quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

É POR AÍ...


 

ARTIGO DO FUNDO: AMIGOS, AMIGOS... - VÃO GOGO


Estive relendo o livro “Chatô”, do Fernando Moraes (eu tenho a mania de reler livros de que gostei). Lá pelo meio do livro, falando da revista “O Cruzeiro” e de Freddy Chateaubriand, sobrinho de Assis Chateaubriand e responsável pelo seu sucesso, o livro descreve assim o início da vida profissional de meu ídolo Millôr Fernandes:

Foi Freddy “quem descobriu a faísca do gênio num garoto que desde 1938 trabalhava na redação colando letras. Quando não tinha o que fazer, o menino matava o tempo fazendo o que Freddy chamava de "rabiscar bonequinhos" em restos de papel. Um dia faltou uma reportagem de duas páginas na hora do fechamento da revista e ele resolveu, irresponsavelmente, recorrer ao menino:
- Ô seu sacaninha! Você não gosta de desenhar? Então encha essas duas páginas aí com o que você quiser, enquanto nós vamos almoçar.
Quando voltou do almoço Freddy se espantou ao ver as duas páginas (que o garoto batizara de "Poste escrito") cobertas por desenhos de um humor surpreendentemente criativo para alguém que tinha pouco mais de catorze anos. Estava nascendo Emanuel Vão Gogo, pseudônimo sob o qual logo depois Millôr Fernandes criaria uma das marcas permanentes da história da revista, a seção humorística "O pif-paf".

Mesmo que eu não quisesse “esquecer de tudo, das dores do mundo”, o humor sempre foi meu enfoque ou estilo preferencial, analgésico e antiácido, por ajudar a neutralizar o sabor frequentemente amargo da minha vida. Justamente por isso o Millôr é meu ídolo. Afinal, um sujeito que ganhou a vida escrevendo e produzindo humor de altíssima qualidade até morrer merece todo o meu respeito. E pela sua condição de ídolo para mim, resolvi postar um texto escrito por ele e publicado na revista O Cruzeiro em 07 de julho de 1945. Deu um pouquinho de trabalho, pois tive de digitar tudo, já que a imagem contida no livro era muito pequena para usar o OCR. Talvez não seja dos mais brilhantes, mas ele tinha apenas 21 anos. Olhaí.

AMIGOS, AMIGOS...
 Antigamente sim. A coisa era muitíssimo diferente. Um fio de barba valia por todas as folhas corridas, carteiras de identidade e contratos com firmas reconhecidas.
Um indivíduo, possuidor de uma bela barba, podia fazer negócios até ficar de cara limpa. Isso não quer dizer, porém, que os imberbes não tivessem crédito. Em absoluto. Bastava-lhes jurar “Pelas barbas de meu avô!” em como cumpririam o prometido e o negócio era imediatamente selado.
Mas, pouco a pouco, as barbas foram perdendo prestígio. Cada um tratou de por as suas de molho. E com a invenção das modernas giletes as barbas perderam definitivamente o prestígio que desfrutaram durante tanto tempo.
Hoje de nada valem barbas, cabeleiras e bigodeiras pomposas. Ou as coisas se decidem no preto sobre branco ou nada é resolvido. Pois na época em que vivemos, não podemos, em absoluto, confiar em quem quer que seja. Devemos agir sempre como o gato da legenda e ficar de pé atrás, esperando a hora do salto da onça.
E se não podemos confiar em ninguém, de um modo geral, muito particularmente devemos desconfiar das pessoas que nos dão “a sua palavra de honra”. Elas provam, com isso, que todas as palavras que empregam usualmente são completamente desonradas.”



terça-feira, 29 de dezembro de 2020

UCHOU

Como bem disse meu amigo Scant, “na vida não há lucro real - todo mundo sai com menos do que carregava quando chegou, ou seja, nem o corpo se leva”. Esta frase nada tem a ver com o texto a seguir, mas resolvi aproveitá-la para embalar a encomenda mais difícil que já tive de entregar, pois não estou lucrando nada com ela. Pelo contrário. A encomenda é o tema deste post, duas vezes solicitado pelo Marreta.

