sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

"SÓ PENSA NAQUILO"!

 
Vamos combinar que sexo sempre foi uma coisa de responsa, pois mesmo sendo uma fonte de prazer e até mesmo usado para reprodução, não se pode dar mole com esse assunto, se me entende. Agora, imagine (talvez seja melhor não tentar) como era o sexo na Idade Média, aquele período da história em que tomar banho era uma raridade, que o cheiro de desodorante vencido era a regra.
 
E falando em tempos difíceis, em uma época em que execuções públicas por enforcamento, esquartejamento ou empalação eram procedimentos corriqueiros, o mau odor das pessoas era o menor dos problemas. Porque naquele período as punições por culpa ou pecado cometido eram o bicho, para dizer o mínimo. E nem preciso falar de caça às bruxas, de bruxarias, práticas combatidas com afogamento ou queima na fogueira. O pecado podia acontecer até debaixo dos lençóis de pessoas casadas.
 
Descobri na internet uma relação de orientações a serem seguidas pelos padres durante as confissões auriculares quando o assunto era sexo, ou melhor, os “pecados” sexuais cometidos por homens e mulheres.
 
“Na Idade Média, a vida sexual era regida por regras morais da Igreja Católica, com destaque para livros penitenciais que orientavam confissões e penitências”.
 
Pensar em sexo? Nem pensar!
“O Livro Penitencial do monge irlandês Cummean (ou Cominianus) indica: Aquele que, por muito tempo, é atraído pela imaginação a cometer fornicação e repele o pensamento muito gentilmente deve fazer penitência de um ou dois ou mais dias, de acordo com a duração da imaginação”.
 
Desejar transar (sem a capacidade de fazê-lo) também rendia um ano de penitência. (queria entender de quem seria a culpa por essa impossibilidade. Fico até pensando em uma piada vulgar com o “pecador” se confessando: “Pois é, padre, eu bem gostaria e se pudesse falo-ia, mas o falo não ia. Nem vinha.”). Seria um caso de paumolescência (neologismo criado pelo titular do blog A Marreta do Azarão”)? 
“O mesmo livro diz: ‘Aquele que meramente deseja em sua mente cometer fornicação, mas não é capaz, deve fazer penitência de um ano, especialmente nos três períodos de 40 dias’, com destaque para a Quaresma”.
 
Sonhar com sexo também não era permitido.
“Aquele que foi poluído, com vontade, durante o sono deve se acordar e cantar nove salmos em ordem, de joelhos. No dia seguinte, ele deve fiver apenas de pão e água ou deve cantar 30 salmos, ajoelhando-se ao final de cada um. Àquele que deseja pecar durante o sono, ou é poluído sem intenção, 15 salmos, àquele que peca e não é poluído, 24 salmos’, diz o Penitencial de Cummean”.
Se essas eram as penitências por sonhar com a esposa, sonhar com a cunhada gostosa ou com a vizinha dando mole, então, só ajoelhando no feijão - pois o milho ainda não era conhecido pelos europeus!
 
 
O sexo oral em qualquer de suas versões (felação ou cunnilingus) deveria ser considerado um dos maiores pecados (e era, mas, curiosamente, as instruções previam apenas o popular bola-gato).
“O Penitencial de Teodoro considera ‘Qui semen in os miserit’ — aquele que coloca semente na boca — como o pior entre os maus, já que este ato elimina a possibilidade de procriação. Ambos os participantes tinham que fazer penitência pelo menos, por sete a 12 anos, ou pelo resto de suas vidas”.
 
Masturbação também era motivo para pedir perdão
“Se ela pratica vício solitário, deve fazer penitência pelo mesmo período, diz Teodoro. Cummean ainda tinha uma especificação a respeito da ‘masturbação femoral’ — a estimulação com a coxa — que deveria merecer dois anos de penitências”.
 
 Pela severidade das penitências (eu ia dizer dureza, mas desisti), o sexo homossexual provavelmente considerado “o” pecado
“Se uma mulher prática 'vício' com outra mulher, ela deverá fazer penitência por três anos. E ‘aquele que, após seu 20º aniversário, se deflorar com outro homem deverá fazer penitência por 15 anos. Um homem que comete fornicação com outro homem deve fazer penitência por [pelo menos] 10 anos, generaliza ainda o Livro Penitencial de Teodoro”.
 
Alem desses “pecados” o artigo ainda relaciona algumas proibições: “Um marido não deve ver sua mulher nua”. Também não pode fazer sexo no domingo (dia do Senhor ) nem no período pós parto (por 33 dias, se for um filho e 66 dias se tiver nascido uma filha). E se a mulher for estéril o casal deve praticar a abstinência sexual (e ninguém falava da possível esterilidade masculina!).
 
Uma compilação destes trabalhos foi popularizada, em inglês, pelo livro "Medieval Handbooks of Penance" dos pesquisadores John T. McNeill e Helena M. Gamer, publicado em 1938 pela Columbia University Press. Pena não existir sua versão em português, pois seria um ótimo livro de cabeceira, concordam?
 
