Ao pesquisar seu nome na internet para subsidiar um texto que ainda será escrito achei seu blog e o artigo transcrito a seguir, bem, bem a cara dele. Até consegui ver seu sorrisinho irônico enquanto escrevia essas recomendações. Aí resolvi copiar e publicar aqui no Blogson, por entendê-las aplicáveis a qualquer um que passou dos cinquentinha ou sessentinha, não só aos médicos.
É estranho pensar que o Paprocki já tinha
sido praticamente apagado na minha mente. Entretanto, ao ler esse artigo pintou uma
saudade tardia dele. Na verdade, talvez eu esteja mesmo é sentindo saudade de mim aos 21 anos, quando comecei a fazer terapia com ele. E aqui cabe a pergunta: que problemas um sujeito com 21 anos tem para buscar ajuda psicoterápica? Defeito de fabricação? Esta pergunta só poderá ser (ou não) respondida daqui a uma semana ou mais. Enquanto isso, divirta-se com as recomendações.
SUGESTÕES PARA MÉDICOS JOVENS, COM MENOS
DE 65 ANOS, QUE ASPIRAM ENVELHECER COM ALGUMA ELEGÂNCIA E DIGNIDADE E
PERMANECEREM BEM TOLERADOS POR SEUS COLEGAS, SEUS PACIENTES, SUAS MULHERES,
FILHOS E NETOS
Postado em 01 de dezembro de 2014
· Durante
o seu curso médico você adquiriu, presumivelmente, excelentes conhecimentos
médicos, bom adestramento técnico e noções de ética. As Faculdades de Medicina
somente propiciam ensino profissionalizante. Não propiciam um aculturamento
amplo e, tão pouco, ensinam boas maneiras e bom gosto. Se você não foi
orientado por seus pais ou outros mentores, quando criança e adolescente,
provavelmente permanece como entrou na faculdade, isto é, habitualmente
inculto, rude e com gosto duvidoso, ainda que com excelente qualificação
profissional. A seguir, são enumeradas algumas atividades que poderão ajudá-lo
a superar certas dificuldades no plano de aprimoramento social e cultural.
· Não
pare de estudar enquanto estiver exercendo atividade médica: leitura de uma
hora por dia, todos os dias, costuma ser suficiente para manter-se
razoavelmente atualizado em qualquer especialidade. Continue frequentando
reuniões científicas de sua associação: conferências, seminários, cursos e, se
possível, congressos.
· Procure
aculturar-se, permanentemente, até o fim de sua vida: leia bons livros, assista
boas peças teatrais e bons filmes; ouça boa música, erudita ou popular; visite
bons museus e realize boas viagens. Tudo isso costuma ser melhor quando
efetivado em boa companhia, isto é, em companhia de pessoas cultas, bem
educadas e de gosto refinado.
· Faça,
periodicamente, um curso de aculturamento amplo, fora da área médica: música
erudita, história da arte, história das religiões ou outra disciplina que
sempre desejou estudar e nunca teve tempo.
· Procure
manter-se bem informado acerca de algum assunto atual, de seu interesse:
política internacional, economia, meio ambiente, preservação da natureza. Esses
conhecimentos podem tornar você atraente para outras pessoas, interessadas nos
mesmos assuntos. Lembre-se: “Quanto mais interesses você tiver, mais interessante
você fica”.
· Cultive
algum “hobby”: pintura, música, percussão, canto, dança, teatro, culinária,
jardinagem. O “hobby” ideal deve envolver alguma atividade manual e deve
proporcionar prazer. Brinque de músico, de pintor, de jardineiro ou de cozinheiro.
O resultado ou o produto final dessas atividades é pouco relevante. O
importante é o aspecto lúdico e o prazer auferido por você, não pelos outros!
· Participe
de alguma atividade associativa: Associação Médica, Sindicato, Conselho de
Medicina, Academia de Medicina, Sociedade de Especialidade ou uma ONG. Clube
recreativo, torcida organizada de clube futebolístico e partido político não
tem o mesmo valor!!!