 
AS PRELIMINARES
Como é ensinado nas aulas de educação sexual para alunos do jardim de infância, para que role um clima legal, toda sacanagem bem feita começa com preliminares. Pois é... Em 1970 o curso de Engenharia era o segundo mais procurado da UFMG, perdendo apenas para o de Medicina. Talvez isso provocasse alguma dor de corno em alguém, um despeito pelo eterno segundo lugar, despeito esse que talvez fosse adubado com o badalado "Show Medicina", realizado anualmente e "estrelado" pelos futuros doutores. Nessa história me sinto como o Zeca Pagodinho em relação ao caviar - "nunca vi, não comi, só ouço falar", mas lembro-me de ser essa badalação amadorística notícia de jornal, motivo talvez de inveja da direção da escola de Engenharia ou da turma do Diretório Acadêmico.

Só sei que alguém teve a ideia de fazer um "Show Engenharia", provavelmente para “marcar território”. Esforços e recursos não foram poupados (talvez não tenha sido bem assim...). O primeiro passo foi despachar um grupo de alunos para participar do Festival de Inverno de 1970 em Ouro Preto, como já contei aqui no blog. Pelos quadros posteriormente apresentados no Show, imagino que os alunos escolhidos foram matriculados nos cursos de  cinema, teatro e música.
 
O CÉREBRO POR TRÁS DA IDEIA
Em 1970, "Flávio" era um aluno do quarto  ou quinto ano, já nas bicas de se formar (para evitar possíveis constrangimentos, troquei seu nome verdadeiro para "Flávio"). Como logo descobri, era super simpático, sempre sorridente, elétrico e criativo, muito criativo. Falarei mais sobre ele ao longo deste texto. O que importa agora é saber que sempre tive a convicção de que o roteiro do show foi inteiramente bolado por ele. 
 
O ELENCO
Não consigo me lembrar de todos os alunos-atores que participaram desse show. Não sei também quem me chamou para fazer parte dessa roubada, dessa "ópera de malandros", só sei que eu estava lá, eu e mais uns dez a quinze idiotas. 
 
O DIRETOR
Um dia, no início de um dos poucos ensaios realizados, o Flávio apareceu com um diretor de teatro de BH, chamado Paulo Cesar Bicalho. Conversamos um pouco com ele, devemos ter recebido algumas dicas e só. Se a intenção era ter um profissional experiente para organizar a zona que viria, isso não vingou. Imagino que  ao perceber a canastrice dos atores e a indigência do roteiro deve ter pensado que o melhor era pular fora daquela canoinha furada. E a direção acabou sendo assumida pelo onipresente Fávio.
 
UCHOU!!!
Não me lembro de tudo (graças a Deus!), mas o show teve os seguintes quadros: exibição de um filme curtíssima metragem, o vestibular, o trote dos calouros, a feirinha, alguma coisa (não me lembro mais o que seria), apresentação de uma banda e o happening final (já viu, né?).
 
- O Filme
Imagino que tentaram fazer um "filme de arte", um curta metragem do tipo que é realizado com uma câmera na mão e uma ideia de jegue na cabeça. Era mudo e rodado em preto e branco. Apresentava uma "criança" só de fraldas, olhando para uma imensa e pesadíssima roda dentada. E tome close no olho (azul) da "criança" e tome close na engrenagem. Creio que o “bebê” tentava brincar com a roda e o filme terminava com a "criança" saltitante de alegria, talvez por ter descoberto que o sentido de sua vida era estudar engenharia (bom, essa é minha interpretação de filme tão profundo). Detalhe (mais que) constrangedor: o ator que fez o papel da criança só de fralda foi meu irmão. Numa boa, depois disso, eu, se fosse ele, nunca mais conseguiria ter um sono tranquilo. Dureza, não? 
 
- O Acesso ao Curso
Descalços e vestidos apenas com calça jeans (os homens) ou jeans/camiseta (as mulheres), um bando de idiotas deitados de bruços no chão e formando um círculo, arrastava-se fazendo caras e bocas  de sofrimento (indicativas do esforço feito para passar no vestibular) até chegar ao centro da roda, quando se levantavam com expressões de júbilo silencioso (não havia texto nem para grunhir), sinal claro da vitória de cada um.
 
