Creio que foi na década de 1980, quando a
jornalista Leda Nagle ainda apresentava um telejornal da Globo aos sábados, que
fiquei sabendo da existência de Lair Ribeiro. Eu sempre digo que engenheiro faz
qualquer coisa para ganhar dinheiro. E o Dr. Lair Ribeiro é o equivalente na
área médica do engenheiro, pois além de cardiologista de formação, é
também “escritor de livros de autoajuda, nutrólogo e palestrante”. Mas
naquela época eu só fiquei sabendo que era um cardiologista explicando os
mecanismos e sutilezas do cérebro humano.
Segundo ele, o cérebro humano
"trabalha" de forma distinta as metas e os sonhos. Sonhos expressam
desejos que não têm prazo para acontecer, não têm quantidades, são pensamentos
oníricos, sem conexão clara com a realidade. Quando alguém diz que morre de
vontade de viajar para a Europa provavelmente morrerá antes de atingir esse
objetivo. Já uma meta, segundo o médico, é algo que prepara o cérebro para a
ação, pois envolve prazos e objetivos claros.
Nesse ponto a jornalista disse que desejava
ganhar muito dinheiro no próximo ano e perguntou se isso era uma meta. O médico
disse que para o cérebro "muito dinheiro" pode ser apenas um dólar a
mais do que foi ganho no ano anterior (ele só falava em dólar). E que seria
necessário ser mais explícita.
Voltando ao desejo de viajar para a Europa
detalhou o que seria uma meta: Em que período do ano se pretende viajar; quais
ou qual país se deseja conhecer; quantos dias imagina-se a duração da viagem;
quantos dólares será preciso levar; onde se pretende hospedar, e assim por
diante. E foi detalhando minuciosamente a meta.
Finalizando a entrevista, sugeriu que a
jornalista e os ouvintes pegassem uma folha de "papel almaço" e
anotassem metas de curto, médio e longo prazo, detalhando cada uma, para que o
cérebro se preparasse para atingi-las. Confesso que fiquei vivamente
impressionado com a entrevista e com a sensatez dos ensinamentos.
Tempos depois eu descobri que ele era um
cardiologista que se desgarrou de sua formação profissional para vender livros
e cursos motivacionais e de autoajuda, além de fascículos colecionáveis em
bancas de revista. Vou me abster de dizer se considero picaretagem esse tipo de
atividade, mas uma coisa precisa ser dita: nunca duvidei das orientações dadas
durante aquela entrevista, pois pouco tempo depois, ainda entusiasmado com o
que tinha ouvido e aprendido, peguei uma folha de papel para escrever
algumas metas e desejos. O primeiro e mais importante item seria criar uma
empresa de engenharia, uma construtora.
Sentado à mesa da sala de jantar, caneta na
mão, fiquei ali olhando a folha em branco, pronta para receber as anotações
necessárias. Que nunca foram feitas. Descobri naquele momento que se eu
anotasse o meu desejo de ser dono de uma construtora, mesmo que fosse uma
microconstrutora, precisaria começar a tomar providências para torná-lo
realidade. E descobri que esse sonho por tanto tempo acalentado era apenas
isso, um sonho.
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UMA FOLHA EM BRANCO
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Tempos atrás, ouvi um filósofo dizer em uma palestra que a felicidade é um instante de vida que você gostaria de prolongar, de eternizar, de...
Sempre oferecendo belos textos. Gostei de ler
ResponderExcluir.
Uma semana feliz.
.
“” Sentimento de Amor ““
.
Obrigado, Ryk@rdo, eu também gosto muito de ler seus belos e inspirados poemas.
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