quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

2024

 
A primeira parte deste texto é uma reflexão pessoal sobre o frenesi ligado à comemoração do Natal e passagem de ano e foi escrito em 2024.  A segunda parte foi rascunhada nos primeiros dias de 2025. Depois de devidamente atualizados resolvi juntar os dois, mas o resultado ficou meio estranho, mesmo retratando sentimentos e emoções reais.

Hoje em dia, os melhores momentos para mim acontecem quando estou dormindo, longe do mundo, longe da vida, mas há muito tempo venho sentindo certo desconforto nas mudanças de calendário, pelos sentimentos antagônicos, de conflito entre as emoções que essas datas despertam. Refiro-me às comemorações de Natal e Ano Novo.

De um lado, a esperança que sempre se renova com as promessas de um novo ciclo e os desejos de que tudo melhore; de outro, as notícias assustadoras de calamidades recentes e a quase certeza de que nada mudará.

Há ainda uma tristeza disfarçada, provocada pelas escolhas de pessoas queridas. São momentos em que as famílias se dividem. Não tem jeito: uns viajam, outros ficam em casa; alguns vão à casa dos pais, outros à dos sogros. Nesse Natal, nos reunimos na casa de minha falecida sogra, mas dois de nossos filhos e suas famílias não estavam presentes.

Por esperarmos a virada de ano em nossa própria casa, a celebração foi ainda mais silenciosa, novamente marcada pela ausência de um dos filhos. Hoje percebo como meus pais devem ter sentido nossa falta em suas comemorações simples e frugais, pois sempre preferíamos as ceias fartas e ruidosas da casa de meu sogro.

Mas essas celebrações parecem emoldurar ou realçar as tragédias recentemente acontecidas. É difícil sorrir diante de tanto sofrimento que a mídia nos mostrou, pois 2024 parece ter sido um ano atípico e extremamente pródigo no quesito tragédias. Desabamentos de casas, queda de aviões, o colapso de uma ponte, acidentes rodoviários com dezenas de mortes e enchentes que destruíram não só bens materiais, mas também sonhos e histórias de vida.

Toda essa dor, aliada à minha tristeza provocada por problemas particulares, levou-me a escrever alguns versos de pé quebrado, a que daria o nome de "2025". Depois, pensando melhor, achei injusto jogar nas costas de um recém-nascido toda a minha melancolia pré-existente. Por isso, mudei o título para 2024". Olhaí.

2024
Hoje eu vivo sem esperança
Uma vida desesperada
Vida desesperançada
Vida onde a dor não termina 

Corrida sem pódio ou medalha
Vida que está terminada
Mesmo estando ainda vivo
Inútil jornada sem paz 

O sorriso franco, real
A vida descoloriu
A alegria ficou nublada
Em esgar transformada a risada

7 comentários:

  1. As tragédias que acontecem aqui e no resto do mundo nos bombardeiam noite e dia. Isso não pode fazer bem à nossa psiqué. Deixei de ver programas sensacionalistas há anos, aqueles que se alimentam das desgraças. Nem sempre dá pra reunir a família toda. É isso, precisamos aprender a lidar com essas questões. E a gente quase nunca aprende.

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  2. Ei Jotabê!
    Acredito que todos sentimos
    bastante as mudanças que a vida
    vai nos impondo ou mesmo
    nos empurrando. E não temos
    como dizer:-Não quero. Não vou.
    O importante talvez seja seguirnos
    em frente. Aqui em casa, digo que meu
    marido é Pãe, pois ele sente as mudanças,
    as presenças ou ausências mais que eu.
    O mulher do meu filho, depois
    de 15 anos de um casamento, já
    com 2 filhos, ano passado
    em exatamente dezembro, ela
    terminou o casamento e ponto.
    Nos devolveu nosso filho, assim
    por dizer. E agora? Que Natal e
    festividades que eram em nossa
    casa, há 15 anos acontecia na
    casa deles? Eu me peguei no apoio
    ao filho, engoli a zanga e mágoa,
    do mal feito, e apoiei incondicionalmente
    o filho. Já meu esposo sofreu, sofre e sempre
    sofrerá porque se apegou a hoje ex-nora.
    Meu filho sobreviveu, e o trabalho viajando
    preencheu essas datas. Ele vem em casa, a
    nossa casa é a casa dele, mas ele sofre.
    Porém segue adiante, já o pai ainda é
    elo entre as netas, o filho e a ex-nora.
    Eu? Ah eu a cortei do meu relacionamento
    e não lido com ela por opção.
    Meu marido? Ainda sofre, mas calado,
    até porque nosso filho está muito
    melhor profissionalmente e financeiramente.
    Então Jotabê, a gente vai se amoldando
    ao que a vida oferece, porque o importante
    é manter nossa saúde mental, para termos
    assegurada nossa autonomia. Porque depois...
    e sem ela, seremos o que eles (filhos(as) e netas(os)
    quiserem fazer de nós.
    Essa é a realidade, bora manter a sanidade mental.
    Bjins
    CatiahôAlc.
    entre sonhos e delírios

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    1. Obrigado pelas palavras! É ruim e doloroso quando nos apegamos às ex dos filhos, porque um dia elas também foram nossas filhas.

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    2. Jotabê,
      Aprendi a duras penas
      que por mais que desejemos
      nos apegar, nossos filhos
      e filhas, sempre serão nossos
      filhos e filhas, mas elas ou eles,
      passarão a ser parte do passado
      deles, delas ou deles ficarão para
      nós: os netas e netas , isso
      se noras ou genros quiserem...
      Aprendi isso depois que
      nasceu a 1a neta e por
      um mal entendido, fiquei
      5 anos sem acesso a ela...
      Foi dureza, mas aprendi
      que netos e netas são filhos
      e filhas de nossos filhos e
      filhas com outras pessoas.
      Bjins

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  3. eu já falei para o meu filho, casamento hoje é a última opção na vida de um homem. veja bem o que vai fazer...

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    1. Mais legal é o conselho de um pai de quatro filhas: "cabeça de pinto não tem juízo!" Quem me contou foi uma dessas filhas, ex-namorada de meu cunhado.

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