- O Trote
Um bando de veteranos perseguia e pintava os calouros. Precisa dizer mais?
 
- A Feirinha
Era o quadro mais bizarro, pois envolvia música e "dança". Lembro-me nitidamente do Flávio explicando como seria: alguns atores vestidos com uma estrutura de madeira e tecido imitando uma barraca de feira de artesanato, movimentando-se e rodopiando como se estivessem na ala das baianas de uma escola de samba. A barraquinha provavelmente deveria ter alguma quinquilharia presa a ela. O importante era a musica. Em cima da melodia de uma música folclórica, o Flávio criou uma letra para que os malucos cantassem enquanto giravam como se estivem querendo receber um espírito (e pensar que essa gente conseguiu se formar!). A letra original era assim (não consegui descobrir um link para mostrar a melodia):
 
Bumba! Meu Boi, bumbá!
Cavalo marinho
Vem que vem dançando
Bem devagarinho
 
A letra criada pelo Flávio ficou assim:
Vamos, vamos comprar,
calouros carecas
vêm que vêm chegando 
roupas e cuecas
 
já vou dizendo que vão ter que comprar hoje
o escudinho da escola pra provar
que o calouro passou no vestibular
vamos, vamos comprar.

Brilhante!
 
- "Alguma Coisa"
Chamei de "alguma coisa" pois não me lembro mais o que rolou no show além do que já contei. Como  havia uma banda formada por alunos e (provavelmente) músicos convidados, imagino que deve ter acontecido um mini show de rock ou coisa parecida. Minha mulher diz que em algum momento eu me vesti de mago Merlin, tal como ele é retratado no desenho "A espada era a lei". Minha mente deve ter um bloqueio gigantesco em relação a isso, pois não consigo me lembrar de nada desse momento (só posso imaginar o ridículo da situação)
 
- O Happening
No final do show (o grand finale!) acontecia um happening, com os atores convidando (e puxando) a plateia para pular carnaval. E o show acabava. Creio que devem ter acontecido duas ou três apresentações desse maravilhoso espetáculo, provavelmente em um final de semana (sexta, sábado e domingo, sempre à noite). 
 
A COMEMORAÇÃO
Para comemorar o sucesso, o brilho e a qualidade de show tão magnífico, o Flávio resolveu dar uma festa a fantasia na república onde morava. Quis o Diabo que essa festa coincidisse com o aniversário de trinta anos de sua prima (uma senhora!), já casada e tal. A república estava instalada em uma casa velha no bairro Floresta, um dos mais antigos de BH. Cada um dos cômodos recebeu uma decoração diferente, de acordo com o tema escolhido. Só me lembro de que os muros do quintal da casa foram magnificamente pintados com coelhinhos e bichinhos fofinhos, pois o tema do quintal era "Jardim de infância". Foi assim que descobri que o Flávio tinha um talento absurdo para desenhar e pintar, pois os desenhos eram surpreendentemente bem feitos. Nos outros ambientes a temática já era adulta, mas não tive tempo de curtir a festa.

Quando eu e minha namorada chegamos, o portão foi aberto pela aluna em quem eu tinha dado trote no show. Ela virou-se para minha namorada e perguntou algo como "Posso dar um beijo nele?"). A reação foi um enérgico e enciumado "NÃO!". E a porteira: "Mas dou mesmo assim", beijando-me no rosto. Não mais que cinco minutos se passaram entre nossa chegada à festa e nossa saída.

Fiquei sabendo depois da esbórnia acontecida, com polícia pedindo para a festa acabar, problema que foi resolvido com uma carteirada dada por um dos moradores, ex-aluno do CPOR (vestido de árabe). Creio ter ouvido de meu irmão uma história pra lá de bizarra, de que o Flavio teria dormido primeiro com a prima e depois com o marido nos dois dias em que o casal ficou hospedado na república. Foi assim que fiquei sabendo que o Flávio era bissexual. Depois disso, viajou para o carnaval de Salvador com uma das "atrizes" (minha ex-colega do Grupamento B). Na volta, teria "admetido" em sua república um aluno recém-saído do armário e ex-colega de meu irmão. (este parágrafo-lixo está parecendo ter sido tirado de um programa do Nelson Rubens ou do Fofocalizando!).
 
