Eu tinha pensado em transcrever trechos do livro “Guia Politicamente
Incorreto da Filosofia” em mais dois ou três posts por ter me divertido muito com a ironia e o
sarcasmo destilados no livro por seu autor, o filósofo Luiz Felipe Pondé, mas
desisti. Este é o terceiro e último post com trechos extraídos do livro.
Mesmo tendo agora mais motivos
para me alegrar que entristecer, estou mentalmente cansado e um pouco deprimido. Isso significa que só quero ficar quieto no meu canto e dormir tanto quanto eu conseguir. Por isso, espero e torço para que as seis pessoas que talvez sejam hoje a
totalidade dos leitores do Blogson divirtam-se (mesmo sem concordar) com as
ponderações venenosas do Pondé.
Somos basicamente covardes porque
a vida é basicamente infeliz
Ser mãe solteira só é bonito em
novela das oito
O politicamente correto é uma
forma de ser mau-caráter
Em mim, o amor é raro como a
virtude de uma mulher louca de desejo
Algum sentimento todos nós temos pelo
sofrimento dos outros. Mas, se não o virmos, melhor, assim podemos ir ao cinema
e jantar fora, porque inclusive, se não fizermos isso, nossos parceiros de vida
vão nos achar uns chatos.
Nada mais chato do que o medo de não agradar.
Não querer agradar é uma das maiores formas de libertação num mundo em que
somos obrigados a amar tudo a nossa volta.
Ninguém é capaz de tanto amor; amamos, quando
muito, nossos familiares (e olhe lá) e umas duas ou três pessoas a mais.
A praga PC diz amar toda forma de vítima
social, mas isso não passa de marketing. No dia a dia, são canalhas cheios de falso
amor. Fizessem uma pesquisa de fato, provavelmente ninguém seria capaz de
comprovar tanto amor pela humanidade.
Aqui encerro o
relato do
meu pecado. A praga PC deve ser combatida não porque seja bonito dizer piadas
racistas (não é), mas porque ela é um instrumento de (maus) profissionais da
cultura, normalmente gente mau-caráter, fraca intelectualmente, pobre e
oportunista, para aniquilar o livre “comércio de ideias” ao seu redor,
controlando as instâncias de razão pública, como universidades, escolas,
jornais, revistas, rádio, TV e tribunais. Nascida da esquerda americana, ela é
pior do que a esquerda clássica, porque essa pelo menos não era covarde. A
praga PC usa métodos de coerção institucional e de assédio moral, visando calar
todo mundo que discorda dela, antes de tudo, tentando fazer dessas pessoas
monstros e, por fim, tentando inviabilizar o comércio livre de ideias. Ideias
não são sempre coisas “boas”. Às vezes doem.
Ao final, a praga PC é apenas mais uma forma
enraivecida de recusar a idade adulta e de aniquilar a inteligência. O que ela
mais teme é a coragem. Por isso, diz que o povo é lindo quando não é, diz que
as mulheres estão bem sozinhas, quando não estão (estavam mal acompanhadas e
agora estão pior sozinhas, porque a humanidade é basicamente infeliz e incoerente
com relação aos desejos e às expectativas), diz que a natureza é uma mãe quando
ela é mais Medeia, nos proíbe de reclamar de gente brega ao nosso redor, mente
sobre aqueles que lutaram contra a ditadura (eles não eram muito melhores do
que os torturadores se tivessem a chance de torturar alguém), nega a
importância da culpa porque é mau-caráter, enfim, não é capaz de reconhecer
valor em nada porque nega a própria capacidade humana de fazer discernimento.
A praga PC é apenas mais uma face da velha
ignorância humana.
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