Como já contei aqui no blog, um dia meu arqui
citado amigo Pintão não apareceu para trabalhar. Perguntei a seu filho o que tinha
acontecido e ele disse que o pai tivera um ligeiro piripaque cardíaco, mas que à
tarde ele iria trabalhar. Depois do almoço fui à sala do Pintão e a conversa
desandou um pouco, depois de me enfurecer ao saber que a causa do mal estar
estava relacionada a seu incurável tabagismo. Chamei meu amigo de idiota,
irresponsável, filho da puta e arrematei o esporro dizendo que ele não tinha caráter.
Depois, com a cabeça mais fria, voltei à sua sala e pedi desculpas por tentar
interferir em sua vida sem ter nada com isso. Sua resposta foi esclarecedora:
- “Eu tenho muito poucos prazeres hoje em dia e fumar é um deles. Não me importa viver um ano a mais ou a menos. É por isso que eu continuo a fumar, para ter um mínimo de qualidade de vida”.
Esta longa introdução serve para fazer uma
analogia com meu comportamento no Facebook. Hoje, coincidentemente, tenho a
mesma idade que tinha meu amigo quando resolvi puxar sua orelha. Também tenho
hoje muitos poucos prazeres e um deles – por mais paradoxal que seja – é fazer
comentários críticos ao que alguns "amigos" publicam nessa rede tóxica. Mas não me basta criticar ou comentar
alguma coisa, é preciso que o comentário fique o mais visível possível. As três
imagens a seguir são as mais recentes provocações que publiquei.
A primeira é uma alfinetada em quem atropela
as palavras sem se importar em “voltar
para socorrer os feridos”. A segunda foi inspirada no recentíssimo julgamento
do STF, pois os bolsonaristas cansaram de dizer que a Constituição seria
rasgada se fosse permitida a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado (claro, porque isso não era do interesse de seu mito). Enquanto
isso, muitos deles continuavam (e continuam) a pedir uma intervenção militar
para corrigir os desmandos do STF e do Congresso (uma de minhas "amigas" é dessa
turma).
As duas primeiras postagens foram recebidas
com um silêncio ensurdecedor, fazendo-me crer que estou invisível na rede. Com
a terceira frase a coisa foi diferente, pois alguns bolsonaristas regiram com
protestos ou emojis com carinha de raiva, etc. Por que contei tudo isso e
escrevi tanto? Para que no futuro eu mesmo (se ainda estiver vivo) consiga
entender o que motivou essas postagens no Facebook.
- “Eu tenho muito poucos prazeres hoje em dia e fumar é um deles. Não me importa viver um ano a mais ou a menos. É por isso que eu continuo a fumar, para ter um mínimo de qualidade de vida”.
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