O PÓS SHOW
Para não deixar que a chama criativa se apagasse (ou apenas pela vontade de queimar a rosca), foi criada uma revista de arte, tendo à frente o indefectível Flavio e mais alguns bichos-grilos da escola. O conteúdo era formado por poesias, desenhos "de maconheiro" e textos de realismo fantástico ou coisa parecida. Só me lembro do nome e do logotipo que depois foi transformado em um simpático bichinho com jeitão de capivara. A revista chamava-se "Engenharte" e o logotipo era formado por duas letras minúsculas, iniciais das palavras "Engenho" e "Arte", com o "e" ficando ligeiramente abaixo do "a", como se estivesse em outra linha, dando o efeito "capivara". Foram publicados alguns números e depois acabou. O Flávio, formou-se, nunca mais tivemos notícia sobre ele e ninguém nunca mais cogitou de fazer um novo Show Engenharia. 

domingo, 27 de dezembro de 2020

ILHA DESERTA

Hoje é domingo, 27 de dezembro, e o dia amanheceu irritantemente calmo e bonito. O céu está azul com nuvens brancas, amistosas e a temperatura está agradável. Mas isso não está combinando comigo, pois acordei com uma sensação de que nada vale a pena, de nada adianta ter a família que eu e minha mulher constituímos – quatro filhos, quatro filhas do coração e quatro netas lindas, lindas.
 
Não sei explicar, mas acordei triste, “melanchólico”, com desejo de dormir de novo e só acordar depois de um ano. Creio que deve ser depressão verdadeira, “das boas”, talvez provocada por um senso de inutilidade, de fragilidade, de incompetência, de impotência diante do que gostaria mas que não consigo mudar.
 
Uma vontade de estar em algum lugar longe de mim, em uma praia deserta com ondas moderadas, daquelas que fazem um barulho agradável ao quebrar, só para ficar olhando, olhando e olhando o vai e vem das ondas, o vai e vem da maré. Talvez assim eu me curasse da tristeza intersticial que marmorizou meu corpo e mente.
 
Os sumérios diziam “Pão e Cerveja” ao desejar saúde e prosperidade a alguém. São Francisco de Assis usava a expressão “Paz e Bem”. Nesta época conturbada, de tantos medos, ameaças e perdas, o que eu posso desejar a todas as pessoas é “Saúde e Vacina” para que possamos abraçar aqueles a quem amamos.
 
Aliás, esse deve ser o motivo do desalento. Um prepotente da república (desculpe, eu queria dizer presidente) preconceituoso, para demonstrar que não se sente pressionado pelo fato de outros países já terem começado a vacinar sua população contra a Covid-19, exibe sua ignorância e estupidez ao declarar que "Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso. É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo, você não pode aplicar qualquer coisa no povo", enquanto defende o uso de medicamentos de eficácia contestada por quem realmente entende do assunto, ou seja, cientistas, pesquisadores e médicos..
 
Enquanto isso, um governador sempre elegante viaja para o exterior quase ao mesmo tempo em que se divulga a informação de que a vacina defendida por ele talvez não tenha a eficácia que todos esperavam. Meu filho tentou me tranquilizar ao perguntar se conheço a eficácia das vacinas que já tomei contra influenza. E que a questão não se limita a qual será a eficácia dessa ou daquela vacina, mas quantas pessoas serão vacinadas. Conversei hoje com uma senhora que foi professora de minha mulher e que não sai de casa desde março deste ano. Disse ela que não se vacinará, pois já está tomando quatro doses diárias de ivermectina (prescrita por um sobrinho que é médico). Desejei boa sorte, boas festas e desliguei.
 
Esses comportamentos esquivos ou negacionistas lembram uma disputa sendo travada por dois contendores no ringue ou no octógono, dois gladiadores se enfrentando no Coliseu. Mas quem se desespera, quem apanha, quem morre, quem toma porrada são os espectadores. Alguém aí tem as coordenadas de alguma ilha deserta para me passar?


UM GALO CUBISTA

Este post é dedicado aos meus amigos virtuais Scant e Ozymandias Realista, fissurados em HQ e a Blue Hammer, cuja ajuda generosa tornou viável este post.  

