quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

APOLO 11

Os que são de minha família ou amigos próximos sabem que nosso filho mais velho nasceu no Natal. Não às 23h55min ou à zero hora mais dez minutos. Ele nasceu às 11h35min da manhã do dia 25 de dezembro. Nada mais natalino ou natalício, concordam? Mas nenhum desses é seu nome, pois tivemos o bom senso de registrá-lo com nome de gente normal (afinal, eu tenho experiência nisso!).

Pois bem, hoje é Natal, dia 25 de dezembro. E este post é uma homenagem a ele, que foi e é o responsável pela maior emoção que já senti em minha vida, a emoção de me saber pai. Um pai muito novo, muitíssimo inexperiente.

Espero que seus irmãos não fiquem enciumados por esta homenagem explícita. Eles sabem que jamais conseguiria imaginar minha vida sem qualquer um deles, pois todos são fundamentais e imprescindíveis para mim. Sabem também que desde o primeiro segundo de vida foram e são amados e tornaram-se imediatamente insubstituíveis. Mas a emoção que algumas pessoas têm ao sentir-se pais (ou mães) pela primeira vez assemelha-se à emoção transmitida por uma antiga e premiadíssima propaganda de lingerie, aquela que dizia que “o primeiro sutiã a gente nunca esquece”. Acredito que todos os pais e mães de primeira viagem sentem o mesmo que senti naquele dia de Natal. Acho que é porque ninguém jamais supera o significado de “pontapé inicial” que um primogênito provoca na vida de um  casal normal.

Pois bem, a emoção de ver nossos filhos nascerem sempre foi para mim uma coisa quase fulminante, mas a primeira vez é, sem dúvida, um divisor de águas. Talvez a pouca idade e a imensa inexperiência possam ter influído um pouco, não sei. O que sei, o que tenho certeza é que olhar para um bebê recém-nascido, lindíssimo (nossos filhos são bonitos pra caramba!), uma criaturinha frágil e indefesa, fez com que eu mudasse definitivamente meu sistema "métrico", pois tudo, todos os sentimentos passaram a tê-lo como o ponto máximo da escala. Nunca, nada superou essa emoção. 

Ver seu desenvolvimento intelectual extremamente rápido e sempre surpreendente foi também uma experiência inesquecível. As primeiras alegrias de ser pai foram de uma intensidade estratosférica (só igualadas às que senti quando os outros filhos nasceram). Mas a intensidade da primeira vez também se manifestou nas primeiras preocupações, nos primeiros remorsos e primeiras culpas. 

É importante repetir: nosso filho mais velho me redimensionou como pessoa. Usando uma expressão do Gilberto Gil, foi ele que me deu "régua e compasso". Ele foi decisivo para que eu tentasse me tornar melhor, mais humano, mais livre para demonstrar amor e afeto (espero ter conseguido). E olha que eu nem falei de sua inteligência e de seus múltiplos e fantásticos talentos! 

Mas, se este texto é uma homenagem escancarada ao aniversariante de hoje, é necessário que eu deixe bem claros e registrados meus sentimentos em relação aos nossos queridíssimos “meninos”. Todos eles são igualmente depositários da melhor parte de mim, da parte mais pura do que eu sou e fui. E jamais consegui pensar que gosto mais de um do que de outro. Pode alguém até duvidar, mas isso nunca funcionou comigo!

Eu sei que existem pessoas que tem preferência manifesta por esse ou aquele filho (eu até conheço gente assim!). Alguns, talvez sem perceber, fazem isso de forma tão explícita que chega a ser obscena. Essa não é (felizmente) a minha praia, pois o amor que sinto por cada um é rigorosamente igual ao que sinto pelos outros. Para mim, essa é uma certeza tranquila, serena. E sei também, tenho absoluta certeza que só minha Amada e nossas “crianças” conseguiram dar sentido à minha vida. 

Assim, para finalizar este texto que homenageia o aniversariante de hoje, utilizarei uma imagem especial, ou melhor, espacial: se os pais fossem comparados ao solo lunar, o primeiro filho seria como a bota do Neil Armstrong. A marca de sua pegada nunca será igualada em importância e significado.

escrito em 24/12/2014


2 comentários:

  1. Feliz Natal! Muito bom texto, seu filho deve se orgulhar de ter um pai como você!

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    1. Amigo (permita-me chamá-lo assim),
      Não tenho tanta certeza que ele encontre motivos para orgulhar-se de mim. O inverso disso, certamente, é verdadeiro. Mas eu não sou um pai no sentido normal da palavra. O que eu sou mesmo é fã de nossos filhos.
      Obrigado por seus comentários sempre tão amistosos. Desejo também para você e sua família (como dizia um padre que conheci) um feliz e santo Natal.

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