sábado, 30 de novembro de 2019

BRIGHT STAR - JOHN KEATS


Recentemente um dos canais de TV por assinatura exibiu o filme “Brilho de uma Paixão”, cujo enredo mostra os últimos anos de vida do poeta inglês John Keats (1795-1821) e seu romance com Fanny Brawne. O título original do filme – “Bright Star” – é também o de um soneto inspirado nessa paixão. Pelo que descobri, John Keats é considerado o último dos poetas românticos ingleses. Morreu de tuberculose na Itália, para onde viajara em busca de um clima mais ameno e saudável. Tinha apenas 25 anos (parece que essa era sina de alguns intelectuais daquele tempo).

O final do filme mostra a musa do poeta murmurando esse soneto enquanto anda solitária por um descampado. Bem bacana. E como não conhecia nada da obra de John Keats, resolvi buscar na internet o poema. Além do original em inglês, encontrei quatro traduções, mas três não me agradaram. Como não tenho vergonha na cara, resolvi fazer minha própria versão, mesmo sem saber porra nenhuma de inglês. Chamei meu amigo Google Tradutor para dar o pontapé inicial. De olho no "jogo" dos quatro “adversários” e nas dicas do Google, obrei esta joia literária. Na sequência, a versão de que mais gostei.


Versão Jotabê
Estrela brilhante, fosse eu inabalável como tu és –
Não em solitário esplendor suspenso na noite
Mas a contemplar, com pálpebras eternamente abertas,
Como um eremita da natureza, insone e paciente,

As águas em movimento em seu sacerdotal afã
De purificação dos humanos litorais,
Ou contemplando a nova máscara
De neve sobre as montanhas e pântanos

Não – ainda assim firme, imutável,
Aninhado no peito amadurecido do meu amor,
Para sentir para sempre sua suave agitação,

Eternamente despertar em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir sua terna e calma respiração,
E assim viva para sempre – ou desfaleça até a morte.



Versão de Alex Raymundo
Estrela brilhante, fosse eu como tu és constante -
Não em solitário esplendor no alto do céu pendurado
E com as eternas pálpebras abertas vigilante,
Como um eremita da natureza paciente e acordado,

As águas movendo-se em sua tarefa sacerdotal
De pura ablução nas praias da terra inteira
Ou observar a máscara virginal
da neve sobre cada charneca e cordilheira -

Não - apesar de ainda constante, imutável ainda,
Acomodado sobre o seio maduro da minha amada linda,
Sentir para sempre seu suave subir e descer,

Despertar para sempre em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir seu delicado ofego,
E viver para sempre - ou então na morte desfalecer.


Original de John Keats
Bright star, would I were steadfast as thou art—
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like Nature's patient, sleepless Eremite,

The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors—

No—yet still steadfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,

Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever—or else swoon to death.



sexta-feira, 29 de novembro de 2019

VAI QUE COLA


Há um programa de humor meio pastelão, desbocado e muito engraçado que, se não me engano, passava (ou ainda passa) no canal Multishow. Mostra o dia a dia das pessoas que gravitam em torno de uma pensão familiar no Méier.

Embora nunca seja dito o nome de forma explícita, a dona da pensão utiliza maconha como um dos temperos da comida que prepara ("vou ali na horta pegar umas folhinhas" ou coisa parecida. E volta mais alegrinha que pinto no lixo).

Como é exibido em canal a cabo, a linguagem é mais livre. O bordão da filha da dona da pensão, por exemplo, é “Que porra é essa?”. Por ser gravado ao vivo, às vezes os atores erram as falas, entram na hora errada e o resultado final é uma zona muito engraçada.

O único funcionário da pensão é um gay que se recusa a ser tratado como porteiro. Por isso, se auto-define como “concierge”. Às vezes aparece com uma peruca horrorosa e declara seu espanto ou aprovação a alguma situação ou pessoa exclamando de forma afetadíssima -“VIAADO!!!” 

Lembrando-me de sua "peruca juba" e da exclamação, surgiu na minha cabeça esta ideia maluca:



quinta-feira, 28 de novembro de 2019

BLOGSON NO FUMEIRO


Imagino que todo mundo conhece alguém que está sempre mudando a disposição dos móveis de sua casa, pelo simples motivo de ter-se cansado do layout anterior. Se a grana estiver sobrando, resolve reformar o banheiro ou pintar a casa ou comprar novo jogo de sofá. Enfim, nunca está plenamente satisfeita com o lugar onde vive.

Eu não tenho essa inquietação “decorativa”, mas...mas em relação ao Blogson, estou sempre agindo de forma semelhante. Vira e mexe resolvo fazer alguma intervenção – que pode ser desde decidir matar o blog (já o “matei” duas vezes), criar novo blog (já criei dois) ou corrigir, alterar, mudar a data dos posts já publicados e todo tipo de maluquice que me ocorrer.

A mais recente é a decisão de fundir definitivamente o Blogson Crusoe com o Lingüiça no Fumeiro. Alguém mais normal, mais ajuizado poderia perguntar para que essa idiotice. A explicação mais lógica (lógica de gente doida, claro) é que eu resolvi guardar no Blogson tudo o que eu publiquei no Lingüiça. Para isso, resolvi transpor os textos que não tinham sido postados no Blogson, mas mantendo a data original de sua publicação no Lingüiça. Essa maluquice é finalizada com a revisão e adaptação desses posts. Por isso, caso alguém se interesse em (re)ler essas “velhidades”, os links são estes:















quarta-feira, 27 de novembro de 2019

CAFÉ GOURMET


Lendo "21 Lições para o Século 21", livro do israelense Yuval Noah Harari, encontrei uma informação surpreendente e até perturbadora. Tão inesperada que não resisti à tentação de transcrevê-na neste blog de Terceiro Mundo. Antes, preciso fazer uma declaração: Yuval, você escreve bem demais! Dito isso, vamos ao trecho que fez meu queixo cair:

"Atualmente judeus ultraortodoxos banem imagens de mulheres da esfera pública. Outdoors e anúncios dirigidos a judeus ultraortodoxos exibem apenas homens e meninos - nunca mulheres e meninas.