Fui alfabetizado quando tinha sete anos, na base do beabá, juntando letras e formando sílabas. Como nasci em junho, isso deve ter acontecido no segundo semestre de 1957 ou primeiro de 1958. Que foi, assustou-se com o eco do rugido de algum dinossauro? Pois é...
 
Minhas primeiras leituras foram as revistinhas do Pato Donald e do Mickey. Lembro-me de que diziam que criança acostumada a ler gibi não se acostumaria a ler livros, uma prova de que existem pessoas que levam muito a sério seus preconceitos.
 
O fato é que eu adorava ler aquelas HQs e sempre procurava algum exemplar nas casas que visitávamos. Na casa de uma das irmãs de meu pai um dia encontrei um Mickey todo comido de cupim, impossível de ler. Fiquei na maior dor de corno e nunca descobri qual era a história devorada. Deixando as reminiscências um pouco de lado, descobri já mais velho que as histórias que mais me fascinaram pelo enredo, cenários e humor foram criadas pelo Carl Barks.
 
Uma das que mais fez minha cabeça é “Perdidos nos Andes”, em que Donald aparece como faxineiro ou auxiliar de museu. Ao espanar pequenos cubos de pedra trazidos do Peru, deixa cair um deles e descobre que aqueles cubos sem expressão eram na verdade ovos de alguma ave desconhecida. A descoberta alvoroça os sábios do museu e provoca uma expedição para encontrar o lugar de onde saíram aqueles inacreditáveis ovos. Durante a viagem de navio, o líder da expedição pede uma omelete. É muito engraçada a transmissão do pedido, pois cada um dos cientistas vai ordenando a seu subordinado imediato que providencie a omelete. E essas ordens em cascata chegam ao funcionário mais subalterno, justamente o Donald.
 
Ao tentar fazer a omelete descobre não haver ovos. Resolve então usar aqueles em forma de cubo. Faz a omelete, prova, vê que o sabor é horroroso mas mesmo assim a entrega a seu superior - que tira uma lasquinha antes de passar ao próximo escalão, que também prova um pedacinho, e isso vai até que todos os puxa-sacos tenham provado a omelete centenária. Todos passam mal e sobra para o pato e seus sobrinhos desvendar aquele mistério. A história é cheia de situações hilárias, mas o que me fez desejar relê-la é o desenho de um galo em forma de cubo, no momento em que “dá uma de galo”, ou seja, solta aquele cocoricó.
 
Tempos atrás, quando vi o desenho de um galo “cocoricando” feito por Pablo Picasso, a imagem do galo do Carl Barks surgiu na minha mente. Pois bem graças à extrema gentileza de “Blue Hammer”, um(a) dos leitores(as) do blog de meu amigo virtual Ozymandias, que pesquisou e publicou em seu artigo “Os quadrinhos Disney mudaram minha vida”, consegui a imagem do galo que eu buscava. Fiz uma montagem jotabélica (sinônimo de “tosca”) dos dois galos, que pode ser vista abaixo. A primeira versão mostra as imagens em seu formato original. Na segunda, só por diversão, estiquei o galo da HQ para ficar com o mesmo tamanho do galo do Picasso.
 
Há muito deixei de ler as histórias Disney. Aliás, depois que meu primeiro filho nasceu, precisei “crescer” e fui parando de ler e de comprar as revistinhas do pato e do rato, pois as mais recentes me pareciam muito infantis e sem graça, além de não curtir o traço da maioria dos desenhistas que continuaram a fazer essas histórias (mesmo que não saiba quem são). A mesma falta de paciência aconteceu com os super-heróis criados pelo Stan Lee, com o Fantasma, Mandrake e outros personagens que fizeram minha cabeça. Com o tempo, fui optando por ler HQs de humor tipo Fradim, do Henfil, Chiclete com Banana, do Angeli e qualquer coisa do Robert Crumb.

Hoje, estou mais ou menos como o cara que tentou pular uma cerca e ficou enganchado no arame farpado, ou seja, não tenho mais saco para desenhos hiper-realistas e enredos que fazem a HQ ser uma espécie de “banco de sangue encadernado”, como cantado na música tropicalista “Parque Industrial”. As HQs que leio hoje são as que eu mesmo imagino e publico no Blogson (e que são uma merda!). Para concluir, faço minhas as palavras de alguém que disse esta joia: “a realidade me basta”.







