quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

SORRY PERIFERIA

  
Não posso afirmar ser mais velho que todos os leitores que tropeçam neste blog desconjuntado, mas dos blogueiros identificáveis que passam por aqui eu sou. O Ricardo do Marreta do Azarão, por exemplo, é velho pra kawaka, mas pelo menos uns quinze anos mais novo que eu. Mais novos que eu também são a She do blog Escritora Sheila Mendonça, o Eduardo, d’As Crônicas do Edu, o poeta Ryk@rdo do Pensamentos e Devaneios Poéticos e a CatiahoAlc do Espelhando Amigos (mas jamais cometerei a indelicadeza de estimar a idade de cada um). O GRC do Ex Estranho foi aluno do Azarão e o Fabiano do blog Um Brasileiro Gay tem a aparência de meu filho mais velho. A Rô: Meu Diário, então nem se fala, pois tem cara de quem ainda usa fraldas.
 
Por isso, a frase “vocês são bem mais jovens que eu” expressa uma questão semântica complexa (como eu não sei português e o máximo que consigo é escrever em português suburbano, da periferia, tive de consultar o dicionário para saber o que é “semântica” e como usá-la neste texto, para que ele ficasse um pouco mais elegante).
 
E quando eu digo complexa é porque nem tudo é tão simples como aparenta ser. Imagine, por exemplo, um estauricossauro – um dino surgido no Triássico (até parece que eu entendo dessa merda!) dizendo a um tiranossauro (surgido no Jurássico): - “você é bem mais jovem que eu!” Isso para mim não representa nada, pois os dois são velhos pra caralhíssimo. E essa é a questão, pois é difícil generalizar o conceito “você é bem mais jovem que eu”, pois todos são. Se bobear, até o T. Rex também é.
 
A implicação disso é não saber se todos curtirão a relíquia que é o assunto deste post. Explicando melhor, recebi de minha mulher via whatsapp um vídeo supimpíssimo, tão bacana que pensei em encontrá-lo no youtube, só para postar no Blogson. Antes do vídeo, cabe uma pequena reflexão: ao usar a palavra “supimpíssimo”, superlativo de “supimpa”, eu já deixei uma pista sobre minha idade.
 
O tema de hoje é um filme publicitário de 1958 do achocolatado Toddy (quando eu estava ainda com mimosos oito aninhos). Fiquei tão encantado que não resisti à tentação de exibi-lo no Blogson – um blog sempre pronto a ensinar um pouco de história recente a essa juventude transviada.
 
E aqui voltamos ao choque de gerações (na verdade, a ignorância dos velhinhos sobre o que está rolando hoje no meio da meninada e, simetricamente, o desconhecimento dos mais jovens do que foi notícia em passado recente), pois o filme exibe vários atores e atrizes apregoando as qualidades do néctar dos deuses, a bebida preparada com toddy (uma colher de sopa para 300 ml de leite. Gelado, por favor).
 
Alguns rostos me pareceram familiares, mas apenas um se destacou: o da esfuziante Norma Bengell. La Bengell foi sucessivamente corista de teatro de revistas (corista era sinônimo de gostosíssima), atriz elogiada de cinema e teatro, cantora (muito boa), diretora, produtora, o escambau. Mas naquele filme era apenas uma jovem então com 23 anos e a quatro de protagonizar o primeiro nu frontal em um filme brasileiro (Os Cafajestes). Não preciso dizer o que essa informação provocou em minha mente adolescente, não é?
 
Você consegue imaginar um filme assim com outra marca de achocolatado? Como diria Ibrahim Sued, o mais influente e paparicado colunista social daquela época, Sorry, periferia. E ademã, que eu vou em frente. De leve.
 
Então é isso (falei tanto que quase me esquecia de publicar o link. Sorry, periferia!). Olhaí.



11 comentários:

  1. Curioso você dizer isso de mim. Ah, Ah.

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    1. O que eu quis dizer é que você e meu filho mais velho aparentam estar na mesma faixa etária, usam barba, têm o cabelo grisalho. Digamos que você é uma espécie de meu filho digital.