Em 2011 um escândalo irrompeu quando um jornal ultraortodoxo do Brooklyn, Di Tzeitung, publicou uma foto de membros do governo norte-americano assistindo à captura de Osama bin Laden - mas apagou digitalmente todas as mulheres da foto, incluindo a secretária de Estado Hillary Clinton. O jornal explicou que fora obrigado a fazer isso devido às “leis de recato” judaicas. Escândalo semelhante aconteceu quando o jornal HaMevasser removeu Angela Merkel da fotografia de uma manifestação contra o massacre do jornal francês Charlie Hebdo, O editor de um terceiro jornal ultraortodoxo, Hamodia, defendeu essa política explicando: "Estamos fundamentados em milhares de anos de tradição judaica"

Em nenhum lugar a proibição de olhar para mulheres é mais rigorosa do que numa sinagoga. Nas sinagogas ortodoxas as mulheres são cuidadosamente segregadas dos homens, e têm de se ocultar atrás de uma cortina, de modo que nenhum homem veja acidentalmente o vulto de urna mulher enquanto ele pronuncia suas preces ou lê as escrituras. Embora isso se baseie em milhares de anos de tradição judaica e em leis divinas imutáveis, como explicar o fato de que quando arqueólogos escavaram em Israel sinagogas antigas do tempo da Mishná e do Talmude não encontraram sinal de segregação de gênero, e em vez disso descobriram belos chãos de mosaico e pinturas em paredes que retratam mulheres, algumas delas bem pouco vestidas? Os sábios que escreveram a Mishná e o Talmude oravam e estudavam regularmente nessas sinagogas, porém os atuais judeus ortodoxos as considerariam blasfemas profanações de antigas tradições".


E eu achando que nos dias de hoje só a religião islâmica faz essa separação! Outrra coisa que me espantou foi a remoção digital da Angela Merkel, “para que sua imagem não despertasse quaisquer pensamentos libidinosos nas mentes de leitores religiosos”. Com todo respeito, se a chanceler alemã conseguir despertar pensamentos libidinosos em judeus ortodoxos, fico imaginando o que um varal de roupas femininas esvoaçantes não provocará! Mas o tema de hoje não é este. O papo é sobre fundamentalismo e radicalismo.

Já disse e reafirmo que tenho pelas ideias, comportamentos e pessoas fundamentalistas apenas os sentimentos de pena, surpresa, raiva ou desprezo. Nunca nenhum tipo de identificação ou aprovação. Um episódio que reuniu em mim todos esses sentimentos foi o “- Bom dia, presidente Lula!” que um bando de malucos acampados no entorno da carceragem onde estava o ex-presidente gritava todas as manhãs. Se eu fosse o Lula, responderia de volta: “- Vão gritar na puta que o pariu, pois eu quero dormir!”

Mas um episódio recente, acontecido com uma pessoa muito próxima, me fez realmente ficar estarrecido – e consternado. Estávamos conversando sobre o FestCafé - International Coffee Meeting, evento de negócios que aconteceu em Beagá, quando uma moça delicadíssima disse que tinha ajudado a puxar uma vaia dirigida ao barista vencedor de um mini torneio do evento - não por ter ganho sem merecer, mas por ser bolsonarista(!!!). Não contente com isso, comentou não mais comprar café em uma loja especializada em cafés gourmet, pelo simples fato de o dono também ser bolsonarista. Ouvindo essas sandices, fiquei pensando: o que o cu tem a ver com as calças?

Que mundo estranho esse em que estamos vivendo, onde pessoas deixam de satisfazer seus desejos ou terminam amizades por culpa de visões ideológicas ou religiosas radicais, preconceituosas ou obscurantistas, atitudes tão equivocadas quanto a recusa em permitir transfusões de sangue ou aplicação de vacinas. Com essa história da compra do café gourmet, descobri que há "testemunhasdejeová" ideológicas. E isso é muito medieval para meu gosto!


terça-feira, 26 de novembro de 2019

É, DARWIN, A COISA ESTÁ FEIA!


Imagino que muitas pessoas viciadas em drogas talvez maldigam ter-se tornado dependentes. Mesmo assim, continuam usuárias. Eu me alegro por não beber (parei em 2014), não fumar (parei em 1980) nem cheirar, pois, se tivesse encontrado prazer nesses vícios,  certamente eu estaria no fundo do poço. E digo isso por ser mega ansioso e ter comportamento obsessivo-compulsivo. Mas nem tudo é perfeito, pois fui apresentado às redes sociais. Melhor dizendo, aplicaram-me o Facebook e eu me viciei. O resultado é que embora odeie a maioria das coisas postadas por meus "amigos" no brinquedinho do Zuckerberg, não consigo deixar de comentar, criticar ou ironizar as bobagens e sandices publicadas. Nem cancelar ou excluir meu perfil.