  

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

O MARAVILHOSO MUNDO DOS INSETOS - COISA DE LOCUST!

Esta série foi um espasmo ocorrido no início da pandemia de Covid-19. Naquele momento, o acontecimento que a motivou pareceu ser mais um sinal do fim dos tempos, uma coisa até meio bíblica. Mas só teve quatro episódios. Por isso, resolvi acrescentar mais uma charge à serie original, inspirada no comentário de meu amigo virtual Scant. Então, o “dezénho” tem coautoria. Além disso, o título desta compilação apresenta mais uma coautoria, pois utiliza um trocadilho safado de ruim (e, por isso mesmo, excelente) de outro amigo virtual, o inimitável imperador do blog “O Ex-Estranho”. Olhaí.














quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

POR QUE SERÁ?

 
Quando minha mulher criou para mim um perfil no facebook (ela é quem insistiu para eu cair nessa rede), fui super bem recebido pelas “amizades” que me arrumou. Fazia o maior sucesso com postagens antigas do Blogson, etc.
 
Com o passar do tempo isso foi mudando, pois fui exibindo meu temperamento “mercurial”. Comecei a notar uma discreta mas crescente redução do número de curtidas. Malhava a Dilma, o Lula, o Temer, sempre na base da "ironia" (pelo menos eu tento!). Aí o “intrépido” Jumentão foi eleito e me fazendo cada vez mais escandalizado com as provas de ignorância, preconceitos diversos, radicalismo no nível hard, maldade e burrice mesmo que foi exibindo.
 
Minha reação foi comentar com um pouco de aspereza todas as idiotices publicadas por seus seguidores mais apaixonados. Não contente com isso, passei eu mesmo a verificar se as postagens eram fake news ou bobagens insignificantes sempre acompanhadas da frase imbeciloide e infantil “isso a mídia não divulga”. As fake news ou meias verdades foram denunciadas sistematicamente.
 
Para encurtar, de tantas estocadas que dei por não aguentar mais ver e ler tanta babaquice macaqueada, o resultado foi ter cancelado a amizade de cinco pessoas e recusado algumas solicitações de novos amigos. Hoje, sinto-me uma espécie de proscrito, de pária da rede e  prova disso é que ninguém ou quase ninguém curte as excelentes piadas que recebo de meus filhos pelo zap, quase imediatamente postadas na rede.
 
Por que estou dizendo isso? Por nada, só mesmo para passar o tempo enquanto "espero" a publicação de mais uma série de dezénhos. A mais recente provocação foi esta (é nesse sado-masoquismo digital que encontro um pouco de diversão). Sou ou não sou o mala da internet?
 
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

PONTO, RETA, PLANO

Mais uma tentativa de explorar formas e elementos fundamentais. O título original desta minissérie de três posts é “Ô Cride, fala pra mãe!”, bordão utilizado pelo hilariante personagem Bronco Dinosauro, criação do falecido comediante Ronald Golias.


Como todo mundo sabe, o matemático grego Euclides da Cunha era multitalentoso, pois escreveu Os Sertões e até fez umas pontas na Escolinha do Golias. Mas o assunto que ele dominava mesmo é Geometria.  Como ninguém entendia merda nenhuma do que falava, teve de começar do zero, do ponto zero.
 
Ponto. (Do lat. Punctu.) S.m. Geom. Elemento com que se definem axiomaticamente as propriedades dum espaço.
Em Geometria um ponto é uma noção primitiva pela qual outros conceitos são definidos. Um ponto determina uma posição no espaço. Na Geometria, pontos não possuem volume, área, volume ou qualquer dimensão semelhante. Assim, um ponto é um objeto de dimensão 0 (zero).

 
 
Reta. (Fem. substantivado do adj.) S. f. Geom. Conceito fundamental da geometria, cuja posição se define univocamente por dois pontos; linha reta.
Na geometria euclidiana a reta é um conjunto infinito de pontos, linearmente ordenados. Um segmento de reta é uma parte finita da reta, cujos elementos definidores são dois pontos da reta e os que estão compreendidos entre eles. Linha que estabelece a mais curta distância entre dois pontos.