No fim das contas, parece que a Idade Média foi uma era de pecadores compulsivos e penitentes incansáveis. Mas não deixa de ser irônico o fato desses pecados e penitências terem sido estabelecidos por quem (teoricamente) não os cometia. Essa bizarrice me faz lembrar de um verso do Djavan, que diz “ser mais fácil aprender japonês em Braille”.
 
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

WITH A LITTLE HELP FROM IDEOGRAM

 
A preguiça de pegar no lápis me fez pedir ajuda às IA Ideogram e ChatGPT, mas depois de onze tentativas frustradas, tive eu mesmo de apagar a chama da tocha. Se ninguém gostar da piada só lamento, pois é o que tem para hoje.





quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

JANELAS ABERTAS

 
Nunca tive o hábito de comprar livros. Com raras exceções, sempre li aqueles que ganhei ou me emprestaram. Talvez devesse comprar justamente os que nunca me darão ou que não terei por empréstimo. Os livros de Manoel de Barros seriam uma excelente escolha, pois seus versos desconcertantes são um fortificante para a alma, janelas abertas para um mundo sem dor.
 
Hoje, ao receber de um amigo algumas frases e versos desse poeta mato-grossense, tive a ideia de usá-los para embelezar o Blogson. Acabei também descobrindo um vídeo em que o próprio autor lê alguns de seus poemas. E isso se tornou um ótimo complemento para este post. Olhaí.
 
Eu queria avançar para o começo.
Chegar ao criançamento das palavras.
 
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
 
É no ínfimo que eu vejo a exuberância.
 
Perder o nada é um empobrecimento.
 
Tudo que não invento é falso.
 
Tem mais presença em mim o que me falta.
 
Por pudor sou impuro.
 
Não preciso do fim para chegar.
 
Tenho preguiça de ser sério
 
Poesia é voar fora da asa
 
Agora não quero saber mais nada, só quero aperfeiçoar o que não sei.
 
Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira
 
Minhocas arejam a terra; poetas, a linguagem.
 
Deixei uma ave me amanhecer.
 
Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando.
 
Há varias maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
 
A expressão reta não sonha.
 
É preciso transver o mundo


https://www.youtube.com/watch?v=eB5_l2NdRLc

 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

UMA NOITE DE SÁBADO

Em uma noite de sábado, quando ainda era um jovem sonhador, entrei em um taxi dirigido por um senhor de ralos cabelos brancos, talvez com idade para ser meu avô. Era ainda por volta de 22 horas e eu estava cheio de mágoa e com muita raiva, indo direto para casa depois de uma discussão com a namorada.
 
Ao entrar no carro apenas disse para onde queria ser levado, mas o senhor me desejou boa noite. Constrangido com minha própria falta de cortesia e educação, pedi desculpas e também desejei boa noite a ele, mas continuei remoendo, mastigando a minha raiva.
 
Mais um pouco de tempo, comecei a conversar com ele, destacando a diferença de idade e de sentimentos, pois eu, um jovem ainda com a vida pela frente, não estava conseguindo ter a paz de espírito de volta, enquanto ele, já na parte final de sua jornada e merecendo estar em casa talvez vendo televisão, dirigia como se estivesse passeando. Ele sorriu e disse estar acostumado com isso, pois passara a vida dirigindo caminhões e carretas em viagens interestaduais.
 
Sem pressa para dirigir nem para chegar aonde me levava, foi acalmando meu coração cheio de mágoa e tristeza com sua conversa tranquila. Não teve pressa para receber o preço da corrida e ainda ficamos ali a conversar depois de desligar o carro. Antes de nos despedirmos disse-me esta frase:
 
“Meu filho, se quiser ter uma vida longa e feliz, procure fazer o que tiver de ser feito da melhor maneira que conseguir; e depois não esquente a cabeça”.
 
Hoje, cheio de remorsos e tristeza, eu me lembro com carinho daquele senhor que em sua simplicidade tentou me transmitir com aquela frase um pouco de sua experiência de vida.
 
E com o coração sempre cheio de preocupação e mágoa eu me entristeço por nunca ter seguido seu conselho e me esforçado para fazer o que precisava e que deveria ter feito da melhor maneira que conseguisse. E agora é tarde demais, não dá mais para corrigir, E a única coisa que eu tento é não me deixar sufocar pela depressão e pela lembrança dos erros cometidos e das oportunidades desperdiçadas.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

UMA TROCA JUSTA

 
Embora seja hoje o que eu mesmo defini como “ateu-católico” ou “católico-ateu”, continuo a reconhecer o papel positivo das religiões e crenças. Quando se está destroçado emocionalmente pela perda de alguém querido, no mais fundo dos poços, atingido por uma doença terminal ou por uma insolúvel situação financeira, acreditar na existência de uma divindade que possa socorrer, curar e ajudar o caído a se levantar é uma dádiva a que os ateus não têm direito.
 
Além disso, ao longo da história humana, a crença em uma ou mais divindades provocou a criação de belíssimas obras de arte e a construção de monumentos e templos que jamais existiriam se a humanidade possuísse a espiritualidade de um babuíno ou elefante, por exemplo.
 