Em post recente, comentei ter parado de "seguir" muitos de meus 147 "amigos de facebook". Isso teve um efeito benéfico na minha ira quase permanente. Mas hoje resolvi radicalizar mais um pouco: fiz novo levantamento para saber quantos desses amigos são efetivamente relevantes para mim. E a contagem apontou um grupo de não mais que 30 pessoas. Pensem bem, se eu excluísse ou fosse excluído por 117 "amigos", isso não mudaria minha vida em nada. E não deixa de ser engraçado notar que silenciei alguns desses 30.

Mesmo assim, continuo a me enfurecer ou me decepcionar diariamente. Para isso, basta visualizar o que os silenciados estão postando.E tudo continua igual: o pessoal de esquerda a execrar o Messias e a venerar seu deus de nove dedos. E vice-versa! Recentemente fui a uma festinha de aniversário e tive a oportunidade de ouvir um inflamado petista dizer que não tem problema se o "presidente Lula" for culpado, mas "quer ver os recibos" da corrupção. Só faltou pedir firma reconhecida! 

Já os bolsonaristas são especialistas em chamar a Globo de "Globolixo" (provavelmente preferem as "sessões de cura" dos telepastores) e em construir frases do tipo "Essas noticias que poderiam estar circulando, e ser matéria de capa em todos os jornais não estão e sabemos o motivo", como se qualquer irrelevância merecesse ser estampada na primeira página de jornal ou em capa de revistas. Enfim, há uma disputa permanente para ver quem é mais risível, idiota e radical.

Mas dureza mesmo são as "notícias" publicadas sabe lá Deus onde. O ponto em comum é o fato de não serem divulgadas na grande mídia. Creio que o melhor veneno que as pessoas engolem sem pestanejar não chega pela TV, mas pelas redes sociais. Eu fico pasmo e horrorizado com o nível de crendice exibido no Facebook. Basta um layout bem transado, uma cara de notícia séria e pimba!, alguém foi fisgado. Isso me faz admirar a trajetória da humanidade até aqui. Pensem bem, se a seleção natural foi lapidando a espécie humana durante 300.000 anos e se somos hoje o resultado que as redes sociais exibem, fico assustado ao pensar no que foi descartado pelo caminho!

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O VELHO E A MADRUGADA - A MARRETA DO AZARÃO

Meu amigo virtual Marreta produziu um belo e inspirado texto, mas pisou no tomate ao associá-lo à sua série "É a Podridão, Meu Velho". Pior ainda, não deu nenhum título ao vigésimo post dessa série. Não sei como classificá-lo, pois é basicamente um diálogo. Pelo lirismo das frases, entretanto, poderia dizer que é um poema. Ou seria uma crônica? Não importa, pois gostei tanto que, mesmo sem autorização e prévio conhecimento do autor, resolvi publicá-lo com um título decente no velho Blogson. Olhaí.

- O que procuras, velho?
Me pergunta a Madrugada,
Me tirando do semissono,
Do cochilar na cadeira em minha sacada,
Quase me fazendo derrubar a caneca de cerveja.
- Procuro ver uma estrela cadente, há tempos que não vejo tais vagalumes siderais.
- Mentira, velho!
Diz a Madrugada.
- Procuro por inspiração, ideias para um novo texto, um novo conto, um novo poema... para mudar de profissão.
- Mentira, velho!
- Procuro a tranquilidade e a clareza da falta de luz, o ronronar dos decibéis, o trânsito sem buzinas e semáforos dos gatos vadios.
- Mentira, velho!
- O que procuro, me dizes, pois?
- Não procuras por cometas, por ovnis, por embriões de livros, por novos rumos nem pelo sorriso dos gatos de Alice.
- Procuro pelo quê, então, já que és tão sábia e cheia de si?
- Procuras, velho, por uma nova paixão!
- E se for? E caso seja?
- Vá dormir, velho! Não perca o seu tempo, que é tão pouco; nem o meu, que é infinito.



domingo, 24 de novembro de 2019

EVOLUÇÃO


Nasci pobre, não tive berço de ouro
- Nem sei se berço tive
Cresci com medo, isolado, acuado.

Isso explicaria meu olhar assustado
Meu sorriso tímido e constrangido
Em raras fotografias amarelecidas.

Por inseguro, tentei esconder
Minha origem humilde e meu medo
Congênito, congelante, primal

De nada adiantou,
De nada adiantou...
Nunca adiantou!

Meus gestos não são contidos nem educados
Não há nobreza ou elegância nas atitudes
Meu comportamento merece reparos.

Não tenho boas maneiras à mesa
Atropelo as regras de etiqueta
Não sei usar faca para peixe.

Minha linguagem não é culta
Escarro ironia e vomito sarcasmo
Em minhas discordâncias verbais e nominais


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

OLHA A ONDA, OLHA A ONDA

Este post é remotamente inspirado no (ou provocado pelo) texto “A Bíblia é a nova enciclopédia barsa”, publicado no implacável blog "A Marreta do Azarão"


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

JURISPRUDÊNCIA


Em vez de ficar tentando definir o que é inteligência, use uma imagem como esta e você já terá resolvido o problema (babei de inveja!). Olhaí:




LORPAS E SACRIPANTAS - LUIS FERNANDO VERISSIMO

No post anterior a este eu publiquei um texto muito engraçado, equivocadamente atribuído a Luis Fernando Verissimo. Desta vez, entretanto, a coisa muda de figura: minha mulher compartilhou no Facebook um texto do gaúcho originalmente publicado n'O Globo, com o selo de qualidade que toda a sua obra possui. Eu sempre digo que ele e o Millôr fazem parte da santíssima trindade do humor brasileiro. O filho do Érico é fera demais! Por isso, que me perdoem "O Globo" e o Veríssimo, mas não resisti. Copiei o texto compartilhado para guardá-lo no blog, lugar onde ninguém mexe (e quase ninguém vê). Isto sim é texto de qualidade! Olhaí.


