Estimulado por dois comentários muito
interessantes deixados no post “Liberdade
De Expressão, Né? Sei...”, resolvi dar continuidade ao tema. Mas como sou
(sou mesmo!) um ignorante político, resolvi me valer da opinião dos “universitários” para falar de
democracia. (alguém se interessará em ler isto?). Vamulá:
A
democracia ateniense, desenvolvida no século V a.C., é frequentemente
considerada a primeira manifestação significativa de democracia no mundo,
embora tenha características muito diferentes das democracias modernas. Foi um
sistema de governo direto, no qual os cidadãos (homens livres, atenienses e
adultos) participavam diretamente das decisões políticas, sem intermediários.
Essa exclusividade deixava de fora mulheres, estrangeiros e escravizados, que
representavam a maioria da população.
Outras
manifestações democráticas:
Apesar
de Atenas ser a mais famosa, outras culturas tiveram elementos semelhantes
antes ou contemporaneamente, como os conselhos tribais em sociedades indígenas
e os sistemas políticos na Mesopotâmia e Índia, que às vezes adotavam deliberações
coletivas. Contudo, nenhum deles teve a amplitude de participação e
formalização da democracia ateniense.
O
ressurgimento da ideia:
A ideia
de democracia ressurgiu na Europa Ocidental durante a Idade Moderna,
especialmente após a redescoberta dos textos gregos no Renascimento. Ela ganhou
força no Iluminismo (séculos XVII e XVIII), quando filósofos como John Locke e
Jean-Jacques Rousseau defenderam a soberania popular e os direitos individuais.
Esses princípios inspiraram revoluções significativas, como:
A
Revolução Inglesa (1642-1651), que resultou em limitações ao poder monárquico.
A
Revolução Americana (1775-1783), que estabeleceu um modelo de república
democrática.
A
Revolução Francesa (1789-1799), que difundiu a ideia de igualdade e soberania
popular na Europa.
Esses
movimentos moldaram as democracias representativas modernas, distintas da
democracia direta de Atenas, mas baseadas em seus ideais de participação cidadã
e legitimidade popular.
Mas tem gente que mesmo sendo contra regimes
autoritários ou ditaduras não aprecia muito essa tal democracia, pensando até
em redesenhá-la. Esta é a lembrança do pouco que ainda tenho guardado na
memória (memória? Jura que você falou “memória”?).
Durante as décadas de 1970 a 1990 a Hidroservice foi a maior empresa de
projetos e consultoria do Brasil, responsável por projetos do tipo do Aeroporto do Galeão. Com o sucesso (e
grana) obtido pela empresa, seu fundador, o engenheiro Henry Maksoud, construiu
o Maksoud Plaza Hotel – que chegou a
ser considerado um dos cinco melhores do mundo. Não contente com isso, além de
investir em outras empresas, comprou a revista semanal Visão, uma Veja menos
colorida e atraente.
Essa revista é a chave e fecho desta
postagem. De 1974 até o final da década de 1990, Maksoud escreveu os editoriais
da revista, sempre defendendo uma nova forma de governo chamada “demarquia”. E fez isso inclusive
durante o período dos generais, sem ser incomodado (talvez pelo alinhamento de
algumas de suas ideias com o regime militar). “Mesmo sob a época da censura, criticava o estatismo, o desenvolvimentismo e
o intervencionismo econômico do regime militar brasileiro, ao mesmo tempo
em que condenava o sindicalismo e as políticas sociais”.
A empresa onde eu trabalhava assinava a
revista Visão e eu tentei algumas
vezes ler os editoriais (sempre falando de demarquia), mas era uma leitura
chata e o assunto pouco me interessava. Talvez esteja errado, mas sempre tive a
impressão de que a tal demarquia era uma versão século XX da democracia
ateniense, uma forma de governo exercida pelos mais preparados (o que excluiria
a ralé das decisões políticas). Tentei entender mais sobre isso, mas fiquei de
saco cheio e desisti.
Henry Maksoud morreu de câncer em 2014, o luxuosíssimo
Maksoud Plaza – famoso pelas roupas
de cama de algodão egípcio – fechou em 2021, a revista Visão fechou em 1993 e a demarquia caiu no esquecimento.
Como teria dito em discurso o
primeiro-ministro inglês Winston Churchill, “A
democracia é a pior forma de governo, à exceção das demais". Fim.
Nos anos 80 e 90 eu era um viciado em revistas. Toda semana eu comprava a Veja, a Manchete, Carta-Capital e até a IstoÉ, às vezes. Mas eu não gostava da Visão.
ResponderExcluirFoi uma grande perda a morte do Maksoud. Não lembro da sua defesa da "demarquia" e nem conheço o conceito. Mas se é um governo dos melhores, eu concordo. Chega de capitães idiotas e de torneiros mecânicos imbecis nos governando.
Depois de ler seu comentário, resolvi pedir ao ChatGPT que confirmasse ou retificasse o que imaginei ter lido na década de 1980, por aí. E a resposta, veloz como sempre, mostrou que não era bem assim... Olha a pergunta e a resposta:
ExcluirEu creio ter lido há muito tempo que uma alternativa à democracia seria a demarquia, uma forma de governo exercida por uma oligarquia. Você pode me dizer alguma coisa sobre isso?
ChatGPT
A demarquia é, de fato, uma proposta alternativa à democracia tradicional, mas ela não se refere exatamente a um governo exercido por uma oligarquia. O termo é mais frequentemente associado à ideia de um governo formado por sorteio, em vez de eleições, com base em uma seleção aleatória de cidadãos para ocupar cargos de poder. Essa ideia tem raízes na antiga Atenas, onde muitos cargos públicos eram preenchidos por sorteio, promovendo a ideia de igualdade política.
No contexto contemporâneo, a demarquia é frequentemente associada ao filósofo australiano John Burnheim, que propôs esse sistema como uma forma de superar os problemas das democracias representativas modernas, como a influência do poder econômico sobre as eleições e o distanciamento dos representantes em relação ao povo. Burnheim defendeu que, em vez de políticos eleitos, os cidadãos comuns poderiam ser sorteados para participar de conselhos deliberativos responsáveis por tomar decisões políticas.
Se você leu algo que associava a demarquia a uma oligarquia, pode ter sido uma interpretação ou distorção. Em sua essência, a demarquia visa distribuir o poder de forma mais equitativa e evitar que ele fique concentrado nas mãos de uma elite (o que caracteriza uma oligarquia). Contudo, na prática, o risco de captura do sistema por grupos poderosos sempre existe, como em qualquer sistema de governo.
registrado. Sorteio? Eu não veria nenhuma evolução. Para mim o que tem que acabar(aqui no Brasil, pelo menos) e esse legislativo gordo que temos. Ao invés dos mais de 600 representantes entre deputados e senadores, um número bem menor que faria tal função, sem partidos. Os partidos tem que acabar urgentemente. A cada 6 anos, os candidato a presidente apresentariam seus programas de governo, seus representantes legislativos e aí a população decidiria qual projeto iria querer. Pronto, acabou emendas, acabou centrão, acabou toma lá dá cá.
Excluirdemocracia ateniense!
ExcluirSe não fosse um bom negócio não haviam tantos políticos.
ResponderExcluir.
Feliz domingo
.
Sem dúvida!
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