Sem o medo da morte e a crença na imortalidade, sem o desejo de louvar esse ou aquele deus, como imaginar que seriam construídos os templos e pirâmides egípcias? Certamente palácios seriam construídos, suntuosos mausoléus seriam erguidos para que a memória de reis e rainhas não fosse esquecida, mas que dizer dos quadros de Rafael Sanzio, das esculturas de Michelangelo e da música sacra de Bach? Existiriam? Teriam sido criados?
 
Michelangelo teria esculpido as estátuas de Davi, Moisés e da Pietá? Teria pintado o teto da Capela Sistina? Existiria uma Capela Sistina? Da Vinci teria pintado a celebérrima “Última Ceia”? Johann Sebastian Bach teria composto mais da metade de sua aclamadíssima produção musical inspirado em temas religiosos? Provavelmente não, certamente não.
 
O mesmo se pode dizer de outros pintores, escultores e músicos mais ou menos conhecidos, de construtores de catedrais e templos. Sem uma crença religiosa estabelecida, mecenas como papas e cardeais não teriam existido. Assim, mesmo que alguns ateus vejam com desdém aqueles que creem em um ou mais deuses, é inegável o fato da vivência religiosa ter servido para confortar os aflitos e necessitados ou fazer desabrochar o que pode haver de melhor na natureza humana. Por outro lado...
 
Se os sapiens tivessem a crença religiosa das baleias ou dos gorilas provavelmente nunca teriam se preocupado em criar forma e conteúdo para essa ou aquela divindade. Jamais divulgariam leis e lendas surgidas na mente de algum ancião como se tivessem sido ditadas pelo próprio deus.
 
Não haveria mitologias nem escritos “sagrados” a respeitar e seguir. Não haveria a perseguição a quem tivesse crenças diferentes da maioria, simplesmente porque não haveria crenças nem punições delas decorrentes.
 
Não haveria a Santa Inquisição, as bruxas de Salém, o Onze de Setembro, o Talibã, a destruição de templos e monumentos religiosos (pois não haveria templos nem monumentos religiosos a destruir). Também não haveria a tentativa de converter nativos e indígenas para essa ou aquela corrente religiosa. 
Além disso, não seriam perpetuadas e defendidas crenças equivocadas e idiotas como a da “terra prometida”.

Se não houvesse religião, na falta de crenças religiosas e vida espiritual, a humanidade jamais teria a oportunidade de se embevecer com as maravilhas arquitetônicas e obras de arte inspiradas nessa ou aquela divindade, mas estaria livre da maldade que o preconceito religioso sempre foi capaz de produzir. Como agora, no momento em que negam a uma etnia o direito de ter seu próprio país e que uma embaixadora recentemente indicada tem a coragem de dizer sandices com cheiro de má fé.
 
Ao ser questionada se ela concordava com o direito dos palestinos de se autogovernar em uma política de dois Estados - israelense e palestino -, Elise Stefanik, indicada para o cargo de embaixadora americana nas Nações Unidas desconversou, mas teve a coragem de dizer que Israel tem “direito bíblico” ao território da Cisjordânia.
 
Ao ler essa notícia, o primeiro pensamento que tive foi "direito bíblico é a puta que pariu!" Um pouco menos irritado, cheguei à conclusão que a inexistência de obras de arte sacra e catedrais de tirar o fôlego seria um preço justo a pagar para que não existissem tantos preconceitos e violência decorrentes de crenças religiosas antagônicas. Certamente até Deus aprovaria essa troca.

sábado, 25 de janeiro de 2025

MORRENDO DE INVEJA

 
Eu sinto profunda atração por frases e períodos curtos, seja na forma de ditados populares, frases engraçadas ou aforismos de terno e gravata, pois são sinalizadores de que há vida inteligente e criativa em seus criadores. E eu me divirto muito quando encontro na internet coletâneas desses “posts” (nome adotado na era Musk para os antigos e simpáticos tweets).  Às vezes apenas os arquivo para ler depois – o que quase nunca acontece, graças ao derretimento progressivo da minha memória. Mas hoje, tentando organizar os arquivos que vou acumulando, acabei encontrando uma coletânea de frases engraçadas que me mataram de inveja de quem as criou. Lêaí
 

O segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência.

A distância ideal da sogra: nem tão perto que possa vir de chinelo e nem tão longe que ela precise vir de malas.

A pior coisa do sexo oral é a vista.

A preguiça é a mãe de todos os vícios e como mãe deve ser respeitada.

As vezes é melhor ficar quieto e parecer um idiota do que abrir a boca e dar toda certeza.

Baseado em fatos reais, é uma Maconha enrolada num jornal.

Cachorro que late não morde enquanto late.

Chocolate não faz perguntas bobas. Chocolate entende.

Comer no McDonald's é uma merda. A prova disso é que você pode chegar lá e pedir um número dois.

Como diria Edir Macedo: Templo é dinheiro.

Dê emoção em sua vida: faça pipocas com a panela aberta!!!