Bolsonaro e Lula se xingaram de “canalha” mais de uma vez nos últimos dias. O que sugere que teremos um conflito verbal entre os dois no mínimo repetitivo. Para ajudá-los a fugir do lugar-comum e para poupar nossos ouvidos de insultos recíprocos e reincidentes, me senti na obrigação de tentar enriquecer o debate.

Para começar, fiz uma lista de termos que devem seguir “canalha” para a lata do lixo. São insultos comuns como “burro”, “idiota”, “babaca”, “imbecil”, “filho de uma égua”, “jumento”, “besta”, “besta quadrada”, “feioso”, “cretino”, “cagão”, “asno”, “asnático”, “débil mental”, “patife” e outros.

Existem insultos pouco usados que podem ser resgatados da obscuridade, com a vantagem adicional de revelarem para a população a beleza escondida da língua de Camões e Alexandre Frota. Imagine Bolsonaro e Lula se tratando não de “palerma”, mas de “cacóstomo” (pessoa com má articulação). Ou de “biltre” (vil, abjeto), em vez do corriqueiro “bobalhão”.

As alternativas são infinitas. E podem ser introduzidas em qualquer ponto do bate-boca. Por exemplo:
“Estafermo” (sem préstimo, em vez de inútil).
“Sacripanta” (pessoa desprezível).
“Energúmeno” (endoidado, possesso).
“Enxacoco” (pessoa com dificuldade para falar outra língua).
“Farola” (contador de vantagens).
“Obnóxio” (pessoa que aceita desaforo e, presumivelmente, o leva para casa).
“Dendroclasta” (destruidor de árvores, adjetivo que Lula poderia usar contra Bolsonaro se o assunto fosse o desmatamento na Amazônia).
“Bonifrate” (fantoche, boneco manipulável, servil).
 “Lorpa” (grosseiro, boçal).
“Alimária” (animal de carga).

Ouviríamos, em vez do batido “canalha”, Bolsonaro chamando Lula de um enxacoco estafermo e Lula chamando Bolsonaro de farola bonifrate, o que não resolveria nenhum problema nacional, mas pelo menos melhoraria o nível do discurso público no país. Sonhemos.



segunda-feira, 18 de novembro de 2019

DEPILAÇÃO - AUTOR DESCONHECIDO


Parece que os advogados (tudo bem, “J”?) consideram a prova testemunhal a “prostituta das provas”, justamente por estar sujeita a equívocos, erros e, até mesmo, má fé. Eu tenho a mesma impressão em relação à internet - que considero a “prostituta da literatura”, graças à frequente “colagem” de textos apócrifos a autores consagrados. Estou dizendo isso por ter recebido um texto engraçadíssimo de autoria do Luis Fernando Verissimo. Só que não! Ou melhor, não é ele o autor do texto, não pode ser ele.

Mesmo não sendo crítico literário nem especialista na obra do gaúcho, percebi que o texto não seria de sua autoria, por dois motivos: o Veríssimo é muito mais sutil e elegante no que escreve. Além disso, não consigo imaginar um dos três maiores autores de humor do Brasil usando expressões vulgares como “lava xereca” ou “cowboy cagado”. Sem contar pequenas agressões à língua portuguesa. Mesmo assim, resolvi postar o texto de autor desconhecido justamente por ter rido pra caramba. Mas fica a pergunta: é do Veríssimo? Não é do Veríssimo?. Cartas para a redação. Olhaí:


