sábado, 26 de fevereiro de 2022

CUSTOS TÊM QUE SER COBRIDOS

Acredito não estar errado em pensar que a maioria absoluta da população do mundo é estúpida, ignorante, boçal ou sem cultura. E eu pertenço a esse grupo! Por isso, conheço minhas limitações e defeitos. O que me diferencia de meus pares é que não ligo nem me importo de reconhecer e aceitar toda a minha ignorância e falta de cultura.
 
Mas alguns parecem não perceber a pequenez de sua relevância ou a dimensão cósmica de seu despreparo e boçalidade. Por isso, resolvi fazer neste post um texto muito ridículo, com humor de quinta (série). Foi essa a minha intenção (para dizer a verdade, não ficou muito diferente de todos os já publicados). Apenas forcei um pouco a barra para deixá-lo à altura de um boçal que "cuida" da cultura do país. Olhaí:
 

Nossa língua é dinâmica (não estou me referindo ao órgão que às vezes sai da boca para algumas atividades pouco convencionais, OK?). Diria mesmo que não só dinâmica, mas sempre em evolução, tal a quantidade de novos vocábulos que não param de surgir. E uma das formas para isso acontecer é a alteração da grafia ou da sonoridade de palavras existentes.
 
Quando uma altoridade (ou seria alteridade? Ou autoridade? Ou nenhuma coisa nenhoutra?) contribui para essa evolução, a coisa fica ainda melhor. Nosso secretário de cultura foi brilhante ao dizer em uma entrevista:
- “Devolver o quê, garoto? Eu tô trabalhando. Eu fui numa comitiva oficial. Custos têm que ser cobridos”.

“Cobridos”... Perceberam a criatividade do novo vocábulo? Ele pode ter sido um ator inexpressivo, mas como secretário de cultura é genial, geni-all!
 
Tão genial que eu não resisti à tentação de empregar seu neologismo de imediato. E a melhor forma que encontrei foi escrever um texto ficcional. Mas deixo antes minha opinião: Tudo bem, secretário, tá de boa, não precisa devolver o dinheiro. Bem ou mal, foi gasto. Mas como tenho personalidade infantil, imatura e alguns traços de retardamento mental, fiquei tão empolgado com as possibilidades de experimentação surgidas com o neologismo, que resolvi adaptar algumas palavras e nomes próprios a essa sonoridade. Ficou mar-avi-lhos-o. Olhaí.
 
 
Adalbrido teve quatro filhos e a todos quis dar um nome com a mesma terminação que o seu, pois o considerava lindo. E assim foram batizados: Robrido, Gilbrido, Felisbrido e Dagobrido.

Robrido e Gilbrido eram gêmeos univitelinos e deixavam boquiabrido quem os via pela primeira vez, tal a semelhança. Um dia foram descobridos por um programa popularesco da TV abrida.
 
Em busca de audiência, os produtores do programa "mondo cane" os jogavam nas maiores roubadas. Como no dia em que o céu estava encobrido de nuvens cinzentas de chuva e foram obrigados a nadar em mar abrido. Mesmo diante da turbulência das ondas e do frio, encararam o desafio com determinação e de peito abrido.
 
Por não estar acostumados com a porta da fama repentinamente entreabrida para eles, começaram a gastar o que não podiam nem deviam, deixando muitos cheques a descobrido, sem saldo.
 
Foram demitidos quando foi tornado público que os dois mantinham um relacionamento abrido com a esposa do diretor do programa. A partir daí, envolveram-se com drogas e chegaram até a dormir na rua, a céu abrido, cobridos apenas por um cobridor fino.
 
Hoje, redescobridos depois de se converter, aparecem novamente na televisão, onde dão seu testemunho em programas de telepastores, quando dizem em uníssono: “eu sou um homem librido”. Mas se realmente estão livres das drogas só o tempo dirá, esse é um assunto ainda em abrido.

Que tal, secretário? Ficou bom o texto?
 

 

Um comentário:

MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4