De que adianta ter olhos azuis, se o verde na natureza insiste em deixá-los vermelhos. Bob Marley

É muito triste quando se é rico, bonito e sensual e aí vem o despertador e acaba com tudo.

Em briga de saci qualquer chute é uma voadora.

Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto Fim do Mês.

Estou tão carente que o churrasqueiro chega e diz “coração?”. E eu respondo “que foi, amor?”

Estou tão viciado em computador, que nesse carnaval acho que vou sair no Bloco de Notas.

Eu sempre fui pobre, mas neste mês estou de parabéns!

Eu sou igual a chuveiro velho: nem tô ligando, e quando ligo, nem esquento!

Eu tenho uma vida fora do Twitter, só não me lembro a senha.

Evite piada em velório. No seu, você não rirá.

Herança é aquilo que os mortos deixam para que os vivos se matem.

Herrar é Umano!

Ladrão que rouba ladrão vive no Distrito Federal.

Mais vale um mau dia de pescaria do que um bom dia de trabalho.

Mais vale um pássaro na mão do que bois voando.

Malandra é a pulga que espera a comida na cama.

Malandro é o coelho que já nasce de olho vermelho pra não chamar a atenção.

Mentira, uma ficção jamais realizada, porém se for bem contada convence até a verdade!

Não é que eu seja feio, é que você está me vendo em baixa resolução.

Não é que eu tenha medo de morrer. Só não quero estar lá quando isso acontecer.

O Vaticano já iniciou processo de canonização daquele que atualmente vem fazendo muitos milagres... o Photoshop!

Odeio quando vou abraçar uma pessoa linda e bato a cara no espelho!

Os homens são como um Q maiúsculo: um grande zero e um pequeno penduricalho.

Os ursos polares adoram o frio. Os bipolares às vezes adoram, às vezes não...

Paciência é igual dinheiro: eu não tenho!

Para quê encarar o mundo de frente se a poesia da vida está no verso?

Para que um olho não invejasse o outro, Deus colocou o nariz no meio!

Pior do que uma pedra no sapato só um grão de areia no preservativo.

Pobre é foda, sempre diz que não tem nada, mas quando chove, fala que perdeu tudo.

Por favor, não me interrompa enquanto eu estiver ignorando você.

Por que o cachorro nunca morde o seu dono quando é homem? Ética profissional!

Rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de nada é coisa dos estúpidos.

Salvem o nosso planeta! Ele é o único que tem cerveja.

Se a Amazônia é o pulmão do mundo, Brasília é o intestino grosso!

Se à entrada não consegue cumprir o horário, à saída seja pontual!

Se a mulher foi feita de uma costela, imagine se fosse feita do filé?!

Se caminhar fizesse bem, o carteiro seria imortal.

Se for falar mal de mim, me chame! Sei coisas terríveis a meu respeito...

Se o amor é cego, o negócio é apalpar.

Se todos soubessem da vida sexual de cada um, ninguém se cumprimentava com aperto de mão.

Se você é feio, pobre, burro e, mesmo assim, tem um monte de mulher dando em cima de você, só tem uma explicação. Você mora embaixo de uma zona.

Sogro rico e porco gordo só dão lucro quando morrem.

Somente os idiotas tem certeza de tudo. E digo isso com certeza absoluta!

Sonhar é acordar-se para dentro. (Mário Quintana)

Tem político que é tão supersticioso que usa quatro ferraduras para dar sorte.

Tire o seu racismo do caminho que eu quero passar com a minha cor.

Todo médico tem a receita para o sucesso, pena que ninguém entende a letra.

Todo mundo tem cliente. Só traficante e analista de sistemas é que tem usuário.

Você mente, trai, xinga, fala mal dos outros, não trata bem seus pais, e acha que iria pro inferno só se comesse carne em uma Sexta Feira Santa?

 

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

DANDO NOMES AOS BOYS

 
O bilionário e mala sem alça Elon “Almiscar” (Musk) é preocupadíssimo com o declínio da taxa de natalidade e, por isso mesmo, um grande defensor do aumento da população mundial (em que planeta ele acha que vive?). Por isso mesmo, tem doze filhos. Particularmente, suspeito que a quantidade de gêmeos (dois pares), trigêmeos e uma barriga de aluguel, frutos de fertilização in vitro sejam indicativos de que talvez seu starship tenha alguma dificuldade para entrar em órbita. Mas o que pega mesmo são os nomes bizarros escolhidos para os pimpolhos de variadas mães e seu ranço com uma filha que nasceu filho. “Deixando a profundidade de lado” (como cantou o Belchior), olha a lista: 

- Nevada Alexander Musk, nascido em 2002 e falecido de SIDS com 10 semanas.

- os gêmeos Griffin Musk e Vivian Jenna Wilson, nascidos em 2004. O nome de batismo original da Vivian era Xavier Musk, que mudou legalmente de nome e gênero em 2022. Aqui cabe um parêntese: Em 2022, Vivian pediu a alteração de identidade e quis tirar o sobrenome do bilionário por "não desejar estar relacionada com meu pai biológico de qualquer forma". Isso é que é pai! Mas continuemos.