Estava eu assistindo TV numa tarde de Domingo, naquele horário em que não se pode inventar nada o que fazer, pois no outro dia é segunda-feira, quando minha mulher deitou-se do meu lado e ficou brincando com minhas 'partes'. Após alguns minutos ela veio com a 'brilhante' ideia: - Por que não depilamos seus ovinhos, assim eu poderia fazer 'outras coisas' com eles. Aquela frase foi igual um sino na minha cabeça. Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam 'outras coisas'. - Respondi que não, que doeria coisa e tal, mas ela veio com argumentos sobre as novas técnicas de depilação e eu, imaginando as 'outras coisas', não tive mais como negar. Concordei. Ela me pediu que ficasse pelado enquanto buscaria os equipamentos necessários para tal feito. Fiquei olhando para TV, porém minha mente estava vagando pelas novas sensações que só despertei quando ouvi o beep do micro-ondas. Ela voltou ao quarto com um pote de cera, uma espátula e alguns pedaços de plástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de 'dona da situação' que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se como residente. Fiquei tranquilo e autorizei o restante do processo. Pediu para que eu ficasse numa posição de quase frango-assado e liberasse o acesso à zona do agrião. Pegou meus ovinhos como quem pega duas bolinhas de porcelana e começou a passar cera morna. Achei aquela sensação maravilhosa!O Sr. Pinto já estava todo 'pimpão' como quem diz: 'sou o próximo da fila'! Pelo início, fiquei imaginando quais seriam as 'outras coisas' que viriam. Após estar completamente besuntados de cera, ela embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que iria levá-los para viagem. Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica de prazer: na Tailândia, na China ou pela Internet mesmo?Porém, alguns segundos depois ela esticou o saquinho para um lado e deu um puxão repentino. Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro PUUUUTA QUEEEE ME PARIUUUUUUU quase falado letra por letra. Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado. Ela disse que ainda restavam alguns pelinhos, e que precisava passar de novo. Respondi prontamente: - Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade!! Segurei o Dr. Esquerdo e o Dr. Direito com as duas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção, e fui para o banheiro. Sentia o coração bater nos ovos. Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molhei o saco antes de molhar a cabeça. Passei alguns minutos só deixando a água gelada escorrer pelo meu corpo. Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinho novo: faz merda atrás de merda. Peguei meu gel pós-barba com camomila 'que acalma a pele', enchi as mãos e passei nos ovos. Foi como se estivesse passado molho de pimenta. Sentei no bidê na posição de 'lava xereca' e deixei o chuveirinho acalmar os Drs. Peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10° rodada. Olhei para meu pinto. Ele, coitado, tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno que mais parecia irmão gêmeo de meu umbigo. Nesse momento minha mulher bate à porta do banheiro e pergunta se estava passando bem. Aquela voz antes tão aveludada e sedutora ficou igual uma gralha. Saí do banheiro e voltei para o quarto. Ela estava argumentando que os pentelhos tinham saído pelas raízes, que demorariam voltar a nascer. 'Pela espessura da pele do meu saco, aqui não nasce nem penugem, meus ovos vão ficar que nem os das codornas', respondi. Ela pediu para olhar como estavam. Eu falei para olhar a meio metro de distância e sem tocar em nada e se ficar rindo vai entrar na PORRADA!! Vesti a camiseta e fui dormir (somente de camiseta). Naquele momento sexo para mim, nem para perpetuar a espécie humana. No outro dia pela manhã fui me arrumar para ir trabalhar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros. Foi estranho sentir o vento bater em lugares nunca antes visitados. Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo e nada. Vesti a calça mais folgada que achei no armário e fui trabalhar sem cueca mesmo. Entrei na minha seção andando igual um cowboy cagado. Falei bom dia para todos, mas sem olhar nos olhos. E passei o dia inteiro trabalhando em pé com receio de encostar os tomates maduros em qualquer superfície. Resultado, certas coisas devem ser feitas somente pelas mulheres. Não adianta tentar misturar os universos masculino e feminino. Ainda dói.

OLHA A LEI ROUANET AÍ, GENTE! (É O SHOW DA FÉ)

Depois que o deputado Vavá Martins (cujo partido é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus) apresentou no Congresso uma proposta que permite usar a Lei Rouanet para financiar eventos promovidos por igrejas, eu comecei a ter pesadelos sem precisar dormir.  Catso, o país é laico! Pensei em escrever alguma coisa sobre isso, mas meu amigo virtual Marreta foi mais rápido no gatilho e produziu um ótimo post sobre o mesmo assunto. 

Por isso, como eu ainda  estava cheio da "mais santa ira", resolvi comentar sobre uma notícia que um amigo de facebook compartilhou. É daquelas notícias que lembram cometas, pois às vezes ressurgem depois de longo tempo. Eu já tinha ouvido falar sobre isso, mas resolvi dar uma pesquisada na internet e descobri que foi a revista americana Forbes (prestígio internacional!) a autora de um ranking da grana dos mais importantes telepastores do Brasil. E a (des)classificação é a seguinte:

- Edir Mais Cedo, da Igreja Universal do Reino de Deus: R$ 2 bilhões (isso prova que Deus ajuda a quem cedo madruga);
Valdemiro Santiago, antigo brother (auxiliar) do Edir e fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus: R$ 400 milhões;
- Silas Mala Fala, da Assembleia de Deus: R$ 300 milhões (imagino que essa grana foi doada para ele ficar um pouco em silêncio);
- R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus: R$ 250 milhões (o cara também trabalhou com o Mais Cedo e é seu cunhado!);
- Estevan Hernandes Filho e a bispa Sônia criadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo: modestíssimos R$ 120 milhões.

Segundo li na internet, ser pastor no Brasil é o desejo de muitas pessoas. "Algumas igrejas neopentecostais oferecem cursos intensivos para formar pastores com um custo de R$ 700, para poucos dias de aula". Diante de fatos tão, tão... "canônicos”  tenho três considerações a fazer:

1- Os valores levantados pela Forbes provam que a fé não só move montanhas como faz também transferência de montanhas (de dinheiro, obviamente);
2- Os postulantes a pastor, especialmente os mais empreendedores, precisam saber que há denominações ainda não utilizadas na criação de novas igrejas. As opções "Igreja Estadual da Devoção ao Senhor", "Igreja Regional da Graça Divina" e "Igreja Municipal da Cura pela Fé" estão disponíveis;
3- Só uma coisa me deixa puto nessa história toda: é esse papo de "bispo" e "bispa" auto-intitulados. Isso me deixa realmente abispinhado, ou melhor, abespinhado. E viva o show da fé!






domingo, 17 de novembro de 2019

ALIANCO POR BRAZILO

Quando entrei na adolescência, a única coisa interessante que tinha para fazer era ler as coleções de livros que minha tia comprava - creio que para dar a ela um status de pessoa culta (ou para decorar estantes, já que tinham capas vermelhas ou verdes ou azuis, todos com letras douradas na lombada). Não importa. O fato é que eu lia bastante. E uma das lembranças dessa época é um conto de Monteiro Lobato muito divertido (já tentei encontrar na internet, mas, até agora, o insucesso é total).

Esse conto narra uma conversa do arcanjo Gabriel com Deus. Em determinado momento, olhando para a Terra "lá embaixo", Gabriel pergunta ao Criador o que é aquela "fila de formigas" andando de forma meio desorientada. E Deus responde que "aquela" é a humanidade, etc.