· Participe
de algum trabalho voluntário, com conteúdo social: aulas de alfabetização,
noções de informática, de história, de línguas, para adolescentes ou adultos,
são atividades válidas e politicamente corretas. Distribuir brinquedos de natal
para crianças carentes ou cobertores para “sem teto”, é pouco! Voluntariado de
assistência hospitalar, para enfermidades crônicas e em estágio final, pode ser
muito nobre, mas é muito desgastante. Não force!
· Faça
exercícios não radicais: caminhada, nado e dança são válidos. Ciclismo,
mergulho e montanhismo são compatíveis para poucos privilegiados, com
excelentes condições físicas e adestramento desde a juventude. Não são
apropriados para adultos maduros que nunca praticaram de atividade física. Em
um determinado momento de sua vida você sentirá que não é mais o jovem que era
quando terminou a faculdade, a residência ou seu mestrado e doutorado. Nesse
momento existem outras modalidades de atividades físicas que podem ser
adotadas: golf e ping - pong são bons exemplos.
· Periodicamente,
submeta-se a alguma forma de psicoterapia breve. Sessões semanais, durante três
meses, com intervalos de três em três anos, com um terapeuta que já lhe
conhece, costumam ser suficientes para se manter, razoavelmente, equilibrado.
Caso você nunca submeteu-se a uma psicoterapia, o ritmo e a duração serão
estabelecidos por você e pelo terapeuta escolhido, de acordo com suas
necessidades e idade. Procure informar-se acerca do tipo de psicoterapia que
melhor se ajusta à sua problemática.
· Caso
você esteja saudável e assintomático, faça acompanhamento periódico com um bom
clínico geral ou um geriatra. Caso seja portador de alguma enfermidade crônica
faça um acompanhamento assíduo, com um especialista competente, da área
correspondente à sua enfermidade. Nunca se automedique e não postergue
tratamentos. Ser médico não imuniza ninguém da evolução catastrófica de
enfermidades crônicas.
· Procure
não parar de trabalhar, na sua área de atuação médica, enquanto continuar sendo
procurado por clientes. Reduza seu ritmo de trabalho, paulatinamente, de
acordo com suas possibilidades físicas e psíquicas. Caso essa medida não seja
viável ou caso esteja incapaz para realizar tarefas médicas, procure uma
atividade administrativa ou burocrática, leve, com horário reduzido, que tenha
alguma conexão com sua área de atuação médica, anterior.
· Assuma
sua calvície e os seus cabelos brancos. A maior parte das mulheres, de bom
gosto, costuma afirmar que esta é uma atitude mais aceitável e elegante do que
tentar implantes ou tingir os cabelos. Raspar a cabeça somente é aconselhável
para aqueles que têm um biótipo adequado.
· Não
faça relatos acerca das suas façanhas acadêmicas, científicas e sexuais para
pessoas que não pediram essas informações. Se você tem o hábito de contar
anedotas, preste o máximo de atenção possível para não repeti-las, para as
mesmas pessoas. Fale menos e escute mais. Se conseguir, a maioria vai achar que
você é um excelente papo.
· Evite
fazer sexo somente para provar que ainda consegue (com ou sem
sildenafila). O resultado costuma ser desastroso.
· No
mundo ocidental capitalista e consumista, usualmente, fomos adestrados para
competir e, se possível, levar a melhor, isto é, vencer! Somos o que somos
e temos o que temos como resultado de atitudes e de comportamentos
competitivos, bem e mal sucedidos, ao longo de nossas vidas. Entretanto, chega
um momento em que a competição torna-se inútil e desnecessária: ou você já
provou que é bom, ou já não consegue provar. Aprenda a retirar-se da luta no
momento próprio, com alguma elegância e dignidade.
· Lembre-se que algumas dessas sugestões podem ser adequadas para quem as escreveu e, eventualmente, para você. Siga apenas aquelas que julgar pertinentes. Não tente persuadir outras pessoas a segui-las. Principalmente aquelas que não pediram tal aconselhamento.
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