quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

OBSCURANTISMO

Para mim, um dos sentimentos mais desprezíveis que o homem pode ter é a intolerância, o estado de querer que o outro seja tal como imaginamos que deve ser e, não, como efetivamente é. Criei para isso duas expressões, que uso com relativa frequência.

A primeira é “ndrome da divindade adquirida” (por querer aquele que a possui que o mundo seja à sua imagem e semelhança). A segunda é mais vulgar e fácil de entender: “A intolerância é uma merda”.

Imagino que para árabes do tipo do Osama ou seguidores do "Isis", os ocidentais e todos aqueles que não seguem o seu credo são degenerados. Essa intolerância, independente de sua motivação, provavelmente está presente na forma de pensar de outros fundamentalistas. Se você perguntar algo semelhante a isso para um evangélico, provavelmente ele dirá que sim ou algo parecido. Afinal, todo obscurantista condena o que conflita com suas crenças, dogmas e tabus. Usando o Giordano Bruno como exemplo, acredito que os juízes que o condenaram eram piores que seu prisioneiro. Mas essa é a minha visão.

Tive um amigo de imensa cultura, católico convertido (irmão leigo dominicano!!) que me ensinou não ser possível julgar ações de outra época a não ser conhecendo-se os costumes dessa mesma época. Que é injusto que julguemos a Inquisição com nossos olhos do século XXI. Por isso, até entendo que o pobre monge tenha sido julgado como foi. Apenas lamento que o véu do pré-conceito (pai do preconceito) tenha servido para secar a tinta da sentença.

Por outro lado, como sou um ignorante, se fosse julgá-lo, provavelmente, eu o condenaria também. Agora, se eu fosse o Giordano, tentaria me retratar para salvar a pele, ficaria mais para Galileu (eppur se muove) e evitaria virar pururuca.

Então, voltando ao Brunão, lamento que ele tenha sido vítima de intolerância, causada justamente pelo conhecimento de então (ou pela falta dele).

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