- os trigêmeos Kai, Saxon e Damian Musk, nascidos em 2006.

- X Æ A-XII Musk (não é erro de digitação!), nascido em 2020.

- os gêmeos Strider e Azure Musk, nascidos em novembro de 2021.

- Exa Dark Sideræl Musk, nascida via barriga de aluguel em dezembro de 2021.

- Techno Mechanicus Musk, nascido em 2023

Os detalhes do 12º filho ainda não foram anunciados. Por isso, pensando nos nomes escolhidos para seus irmãos mais velhos, fiquei imaginando algumas opções com a mesma pegada de Techno Mechanicus. Olha aí:

Auriga sine licentia (Motorista sem habilitação)

Causidicus prope carcerem (Advogado de porta de cadeia)

Chirurgus haemorrhoidarum (Cirurgião de hemorroidas)

Magister amoris liberi (Professor de sexo livre)

Vinarius ebrius (Sommelier bêbado)

 
Talvez sejam sugestões simplesinhas e sem graça, mas não me atrevi a usar como modelo e inspiração o nome do “X Æ A-XII”, pois o toddy aqui de casa estava no final e eu não conseguiria provocar a overdose alucinatória necessária.
 
E pensar que eu sempre achei José Botelho Pinto, meu nome de batismo, uma merda!

 

 

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

E AGORA CHEGA DE MUSIQUINHA PARA CRIANÇA!

Depois de ouvir as musiquinhas que a Suno criou para os versos que escrevi para minhas netas e para a sobrinha neta de minha mulher, a mãe do Filipe me pediu para fazer uma parecida. O único problema é que quase nada sei dessa família. Diria que poderiam ser parentes do Han Solo, de Star Wars. Por quê? Ora, porque o Filipe será um pai solo, ele próprio filho de mãe solo.
 
Tá bom, eu sei que a piada foi horrível, mas não pior que a música criada pela Suno depois de quatro tentativas (não tive paciência para tentar mais vezes). E pelo desconhecimento de mais detalhes da biografia familiar, rabisquei esta letra (que também ficou horrível):
 
Filipe vai ser papai!
Mais feliz que pintinho no lixo,
Mal conseguindo dormir,
De tanta alegria que está.
 
Filipe, do signo de Gêmeos,
Tem a solução genial,
Um gêmeo sonha acordado,
Outro dorme sono banal.
 
Miriam, futura mamãe e culpada
De escancarar a alegria,
Serena com brilho no olhar,
Sorri para o Lipe, só ocupado em sonhar.
 
Pois sonha com o bebê que já vem,
Uma nova vida começa.
Filipe e Míriam, juntinhos,
O futuro uma grande promessa.
 
Em cada noite de insônia,
Nasce uma nova esperança,
Filipe, o papai radiante,
Fica acordado e dança.

Pois ser pai é um dom,
Uma bênção a celebrar,
E Filipe, com Míriam a seu lado,
Tem muito amor para dar.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

BONECÃO DO POSTO

 
Nunca soube e agora sei menos ainda falar bonitezas como sabe fazer o titular do blog A Marreta do Azarão. O problema é que ele assestou seu armamento pesado em uma direção onde “por coincidência” (claro, só por coincidência) eu estava. Além disso. simplificou para JB o nome “João Bobo”, outra coincidência danada. E fez isso mirando sua metralhadora rotativa para atingir todos os JBs, todos os "Joões Bobos" que votaram no Lula. O problema que surge quando gasta sua (dele!) munição de forma indistinta é que mata ou fere (talvez seja melhor mudar para “pega”, para não ficar tão dramático) os que não se enquadram no modelo que defende, nas “flags” que empunha.
 
É claro que falo apenas por mim, pois estou pouco me fodendo para quem ama o Lula e o PT. Eu não amo o Lula e, sinceramente, odeio o PT. Mas votei no Lula para ajudar com meu mísero e irrelevante voto a impedir a reeleição de um idiota radical. Eu sou uma metamorfose ambulante (mesmo que não suporte mais ouvir músicas do Raul Seixas), sou um invertebrado ideológico, sempre fui. E o motivo sempre foi imaginar qual candidato seria melhor naquele momento para o povo, mesmo que não necessariamente para mim.
 
Por isso votei no Lula contra o José Serra, votei no Alckmin contra o Lula, votei no José Serra contra a Dilma, votei no Aécio contra a Dilma, votei no Bolsonaro (veja você!) contra o Haddad e no Lula contra o Bolsonaro. Percebeu como eu me comportei como um “bonecão do posto” ideológico? Mas não como um “João Bobo”, pois eu sempre vejo as eleições como “escolhas de Sofia” sem a carga de dramaticidade e tragédia exibidas no filme de mesmo nome. Ou seja, eu não quero votar no candidato X, mas sinto-me obrigado a votar nele para impedir que o candidato Y seja (re)eleito.
 
Há pessoas que não tem esse tipo de pensamento, esse comportamento, mas eu sempre me debati entre dois candidatos que eu eventualmente detestava, pois para não anular voto eu tentava votar no menos pior.
 
