Eu poderia fingir que este texto tem uma
simbologia especial, mas não há simbologia, apenas coincidência. Ele é o 1950º
post publicado no velho Blogson. Não sei nem estou interessado em saber como se
diz esse número ordinal em língua de gente – “milésimo bla bla bla”. Foda-se. Até porque 1.950 são os posts
remanescentes, pois excluí uns oito por problemas relacionados a direitos
autorais de imagens que achei na internet. Como contei antes, tomei o maior
susto ao abrir um post antigo e ele estava totalmente incompreensível, por ter
sido criado a partir de uma imagem que tinha sumido. Por isso, fica a dica: seu
blog pode até ser autoral, mas há coisas mais autorais que ele. Mas falei,
falei e até agora ninguém sabe da “coincidência”. Simples! 1950 é o ano em que
nasci (por mais obsceno que isso possa ser. Mais velho que eu só as pinturas
rupestres das cavernas de Lascaux - acho que ouvi alguém dizer “agora lascou!”).
É estranho ficar falando e repetindo essas
coisas, pois percebo que causo espanto em algumas pessoas quando elas se dão conta
de que quem escreve e dezénha um
monte de besteiras é um ancião. Talvez seja até um bom momento para mudar de nome. Posso talvez me auto-intitular tal como eu fazia com meu falecido amigo Pintão. Como ele era uns trinta anos mais velho que eu, mais ou menos o que ocorre hoje com meus leitores, passei a chamá-lo de Hans. Agora, em lugar de Jotabê, posso também me chamar de Hans. E se alguém perguntar (tal como meu amigo fez) por que "Hans", eu direi que é abreviatura de "Hanscião".
Mas, mesmo causando perplexidade pela idade provecta associada a algum complexo de Peter Pan, preciso dizer que sou um ogro, um ogro que escreve com luvas de pelica que, além de ocultar minhas impressões digitais, servem para fingir uma certa suavidade no trato. Alguém pode estar já cochilando de tanta chatice, mas duas coisas provocaram o desejo de escrever o 1950º post. O primeiro foi a síndrome causada quando fico sem postar nada. Por estar tentando manter o espaçamento de três dias entre um texto e outro, preciso trapacear um pouco para suportar a abstinência. Como já disse antes, sou um verdadeiro blogadicto.
Mas, mesmo causando perplexidade pela idade provecta associada a algum complexo de Peter Pan, preciso dizer que sou um ogro, um ogro que escreve com luvas de pelica que, além de ocultar minhas impressões digitais, servem para fingir uma certa suavidade no trato. Alguém pode estar já cochilando de tanta chatice, mas duas coisas provocaram o desejo de escrever o 1950º post. O primeiro foi a síndrome causada quando fico sem postar nada. Por estar tentando manter o espaçamento de três dias entre um texto e outro, preciso trapacear um pouco para suportar a abstinência. Como já disse antes, sou um verdadeiro blogadicto.
O segundo motivo, esse sim, é bacanérrimo.
Inexplicavelmente, inesperadamente, surpreendentemente (isso não ficou nada
bom!) o número de seguidores desta bagaça deu um salto. E, mesmo agradecendo de
joelhos, não sei a que ou a quem atribuir isso.
O circunspecto
e severíssimo Marreta do Azarão é meu seguidor quase desde o parto do
Blogson. Posso dizer sem nenhum grilo que se não fosse por seus frequentes comentários
eu já teria acabado com o blog. Aliás, vontade não faltou. Os novos leitores
não sabem (“esses moços, pobres moços,
ah, se soubessem o que eu sei”), mas o Blogson já morreu duas vezes – e de
morte matada! Graças à abstinência provocada pelo “assassinato”, aos incentivos
do Marreta e a um/uma leitor(a) inesquecível, o blog sempre ressuscitou (graças a
Deus, sem precisar fazer respiração boca a boca, pois além de ser coisa muito
nojenta, deixaria minha patroa muito puta com isso).
Apesar de estar divagando muito, quero dizer
que fiquei progressivamente mais feliz à medida que foram surgindo novos
seguidores. Se não me engano, o primeiro foi o mestre do xadrez Ozymandias
Realista, depois surgiu o gente finíssima Scant, dono de dois blogs, o discretíssimo
Rocket, e um poeta estranho que se diz Ex-estranho
(apesar de utilizar três identificadores diferentes). Esses jovens (para mim,
qualquer um com menos de 60 anos é jovem) surgiram direta ou indiretamente de
interações com o blog do Marreta. A partir daí eu perdi a noção de como outros
leitores foram se aproximando. Creio que a ordem seria esta: Marina, Larissa, Maju e Fábio. Como surgiram, como ficaram
sabendo do blog? Mistério, um mistério super bem vindo, prazeroso e...
preocupante.
Por que estou dizendo tudo isso? Porque sou um
sujeito mega ansioso, cheio de esquisitices, neuroses, que tem dificuldades reais de se
expressar de forma séria e que, por isso mesmo, usa e abusa dos parênteses,
ironia de quinta qualidade e utiliza o palavreado que pega por aí (enquanto ainda escuto
um pouco). Apesar disso, talvez por isso, sou extremamente agradecido por essa aproximação tão inesperada e tão
estimulante. E me pego pensando: De que esse pessoal gosta, o que os atraiu em
um blog criado em 2014 com o tema “o blog da solidão ampliada”?
Hoje sairia um post sobre o mico leão
dourado, mas resolvi deixar para amanhã, só para dizer que, graças a vocês todos, o
Blogson é hoje um “blog da solidão
decrescente”. Acho que é isso que gostaria de deixar registrado no 1950º
post. Pessoal, muito, muito obrigado, de coração. Se não houvesse a pandemia,
uma rodada de leite com Toddy (gelado, por favor!) seria por minha conta.
Três identificadores? Nem eu notei isso.
ResponderExcluirRespondendo sua pergunta, o que me faz ler o Blogson (mesmo em dias corridos e escorridos) é a leveza no assunto, os parêntesis longos e a qualidade da escrita. Mesmo quando é um assunto sem sentido ou sem valia, tu empolga o leitor e faz interessar.
Boa noite!
Rapaz, hoje eu terei realmente uma boa noite! Com relação à “leveza” da escrita, creio que é decorrente do fato de escrever exatamente como falo, uma fala cheia de pausas, hesitações, comentários paralelos e ironia (pelo menos eu tento!). Isso se traduz em um número absurdo de vírgulas e parênteses, coisa que os feras da literatura abominariam, mas eu não sou fera, sou apenas um gato vadio (e velho!). Creio que era o João Cabral que reescrevia e revisava incansavelmente seus textos para torná-los o mais enxutos e concisos possível. Eu já sou meio barroco, pois uso e abuso dos sinônimos encadeados, essas coisas. Creio que conta também o fato de realmente gostar de falar mal de mim mesmo (isso poupa o tempo dos críticos). Acho que é por aí. Quanto aos três indicadores, o comentário é uma gozação com você, pois só encho o saco daqueles por quem tenho simpatia. E você é um deles. Gosto muito do que escreve, seja poesia ou prosa e também dos comentários que faz em outros blogs (este não conta!), sinal de uma pessoa centrada e gente boa (e chega de puxar saco!). Quase me esqueci dos indicadores: Ex-Estranho, GRF e seu prenome
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