs a real drag – the aging
special of Roberto Carlos, the secret Santa parties among employees, and, most
of all, the popular shows featuring psychics, astrologers, tarot readers, and
nutritionists (because they feed on the popularity they gain during this time)
with their “unfailingly accurate” predictions about celebrities’ lives.
Honestly, it takes a lot of patience not to curdle the blood or sour the liver
over such nonsense.
But since we are on the verge of Christmas, I
rediscovered a passage from a book I read in 2015 that talks about the Star of
Bethlehem. Scientists who studied the celestial map of the time when Jesus is
believed to have been born dispute the existence of any celestial body even
remotely resembling the description of the "star" that guided the
Magi. It could have been a comet – since it remained visible for a while – but
no comet with a known orbit appeared in the skies during that period.
Those with blind faith and unwavering belief
in the Bible couldn’t care less about this, but it’s a topic that raises a lot
of questions. And the text I read does the exact opposite of this; it offers a
fascinating explanation for the emergence of the Star of Bethlehem at the time
of Jesus’ birth. The reasoning, developed from historical details, seemed so
sensible to me that today I believe it to be true. Regardless of one’s faith
(or lack thereof), it’s a text worth reading.
And as for the translation, the “English lesson”
will only happen with the text written up to this point. Let’s go:
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