O anjo estranha a algaravia toda que está escutando, com todo mundo falando em milhares de línguas diferentes e Deus comenta que surgirá um dia um homem que tentará acabar com esse problema. E Gabriel inocentemente pergunta: - "Vai acabar com todas as línguas?". - "Não", responde o Criador, "criará mais uma". Essa ironia com a criação do esperanto é que me fez lembrar do conto mesmo passados mais de cinquenta anos. 

E por que entrei nessa estrada esburacada da memória? Bem, talvez seja pelo fato de às vezes fazer analogias entre o que vejo em determinado momento com casos e lembranças antigas, bem ao estilo de Miss Marple, simpaticíssima personagem de Agatha Christie (a velhice, pelo menos, é semelhante). E a analogia que me ocorreu foi comparar a criação do esperanto satirizada por Monteiro Lobato com a anunciada criação de novo partido político pelo presidente Bolsonaro.

Pensem na ironia da notícia: atualmente, o Brasil tem 32 (!!!) partidos legalizados. Aí, sem me preocupar com a motivação por trás de tudo, chega o capitão e racha em dois o partido ao qual é filiado. E divulga que o nome escolhido para a nova agremiação política é "Aliança pelo Brasil".

Espere um pouco, "aliança" feita a partir de um racha? Nada mais contraditório! Em um país que já possui 32 partidos? Só mesmo parafraseando o diálogo divino:
- Ah, a "Aliança pelo Brasil" vai reduzir ou acabar com todos os partidos?
- Não, vai só criar mais um!

Bela "aliança" essa aí, não é, Miss Marple?





sábado, 16 de novembro de 2019

NOS BRAÇOS DOS RADICAIS - CARLOS JOSÉ MARQUES


Acabei agora de ler no portal da “Isto É” o texto transcrito a seguir. Fiquei tão entusiasmado por ver que alguém pensa como eu (mesmo que meu estilo tosco esteja a quilômetros de distância da elegância do autor), que resolvi postar alguns trechos (a transcrição integral não pegaria bem!) neste anêmico blog, não para que “milhares” de pessoas o leiam, mas para tê-lo à mão para uma sempre bem vinda releitura. É tudo o que eu adoraria ter escrito se tivesse capacidade e clareza de raciocínio para tanto. Olhaí:

A polarização assume ares de guerra de rua. Ressurgiu afinal a cara da oposição ao governo e, por mais surpreendente que possa parecer, isso é bom para o irascível Bolsonaro e sua tática de manter o País em constante conflito. Ele sabe disso. No fundo gostou da notícia. Tanto que não mexeu uma palha, não se pronunciou contra, fez ares de paisagem, apesar do incômodo e da revolta que o evento “Lula solto” criou inclusive entre seus apoiadores. Bolsonaro, na prática, também não vai se indispor com a tropa do Supremo que tem sido tão receptiva a seus interesses. (...)
Menos de onze meses depois de assumir sob a bandeira do combate implacável à corrupção, o capitão de convicções claudicantes logo se postou do outro lado do muro. Também pudera! O mesmo mito que se dizia veementemente contra o mecanismo da reeleição, e que prometia cumprir um único mandato para depois cair fora, em poucos meses de mandato já estava falando em reeleição. Nem bem esquentou a cadeira, se encantou pelo poder, pelos rapapés e vantagens do cargo. É típico. O arquirrival Lula seguiu roteiro semelhante e deu no que deu. Criou a sua teia de influência, aparelhou o Estado e acabou no Mensalão. Bolsonaro vai a sua maneira aparelhando a estrutura do poder com os seus cupinchas. Aqueles que o contrariam, que falam a favor da democracia e de práticas republicanas, por exemplo, são postos para fora aos pontapés. Mesmo os que cumprem estritamente seu trabalho, caso dos presidentes de instituições como o Inpe, Coaf e IBGE, foram banidos, despachados apenas por informar números e dados verdadeiros que contrariavam o intento ideológico do capitão.
É a isso que o País parece condenado nessa polarização extremada de ideias. Dois vértices de um mesmo jogo que muito se parecem estão no tabuleiro dando as cartas. Bolsonaro, no poder, vai também fazer o diabo — como já disse Lula no passado — para se manter, talvez até se perpetuar, lá. Esquematiza estratagemas via difamação de adversários, cria rede ilegal de produção de desinformações dentro do próprio Planalto e sai ameaçando empresários que não embarcam no seu projeto de dominação da Nação. Agora lançou até o próprio partido, o “Aliança pelo Brasil”, que lembra, na essência, sem nenhuma vontade de disfarçar, a antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena), com seus pendores reacionários, montada para dar sustentação à ditadura militar. Personalista, populista e integrada por familiares e mais chegados do capitão, a legenda não esconde a vertente autoritária, defendendo a ditadura e mesmo a torturadores – general Brilhante Ustra à frente. Bolsonaro queria um partido para chamar de seu e fazer com ele as vontades, tal qual Lula, que reconfigurou o PT à sua imagem e semelhança. Vivemos tempos sombrios, com ânimos exaltados e com duas figuras que seguem destruindo a índole naturalmente pacífica do povo. No cabo de forças do atraso o risco de saídas antidemocráticas para tolher a ideologia adversária aumenta. Interessa aos dois, ao projeto de poder de cada um e aos respectivos exércitos que os acompanham, a escalada retórica da existência do inimigo a ser abatido. Um como espantalho do outro. Não dá liga nesse ambiente o amálgama da boa convivência. Nas trincheiras, seguidores se alvoroçam. Movem-se ao bate-boca. Em certos casos, às vias de fato. Atiçar, tripudiar, desqualificar quem pensa diferente virou patologia em ascensão. O sobranceiro atrevimento com o qual Lula e Bolsonaro se lançaram a campo, de posse da habitual verborragia – na base de um “patife” aqui, um safado acolá- no esforço de angariar simpatizantes, antecipando indevidamente a campanha eleitoral, só demonstra o absoluto descompromisso de ambos com as soluções do País, mais preocupados que estão em se aboletar indefinidamente e aos seus apaniguados no poder. Os dois pensam a mesma coisa. Sonham com o mesmo objetivo. Se locupletam. Se retroalimentam. Verso e reverso da mesma moeda. E o Brasil que fique relegado ao radicalismo extremo e perverso.(...) A rinha incessante do bolsonarismo versus o lulismo tende a acentuar nossas angústias. Os dois, quase ao mesmo tempo, se lançaram a agendas populistas, numa espécie de road show pelo Nordeste, para ver quem domina parte maior daquela que consideram uma estratégica massa de manobra. (...) Se apresentam e se vendem como salvadores da pátria e são assim dignificados. Tratados como ídolos pelos adoradores.
De um lado, o “mito” Messias, que veio para varrer do mapa as práticas imorais, os desvios endêmicos, a politicagem de paróquia, restabelecendo os valores morais da família e da dignidade. Fez isso? O golden shower, o laranjal dos filhos e o combate à operação Lava Jato que o digam. Do outro, aquele que era, nas suas palavras, tão inocente como Jesus, alguém que acreditava piamente ter se convertido numa ideia, o próprio Deus do Povo. Que falem por ele as suas seguidas condenações de formação de quadrilha, propina em série, processos de toda ordem, numa folha corrida extensa. Nas mãos e no balanço de manipulações retóricas de Messias e do demiurgo de Garanhuns parece estar lançado o destino do Brasil. (...)