 
Bem, se você não gostou da frase do SUS, num esforço gigantesco para ser interativo, o Blogson sugere essas outras opções:
 
a- VÉSPERA DE FERIADO É FODA! OLHA SÓ COMO ESTÁ A FILA DESTA AGÊNCIA!

b- ESSE PESSOAL É LOUCO!  FILA DESSE JEITO SÓ PARA VER O SHOW DO(A)...?

c- EU TE FALEI PRA GENTE CHEGAR CEDO, PORRA!

d- CARACA! QUANDO EU PEGAR A SENHA PARA A ENTREVISTA DE EMPREGO JÁ ESTAREI APOSENTADO!

e- "OLHA, LÁ VAI PASSANDO A PROCISSÃO..."
 

 
Plano. (Do lat. Planu.) S.m. Geom. Superfície que contém inteiramente qualquer reta que une inteiramente dois de seus pontos.
Por três pontos não colineares passa um único plano.
 
Todo mundo prestou atenção? Vou repetir: três pontos não colineares definem um único plano. Que pode ser, por exemplo, um triângulo...


 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

OSPINGUIM - O TRIO

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sábado, 19 de dezembro de 2020

A KICK IN THE BALLS - A "REVISTA" (2/2)

 







 

Com o surgimento do coronavírus em 2020, “bolei” (vixe!) mais duas imagens. E são elas que fecham a versão "revista" da série "A Kick In The Balls", um verdadeiro chute no saco dos leitores, pois ninguém mais aguenta ver tanta bola. Nem o Neymar. 


 


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A KICK IN THE BALLS - A "REVISTA" (1/2)

 A série “A Kick In The Balls” apresentada agora em formato “revista” (várias "páginas" de uma vez) surgiu em 2018. Pode parecer coisa de gente doida, mas já disse que gosto de unir formas geométricas com diálogos que tentam reproduzir situações do cotidiano. Nesta série a pretensão era exercitar a criatividade e tentar fazer humor com bolas ou esferas.  E sabendo que “balls” é o equivalente vulgar em inglês para “saco”, procurei no Google a tradução mais próxima para “um chute no saco” (“a kick in the balls”), que se tornou o título definitivo. Para facilitar, dividi o arquivo em dois.






















 

 






quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

NEUROTIRAS - A REVISTA

Quem já acessou o blog mais que apenas uma ou duas vezes talvez já tenha percebido minhas tentativas de fazer humor com formas básicas, figuras geométricas e por aí. Um dos motivos óbvios é não saber desenhar de forma decente. Outra razão é tentar fazer um humor meio non sense com frases, situações e expressões do mundo real em um contexto alternativo, minimalista.
 
Isso normalmente resulta em séries de “não-desenhos” ligados pela mesma temática. Para mim, o melhor resultado já obtido foi com a série “Fiat Lux!”. Mas eu continuo tentando. O problema é que a inspiração e o “humor” tornaram-se cada vez menores - ou mínimos. Mesmo sabendo disso, mesmo que o “humor” seja do tipo infantil ou “adolescente”, resolvi cometer mais este deslize. Na prática, ainda que o resultado seja risível, horrível ou digno de pena, isso me diverte e ajuda a neutralizar um pouco a depressão instalada (é a idade, estúpido!).
 
Esta é mais uma das maluquices que às vezes imagino a partir de uma única piada. Dependendo do momento e do tema, a piada original vai provocando novas piadas, como se ocorresse uma divisão celular descontrolada. Aliás, duas células são as protagonistas desta série sem pé nem cabeça. Olhaí. 

 











Sinapse: região de proximidade entre a extremidade de um neurônio e uma célula vizinha, onde os impulsos nervosos são transformados em impulsos químicos em decorrência da presença de mediadores químicos. Os axônios apresentam diversas ramificações e, no final delas, são encontradas expansões chamadas de botões pré-sinápticos. Esse botão está separado da membrana do outro neurônio ou célula muscular através de um espaço que recebe o nome de fenda sináptica.




E com essa piada obscenamente ruim termina a série das Neurotiras

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...