Meu amigo virtual e gente boa Scant fez um comentário no post anterior
que me estimulou a contar um caso rápido. Creio que quem mais gostará de
conhecer esta história é o também gente boa Ozymandias
Realista, outro amigo virtual. Bora lá.
Em 2001 meu filho mais velho e um amigo de
serviço resolveram criar um site que hospedaria blogs de amigos e parentes. Era
um projeto pessoal, não lucrativo e, detalhe importantíssimo: foi o primeiro
sistema brasileiro de publicação e hospedagem de blogs! Quem desejava
publicar alguma coisa, entrava no site, criava um blog e começava a postar. Meu
filho comentou que tinha um sujeito que era engraçadíssimo, com textos geniais.
O movimento foi aumentando, aumentando, os
acessos foram crescendo, pois os blogs estavam se popularizando na época. Esse
aumento cada vez mais expressivo começou a inviabilizar a ideia. Encontrei este
texto na internet, falando sobre esse site: “O
projeto logo tomou proporções maiores, mas devido ao aumento de blogs
hospedados, manter o servidor se tornou muito caro para um serviço que era
gratuito e não gerava receita”.
“Um projeto que poderia ter dado MUITO certo
se tivesse recebido investimento na época, como é feito hoje em dia. Vale
lembrar que foi o primeiro serviço brasileiro de hospedagem com sistema
próprio. Desenvolvido pelos criadores. Imagina se a parada tivesse dado certo?
Quem sabe não teríamos o nosso próprio WordPress brasileiro?”
O nome desse site era “Desembucha.com”. Como não tinham nenhum patrocinador e estavam
pagando uma grana crescente para manter um site hospedeiro gratuito, acabaram
por abandonar a ideia. Algum tempo depois alguém registrou o ótimo nome que
tinham bolado.
E esta é a resposta ao comentário de meu
amigo Scant. Uma coisa é certa: se um dia decretarem que será cobrada alguma
taxa, qualquer taxa, de qualquer valor para que o Blogson continue a navegar
sua irrelevância pela internet, esse será o dia do Ragnarok do blog da solidão
ampliada. A outra hipótese – várias vezes abordada aqui – será a demência e/ou morte
do blogueiro. Mas essa já é outra história.
quando presente se torna passado começa a ter significado
ResponderExcluirum desses 'e se...' da vida q poderiam ter mudado tudo
Pois é. Ela tinha apenas 24 anos quando criaram o Desembucha. Talvez faltasse a eles aquele espírito de predador dos empresários de sucesso ou tempo para buscar parcerias, essas coisas.
ExcluirCorreção "Ela", não. Ele.
ExcluirQue história do caralho, Jotabê. E você não tinha um blog naquela época, não?
ExcluirEle poderia estar milionário a esta altura. Mas milionário às custas de ter um espírito predador? Nunca achei que compensasse. Tenho certeza de que ele está melhor como está hoje.
Legal que tenha gostado. Mas vou te dizer que até 2014, ano da criação do Blogson, eu não sabia nem tinha interesse em descobrir o significado de "blog". Sei que ele me falou do site, mas eu não estava nem aí. Internet era uma coisa que estava além do meu horizonte.
ExcluirTínhamos computador em casa, mas eu não chegava perto nem para tirar a poeira. Eu era 99% analógico. A única coisa que eu sabia fazer era mexer (mal) com Excel, pois o trabalho me obrigava a isso. Nem e-mail eu tinha.
Quando eu disse "predador" eu me referi à gana que as pessoas empreendedoras têm para prosperar. Para elas não existe tempo ruim. Creio que ele tinha acabado de sair da faculdade. Apesar do amor absoluto, sem medidas que eu e minha mulher sempre devotamos aos "meninos", eles foram vítimas de uma educação bastante castradora e repressiva (repetindo um pouco a nossa própria história).
ExcluirMesmo sem saber seu QI, tenho a certeza de que ele está próximo de gênio, tão brilhante e multitalentoso é. E se está melhor ou pior, não tenho como avaliar. Sei que está sempre na dele, não bebe não fuma nem usa drogas ilícitas e é fã da saga Star Wars (já foi a São Paulo para assistir a pré-estreia de um dos filmes no Brasil). Por isso é que eu sempre digo que nunca fui pai de nossos filhos, apenas fã, apenas presidente do fã-clube. E quando eu quis ser pai foi uma tragédia.
Seu comentário vai provocar uma mudança na programação do blog. Vou deslocar para hoje um texto que escrevi em agosto e que tinha programado para sair só em outubro. Ele é citado apenas “en passant”, mas mostra que o divertido e sem noção Jotabê não passa de um ogro agressivo que se oculta atrás de um velhote inofensivo de novela das seis.
Se por educação castradora e repressiva, você está a dizer limites e valores, eu também fui "vítima" de uma e procuro transmiti-la ao meu filho. Nunca bati nele, mas trago ele meio que na linha dura quanto às suas mínimas obrigações. Brinco muito com ele; tenho mais tempo que o meu pai tinha quando eu tinha a idade do meu filho.
ExcluirE o "ogro" que você diz ter sido talvez não esteja se ocultando atrás de um velhote sem noção, talvez tenha aprendido, talvez tenha tido o tempo para repensar, talvez tenha mesmo se transformado num velhinho de novela das seis. ãlgum arrependimento, algum remorso, todos temos. Não dá pra viver duas vezes, só viver diferente o tempo que nos resta.
Vou aguardar o texto.