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

NADA MAIS DEMOCRÁTICO!

Segundo Yuval Noah Harari, autor do Best seller Sapiens, “para a maioria de nós é impossível conhecer de fato mais de 150 indivíduos”. Baseado na minha própria experiência eu creio que ele está certo. Se não, vejamos: meu perfil do facebook tem 147 “amigos”, mas confesso que não conheço realmente a todos. Já tive a cabalística quantidade de 150, mas um morreu, outro saiu dessa rede e um (bolsonarista intransigente, adepto da divulgação de fake-news e... parente!) me excluiu. Imagino que se cansou de ser contestado e desmentido.

Mas, voltando aos 147, preciso dizer que depois da “alimentação inicial” feita com amigos e parentes de minha mulher (uns 100, mais ou menos), esse número foi crescendo devagarinho graças às “solicitações de amizade” de alguns conhecidos ou conhecidos de conhecidos. Alguns malucos também solicitaram minha amizade, mas, por serem totalmente desconhecidos, recusei a solicitação e ainda os marquei como spam (comigo é na porrada!). Desta forma, meus “amigos” podem ser assim identificados:

- mulher, filhos e noras: 6
- cunhados e concunhados: 9
- sobrinhos (meus e de minha mulher): 7
- primos e parentes (de minha mulher): 33
- primos e parentes (meus): 9
- vizinhos: 6
- amigos de minha mulher: 21
- amigos de meus filhos: 10
- amigos de meus cunhados: 17
- parentes de minhas noras: 11
- ex-colegas de serviço: 2
- conhecidos (amigos de amigos): 13
- desconhecidos (amigos de “amigos”): 3

Essa é a explicação de colocar entre aspas a expressão “amigos de facebook”, pois tenho pouca ou nenhuma afinidade com a maioria dessas pessoas. Talvez por isso, eu sinta prazer em cutucar os carolas, os piegas, os crédulos, os idiotas, os presunçosos, os ignorantes, os petistas, os bolsonaristas e os fundamentalistas de qualquer tipo.

Ultimamente, entretanto, tenho ficado particularmente incomodado e irritado com a quantidade de idiotices e notícias falsas que alguns “amigos” têm postado ou compartilhado. Enquanto isso acontecia no plano nacional com os embates entre lulistas e bolsonaristas ainda dava para suportar, mas quando a coisa saiu para o plano internacional, com direito a fake news contra e a favor do Evo Morales, eu achei que já era demais.

Por isso, em vez de seguir o exemplo recente do Carlucho - que excluiu seu perfil das redes sociais, – resolvi parar de seguir a maioria de meus “amigos”. Assim, nossa “amizade” continua, e, mesmo que eu não veja as maravilhas que cada um divulga diariamente, todos conseguem ver o que produzo, todas as “piadinhas de facebook” que publico (nada mais democrático!).

As provocações mais recentes são estas:



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

DEZ CONTROLES DE GASTOS

Este post é uma expansão de resposta dada a meu recente amigo virtual Scant. Resolvi postá-la aqui no blog, na linha da “blogoteca”.

Creio que foi em 1980 que passei a dividir uma sala com mais dois colegas de serviço. Um deles era o Pintão, amigo mais que citado aqui no blog. O outro era um engenheiro um pouco mais velho que eu, super competente e organizado. Tão competente e organizado que acabou merecidamente chefiando a seção onde trabalhávamos. Seu senso de organização - como era fácil prever - extravazava para sua vida pessoal. Naquela época de zero microcomputadores mantinha uma caderneta tipo "Deve-Haver" onde anotava meticulosamente as despesas realizadas, indexando cada uma à sua conta correspondente. No final de cada mês, provavelmente para ter uma referência mais estável, convertia os gastos para valores em dólar.

