sexta-feira, 18 de setembro de 2020

RESPEITO É BOM E EU GOSTO

Como sabem alguns blogueiros, há algum tempo o Blogger vinha “ameaçando” migrar todos os blogs para uma nova versão, mais simples, moderna ou o que quer que seja.  Como sou muito formalista em algumas situações, recusei-me a utilizar a nova versão no período de “degustação” e continuei me negando a utilizá-la quando foi definitivamente instalada.  Sempre utilizava a possibilidade de “reverter para a versão doada” ou coisa parecida.

Só que ontem essa mamata acabou, fazendo de mim um órfão da versão original. E eu fiquei putíssimo, pois a “ameaça” é que a mudança definitiva aconteceria “em setembro”. Só não imaginava que aconteceria na metade do mês! Quem está interessado na situação que acabei de relatar? Ninguém, obviamente. E eu que estava pensando em fazer mais um “post da trapaça” acabei ficando chocho, murcho, chateado. A ideia seria brincar com o título do 1950º post, dizendo qualquer bobagem a respeito do “nongentésimo”, que seria trocado para “nojentésimo”. Mas perdi o gás e esqueci o que queria dizer (sai pra lá, Alzheimer!).

Para não publicar apenas este desabafo, resolvi mudar radicalmente de direção, voltando-me para a gente ensolarada e alegre do Nordeste, mais especificamente para um sujeito nascido em Exu, Pernambuco. E o cabra que me fez pensar assim é Luiz Gonzaga.

O velho e bom Gonzagão - além de compositor fabuloso e cridor do baião - era provavelmente um gozador. Pelo menos é o que aparentava ser. Na música “Respeita Januário” há um trecho em que ele ironiza sua “sonfona” de cento e vinte baixos, colocando na boca de alguém de sua cidade natal uma fala muito legal. Talvez a autoria do “speech” seja também de Humberto Teixeira, o “Aldir Blanc” de Luiz Gonzaga, mas foi o Gonzagão com seu sotaque nordestino e jeito debochado que deu sabor especial ao texto falado.

Por tudo isso, pela migração do blog para a nova versão, pelo preço do arroz (agora acabou aquela expressão “arroz de festa”, ok?), pela falta de sono, pela falta de saco, pela abstinência de torresmo, resolvi transcrever a letra dos versos cantados e o comentário falado. Segura aí, juventude!

Quando eu voltei lá no sertão eu quis mangar de Januário com meu fole prateado.
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho como nêgo empariado
Mas antes de fazer bonito, de passagem por Granito, foram logo me dizendo
"De Taboca à Rancharia, de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior”
E foi aí que me falou meio zangado o véio Jacó:

Lui, respeita Januário, Lui, respeita Januário
Lui, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso e com ele ninguém vai, Lui,
Lui, respeita os oito baixo do teu pai
Respeita os oito baixo do teu pai

Eita, com seiscentos milhões, mas já se viu? Dispois que esse fio de Jinuário vortô do sul tem sido um arvoroço da peste lá pra banda de Novo Exu.
Todo mundo vai ver o diabo do nego. Eu também fui, mas não gostei.
O nego tá muito mudificado! Nem parece aquele mulequim que saiu daqui em 1930.
Era malero, bochudo, cabeça-de-papagaio, zambeta, feio pá peste.
Qual o quê! O nêgo agora tá gordo que parece um major!
É uma gasimira lascada, um dinheiro danado, enricou! Tá rico.
Pelos cálculos que eu fiz, ele deve possuir pra mais de dez contos de réis.
Sanfonona grande danada, 120 baixos. É muito baixo... Eu nem sei pra que tanto baixo! Porque, arreparando bem, ele só toca em dois.
Jinuário não, o fole de Jinuário tem 8 baixos, mas ele toca em todos oito.
Sabe de uma coisa? Luiz tá com muito cartaz, é um cartaz da peste, mas ele precisa respeitar os oito baixos do pai dele. E é por isso que eu canto assim

Lui, respeita Januário, Lui, respeita Januário
Lui, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso e com ele ninguém vai, Lui,
Lui, respeita os oito baixo do teu pai
Respeita os oito baixo do teu pai, respeita os oito baixo do teu pai!




2 comentários:

  1. essa mudanca é chata, mas a plataforma continua gratuita. entao ta valendo

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    1. Tem razão, mas, como disse, sou muito formalista em algumas coisas. Curiosamente, o visual para os leitores continua igual (creio) ao que era antes. Enfim, vamos lá. Acho que vou aproveitar e fazer um post rápido sobre isso. Segura aí que você talvez fique surpreso com o caso que vou contar.

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