Nesta época triste em que vivemos, sufocado por despesas que não estou conseguindo suportar sem o auxílio dos filhos, eu penso assim: qual candidato está mais de acordo com meus valores, qual se preocupa com o futuro da humanidade? Pode parecer ou ser um puta romantismo de minha parte, mas não consigo votar em quem desdenha ou duvida da crise climática que já está mordendo os calcanhares de TODOS os habitantes do planeta. Também não consigo votar em quem duvida ou descrê da Ciência e das vacinas, muitas vezes por puro preconceito ou ignorância mesmo. Outro tipo de gente que desejo manter fora da cadeira de presidente da república são os radicais, sejam eles políticos ou religiosos.
 
Por ser elitista eu consigo conviver bem com quem é ignorante, mas não suporto e até desprezo gente burra. Mas parece que essa minha visão desagrada ou não é entendida pelos fundamentalistas de qualquer cor ou credo. E só para assustar um pouco, eu votaria no Haddad contra o Lula e no Ronaldo Caiado contra o Bozo. Ou melhor, eu votaria em QUALQUER candidato contra o Bozo. E isso nunca mudará.

MAIS POESIA INFANTIL

 
Mariana é uma das sobrinhas de minha mulher e é gente finíssima. O que ninguém imaginava é que ser mãe era seu sonho oculto – um sonho que nem ela mesma acreditava ser possível de realizar, especialmente por já estar com quarenta anos ou mais. Mas aconteceu: ela ficou grávida da Sofia, um bebê rechonchudo e risonho, como a maioria dos bebês de sua idade.
 
Foi esse momento que me inspirou a começar a escrever frases soltas, que depois reorganizei e apresentei à Dona Suno. Na décima tentativa, surgiu a melhor versão melódica. Olhaí a letra (a divisão de versos está de acordo com a leitura feita pela IA):
 
Mariana tinha um sonho
Sonho que mais ninguém,
Só ela conhecia
Era um sonho antigo
Que em sua mente pensava
Que jamais ocorreria
 
E afinal que sonho era esse
Que nunca talvez ocorresse?
Era um sonho simplesinho
De menina sonhadora
Ela queria ter um filho
Só pra enchê-lo de carinho
 
Mas não podia ser comum
Tinha de ser diferente
Desses que toda mãe quer ter um
Melhor ainda se fosse uma
Uma linda menininha
Risonha, alegre, fofinha
E que se chamasse Sofia
 
E foi o que aconteceu
Quando o Francis conheceu
Logo se enamoraram
Fizeram mil planos, casaram
Pra nova casa mudaram
E hoje é só alegria
Pois não há avô, avó, tio ou tia
Que não se encante com Sofia
 
E todos ficam babando de alegria e afeto
Por essa bebê que uniu
Todo mundo em volta dela
Tio Betinho, Vó Eunice, Vô Roberto,
Papai Francis que agora só dorme
Com um olho fechado e outro aberto
E não sei mais que dizer
 
Por isso paro aqui
Esta espécie de cordel
Que tentei encher de cores
Com imaginário pincel
Mas difícil imaginar
Que música vai fazer
A Suno desmiolada
Só espero que esse som deixe
A mãe da Sofia encantada



terça-feira, 21 de janeiro de 2025

POESIA INFANTIL

Há tempos deixei de me aventurar a musicar meus poemas sem rima com o auxílio da incontrolável IA Suno. E o motivo é simples: essa inteligência artificial – ao menos em sua versão gratuita – não é nada dócil. Ela cria o que lhe dá “na tela” (boa essa!) e não aceita ajustes. O infeliz que não gostar do resultado terá de se contentar em pedir outra versão, respeitando o limite diário de cinco solicitações.
 
Mesmo assim, resolvi um dia brincar com minhas netinhas, escrevendo um poema em que elas e seus pais eram mencionados. A cara de espanto que fizeram ao ouvir pela primeira vez seus apelidos citados nessa música foi muito engraçada.
 
Tempos depois, fiquei sabendo que pediam aos pais para escutar novamente essa musiquinha. Uma das gêmeas mais velhas me surpreendeu ao dizer que já sabia quase toda a letra (é por isso que os pais devem ficar atentos ao que seus filhos ouvem ou assistem, pois tem muito lixo rolando por aí).
 
Acho que nunca publiquei essa música aqui no blog pois ainda tento preservar a intimidade de minha família, seja usando apenas apelidos ou nem mesmo isso.
 
Mas ontem, descobri em uma gaveta um pendrive esquecido, que além dessa musiquinha, tinha também minhas experiências com a SUNO. Decidi colocá-las para tocar no carro enquanto atravessava a cidade para comprar material elétrico na Leroy Merlin. O resultado dessa audição me fez mudar de ideia, e agora resolvi compartilhar essa despretensiosa poesia infantil aqui no blog.
 
 
Eu era um moço sozinho
Sem ninguém com quem sonhar
Mas aconteceu de alguém me achar
E quisesse me namorar.
 