Como eu sempre tive tendência a ser um "Maria-vai-com-as-outras", não demorou muito para que comprasse uma caderneta igual, onde passei a lançar minhas despesas. E, claro, criei também algumas contas para indexar o que gastava. No final do mês, o jumento aqui, em vez de dólar, utilizava a ORTN - Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional, algum tempo depois substituída pela OTN - Obrigação do Tesouro Nacional, que deu lugar ao BTN - Bônus do Tesouro Nacional, etc. Resumindo, minha brilhante escolha serviu para que acabasse não tendo uma série histórica de gastos minimamente confiável. Acabei chamando o cabo corneteiro para executar o toque de foda-se, ou melhor, joguei no lixo a porra da caderneta e nunca mais me preocupei com isso.

Tudo mudou depois de minha aposentadoria, graças à minha mulher. Quando nos casamos, ela tinha tudo para seguir uma brilhante carreira, mas decidiu abrir mão de seus sonhos profissionais para cuidar de nossos filhos. Como ela sempre foi no limite de sua capacidade em tudo o que fazia e ainda faz, tornou-se "a" supermãe. Por isso, ao me aposentar e para compensar o sacrifício que ela mesma se impôs, disse que era dela todo o dinheiro liberado pelo FGTS e que poderia fazer com a grana o que bem entendesse. A resposta imediata foi "então vou reformar a casa!"

Dois anos depois e a um custo três vezes superior ao valor do fundo de garantia, a reforma foi concluída (ou melhor, paralisada, pois não havia mais de onde tirar dinheiro para a "cereja do bolo"). Durante esse tempo, para me planejar e não ser surpreendido, fui obrigado a bolar um sistema de controle de gastos que alimentasse um cronograma de despesas diárias e mensais previstas. Como meu conhecimento de informática é muito limitado, acabei criando algumas planilhas em Excel que se alimentavam com as informações sobre gastos reais e, a partir daí, gerando projeções diárias sobre o desembolso da grana

Antes de continuar, preciso fazer uma pausa para contar sobre meu primeiro contato com uma planilha Excel. Na prática, foi também meu primeiro contato com um microcomputador, pois, embora tivesse comprado um para meus filhos, não chegava nem perto. E na empresa eu era do tipo "usuário" ("faz aí"). Até 1994, quando fiquei sem emprego (eu tinha 44 anos). De repente, estava desempregado, na super merda e sem nenhuma perspectiva detectável. Na época, o mar não estava para peixe nem para  engenheiros mais velhos. Apareceu um serviço que exigia a apresentação em Excel. Quem me atirou a boia foi meu filho mais velho, à época com 18 anos. Entrou no tutorial do Excel e fez brotar uma planilha (cheia de defeitos, mas capaz de atender meu contratante). A partir daí, bem devagarinho, mas prestando atenção em tudo o que via e ouvia, acabei ficando razoável em Excel. Aliás, só conheço Word e Excel, mais nada.

Voltemos agora ao tema deste post. Depois de me aposentar em 2009 e graças à mega reforma que fizemos, passei a anotar cada centavo (literalmente) que é gasto em nossa casa. Para isso, utilizo uma planilha com três abas principais: "gastos diários" (efetivamente realizados), “mensal” (previsão de gastos no dia a dia, feita a partir dos dados coletados mês a mês na planilha "gastos diários") e uma previsão anual, alimentada com os gastos realmente ocorridos em cada mês Essa planilha anual gera projeções na base da média dos últimos meses. Para concluir, preciso dizer que as três planilhas acompanham 55 itens específicos, agrupados em 20 contas diferentes.  A título de exemplo, eu separo o lazer cotidiano do eventual, etc. Coisa de louco, não?

Meu recente amigo virtual Scant pediu que eu detalhasse essas contas. E esse é o motivo do post atual. Por isso, aí vai:

CRÉDITOS MÊS
 Saldo mês anterior
 INSS
 Previdência complementar
 Poupança
 Empréstimos
 Outros
 DESPESAS ROTINEIRAS
 Concessionárias
 Água
 Luz
 Telefone / Internet
 Recarga celular
 Supermercado, Padaria, Açougue
 Padaria
 Supermercado, Sacolão, Açougue
 Refeições, Lanches, Sorvetes
 Restaurantes
 Salgados, Sorvetes, etc.
 Saúde
 Farmácia
 Pilates
 Transporte
 Gasolina
 Estacionamento
 Passagens ônibus, taxi
 Manut. Carro
 IPVA, taxas Detran
 Seguro carro
 Lazer
 TV a cabo
 Academia
 Impostos e Taxas
 Taxas / Juros / IOF / Tributos
 IPTU
 Imposto Renda
 Despesas Diversas
 Salão
 Lojas 1,99/ Utilidades
 Xerox, etc.
 Presentes
 Festas
 Roupas Família
 Conserto eletro./ manut casa
 Despesas diversas
 DESPESAS EVENTUAIS
 Saúde
 Plano de saúde
 Médicos e dentistas fora do plano
 Transporte
 Pneus
 Financiamento de carro novo
 Lazer
 Viagens e passeios
 Compra de Eletroeletrônicos // Móveis
 Cartão de Crédito // Cheque Pré-datado
 Boleto Bancário
 Amortização de Empréstimos
 Amortização Empréstimo
 DESPESAS COM OBRAS E REFORMA
 Manutenção, Reparos e Conservação
 Mão de Obra
 Materiais/ Equipamentos


ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...