sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

ENGENHEIRAGENS

 
Como só saio de casa quase que apenas para ir ao médico, à farmácia, supermercado ou padaria, fico meio por fora do que está rolando em termos de restaurantes, bares e petisqueiras de BH. Justamente por isso, só hoje fiquei sabendo da existência de um restaurante chamado “Engenheiros”.
 
Essa descoberta só confirma minha tese de que engenheiro faz qualquer merda para sobreviver ou ganhar dinheiro. Gente que desistiu de procurar emprego ou que abandonou a profissão para tornar-se dono de padaria, programador, analista financeiro, músico (“Os engenheiros da HP”), motorista de uber (pois é...) e até um caso clássico, o do engenheiro que ao ser demitido depois de oito anos trabalhando na indústria mecânica abriu uma lanchonete em São Paulo com o nome “O Engenheiro que Virou Suco” (hoje ele é comerciante de automóveis).
 
É importante ressaltar que a mudança para atividades dissociadas de sua formação profissional teve como causas as várias crises econômicas que o país enfrentou, com consequência imediata na quebra de empresas de engenharia e escassez de empregos. Mesmo assim, não deixa de ser curiosa e até engraçada essa mobilidade profissional. 

Por isso, voltando ao restaurante “Engenheiros”, fiquei pensando em algumas sugestões para tornar seu atendimento mais diferenciado e atraente. O pedido do cliente, por exemplo, poderia ser chamado de "projeto"; o garçom poderia ser o "Responsável Técnico". A comanda entregue por ele à cozinha seria chamada de "ART - Anotação de Responsabilidade Técnica". E o fechamento da conta seria obviamente chamado de "Baixa".

Agora, o prato que realmente definisse o lugar, opção ideal para homenagear os engenheiros e o CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, sua entidade de classe, seria um crepe, delicadamente chamado de Creape. Só falta definir os ingredientes. Acho que ficaria bom.

 
Depois desse trocadilho nauseante, uma notícia verdadeira com sabor de piada. Olha esta manchete lida em um portal da internet (grifo meu):
 
Curso de Engenharia Ferroviária da UFSC tem um único inscrito para o vestibular.
 
Desconfio que será mais um a mudar de profissão depois de formado!

2 comentários:

  1. Qual o motivo de tantos formados em algumas áreas não conseguirem mais trabalho e terem que ir para atividades alternativas? Será a decadência dessas profissões ou a crise brasileira que só cria subemprego?

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    1. No caso dos engenheiros civis eu tenho algum conhecimento. Túneis, estradas, barragens, aeroportos, pontes, viadutos, usinas nucleares, metrôs, hidrelétricas, estações de tratamento de água, redes de abastecimento, etc., sempre tiveram origem nos governos federal, estadual ou municipal. Essas obras demandam muita mão de obra de todo tipo, inclusive engenheiros. Por isso, no Brasil, quando a economia entra em crise as empresas de engenharia que vivem de executar obras públicas sofrem muito mais e, geralmente, quebram. O resultado é o desemprego dos engenheiros. Há grandes obras executadas por empresas particulares, mas são exceção e também sempre refletem a situação da economia. Dentre essas poderia citar obras industriais tais como siderúrgicas, fábricas de cimento, obras para beneficiamento de minério, etc. E se quiser saber um pouco mais, há alguns textos no Blogson .
      Se quiser ler (duvido que não goste), procure estes títulos: Proposta Técnica – volume 1, Proposta Técnica – volume 2 e o gigantesco post “Minha experiência nuclear”, pois neles eu mostrei a direção do caminho das pedras, mas só a direção, que eu não quero saber de confusão pro meu lado.

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