Creio que aquela chuva mudou definitivamente
os sentimentos de minha avó e minha mãe em relação à ideia de "passear" ou passar
férias naquele fim de mundo. Confesso também que não faço a mínima ideia
de como minha mãe conseguia se comunicar com sua irmã endinheirada, a mais
velha de todas, pois não havia ônibus, mensageiro, ou telefone que as colocasse
em contato. Talvez fosse intuição ou apenas alguma frase dita antes de irmos
para o "Purgatório": "Ficaremos lá até o dia tal".
O que sei é que o dia de voltarmos para BH chegou. Creio que éramos cinco pessoas - minha avó, minha mãe, minha tia solteira, eu e meu irmão. Malas, bolsas e sacolas arrumadas (malas não, pois creio que não existiam), roupa de "ir à missa" e lá fomos nós. Subida do morro, talvez uma pequena pausa para respirar e caminhada pela estrada empoeirada em direção à área urbanizada mais próxima, a "Varge" (várzea), onde talvez pegássemos um ônibus ou coisa assim.
Talvez a distância a percorrer não fosse grande coisa para um adulto, mas, para mim, esse percurso de dois quilômetros era chão pra caramba, ainda mais naquela estrada encascalhada e poeirenta. Embora não me lembre mais, talvez percebesse que o céu estava cheio de nuvens escuras, prenunciando a possibilidade de chuva próxima. E foi isso que efetivamente aconteceu.
No meio da caminhada, sem nenhum lugar para nos esconder, para nos proteger, começou a chover. Era uma chuva muito forte, intensa, agressiva, madrasta, com trovões, rajadas de vento frio que alternavam a direção do aguaceiro - um verdadeiro dilúvio caindo sobre três mulheres e duas crianças no meio do nada. Lembro-me de minha mãe puxando-nos para perto dela, tentando nos abrigar do temporal que caía. Mas era só intenção, pois estávamos todos completamente molhados e com as roupas encharcadas. Situação que só não ficou pior porque o solo da estrada era arenoso e não dava muita lama.
Como a água escorria pelo meu cabelo e rosto, não sei se estava chorando silenciosamente ou apenas tomado por uma tristeza e desespero profundo, pois a única coisa que podíamos fazer era andar, apenas andar. Foi quando um carro vindo na direção contrária apareceu. Apareceu e parou. Ao volante estava meu tio "torto", casado com a irmã mais nova de minha mãe. Abriu as portas, o porta-malas, acomodamo-nos nos bancos e fomos levados para o "Paraíso", onde tomamos banho quente de chuveiro, colocamos roupas secas, provavelmente lanchamos ou jantamos, brincamos com nossos primos, dormimos, os adultos conversaram, etc..
O que sei é que o dia de voltarmos para BH chegou. Creio que éramos cinco pessoas - minha avó, minha mãe, minha tia solteira, eu e meu irmão. Malas, bolsas e sacolas arrumadas (malas não, pois creio que não existiam), roupa de "ir à missa" e lá fomos nós. Subida do morro, talvez uma pequena pausa para respirar e caminhada pela estrada empoeirada em direção à área urbanizada mais próxima, a "Varge" (várzea), onde talvez pegássemos um ônibus ou coisa assim.
Talvez a distância a percorrer não fosse grande coisa para um adulto, mas, para mim, esse percurso de dois quilômetros era chão pra caramba, ainda mais naquela estrada encascalhada e poeirenta. Embora não me lembre mais, talvez percebesse que o céu estava cheio de nuvens escuras, prenunciando a possibilidade de chuva próxima. E foi isso que efetivamente aconteceu.
No meio da caminhada, sem nenhum lugar para nos esconder, para nos proteger, começou a chover. Era uma chuva muito forte, intensa, agressiva, madrasta, com trovões, rajadas de vento frio que alternavam a direção do aguaceiro - um verdadeiro dilúvio caindo sobre três mulheres e duas crianças no meio do nada. Lembro-me de minha mãe puxando-nos para perto dela, tentando nos abrigar do temporal que caía. Mas era só intenção, pois estávamos todos completamente molhados e com as roupas encharcadas. Situação que só não ficou pior porque o solo da estrada era arenoso e não dava muita lama.
Como a água escorria pelo meu cabelo e rosto, não sei se estava chorando silenciosamente ou apenas tomado por uma tristeza e desespero profundo, pois a única coisa que podíamos fazer era andar, apenas andar. Foi quando um carro vindo na direção contrária apareceu. Apareceu e parou. Ao volante estava meu tio "torto", casado com a irmã mais nova de minha mãe. Abriu as portas, o porta-malas, acomodamo-nos nos bancos e fomos levados para o "Paraíso", onde tomamos banho quente de chuveiro, colocamos roupas secas, provavelmente lanchamos ou jantamos, brincamos com nossos primos, dormimos, os adultos conversaram, etc..
Como disse antes, não sei como meu tio foi despachado para nos apanhar e nos levar de volta à civilização. Fico tentado a pensar em sinais de fumaça ou tambor, mas isso é só uma piada. Depois dessa chuva, creio que ninguém nunca mais pensou em passar sequer um fim de semana no Purgatório, que deve ter ficado abandonado até ser vendido. Mas esse é outro caco do mosaico.
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