domingo, 9 de julho de 2023

CRIANÇA, AMA COM FÉ E ORGULHO

 

Este texto foi escrito há vários dias e já está com data de validade próxima do vencimento - grave defeito, quase tão ruim quanto sua qualidade zero.

 

“Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa” era o bordão de Paulo Cintura, personagem que batia ponto na Escolinha do Professor Raimundo. O que isso tem a ver com o texto a seguir? Muita, muita coisa.

Estava de bobeira, semi-sonolento, no limiar entre o sono e a vigília, pensando na fragilidade do corpo humano, na tendência a ignorar os sinais que nosso corpo emite, menosprezando-os até que um grande contratempo surge e leva nossa saúde para o espaço e em nossa estranha propensão a nos deixar enganar, a nos autoenganar.

A mente continuou a viajar e me vi deplorando a inacreditável arrogância e megalomania do criador do mini submarino que implodiu e causou a morte de quatro pessoas seduzidas pelo seu "canto de sereia". O que faz com que as pessoas sejam tão crédulas assim?

E mais, o que leva as pessoas a se comportar como grandes rebanhos, grandes manadas sempre prontas a seguir líderes messiânicos cujo maior desejo é em última instância impor sua própria visão de mundo?

Estava nesse estado meio delirante, meio onírico, quando me lembrei de uma poesia dos tempos de ginásio. Aí a ironia deu as caras e resolvi "coelhonetar" alguns versos no mesmo estilo. E virou esta coisa.


 Criança, ama com fé e orgulho

O corpo com que nasceste,

Pois o que realmente conta em última instância

É que não terás mais nenhum igual a este.

 

Pouco importa o que tentem te impingir,

Te doutrinar, te fazer valorizar –

Pátria, soberania, recursos minerais?

Riqueza, poder, todos os tipos de "ismo"? Esquece!

 

Pois tu és vista apenas como mais uma peça

No quebra-cabeça que os poderosos em montar

Se divertem, sempre prontos a mostrar

Que sua solução é a melhor, a ideal, a ímpar.

 

Mas o que realmente importa

É o que tu desejas para ti, para a tua vida

Tarefa difícil, tarefa inglória (muitas vezes).

Não o que outros desejam ou esperam de ti,

 

Quando o que sentes é só desespero e muita dor

De que te adiantam flâmulas, cercas e fronteiras?

O que verdadeiramente importa para ti

São da cura e esperança as coloridas bandeiras

 

E o começo, o início de tudo são os cuidados

Que tu dedicarás ao teu corpo e à tua atividade cerebral

Dê a eles o melhor de teus esforços

Mesmo que tudo sempre escoe pelo ralo no final

 

No fim, o que te importará são as dores que sentirás

A paralisia de teus movimentos em crescente espiral

Um cérebro dando sinais de apagão

E que não tenhas uma doença terminal!

 

Orgulho, presunção, vanidade, soberba,

Nacionalismo, radicalismo, patriotadas, fanfarronice?

Deixe tudo isso a quem mais lhes aprouver. A ti

Basta o corpo e a mente sempre saudáveis. Seja feliz!

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