Naquele dia meu coração vazio
Foi ocupado por ela, linda Lily
Como dos contos de fada princesa.
E que aceitou comigo casar
 
E logo vieram os meninos
Tio Gu, Tio Binho, Tio Bê e Tio Dani
Todos bem pequenininhos
 
E meu coraçãozinho
Quis crescer só um pouquinho
Pra nele caber todo mundo
Pra nunca mais ficar sozinho
 
O tempo passou e os meninos
Agora todos grandinhos
Começaram a namorar.
 
Tia Fê veio com o Gu,
Tia Ceci com o Bê,
Tia Gi veio com o Fabinho 
O Dani não trouxe ninguém
Pois resolveu ficar sozinho
 
E o coração cresceu mais um pouco
Ficando bonito, uma jóia
Mas faltava tudo iluminar
 
Então a Tia Ceci e Tio Bê
Trouxeram a Bia e a Cacá
Tia Gi e o tio Binho
Trouxeram a Lulu e a Lelê
 
E aquele coraçãozinho,
Que foi tão vazio e tristinho
Cresceu, ficou grandão
Com tanto amor e carinho
 
Vovó Lily, Tio Gu e Tia Fê,
Tia Ceci e Tio Bê,
Tia Gi e Tio Binho e tio Dani sozinho
Mais a Bia e a Cacá, a Lulu e a Lelê
 
Todos moram no meu coração
E esta história tão bonita,
Tão boa de ser contada
Merece agora esta canção.





segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

CORDIAIS SAUDAÇÕES

Suzana Flag,
Estimo que este mal traçado post, em estilo rude, na intimidade, vá te encontrar gozando saúde na mais completa felicidade.
 
Imagino que poucas pessoas conheçam estes versos escritos pelo genial Noel Rosa. Resolvi utilizá-los de forma descontraída para apresentar este post – uma leitura árida mas também muito esclarecedora –, cujo objetivo é desfazer mal-entendidos e interpretações equivocadas. Antes de mergulharmos no conteúdo do texto de hoje, deixo uma curiosidade: esses versos foram extraídos da música "Cordiais Saudações”, no qual a palavra “post” substituiu "samba” na letra original.
 
Existem pessoas que aparentam guardar o rancor na geladeira, só para que ele se conserve mais. Uma dessas é "Suzana Flag", que às vezes dá as caras por aqui só para fazer comentários deste tipo: "q orgulho ein senhor? q orgulho de ajudar um ladrão ser d novo presidente. q orgulho ein senhor? sua imunização cognitiva foi um suceso". Aparentemente não consegue entender e se enfurece por eu ter votado no Lula e não no Bozo e mais ainda por eu afirmar que nunca mais o "mito" receberá meu voto (pois já votei nele uma vez!). Mas o "Nelson" é gente boa.
 
Dia desses fui chamado por ele de velho descarado, sem um pingo de caráter ou hombridade. Sem um pingo de vergonha na cara”, uma pessoa que “Finge ser um bom velhinho mas é tão sujo quanto o Lula”. Talvez eu devesse ficar zangado ou magoado diante de tão severas ofensas, mas confesso que nada disso me incomoda. Afinal, como dizem, “o que vem de baixo não me atinge” – e aqui, “de baixo” significa “debaixo da terra”. Explico: Suzana Flag, a/o autora/or dessas ofensas, é um dos pseudônimos do falecido Nelson Rodrigues, jornalista e teatrólogo notório por seu conservadorismo.
 
Portanto, ou essas críticas ultraconservadoras vêm de alguém que se esconde atrás desse simpático pseudônimo, ou estou recebendo mensagens do além, diretamente do próprio Nelson. Talvez como gesto de deferência, já que não deve demorar muito para que eu e ele possamos bater um papo cara a cara, olho no olho – ou, melhor dizendo, crânio a crânio, órbita a órbita.
 
Mas deixando os mortos em paz (por enquanto), devo esclarecer que sou pobre, mas limpinho. Se não fosse, preferiria mil vezes ser sujo como o Lula que limpo e asseado como o Bozo e seu ídolo Trump (coincidentemente condenado e livre da prisão, tal como nosso presidente nove dedos).
 
Falando com toda pureza de coração, uma coisa que sempre me incomodou no Direito é a anulação de provas ou a prescrição de crimes por conta de filigranas que nós, leigos — eu e “o” Suzana Flag incluídos – temos dificuldade ou má vontade em entender. Por isso, resolvi pesquisar na internet o que realmente aconteceu com o nosso atual presidente. Quanto ao outro, o do cabelo de milho, quero mais é que se foda, pois nada devo a ele.
 
E assim, encontrei opiniões e pareceres técnicos que ajudam a explicar essa – na minha modesta visão de leigo – aberração jurídica. Para quem tiver saco (no sentido figurado, é claro), seguem alguns excertos de uma reportagem publicada no portal UOL em outubro de 2022, com grifos meus.