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  2. Vejam só...sou muito novinho e não lembro dessa propaganda....talvez por isso Toddy não seja o meu achocolatado preferido. Sou do tempo posterior do Ovomaltine e do Nescau, pelo menos são as propagandas desses que eu lembro na infância. Já explicitei aqui minha preferência pelo ovomaltine. Mas tenho tomado uma nova versão do Nescau com 60% de cacau, o que dizem por aí, ser saudável por ter menos açúcar e mais flavonoides...coisa aí que faz bem e tem no cacau.

    Eu gosto de ficar no meio dos amigos do meu filho quando eles estão juntos aqui em casa. Como sou meio crianção, meio adulto que não amadureceu, gosto de saber do que eles falam, como falam, etc. Acho que é um jeito de eu manter uma comunicação legal com meu filho que só tem 14 anos incompletos até o próximo dia 21.
    É, sou preguiçoso e só fui ser pai aos 45.
    Mas o bom mesmo dessa propaganda, foi relembrar de Norma. Ah, Norma...já vi Os Cafajestes umas 4 vezes. O filme não é lá essas coisas mas pela Norma vale a pena.
    A Norma que hoje (maldita velhice!!!) não é nem sombra do que foi quando mais jovem.
    Ano que vem, em pleno inverno, adentro aos 60. Se até lá eu chegar.

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    1. Eu fui pai com 26 anos. Isso e mais minha tendência à irresponsabilidade jogaram no colo da minha mulher a necessidade de educar a meninada. A mim, além dos espancamentos injustificados e inadmissíveis (eu merecia ter sido preso!), sobrou a oportunidade de me atualizar com o que estava rolando. Foi assim que eu conheci o rock brasileiro dos anos 80, os mangás (que eu acho uma merda) e todo tipo de manifestação cultural que eles consumiam. Além, claro, de conviver com seus amigos do grupo de jovens da igreja católica do bairro. Essa convivência mereceria um post específico, mas vou contar aqui mesmo. Um dia, com o carro cheio de jovens para deixar em alguma festa soltei uma piadinha que fez um deles até engasgar. Dois irmãos, um de nomes Danilo e Daniel. O Daniel era adotado e tinha um complemento no sobrenome (“Bouquet”). Nenhum deles estava no carro. Saiu uma conversa de pagar ingresso ou coisa assim, e eu não resisti: “Acho que não deve ser bom dever pro Danilo, pois alguém vai acabar tendo de pagar o Boquete”. Todo mundo rolou de rir. Detalhe: o Danilo e o que engasgou são gays.

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    2. Eu fui pai aos 42. Não por preguiça, por ser duro de convencer. Hoje, não sou mais duro em nada. Pãããâãta.

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    3. O jeito é cantar a música do Ivan Lins: Somos todos iguais nesta noite!

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    4. Jotabê, tu foi ainda de uma geração de pais que bater nos filhos era educar. Eu tomei lá umas surras (todas, diga-se, merecidas) do meu pai, mas poucas. Meu pai era bem seletivo. Já minha mãe, qualquer "merda" que saísse da boca ele vinha no mínimo com um beliscão de deixar marcas....rs
      Eu nunca bati no meu filho, ele ajudou sendo uma criança legal, divertida e comportada. Nunca fez birra no mercado...eu vou contar lá no meu crônicas em breve minhas aventuras com ele, como que aos 7 meses eu autorizei a mãe dele a voltar a trabalhar em tempo integral que eu me responsabilizaria por ele...foram os melhores anos da minha vida.

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    5. Gostaria de poder concordar com você, mas eu nunca apanhei. E bati por acreditar que teria sido melhor se EU tivesse apanhado. Racionalização cruel, sádica, equivocada.

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  3. Porra, achei que você fosse mostrar o nu frontal da Norma Benguel.
    E sabia que ela e o Jece Valadão, durante as filmagens, tiveram um ligeiro affair na vida real?
    E que a Norma já declarou em entrevistas que na primeira vez deles, o Cafajeste-Mor broxou?

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    1. Mostrei o nu frontal da lata de Toddy! E o fato do Jece ter broxado não me admira, pois a Norma Benguel era muita areia pro caminhãozinho dele.

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