Um dos meus filhos disse recentemente que
minha geração “é mais largada". Segundo suas palavras “o que estranha não é uma pessoa mais velha
fora do padrão sério/sisudo, mesmo porque a sua geração é mais largada. O que
eu não entendo é uma pessoa querer se comportar como se pertencesse a uma
geração que não a sua. E isso vale até para o que já se convencionou chamar de
‘adultescentes’.".
Achei graça, mas protestei veementemente,
pois até hoje padeço de falta de traquejo social, pois ou fico travado (como
ficava antes de começar a namorar minha mulher) ou fico muito "relaxado" tal como
aprendi a ficar, convivendo com meus cunhados. Além disso, não pertenço a essa turma. Não quero parecer mais novo do que sou. Sou idoso, preferencial, mas não da "melhor" idade, porque isso é hipocrisia (melhor porra nenhuma!). Eu pertenço à turma da "gravidade", aquela onde tudo cai, está caindo ou já caiu (por enquanto, estou me referindo apenas à pele, dentes, cabelo e audição, pô!). Quanto ao resto, só o tempo dirá, mas imagino que o futuro seja meio tenebroso (a força "gravitacional" tende a ficar mais "intensa"...).
Mas, parece que a coisa funciona desse jeito: depois que a pessoa envelhece, o superego
fica meio relaxado, como me disse outro filho. Então, os idosos, por conta do
superego “frouxo”, talvez se sintam
meio soltinhos, assim “como o arrozinho
da mamãe” (adoro essa expressão). Não sei, talvez um psicólogo possa
validar essa impressão. Ou não.
Tem mais, pode ser - como disse meu filho - que algum velhinho ou
velhinha (principalmente) queira parecer mais novo do que efetivamente é (no Facebook, um conhecido
registrou ter nascido em 1950. Nada mudou com isso, pois continuou o mesmo merda que sempre foi. A diferença é que "rejuvenesceu" uns
quatro anos, pelo menos).
O que quero dizer é que dentro de mim (nada
sei dos demais) ainda vive uma parte do menino, uma parte do adolescente, uma
parte do jovem adulto. E esse Frankenstein mental às vezes pede atitudes de
acordo com a idade que estiver mandando na hora. Mas aí, eu tenho que segurar
ao máximo para não parecer retardado ou senil. Essa é a prisão dos idosos tidos
como saudáveis, uma prisão feita de normas de conduta e convenções sociais.
Mas há prisões piores. Recentemente eu
registrei a imensa pena que sinto quando vejo pessoas severamente limitadas
fisicamente desde que nasceram. Eu sempre vejo essas pessoas como prisioneiras
de si mesmas, pois dentro de um corpo cheio de limitações há alguém que talvez
pense igual a mim, que pode ter sonhos como todo mundo tem, mas está ali, presa,
imobilizada. Triste demais. Esse tipo de aprisionamento dentro de si mesmo nem
de longe se assemelha à prisão social da velhice. Comparadas, uma é solitária
perpétua enquanto a outra é cadeia para mensaleiros.
Eu sei perfeitamente como você se sente. Eu também tenho alguns comportamentos que não condizem muito com a minha idade, mas não me importo. Se você é feliz desta forma, não há porque querer ser de outro jeito. Talvez você se lembre de Shirley Temple, que ficou famosa fazendo filmes quando menina, na década de 30. Ela uma vez disse o seguinte: "14 anos foi quando estive mais velha. Desde então, eu tenho ficado mais jovem".
ResponderExcluirDisse tudo!.
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