Mas uma coisa precisa ser dita, meu caro Suzana Flag: eu lamentei muito quando a condenação do Lula foi anulada. Em compensação, fiquei muito feliz que sua "descondenação" tenha impedido a reeleição de um sujeito desprezível e de extrema direita. O nome disso é pragmatismo, entende? E agora, se quiser, leia os comentários de juristas super qualificados.

 
Condenado em dois processos da operação Lava Jato — razão pela qual chegou a ficar 580 dias preso e teve sua candidatura barrada nas eleições de 2018 —, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou à condição de inocente em 2021, com a anulação das condenações pelo STF (Supremo Tribunal Federal) A anulação se baseou em dois entendimentos da corte: de que o juiz Sérgio Moro foi parcial, o que comprometeu o direito da defesa a um julgamento justo, e de que os casos tramitaram fora da jurisdição correta
 
"A imparcialidade do juízo é um pressuposto básico e irrenunciável de tudo que se faz num processo. E foi essa imparcialidade que foi derrubada. E os fatos mais recentes, o envolvimento político do juiz Moro, acabaram tornando essa narrativa quase que indissociável de tudo que aconteceu", afirma a professora da FGV-Rio e procuradora regional da República Silvana Batini.
 
A distinção entre inocente e inocentado faz sentido?
A suspeição de Moro inviabilizou qualquer análise sobre a culpabilidade do ex-presidente, já que as provas produzidas e os processos foram considerados comprometidos, daí a anulação deles pelo Supremo. Por esse motivo, não é tecnicamente correto falar que Lula foi absolvido ou inocentado nesses casos específicos, já que não houve um julgamento válido -- é nessa tecla, a de que não houve absolvição, que batem críticos do petista.
 
Isso, porém, não faz dele alguém menos inocente aos olhos da Justiça, na avaliação de especialistas. No regramento jurídico brasileiro vale a presunção da inocência. A Constituição diz, no Artigo 5º, que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Em outras palavras: todos são inocentes até que se prove o contrário por um julgamento definitivo, contra o qual não caiba mais recurso. É este o caso de Lula, contra quem não há, desde a anulação dos processos da Lava Jato em 2021, mais nenhuma sentença válida.
 
Batini explica que a inocência não é um atestado a ser conquistado nos tribunais, e sim algo que se pressupõe de todos. "[A absolvição] não é um juízo que concede um status para a pessoa. Inocente somos todos até uma sentença condenatória transitar em julgado. Lula não precisa de uma sentença absolutória [que o absolva] para isso. É o contrário: para ele deixar de ser inocente é que precisaria de uma sentença condenatória."
 
Diretor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Oscar Vilhena Vieira diz ver uma confusão entre o uso popular do termo inocência e o seu significado jurídico.
 
"As pessoas acham que ele não foi inocentado [porque] não teve sentença de absolvição", afirma. "O debate público se apropria de uma palavra para atribuir algum tipo de virtude moral às pessoas e [alguns] usam isso contra seus inimigos políticos. Quer se fazer a inversão do ônus narrativo: já que não houve uma sentença de absolvição, então ele é culpado. Mas o que o direito diz é: já que não houve sentença condenatória, ele deve ser presumidamente inocente."
 
Tanto Batini quanto Vilhena dizem que, do ponto de vista jurídico, não faz sentido distinguir entre absolvição e inocência. "A distinção é mais importante no plano político do que no plano jurídico", afirma a docente da FGV-Rio. "Já a exploração política [do tema] pelo adversário me parece que é inevitável."
 
"Do ponto de vista político, tem que ficar muito claro que as acusações que foram feitas contra Lula não prosperaram na Justiça. Então, sobre aqueles fatos, ele é inocente. Se houver alguma outra coisa, alguma discussão, que seja feita. Mas sobre aqueles fatos, ele é inocente", frisa Pierpaolo Bottini, advogado criminalista e professor de direito da USP (Universidade de São Paulo).
 
O que pesa contra o ex-presidente
Segundo levantamento da agência de checagem Aos Fatos, Lula foi formalmente inocentado de três acusações na Justiça: de tentar comprar o silêncio de um ex-diretor da Petrobras, de formação de organização criminosa e de aprovar uma medida provisória para favorecer empresas em troca de propina.
Os demais 23 casos são inquéritos arquivados e denúncias rejeitadas por prescrição (quando esgota o prazo previsto em lei para processar alguém), falta ou nulidade de provas, inépcia (quando a peça apresentada não atende aos requisitos legais), além de ações suspensas ou trancadas -- inclusos aí o tríplex do Guarujá e o sítio em Atibaia, que em 2021 voltaram à estaca zero e, meses depois, prescreveram. No caso das acusações que prescrevem, Lula não pode mais ser julgado.
 
"Acho que as pessoas têm razão em ficar incomodadas com a anulação dos processos. Mas se as autoridades desde o início seguissem a regra legal e não buscassem a condenação a qualquer custo, nada disso teria acontecido", completa Bottini. "Na medida em que as regras claras não foram respeitadas desde o início, cria-se essa sensação de impunidade. Mas acho que isso é um problema muito mais de quem julgou os processos do que de quem exerceu a defesa e alegava isso desde o início."

 

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